28 de março de 2024 23:31

Medo de contrair Covid-19 e de morrer atinge pico entre jovens desde o início da pandemia, aponta pesquisa

Maior levantamento sobre a influência da doença na vida pessoal e profissional de brasileiros entre 15 e 24 anos revela que entrevistados nunca estiveram tão preocupados, tristes e cuidadosos

O adolescente e o jovem brasileiros vivem o pior momento da pandemia até agora. Eles nunca tiveram tanto medo de morrer ou de contrair Covid-19, e chegam aos mais altos níveis de preocupação e de tristeza desde que as medidas de isolamento social tiveram início.

É o que aponta a mais recente etapa da Pesquisa Jovem Covid-19, o maior levantamento sobre a influência da pandemia na vida pessoal e profissional de brasileiros entre 15 e 24 anos. Realizado pelo Espro (Associação de Ensino Social Profissionalizante), o estudo teve início em abril de 2020 e já colheu 17.422 entrevistas, com respostas de 18 Estados, mais o Distrito Federal.

A pesquisa mediu diferentes aspectos da vida dos entrevistados em seis momentos desde o início da pandemia – na etapa mais recente, referente a março deste ano, 3.803 adolescentes e jovens responderam o questionário. Entre os temas abordados estão informações e preocupações com a Covid-19, medidas de proteção utilizadas, bem-estar, emprego, comportamento familiar e estudos.

De acordo com a pesquisa, 89% dos entrevistados alegaram ter preocupação alta ou muito alta de ficar doente – em abril de 2020, esse percentual era de 82%. O temor em relação a amigos e parentes contraírem Covid-19 é ainda maior: 96% em março, ante 92% do início da pandemia.

O medo de morrer também tem sido um tormento cada vez maior para o jovem brasileiro: 8 em cada 10 (79%) dizem que sentem essa preocupação, outro pico desde a primeira fase da pesquisa, quando o percentual era de 70%. Em relação à morte de familiares, o temor atinge 95% dos entrevistados (ante 90% em abril de 2020).


Caindo na real

“O levantamento mostra de forma clara que o adolescente e o jovem brasileiros finalmente entenderam que a Covid-19 é uma doença extremamente contagiosa”, afirma Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro, instituição filantrópica sem fins lucrativos que capacita e insere adolescentes e jovens no mundo do trabalho – em especial aqueles em situação de vulnerabilidade social.

Outro dado que mostra essa realidade refere-se às medidas de isolamento. O número de jovens que diziam sair de casa mesmo para fazer coisas não essenciais despencou de 24% na etapa anterior da pesquisa (novembro/20) para 6% em março/21. O índice dos que alegavam não tomar nenhuma medida de isolamento caiu de 7% para 1% no período.

“Esses cuidados redobrados podem ser vistos também dentro da casa dos jovens. Se em novembro 39% deles disseram que não recebiam visitas em casa como medida de prevenção, em março esse percentual saltou para 57%”, afirma Saade.

O estudo revela, ainda, que os sentimentos/atitudes de “mais cuidadoso do que o normal” (81%), “mais preocupado” (79%) e “mais triste” (75%) alcançaram o maior nível entre as seis fases da pesquisa. O sentimento/atitude “mais pensativo” aparece em primeiro lugar (94%), seguido de “mais ansioso” (90%).


Renda afeta home office e desemprego

“O levantamento também mostra que a renda familiar tem relação direta sobre a necessidade de o jovem ter que ir até a empresa para trabalhar durante a pandemia. Quanto maior a renda, maior é o índice de adolescentes e jovens que podem fazer home office”, afirma Saade.

De acordo com a pesquisa, 22% dos entrevistados, em média, fazem home office integral. Na faixa de renda familiar de até um salário mínimo, esse percentual cai para 16%. Para acima de cinco salários mínimos, o índice é de 39%. São Paulo é o Estado com mais entrevistados em home office integral (28%), ante 11% de Pernambuco.

Outro dado da pesquisa é que a faixa de renda familiar relaciona-se diretamente ao maior risco de perda de emprego e/ou de renda do jovem e de algum parente. Por exemplo, dos entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo, 12% perderam renda e 9%, o emprego. Para as famílias que ganham acima de cinco salários mínimos, os percentuais são de 2% e 3%, respectivamente.

O mesmo se vê em relação às pessoas que moram com o entrevistado. Para aqueles com renda abaixo de 1SM, 32% alegaram que alguém da sua casa perdeu renda e 31%, o emprego. Na outra ponta, quem ganha mais de 5SM teve índices de 19% e 9%, respectivamente.

FONTE BARBACENA MAIS

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