“Se a ANM não for estruturada, todo o segmento da mineração vai colapsar”, reforça AMIG em seminário da Câmara

Evento foi realizado na última terça-feira (28), pela Frente Parlamentar da Mineração Sustentável

A Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (AMIG), aproveitou sua participação no seminário realizado pela Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin), na última terça-feira (28), para cobrar a reestruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM). Durante o debate sobre os impactos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) no desenvolvimento dos municípios, o consultor jurídico da AMIG, Rogério Moreira, defendeu a importância da agência para garantir uma atividade mineral sustentável.

“Estamos vivendo um momento crítico com a agência reguladora de uma das principais atividades econômicas do país em greve. A ANM, desde a sua criação, em 2017, surgiu natimorta, sem qualquer estruturação, e segue sofrendo processo de inanição. Se não ficarmos atentos, ela não vai cumprir em nada o seu papel institucional. Se a ANM não for reestruturada, todo o segmento da mineração vai colapsar”, destacou Rogério Moreira. O consultor jurídico da AMIG ressaltou que a mineração é uma atividade de interesse nacional, uma importante matriz econômica. “Juntamente com a agricultura e o agronegócio, a mineração segura a balança comercial brasileira e nosso PIB”, pontuou.

Rogério lembrou que a CFEM “não é tributo e também não é uma compensação, embora tenha esse nome. A natureza jurídica da CFEM é a participação nos resultados da exploração mineral, o que significa que o Município, o Estado e a União, de certa forma, são sócios desse negócio gigantesco que é a mineração”, alertou. Diante disso, defendeu a necessidade do Brasil ter “uma agência forte, atuante, reguladora e fiscalizadora, que acelere seus processos de análise de outorgas e que possa garantir uma mineração sustentável.”

Para o consultor jurídico da AMIG, a CFEM como receita municipal não é um universo sozinho. Ela faz parte de toda uma composição. “Temos que aproveitar essas medições e indicadores para ampliar o debate: será que os municípios mineradores e impactados conseguem desenvolver boas políticas específicas de algumas áreas, mesmo tendo essas distorções Federativas? Será que quando a instância da União e do Estado empurram obrigações para os municípios, sem a contraprestação efetiva dessa mesma política financeira, não é um comodismo? Os Governos Estadual e Federal têm noção dos prejuízos enormes que isso tem causado?”, refletiu.

O superintendente substituto de Arrecadação e Fiscalização de Receitas da ANM, Rui Giordani, pontuou que atualmente 85% da cota parte da CFEM que é direcionada à ANM vem sendo contingenciada. Ele ressaltou que a contribuição, conhecida como royalties da mineração, é atualmente uma das principais fontes orçamentárias de municípios mineradores, mas acaba subaproveitada por deficiências estruturais da agência. “Imagine se a ANM possuísse estrutura, orçamento, remuneração e tivesse acesso à base de dados da Receita Federal. Será que não estaríamos em outro patamar em relação à arrecadação da CFEM?”, questionou.

De acordo com Giordani, em 2022, o valor da produção mineral no Brasil alcançou R$ 250 bilhões, gerando uma arrecadação de R$ 7 bilhões por meio da CFEM. No entanto, acrescenta ele, a cada 1000 empresas que recolheram a contribuição, apenas uma foi fiscalizada.

O presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, deputado federal Zé Silva (Solidariedade/MG), falou sobre a atuação da FPMin para a aprovação do Projeto de Lei 2138/22, de sua autoria, que propõe uma norma vinculativa para o uso dos recursos da CFEM, garantindo que sejam direcionados para investimentos capazes de modificar a base produtiva dos estados e municípios beneficiados. “Com essa medida, pretendemos garantir transparência e assegurar que os recursos sejam investidos em projetos que contribuam para o desenvolvimento econômico e social das regiões impactadas pela mineração”, explicou Zé Silva.

Fernando Facury Scaff, professor titular de Direito Financeiro, da Universidade de São Paulo (USP), pontuou que a CFEM recorre de um bem não renovável. “Ou seja, o minério esgota, não dá duas safras. A lógica é que os municípios tenham a possibilidade de usar recursos dos royalties para modificar sua base econômica. Desta forma, o PL 2138/22 vai preparar os municípios para que possam ter atividades sustentáveis a partir da lógica do esgotamento do recurso. O objetivo central do projeto é fazer com que o dinheiro seja efetivamente direcionado à mudança econômica do município”, pontuou.

O projeto de lei do deputado Zé Silva, que está inserido nas prioridades da atuação da FPMin, prevê ainda uma regra transitória que permite que os recursos da CFEM destinados à capitalização de fundos de previdência possam permanecer vinculados a essa finalidade por até dez anos. No entanto, para garantir a segurança e a sustentabilidade dos fundos de previdência, fica vedado o aumento dos valores já destinados. O projeto de lei 2138/22 está apensado ao PL 840/22, em tramitação na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, sob a relatoria do coordenador da FPMin, deputado Evair Vieira de Melo (PP/ES). “A medida representará um passo importante para garantir a gestão responsável e transparente dos recursos da CFEM, visando o desenvolvimento sustentável das regiões mineradoras e o benefício das comunidades impactadas pela atividade”, destacou o deputado.

CSN Mineração recebeu a visita dos novos agentes da Agência Nacional de Mineração (ANM)

A CSN Mineração recebeu na quarta-feira (10//5), cerca de 40 novos agentes da Agência Nacional de Mineração (ANM). A empresa é a primeira a receber a visita dos profissionais. Durante todo o dia eles participaram de um treinamento teórico e prático, fundamental para a atuação dos profissionais responsáveis pelas fiscalizações no país. Além disso, conheceram todo o trabalho desenvolvido pela Companhia na conservação e segurança de suas estruturas. Ao fim do dia eles foram conhecer a barragem Casa de Pedra. Participaram também da visita cerca de 10 profissionais da Defesa Civil. Foi um momento rico de troca de conhecimento e aprendizado.

Cabe lembrar que desde de 2020 a CSN Mineração não utiliza mais barragens para contenção de rejeitos, que são empilhados pelo método a seco.

ANM aumenta fiscais de barragens de mineração

Medida cumpre, com mais de um ano de atraso, acordo selado com a União

A Agência Nacional de Mineração (ANM) aumentou o número de servidores envolvidos na fiscalização de barragens de mineração no país. Segundo nota divulgada hoje (7) pelo Ministério Público Federal (MPF), a medida cumpre, com mais de um ano de atraso, acordo selado com a União.

As negociações se deram dentro de uma ação civil pública movida em abril de 2019, pouco mais de dois meses após o rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG). Trata-se de uma das maiores tragédias ambientais e trabalhistas do país, que culminou na morte de 270 pessoas e causou impactos em diversos municípios da bacia do Rio Paraopeba.

O acordo resultou na nomeação de 40 especialistas em mineração, sendo 17 para Minas Gerais, estado que possui o maior número de barragens. As portarias foram publicadas na última sexta-feira (3). Segundo o cronograma que foi acordado em outubro em 2019, os servidores deveriam ter sido nomeados em 2021.

Na ação, o MPF pedia que a Justiça obrigasse a União a inspecionar, por meio da ANM, todas as barragens do país consideradas inseguras ou com segurança inconclusiva. No entanto, foi constatado que o déficit de pessoal e o sucateamento estrutural imposto à agência impactava seu funcionamento e sua capacidade de fiscalização.

Na Gerência Regional de Minas Gerais, havia apenas quatro servidores na Divisão de Segurança de Barragens, sendo que apenas dois tinham especialização em engenharia de barragens. Diante dessa situação, foi assinado o acordo com a União que previa, além do reforço de pessoal, a destinação R$ 42,7 milhões para a fiscalização.

Edição: Fábio Massalli

FONTE AGÊNCIA BRASIL EBC

Brasil tem 46 barragens em situação de emergência, três delas com risco de rompimento iminente em Minas Gerais

Os dados são da Agência Nacional de Mineração (ANM) e apontam que a maioria está em Minas Gerais após as fortes chuvas na região

O Brasil tem 906 barragens cadastradas na Agência Nacional de Mineração (ANM). Destas, 46 estão em situação de emergência, de acordo com dados divulgados no portal da Agência. A maioria das barragens afetadas com as fortes chuvas estão localizadas no estado de Minas Gerais: 39.

De acordo com a ANM, três  barragens estão em situação de emergência nível 3, quando o rompimento é iminente ou está em curso. São elas: B3/B4 em  Nova Lima, Forquilha III em  Ouro Preto, Sul Superior em Barão de Cocais, todas em Minas Gerais, e controladas pela empresa Vale. 

As chuvas das últimas semanas até o momento não provocaram nenhum incidente por causa das barragens, mas os moradores da região estão preocupados. Alexandre Andrade, perdeu um irmão, um primo e vários amigos em 2019 no rompimento da barragem de rejeitos da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), controlada pela Vale. Outras  272 pessoas morreram.  

“Com o aumento das chuvas em Minas Gerais, temos muitos receios de que outras barragens se rompam, e os moradores dessas regiões também ficam muito apreensivos, porque quando aumenta o volume de chuva, corre o risco de rompimento”.  Três anos após a tragédia ainda há impunidade, segundo Alexandre. 

Em Pará de Minas, moradores ficaram em alerta depois que a prefeitura emitiu um comunicado pedindo que algumas famílias deixassem suas casas devido ao risco de rompimento da barragem hidrelétrica da Usina do Carioca. A situação da represa, que pertence à empresa Santanense, foi classificada por autoridades como crítica.  

Em um último comunicado oficial, a empresa Santanense informou que não houve rompimento da barragem de concreto da Usina Carioca, e que declarou emergência devido à ocorrência da cheia excepcional no rio São João, que elevou o nível da água na barragem. A empresa também orientou que a população deve seguir rigorosamente as orientações das autoridades públicas competentes. 

O governo de Minas Gerais e o Ministério Público estadual  notificaram as empresas responsáveis por  barragens de rejeitos existentes no estado para que fornecessem informações sobre os efeitos das recentes chuvas e as ações adotadas para monitorar o grau de segurança estrutural das construções. 

As informações prestadas não foram divulgadas para a imprensa, mas elas teriam que informar à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) dados sobre o volume médio de chuvas que vêm atingindo essas estruturas; a existência de um plano de ação para o período chuvoso; a capacidade e o funcionamento do sistema de drenagem. São pedidos ainda dados sobre eventuais problemas estruturais e medidas de monitoramento adotadas para minimizar o risco de acidentes.

Os dados fornecidos pelas empresas serão analisados por técnicos da Feam, em conjunto com representantes do Ministério Público estadual e com apoio de firmas de auditoria independentes. Segundo o governo estadual, o objetivo da medida é intensificar o monitoramento das barragens neste período de chuvas, no qual 145 dos 853 municípios mineiros decretaram situação de emergência, e reforçar a segurança da população.

De acordo com a legislação atual vigente em Minas, o empreendedor é responsável pela segurança da barragem, devendo tomar todas as medidas necessárias para garantir a estabilidade da estrutura.

Em caso de descumprimento das solicitações, as mineradoras podem sofrer autuação por determinação de agente fiscalizador da Secretaria de Estado de de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), de acordo com o decreto 43.383/2018. A multa, a depender do porte e da capacidade poluidora da empresa, pode variar entre 250 ufemgs a 27.000 ufemgs (1 ufemgs = R$ 4,7703 na cotação atual.

MAIOR RESERVATÓRIO DA AMÉRICA LATINA

Em Goiás, o Lago Serra da Mesa, no norte do estado, considerado o maior reservatório em volume de água da América Latina, está com 38% de capacidade e deve chegar até 40% com as fortes chuvas que tem atingido o estado. O secretário de Meio Ambiente do município de Niquelândia, André Rosa, comenta a situação na região. 

“O lago nunca encheu tão rápido assim, as barragens estão todas controladas. O que temos é muita chuva, em relação a barragens não temos riscos”.

Fonte: Brasil 61

about

Be informed with the hottest news from all over the world! We monitor what is happenning every day and every minute. Read and enjoy our articles and news and explore this world with Powedris!

Instagram
© 2019 – Powedris. Made by Crocoblock.