O Brasil começou a segunda semana de 2021 em meio a um avanço expressivo na velocidade de propagação do novo coronavírus. No domingo (10), os dados consolidados da semana que havia se encerrado no dia anterior, indicaram o maior número de casos da covid-19 já observado em sete dias. Foram quase 360 mil novos contaminados.
Na soma de mortes do período, também houve alta expressiva. Até 9 de janeiro foram 6.906 óbitos por covid, resultado mais expressivo registrado desde agosto. Ao longo da semana atual, o Brasil teve mais de mil registros de mortes em 24 horas por pelo menos quatro dias seguidos.
Em participação no podcast A Covid-19 na Semana, o médico de família Aristóteles Cardona, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, afirma que os números já são consequência das aglomerações de fim de ano, mas também sofrem forte influência da resposta insuficiente à pandemia, vista no Brasil desde os primeiros registros do coronavírus.
“Quando a gente tenta analisar causas e consequências mais imediatas, não tem como não pensar nos encontros de Natal e de Ano Novo. Mas a gente, defininitavemente, não vai encontrar a resposta em situações pontuais. O que a gente vai encontrar é todo um conjunto de descompromisso, de falta de coordenação, de falta de atuação e falta de seriedade”, avalia.
Foi também no domingo (10), que o Brasil se deparou com a possibilidade de ser lugar de origem de uma nova cepa do coronavírus. A variante foi identificada pelo governo japonês. Quatro viajantes que estiveram no Amazonas no fim do ano passado voltaram ao Japão contaminados. Dois dias depois, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou a informação.
Ainda não há certeza sobre o potencial de propagação das novas cepas. Segundo nota técnica da Fiocruz é preciso observar a evolução do vírus nos próximos meses. No entanto, já há a percepção de que as variantes, encontradas também em outros países, se espalham com mais rapidez.
O fato de o microrganismo que se originou no Brasil ter sido identificado do outro lado do mundo, tanbém acendeu mais uma alerta para a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na terça-feira (12), a média móvel de novos infectados pela covid no Brasil bateu um recorde preocupante e superou 55 mil.
O dado é resultado da soma de todos os casos dos últimos sete dias, dividida por sete. Durante toda a semana, essa conta ficou acima de 50 mil, o que também é um fato inédito na história da propagação do coronavírus em solo nacional.
No dia seguinte, quarta-feira (13), a média móvel de óbitos chegou a 1.044. Na quinta-feira (14) a Fiocruz informou que nove capitais brasileiras iniciaram 2021 com mais de 80% de ocupação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIS). Na lista estão Belém (100%), Campo Grande (100%), Rio de Janeiro (99,8%), Macapá (94,4%), Manaus (89,4%), Boa Vista (83,3%), Belo Horizonte (80,5%), Vitória (80,1%) e Curitiba (80%).
Aristóles Cardona vê um cenário futuro pior, já que os impactos das aglomerações de fim de ano ainda devem prosseguir pelas próximas semanas.
“Infelizmente esse é o caminho. As medidas que precisam ser tomadas com muita seriedade é para que a gente possa ainda mais, diminuir um pouco esse impacto em semanas e meses daqui para a frente. É uma dura batalha. Infelizmente, da forma como caminha, a situação é dramática.”
Edição: Leandro Melito