Acordo entre Frente de Esquerda passa pelo resultado da pesquisa cujo resultado será aberto no dia 28; Wesley Luciano teria desistido da disputa pela situação financeira a ser herdada
A semana será de definição do quadro político eleitoral em Lafaiete. Isso é o que esperam as principais lideranças. Há 15 dias, em um encontro entre o Líder do Governo na Assembleia, o deputado Durval Ângelo (PT), o deputado Glaycon Franco (PV), Júlio Barros (PT) e a executiva municipal do PT defiram que a escolha comum de um candidato. No encontro o PT bateu o pé e cobrou uma definição para até dia 30 de junho da chapa.
Já na semana passada foi feita uma pesquisa eleitoral, encomenda pelo deputado lafaietense para balizar a melhor estratégia como também apontar a chapa majoritária. O resultado será apresentado na próxima quarta feira, dia 28, para os líderes partidários que compõem o “grupão”. Vicente Faria (DEM) já se colocou como pré candidato do grupo. As informações extra-oficiais são de Wesley Luciano, abandonou a sua pré candidatura. A desistência se baseia na fragilidade financeira da prefeitura para o próximo mandatário.
Na outra vertente está a Frente de Esquerda. Júlio Barros (PT) vem se colocando com uma alternativa a vice em uma possível composição com o “grupão”. Alas internas defendem a candidatura de Barros já que estaria em melhores condições eleitorais.
As resistências à parte, a possibilidade de uma aliança entre Vicente e Júlio Barros ainda é uma incógnita. Pelo acordo firmado entre os dois grupos uma pesquisa definiria a ordem da chapa. O candidato melhor colocado, independente do grupo, encabeçaria a coligação. O vice sairia do melhor 2º colocado do outro grupo.
Nas últimas semanas circularam que Vicente e Júlio seria chapa que uniria os grupos historicamente adversários. Entre intrigas e controvérsias, os dois candidatos aceitam a união, mas parte de ambos os grupos resistem. Mas para por fim ao suspense a pesquisa será divulgada internamente e a decisão da aliança deve sair esta semana. Uns analistas apostam no racha com duas candidaturas. Outros apostam que a aliança deve ser protelada para o final de julho. O mistério está com os dias contatos e possivelmente em breve haverá novas opções eleitorais.
Novos candidatos
Esta semana o ex procurador, Wellington Menezes, e sua esposa, Ana Lúcia, a primeira mulher a candidata a prefeita de Lafaiete, em 2012, colocaram a disposição do PTC seus nomes para a corrida municipal.
Em carta enviada ao presidente do diretório municipal do partido, vereador Fernando Bandeira, o casal, podendo qualquer um deles figurar como cabeça de chapa ou mesmo a vice.
No texto, o casal enumera uma lista de serviços prestados ao município quando na gestão 2005/20008 assumiram postos importantes na prefeitura. Eles criticaram as últimas gestões. “Em qualquer situação um abre mão do cargo em benefício do outro, se dispõe a concorrer como vice do cônjuge ou do eventual postulante de outra legenda que seja lançado como majoritário”, afirmaram.
Outros postulantes
Outros nomes surgem no quadro atual como Benito Laporte (PROS), Eddie Resende, o “Gato” e Divino Pereira.
Chapa definida
Ante a demora e a incerteza a única chapa definida é de Ivar Cerqueira (PSB) e Darci Tavares (PMDB) que repetem a dobradinha de sucesso em 2012. Há quem diga que a demora favorece quem está no poder.
Análise
O clima de impasse e indefinição em torno de nomes pelos principais grupos políticos à eleição municipal de 2 de outubro gera desconfiança no pleito e provoca novas leituras do momento político.
Diversos fatores contribuem para o clima de apatia no quadro local, como o cenário de falta de confiança dos eleitores na classe política, provocada pela Operação Lava a Jato, as mudanças nas regras eleitorais reduzindo em apenas 45 dias o período de campanha e a falta de recursos
financeiros. As regras eleitorais e o financiamento são cada vez mais rígidos. No geral a apatia dos eleitores repercute diretamente na lentidão na definição de nomes. Uma situação alimenta a outra.
Quando mais demorada a decisão, menos tempo os candidatos estão expostos a ira do eleitor. Para os grupos o adiamento das coligações e formação de grupos ajudam na estratégia da escolha mais criteriosa dos possíveis nomes. Enquanto a apatia domina os eleitores o medo se transforma no principal sentimento dos candidatos.
Glaycon desempenha papel de articulador de forças
Da definição da Frente de Esquerda e do “Grupão” se descortinará os rumos da eleição. No grupo liderado pelo deputado Glaycon Franco (PV) se aglutinam pelo menos 13 legendas. O chamado “grupão”, até que prove o contrário, ensaia uma aliança com a frente de esquerda, tendo o PT como o principal partido.
No meio dos dois grupos está a figura proeminente do deputado Glaycon Franco. Ele será figura principal na arquitetura política da aliança, se vingar claro. As diferenças, apesar da ligeira queda de resistência de ambos os lados, são os principais entraves. Como colocar no mesmo bojo
algumas figuras, como Vicente faria, Júlio Barros, talvez as duas principais lideranças dos dois lados, que há mais de 20 anos estavam em lados opostos?
Se de um lado o PT é o principal temor do “grupão” de ter que carregar uma sigla tão desgastada, por outro lado a frente de esquerda teme ser taxada de falta autenticidade e perda de coerência da aliança.
Apesar de costurar a aliança, Glaycon deixa o tempo correr para ajustar as diferenças e minimizar debandadas de lideranças. Para ele apressar a definição pode levá-lo a perder a eleição, situação política que ele não deseja na atual conjuntura local. O deputado quer eleger um candidato que comungue com suas ideais e não lhe traga aborrecimento ou mesmo enfrentamento, como é o caso de Ivar. Os incidentes recentes mostram que Franco e Ivar não se entendem. O deputado já frisou que sem uma ampla aliança o próximo prefeito será apenas um enfeite diante da caótica situação financeira de Lafaiete.
Enquanto as principais lideranças empurram convenientemente a definição de nomes para bem próximo do prazo para ganhar tempo de negociação e adesões, os eleitores aguardam o desencadeamento das alianças e formação de blocos para discutir o futuro de Lafaiete. A eleição caminha para a mais atípica de todos os tempos. Os nomes não devem sair fora da salada eleitoral já tão propagada na imprensa.
Fotos:Arquivo/Reprodução