Neste sábado, dia 15/02, às 15h, no Solar do Barão de Suaçuí em Conselheiro Lafaiete, será lançado o livro “Histórias de Marcos”, com organização, tradução e notas da jornalista Marcia Carreira. O mexicano subcomandante insurgente Marcos, porta-voz do Movimento Zapatista de Libertação Nacional, é conhecido mundialmente por sua literatura e pelas armas que utiliza na sua luta por um mundo melhor: a palavra e a falta dela.
Marcos é um mestre em lidar com a mídia, cobrindo o rosto e não se dando a conhecer, estimulando a curiosidade sobre ele e o movimento; utilizando símbolos e as histórias dos maias, dos quais os índios mexicanos são descendentes, e encerrando seus textos com conclusões atuais. A forma de lutar, uma batalha essencialmente comunicativa, é um parâmetro para as minorias e excluídos de todo o mundo.
Marcos
A autora conta que conheceu Marcos através das aulas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG, na disciplina Movimentos Sociais, do professor Dr. Valdir de Castro Oliveira, que também fez o prefácio do livro. A apresentação foi feita pelo professor Dr. Bruno Cunha, do Departamento de Filosofia e Métodos da Universidade Federal de São João del-Rei.
Marcia Carreira diz ainda que Marcos iniciou uma nova forma de luta, a guerra em rede. Câmeras fotográficas, gravadores de áudio e vídeo, equipamentos de radiocomunicação eletrônica e celular, computadores, converteram-se nos principais condutores da palavra e do silêncio zapatistas. O objetivo é utilizar a opinião pública nacional e internacional de forma global. Marcia afirma: “O objetivo do livro é contribuir com a divulgação das pessoas, das comunidades e do movimento zapatista na luta por um outro mundo para nossos filhos e netos. Não quer fazer nenhuma análise política nem se aprofundar em nenhum viés do Movimento. Quer ainda mostrar como lutar com inteligência, sem violência e com a ternura e poesia do Subcomandante Insurgente Marcos. Enfim, como a palavra ou a falta dela pode ser uma navalha, uma metralhadora, uma bomba atingindo o alvo e conseguindo objetivos antes considerados inalcançáveis.”
A Literatura
Marcos prefere expressões indiretas, seus escritos são muitas vezes fábulas. Seu estilo é elíptico, irônico e romântico. Estão na fronteira entre ficção, realidade e testemunho autobiográfico. Ele criou personagens, como o Velho Antônio, um ancião indígena, guia e conselheiro, que através de suas histórias sobre os antepassados, reais ou não, leva à reflexão sobre os problemas que nos afetam no presente. Também Don Durito de Lacandona, um pequeno besouro que se define como “cavaleiro andante, justiceiro, inquieto sonho das mulheres, aspiração dos varões, último e maior exemplar dessa raça que engrandeceu a humanidade com colossais e desinteressadas proezas, besouro e guerreiro da lua”.
Algumas frases do subcomandante insurgente Marcos:
… Se não podes ter sempre a razão e a força, escolha a razão. O poderoso nunca poderá tirar razão de sua força, mas nós sempre podemos obter força da razão.
… E há uma mulher que abandona seu passo de conformismo de ser o que querem que seja, põe em um rincão seus medos para vestir-se e desnudar-se com o traje sempre novo da rebeldia.
… Estes sempre podem aprender, é o que responde Marcos quando lhe perguntam o que fazer com quem não quer o novo mundo pelo qual ele luta.
A jornalista Marcia Carreira agradece à Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, através do presidente Moises Mota, que deu seu apoio incondicional, assim como à Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Lafaiete, através do secretário Geraldo Lafayette e servidores. (Lafaiete Agora)