À polícia, cirurgião disse que paciente fez lipoaspiração e abdominoplastia
A Polícia Civil vai investigar a causa da morte de uma mulher de 49 anos, nesta quinta-feira (24), após passar por procedimentos estéticos em uma clínica no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Uma equipe da instituição chegou ao local primeiro e acionou também a Polícia Militar (PM). Conforme o boletim de ocorrência, os militares chegaram ao estabelecimento por volta das 7h39. Foi realizado o contato com a mãe da paciente, e ela contou que a filha deu entrada no Centro Cirúrgico Integrado (CCI) na manhã dessa quarta-feira (23) para passar por procedimento cirúrgico e, após a cirurgia, foi encaminhada à sala de observação.
Conforme relato da mãe, que a acompanhava, a mulher estava “consciente, tranquila e satisfeita com a cirurgia”. No entanto, por volta das 22h30, ela começou a sentir fortes dores, a médica de plantão foi acionada e deu medicamento para as dores, mas a paciente afirmou que a dor não passava.
Ainda conforme o registro policial, foi relatado pela mãe que a filha ficou inquieta e continuou passando mal. Pela manhã, ela acionou a médica novamente, falou que “a filha estava morrendo” e a paciente foi encaminhada à sala de emergência, onde foram realizadas tentativas de reanimação sem sucesso.
Relatos dos profissionais
Em conversa com a polícia, o cirurgião contou que fez lipoaspiração e abdominoplastia, sendo que a cirurgia teve início por volta das 9h e terminou às 12h30, dessa quarta. Segundo o profissional, “o procedimento foi realizado dentro da normalidade”. Ainda de acordo com ele, a paciente não apresentava nada de anormal que a impedisse de passar pelo procedimento.
O cirurgião disse que recebeu a informação que a mulher estava passando mal quando ele já estava em casa. A médica de plantão contou aos militares que foi acionada na sala de observação e seguiu os protocolos de atendimento e medicação. Ela percebeu que a mulher estava inquieta e, devido à evolução do estado clínico, a encaminhou para a sala de emergência nesta manhã e realizou manobras de reanimação cardiopulmonar durante uma hora, sem êxito. O óbito foi registrado por volta de 7h17.
Remédio para emagrecer e pressão alta
Ao ver que a filha estava passando mal, a mãe entrou em contato com uma outra filha que foi para a clínica. Durante o registro da ocorrência, ela procurou os militares e contou que o médico havia receitado para a irmã um remédio para emagrecimento que era aplicado na barriga dela. Além disso, a vítima tinha pressão alta e a irmã tinha dito que não era para realizar a cirurgia.
O corpo foi removido e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) da capital.
Inquérito
A Polícia Civil informou, por meio de nota, que será instaurado o inquérito e que outras informações serão repassadas em momento oportuno. Veja o comunicado na íntegra:
“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que irá instaurar um inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte da paciente, de 49 anos, na clínica. A PCMG ainda informa que uma equipe de policiais compareceu ao local para os primeiros levantamentos e que o corpo foi removido para o Instituto Médico Legal André Roquette (IMLAR) onde será submetido a exames para apurar a causa da morte. As investigações estão a cargo da 1ª Delegacia de Polícia Civil Centro. Novas informações serão repassadas em momento oportuno. Detalhes sobre a ocorrência deverão ser solicitados à Polícia Militar, responsável pelo registro do fato”.
Posicionamento da clínica
Por meio de nota, Centro Cirúrgico Integrado / Hospital Dia informou que a instituição tem alvará para a realização de cirurgias plásticas e que Todos os exames prévios foram exigidos pelo profissional, e demonstraram condições plenas de saúde da paciente para se submeter à cirurgia. Veja o comunicado na íntegra:
“Diante da solicitação de informações sobre o ocorrido, e tendo previamente consultado a família da paciente, temos a informar que:
A instituição se trata de um HOSPITAL DIA, com alvará da Secretaria de Saúde e autorização do Conselho Regional de Medicina para a realização de cirurgias plásticas (documentação anexada). Para tanto, conta com toda a infraestrutura exigida para tais procedimentos, internações e resposta a intercorrências.
O médico que utilizou nossas dependências para a cirurgia de sua paciente é devidamente habilitado, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e tem anos de experiência no procedimento realizado. Todos os exames prévios foram exigidos pelo profissional, e demonstraram condições plenas de saúde da paciente para se submeter à cirurgia.
Ao longo de todo o pós-operatório a paciente esteve sob acompanhamento permanente e presencial de uma médica, inclusive durante o pernoite, com constante monitoramento de suas condições de saúde. Além da assistência médica integral, durante todo o tempo a paciente esteve também acompanhada pela enfermagem e por um membro da família. Diante das lamentáveis intercorrências, todas as medidas indicadas foram adotadas imediatamente, sem que conseguissem reverter o quadro e impedir o óbito da paciente.
Em respeito à família e em atenção às disposições legais aplicáveis, não forneceremos outras informações sobre as circunstâncias do ocorrido, pelo que contamos com a colaboração de todos no respeito ao luto e à privacidade dos envolvidos.
O Hospital Dia mantém contato com o médico responsável pelo procedimento e com a família da paciente, e expressa seu mais profundo pesar. Aos familiares e amigos, estende suas condolências neste momento tão triste.
Permanecemos à disposição caso outros esclarecimentos sejam necessários”.
FONTE O TEMPO