29 de março de 2024 07:44

Cultura em alta: “Banquete” ocupa Fazenda Boa Esperança

Proposta é identificar formas de geração de renda as comunidades, preservando as tradições e costumes/Reprodução
Proposta é identificar formas de geração de renda as comunidades, preservando as tradições e costumes/Reprodução

Construída no final do século XVIII, a Fazenda Boa Esperança, patrimônio mineiro e nacional, ganhou um projeto de revitalização e ocupação que poderá potencializar a economia de Belo Vale, município na Região Central do estado. A proposta aponta geração de trabalho e renda, e desenvolve educação patrimonial com comunidades tradicionais, que através de suas artes, costumes e manifestações culturais, poderão contribuir com a sua sustentabilidade. Uma parceria entre o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA-MG), proprietário do imóvel tombado desde 1975, e do outro lado, o Instituto Inhotim, criou-se em 2016, o “Refazenda: Projeto para Revitalização da Fazenda Boa Esperança”.

Sem nenhuma função desde seu tombamento, a Boa Esperança passou por diversas intervenções que serviram, apenas, para reforçar a estrutura física e integridade da sede. No decorrer desses anos, uma única ação foi implantada para que o espaço se tornasse um bem produtivo. O convênio 014/84, celebrado entre IEPHA-MG e Escola de Veterinária da UFMG, para introduzir ali um Centro de Pesquisas com características do universo agrário tradicional mineiro, não evoluiu. Um ano depois de introduzido foi cancelado pelo governo do estado, após constatar danos ao patrimônio colonial.

 O “Refazenda” está em relacionamento com a comunidade de Belo Vale há um ano.  Um grupo de profissionais do Instituto Inhotim trabalha educação patrimonial e um plano de gestão, para potencializar geração de renda local e identificar possíveis formas de ocupar a sede e a exuberante área de 340 hectares de mata atlântica, com córregos e cachoeira.  A proposta quer privilegiar com base em atividades artísticas, educativas e sociais, a inserção das comunidades quilombolas do entorno: Chacrinha dos Pretos e Boa Morte. O documento final será entregue ao IEPHA-MG em março de 2017.

O Poder Público e a população belovalense estão atentos às possibilidades econômicas, que se vislumbram com o estímulo do turismo natural e cultural, e participam do processo que avança com segurança. As obras civis estão sendo executadas na sede, dando confiança que, desta vez, a construção de uma função para o espaço é real. A “Restaurare Construtora Ltda.”, empresa que ganhou a licitação, está executando o projeto arquitetônico de restauro e de instalações complementares da sede. As equipes envolvidas estão viabilizando a infraestrutura, para ampliar as possibilidades de uso do espaço e adaptá-lo para receber visitantes. Estima-se um investimento da ordem de R$ 2,3 milhões nessa primeira fase.

A população belovalense estão atentos às possibilidades econômica, que se vislumbram com o estímulo do turismo natural e cultural/Reprodução
A população belovalense estão atentos às possibilidades econômica, que se vislumbram com o estímulo do turismo natural e cultural/Reprodução

Um evento inusitado e oportuno, realizado na tarde de 28 de janeiro, deu credibilidade ao projeto: “Banquete” levou instalações audiovisuais para interior da casa e para o amplo pátio frontal. Nas sombras das sapucaias, aconteceu uma ocupação de grupos e movimentos tradicionais da cidade. Guarda de Moçambique, Coral Cantantes da Boa Morte, Grupo Folclórico da Chacrinha e jogos de Capoeira fizeram a festa. O evento proporcionou um banquete coletivo que evocou às memórias gustativas e afetivas, conectando os participantes ao local e sua história. Uma multidão presenciou a celebração, com presenças de dois secretários de estado, prefeito municipal de Belo Vale, presidente do IEPHA-MG, diretores do Inhotim, outros.

Enfim, reforça-se a expectativa de que o projeto traga benefícios e mude os rumos econômicos e sociais do município tricentenário, um dos berços da civilização mineira. A Boa Esperança pode ser exemplo, para que outras cidades de Minas implantem projetos semelhantes, que integrem revitalização de patrimônios e preservação de meio ambiente, no compasso com boas políticas públicas, para melhor qualidade de vida. É momento das prefeituras municipais identificarem o potencial de suas cidades, e investir em bons projetos para o aumento de receitas e auto desenvolvimento.

Tarcísio Martins, Jornalista e ambientalista. Membro da Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAA-BV).

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