Obras, mineração e agronegócio ameaçam 98% dos quilombos do Brasil, diz relatório

Levantamento do ISA aponta riscos de desmatamento e perda de biodiversidade e recursos naturais

Obras, empreendimentos de mineração e imóveis rurais ameaçam 98,2% dos territórios quilombolas do Brasil, mostra um relatório do ISA (Instituto Socioambiental), em parceria com a Conaq ((Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) sobre o impacto destes três tipos de atividade em comunidades tradicionais.

Segundo a ONG, essas atividades geram consequências ambientais como desmatamento, degradação florestal e incêndios, além da perda de biodiversidade e deterioração de recursos hídricos pela exploração mineral e atividades de agricultura e pecuária no entorno dos territórios. A abertura de estradas e rodovias também podem facilitar violações ambientais.

Vista de cima do quilombo Ribeirão, um dos atingidos na tragédia de 2019 em Brumadinho. – Divulgação – 24.jan.2024/Associação Quilombola do Ribeirão

“É urgente o cancelamento de cadastros de imóveis rurais e de requerimentos minerários que incidem sobre os quilombos, bem como consulta prévia da comunidade sobre qualquer obra de infraestrutura ou projeto que possa degradar o território ou comprometer os modos de vida dos moradores”, diz Antonio Oviedo, pesquisador do ISA responsável pelo estudo.

Essa consulta é um direito determinado pela convenção 169, de 5 de setembro de 1991, que obrigou os países membros da Organização Internacional do Trabalho a reconhecer e proteger práticas e valores sociais, culturais, religiosos e espirituais próprios desses povos. No Brasil, que é um dos países signatários, a convenção passou a valer em 25 de julho de 2003.

Por conta disso, antes de realizar qualquer obra ou ação que interfira no dia a dia de povos tradicionais como indígenas e quilombolas, governos e empresas públicas e privadas são obrigados a consultar os moradores locais.

“Os resultados mostram que praticamente todos os quilombos no Brasil estão impactados por algum vetor de pressão, evidenciando a violação dos direitos territoriais das comunidades quilombolas”, diz o pesquisador.

O estudo analisou os 494 quilombos, homologados ou não, que já têm território delimitado, e suas sobreposições com as áreas de influência direta das obras planejadas pelo governo Lula (PT), requerimentos de exploração na ANM (Agência Nacional de Mineração) e propriedades registradas no CAR (Cadastro Ambiental Rural, banco de dados usado para fiscalizar e controlar a atividade agropecuária).

Destes, 485 territórios tem algum tipo de sobreposição —para as obras, foi considerada a chamada área de influência direta, metodologia utilizada pelo governo federal para medir a zona de impacto dos empreendimentos para além da construção em si.

O relatório afirma que obras de infraestrutura e outros projetos agropecuários e de mineração são planejados, implementados e medidos conforme expectativas e metas macroeconômicas, mas desconectados das demandas sociais locais.

A análise aponta que quase 57,9% dos quilombos estão na área de influência de empreendimentos pretendidos pelo governo. Já imóveis rurais tem sobreposição com 94,1% dos territórios e os requerimentos minerários, com 52,8%

Segundo o estudo, isso mostra não só a violação aos modos de vida das comunidades, mas a possibilidade de degradação ambiental e de perda de recursos naturais.

Ainda, aponta para o falho sistema de controle, por exemplo, dos imóveis rurais, resultado do enfraquecimento da legislação ambiental.

Esses imóveis precisam ser registrados junto ao CAR (Cadastro de Imóvel Rural), que deveria ser a base de dados oficial do governo federal para controle, por exemplo, do desmatamento em propriedades privadas.

No entanto, além de nem todas as propriedades estarem documentadas, o registro é autodeclaratório: ou seja, é o dono quem aponta o tamanho e os limites de área de sua fazenda, por exemplo, o que facilita casos de fraude, uma vez que a fiscalização é falha.

Problemas semelhantes enfrentam os requerimentos minerários. Como mostrou a Folha, o sistema de controle da ANM também permitiu que existam centenas de requerimentos minerários sobrepostos a terras indígenas.

Chama a atenção o fato de que, dentre os dez territórios quilombolas mais ameaçados por obras de infraestrutura, metade já são titulados, ou seja, já são áreas que passaram por toda a burocracia do Estado e estão plenamente protegidas pela lei brasileira.

Um deles, o do Kalunga, fica em Goiás. Os outros (Cachoeira Porteira, Erepecuru, Trombetas e Gurupá Mirim) são no Pará, sendo que os últimos dois tem 100% de seu perímetro sob influência da área de pressão de empreendimentos.

As sobreposições, concluem os pesquisadores, dificultam a adoção de medidas de proteção aos quilombos.

 

FONTE FOLHA DE SÃO PAULO

INSS: peritos médicos ameaçam entrar em greve em janeiro

Nova greve pode atrapalhar meta do governo de reduzir fila de espera do INSS. Peritos pedem mais contratações

O mês de janeiro pode se tornar ainda mais caótico para as pessoas que estão na fila de espera do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com informações de bastidores, peritos médicos da autarquia já avisaram ao governo federal que poderão realizar uma greve em breve.

As demandas dos peritos

  • Aumento no salário

A paralisação deverá acontecer em janeiro de 2024, caso o governo federal não aplique um reajuste de 23% em seus salários.

“Estamos pedindo a recomposição dessa diferença mais o acumulado até agora”, afirma Francisco Eduardo Cardoso Alves, vice-presidente da ANMP (Associação Nacional de Médicos Peritos). A categoria ganhou um reajuste de 9% este ano, assim como todo o funcionalismo público, mas eles alegam que a defasagem ainda existe.

  • Mais contratações

Além disso, os servidores também pedem a contratação de 1,5 mil novos peritos médicos, e o cumprimento de um acordo que foi firmado com o governo anterior, em 2022.

Segundo os representantes dos trabalhadores, hoje a Previdência contaria com um déficit de 3 mil cargos vagos. Atualmente, sabe-se que o Brasil conta com cerca de 3,6 mil peritos em atividade, mas alguns deles estão afastados.

  • Contra a teleperícia

Para além disso, os peritos médicos do INSS também afirmam que são contrários ao processo de implementação da chamada teleperícia. Este é um sistema já anunciado pelo Ministério da Previdência Social, e que prevê iniciar em 2024 consultas médicas de forma remota através de dispositivos como computadores e celulares.

Pra boa parte dos peritos, o Atestemed poderá aumentar o número de fraudes. Este ponto específico de crítica, no entanto, não está no documento de demandas que foi enviado ao Ministério da Previdência.

As datas da greve

A paralisação está tão madura que os peritos já teriam avisado ao governo federal que não deverão trabalhar inicialmente em três datas: 17, 24 e 31. Neste dias, os profissionais deixariam de realizar o atendimento médico aos segurados do INSS, mesmo para aqueles que já estão com consultas agendadas.

Eles deverão esperar por uma resposta do Ministério da Previdência até o próximo dia 12 de janeiro, antes de confirmar se devem mesmo seguir com a greve ou não.

Fila de espera do INSS

O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), voltou a falar recentemente sobre a fila de espera do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo ele, a culpa pelo tamanho da lista não seria do atual governo, mas da gestão anterior. De todo modo, ele seguiu prometendo zerar a fila de espera.

“Estamos cada vez mais focados na missão de enquadrar a fila do INSS em até 45 dias, que foi gerada nos últimos anos, bem como aprimorar os serviços. É o resgate de uma instituição que foi dilapidada”, disse, ao elogiar a gestão do atual presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

“Entre as prioridades do governo federal, a Previdência Social garante a cidadania de mais de 39 milhões de brasileiros e impulsiona o desenvolvimento da nação. Com o trabalho presencial e a reestruturação das agências, os beneficiários perceberão a evolução do maior programa social continuo do mundo. O povo precisa diariamente de todos nós e vamos responder com qualidade”, completou.

INSS: peritos médicos ameaçam entrar em greve em janeiro
Carlos Lupi deve enfrentar greve dos peritos em breve. Imagem: Joédson Alves/ Agência Brasil

Projeto sancionado

Vale lembrar que já está oficialmente sancionado o projeto de lei que cria um plano para a redução da fila de espera do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O texto em questão já foi aprovado pela Câmara dos deputados e pelo Senado Federal, e esperava apenas a sanção por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como dito, o texto sancionado pelo presidente Lula indica uma série de medidas que podem ser seguidas para reduzir a fila de espera do INSS. Entre as medidas podemos citar:

  • Criação de bônus para que os servidores trabalhem também fora do expediente;
  • Permissão para o uso da telemedicina para a realização de perícias médicas.

FONTE NOTÍCIAS CONCURSOS

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