Ao contrário dos grandes institutos de pesquisa, como Datafolha, Vox Populi e IBOPE, ele até hoje, em mais de 40 anos, ainda não teve o gosto de errar uma pesquisa de intenção de votos ou enquete em Lafaiete.
Cléber Carlos dos Santos já conhecia bem antes de finalizar as apurações quem governaria a cidade até 2020.
Neste ano, mais uma vez promoveu sua enquete para conhecer quem seria o vencedor das eleições em Lafaiete. O vencedor do pleito foi o que a pesquisa apontou.
Diferente dos institutos de pesquisa, o método usado por Cléber é de apenas tabular os votantes.
A pesquisa foi realizada entre 1ª de setembro a 1º de outubro. A seriedade e a transparência são regras absolutas da pesquisa, tanto que os candidatos vão lá para conhecer quem está a frente ou até mesmo para orientar suas estratégicas eleitorais.
Na manhã do dia 4, dois dias depois do resultado, nossa reportagem esteve na relojoaria instalada em um pequeno cômodo no coração comercial da cidade. Ele revelou que momentos antes, o candidato eleito, Mário Marcus (DEM), esteve na relojoaria.
No total, foram 535 votantes, sendo que 207 votos foram para Mário Marcus (em torno de 45%); 91 para Benito Laporte (em torno de 17%); 87 para Ivar Cerqueira (em torno de 16%) e Edie Rezende com 9 votos (em torno de 2%). Brancos e nulos foram na casa de 141 votos (em torno de 26%). “O Mário Marcus esteve à frente desde o primeiro dia da pesquisa. Agora Benito e Ivar revezaram como segundo colocado. Os dois ficaram em empate técnico. Agora foram muitos votos brancos e nulos”, analisou o resultado Cléber. “Eu já sabia 20 dias antes que Mário Marcus ganharia tal a vantagem que ele abriu. Foi a eleição mais fácil da história”, resumiu.
O resultado oficial
A margem de diferença entre a enquete e o resultado se deve aos 9.578 votos, cerca de 20%, do candidato Benito Laporte que não foram computados pelo TSE. No restante acertou em cheio. “A eleição mais difícil foi em 2004 quando o Júlio ganhou. Ele virou na última semana”, explicou o relojoeiro estatístico.
A tradição
Dono de uma pioneira relojoaria, com mais de 40 anos de funcionamento e administrada familiarmente juntos com seus dois irmãos, Rogério dos Santos e Jarbas Carlos, este vulgo “alemão”, Cléber herdou tradição das pesquisas de seu pai, fundador do comércio, há mais de 4 décadas. “Meu pai também nunca errou uma pesquisa aqui e na região”, gaba-se Cléber. “Naquele tempo vinha gente para saber que iria ganhar a eleição em outros municípios”, contou. Hoje ele não mais faz pesquisas das cidades vizinhas. “Isso porque as pessoas, como era de costume, há mais d e20 anos, vinham ao comércio e deixavam o relógio para consertar juntamente com o nome e cidade de origem. Quando voltavam para buscar uma encomenda meu pai via o nome da pessoa e a cidade de origem e logo perguntava em quem ela votaria e fazia a pesquisa. Hoje os clientes trazem os relógios e consertam momentos depois. Assim perdemos o vínculo com a população da região”, explicou.