Relatório de agências da ONU aponta que 75 milhões de crianças de menos de cinco anos tiveram seu crescimento prejudicado por déficit alimentar
A insegurança alimentar aguda aumentou 40% este ano no mundo, com a alta recente dos preços dos alimentos, exacerbada por pressões existentes de conflitos, mudanças climáticas e a pandemia da Covid-19, revelou, em relatório recente sobre a fome, o Programa Mundial de Alimentos da ONU (Organização das Nações Unidas).
Essa fome crônica é o resultado da pobreza, desigualdade, conflitos, má governança e a marginalização dos mais vulneráveis, além de estratégias de investimento inadequadas. Em 2020, cerca de 800 milhões de pessoas no mundo enfrentaram a fome, ou seja, 118 milhões de pessoas a mais do que em 2010.
Os países da África continuaram desproporcionalmente afetados; e conflitos levaram quase 100 milhões de pessoas à insegurança alimentar aguda, seguida por choques econômicos (40 milhões) e eventos extremos do tempo (16 milhões).
Uma rede que inclui o Programa Alimentar da ONU revelou que os países mais afetados são Burkina Faso, Sudão do Sul e Iemen.
Nestes países, cerca de 133 mil pessoas estão no chamado IPC-5, o maior nível de necessidade, e requerem ação imediata para evitar a disseminação da morte e o colapso da sobrevivência, afirma a rede,
Os autores do relatório – mais a União Europeia, assim como agências governamentais e não governamentais – também apontaram que 39 países e territórios passaram por crises alimentares nos últimos cinco anos
.
Naqueles países e territórios, a população atingida pela insegurança alimentar aguda aumentou de 94 milhões para 147 milhões entre 2016 e 2020.
O trabalho acrescenta que, nestes locais, mais de 75 milhões de crianças de menos de cinco anos tiveram seu crescimento prejudicado e 15 milhões mostravam sinais de má nutrição crônica.
A pandemia da Covid-19 revelou a fragilidade do sistema mundial de alimentos e a necessidade de sistemas mais equilibrados para nutrir com consistência 8.5 bilhões de pessoas por ano até 2030.
Em março de 2021 o diretor-geral da ONU, Antonio Guterres, estabeleceu uma força-tarefa contra a fome, dirigida pelo chefe de emergência da ONU, Mark Lowlock, Participam a FAO (Organização das Nações Unidas Para Alimentação e Agricultura), o Programa Mundial de Alimentos e organizações não governamentais parceiras. A força tarefa pretende trazer uma ação coordenada para a prevenção da fome e mobilização de apoio aos países mais afetados.
“A fome continua profundamente arraigada e está aumentando na maior parte do mundo”, disse Guterrez no lançamento do relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, acrescentando que vai convocar uma Cúpula de Sistemas Alimentares no próximo ano.
Alguns dados do relatório da ONU sobre a fome no mundo:
11.35% da população mundial passa fome. Isto significa 805 milhões de pessoas subnutridas diariamente, consumindo menos das 2100 calorias recomendadas por dia.
O mundo produz o bastante para alimentar 7 bilhões de pessoas, mas aquelas que passam fome ou não têm terra para cultivar ou dinheiro para comprá-la. Além disso, os sistemas de distribuição e transporte são muito precários.
Dez países que tiveram grande sucesso em reduzir o número total de pessoas com fome em relação à sua população são Armênia, Azerbaijão, Brasil (que com o governo atual saiu da lista), Cuba, Georgia, Gana, Kuwait, San Vicente e Granadines, Tailândia e Venezuela.
A pobreza é a principal causa da fome. Ela inclui falta de recursos, uma distribuição extremamente desigual de renda, conflitos e a própria fome.
Em 2010, cerca de 7.6 milhões de crianças morreram antes dos cinco anos de idade – e pelo menos metade das mortes ocorreram por má nutrição.
Cerca de 93% da fome mundial existe em países subdesenvolvidos.
A fome existe em todo o mundo, mas 526 milhões das pessoas com fome vivem na Ásia.
Mulheres são deficientes em nutrientes básicos, como ferro, morrendo por hemorragia durante o parto, o que mata 315 mil delas por ano por razões como esta.
FONTE PROJETO COLABORA