Um paraíso perto de Belo Horizonte, é assim que os moradores definem Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho que fica a cerca de 140 quilômetros da capital mineira. A lagoa da represa é um dos principais atrativos do local, mas sofre com a baixa no nível da água nos momentos de estiagem. Por isso, um movimento que uniu a Associação Comunitária de Lapinha da Serra e a Associação Comercial de Lapinha da Serra (ACLS) busca o tombamento do distrito e a preservação de uma cota mínima da lagoa, assim como aconteceu em Furnas. O pedido de tombamento também é apoiado pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura e pelo Conselho Municipal de Patrimonio Cultural, do Município de Santana de Riacho.
Além de ser um grande atrativo turístico, a represa também é usada pela Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Coronel Américo Teixeira. A estrutura tem a potência instalada de 5.6 MW, suficiente para atender até 1.800 residências. Bernardo Nacif, presidente da Associação Comercial de Lapinha Da Serra, explica que o movimento não é contra a hidrelétrica, mas sim a favor de se encontrar um denominador comum que beneficie tanto a empresa quanto os moradores e o turismo. O problema é que, segundo Bernardo, a empresa não dialoga com a comunidade.
‘Qual a forma de manter o nível do espelho d’água? Semelhante ao que aconteceu em Furnas, aqui em Minas Gerais. Antes, durante os períodos de estiagem, alguns ‘braços’ de Furnas secavam e isso prejudicava o turismo. Hoje, se você chegar lá, vai ver que o nível do espelho d’água não abaixou 50 centímetros, porque eles conseguiram a proteção do espelho d’água via tombamento. Eles demonstraram o empobrecimento do turismo e de toda a cadeia produtiva durante o período de estiagem. Ou seja, as pousadas não eram procuradas e os empregos se perdiam. Essa cadeia produtiva só era retomada quando as águas retornavam, no final de outubro’.
Segundo o presidente da ACLS, que também é advogado, a redução do nível de água causa não só o empobrecimento durante quatro ou cinco meses do ano como afeta a fauna e a flora: ‘chega uma época do ano que a gente tem que transferir os peixes de um lago para o outro para que eles não agonizem e morram. Além disso, é impressionante o tanto de carrapato que aparece no local’.
Lapinha Da Serra é um vilarejo de Santana do Riacho, na região Central de Minas/ Imagens cedidas à Itatiaia
O abaixo-assinado organizado pelo movimento já acumula quase 1,3 mil assinaturas no site Change. A ideia é demonstrar que o tombamento de Lapinha da Serra é amplamente defendido, não apenas por quem mora na região: ‘O turismo afeta toda a cadeia produtiva. Em Lapinha da Serra, não tem ninguém que não dependa direta ou indiretamente disso. A nossa proposta é mostrar essa coletividade e trazer uma consistência ao turismo’.
A Itatiaia entrou em contato com a Gênesis Energia, responsável pela Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Coronel Américo Teixeira, e aguarda retorno. Também entramos em contato com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e a Prefeitura de Santana de Riacho. O espaço segue aberto.