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Revista nacional repercute ameaças de morte sofrida por vereadora defensora de minorias

Entre 2018 e 2020 foram 1305 casos registrados de violência doméstica e 3 feminicídios em Lafaiete, por semana cerca de 10 denúncias de agressões contra mulheres

“A Vereadora lafaietense, Damires Rinarlly (PV), 25 anos, vive em estado de temor, com sua liberdade restringida e impedida de fazer política. Isso ocorre por um motivo: a única mulher e mais jovem entre os representantes da Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete (MG) vem sendo alvo de ameaças de morte e perseguição por outro cidadão do município”, assim inicia a reportagem da revista de circulação nacional Marie Claire, voltada às causa causa feminista, lançada originalmente em França em 1937.

A revista pertence ao grupo francês Groupe Marie Claire, tem uma circulação média de cerca de 950 mil exemplares. É distribuída também em 26 outros países com edições específicas nos respectivos idiomas e conta ainda com uma versão na Internet.[2

A revista enfoca assuntos sobre moda, comportamento e atualidades. Sob o slogan Chique é ser inteligente, a revista adota uma linha editorial que expõe temas polêmicos sobre comportamento e denúncias de violação dos direitos humanos.

A reportagem

Na quinta-feira (15), Damires fez um pronunciamento na Câmara quando tornou públicas as ameaças que iniciaram após a vereadora apresentar, no fim de junho, um anteprojeto ao prefeito Mário Marcus (DEM), que assegura a travestis e transgêneros o reconhecimento do nome social em seus documentos nos órgãos e entidades da administração pública direta do município.

As ofensas se estendem em diversos áudios divulgados nas redes sociais em tom muito mais agressivo e ameaçador. Suas bandeiras são as dos direitos humanos, como a defesa da comunidade LGBTQIA+, a luta antirracista, o direitos das pessoas com deficiência e também ao meio ambiente sustentável e proteção animal. E, por fim, aquela que tem sido sua principal luta desde quando advogava: o enfrentamento à violência doméstica e ao feminicídio.

Em entrevista, Damires compartilhou com Marie Claire que, além do medo pela própria vida e da família, se sente limitada no seu direito de ir e vir.

“Eu estou com a minha liberdade totalmente cerceada, se não estou com o meu assessor jurídico, meu próprio pai precisa me acompanhar. Me sinto presa e ameaçada, como se a qualquer momento alguma coisa pudesse acontecer, não só comigo, mas com a minha família que é a minha principal importância”.

“Se fossem críticas, não seria problema. Mas as críticas passam da liberdade de expressão e vão para o discurso de ódio e são cometidos todos aqueles crimes que a gente percebe nos vídeos dele.”

“Gostaria que as pessoas entendessem que apesar das bandeiras levantadas eu estou atenta para todas as demais necessidades da população, como demonstro semanalmente minhas reuniões com pautas da educação, saúde, saneamento básico, líderes de bairros, faço parte da CPI do transporte coletivo, reforço os direitos da criança e do adolescente.”

Feminicídio

Esse não seria o único projeto que tenciona combater a violência de gênero. Ela conta que está elaborando um projeto para criar um abrigo para mulheres sobreviventes de vítima doméstica. E cita um caso de feminicídio que ocorreu na cidade, em que o feminicida tinha episódios de maus-tratos aos animais também e que se tivesse sido denunciado a tempo, poderiam descobrir a violência que também ocorria entre quatro paredes.

Segundo dados obtidos pela Marie Claire, entre 2018 e 2020 foram 1305 casos registrados de violência doméstica e 3 feminicídios em Conselheiro Lafaiete. Ela conta que recebe por semana cerca de 10 denúncias de agressões contra mulheres.

Como proteção, Damires fez um boletim de ocorrência e solicitou proteção à Câmara Municipal, que está analisando o pedido. A vereadora recorreu também ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pedindo medidas cautelares urgentes.

Já com o diretório estadual do PV, partido da vereadora, ela encaminhou duas notícias-crimes por ameaça e perseguição, ameaça de morte, difamação e por homofobia [que desde 2019, em decisão do STF, é equiparada ao crime de racismo] ao MPMG.

Damires conta também com o apoio do Instituto Marielle Franco, as organizações Justiça Global, Terra por Direitos e Associação Visibilidade Feminina, que reforçaram os pedidos encaminhados pela vereadora por uma rápida proteção. Da Câmara, 6 vereadores se pronunciaram em seu apoio.

(trechos reproduzidos da revista Marie Clair)

https://youtu.be/c78qC4C6USs

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