Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 21

                        GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 21

 

O sal que a salgou

também salgou auroras e crepúsculos

salgou a Liberdade

Avelina

A Rua Direita, atualmente denominada Rua Comendador Baeta Neves, traz muitas cicatrizes relacionadas à Inconfidência Mineira em sua memória. Nela passaram os despojos de Tiradentes que pernoitaram em um arranchamento ali existênte , onde foi salgada a sua cabeça antes de seguirem a viagem para Vila Rica.

Foto de Carla Moreira dos Santos

 

Foto da Rua Direita (atual Comendador Baeta Neves) com a placa em um poste localizado na frente do local em que, em 1792, havia um arranchamento onde a cabeça foi salgada e pernoitou. Salmoura é uma solução de água saturada de sal. ABAIXO A FOTO SEPARADA DA PLACA DIZENDO QUE AQUI SE RENOVOU A SALMORA DA CABEÇA DE TIRADENTES

Foto de Valéria Higino da Silva

Em nossa cidade foram colocadas em postes duas pernas de Tiradentes, uma delas na Varginha do Lourenço, perto da divisa com Ouro Branco, à margem da Estrada Real. Nessa estalagem Tiradentes pernoitava e fazia reuniões secretas, contando com a simpatia do dono da hospedaria.

Estalagem da Varginha Imagem de acervo pessoal

Na estalagem se fecha com chave de ouro o percurso do Caminho Novo em  terras de Conselheiro Lafaiete.

Estalagem da Varginha – Pintura a óleo de Cidinha Dutra

Do Diário de D. Pedro, quando de sua visita a Minas Gerais em 1881:

“Varginha − Casa onde se reuniram os inconfidentes. Pertencia, então, a um hospedeiro de nome João da Costa. Vi a mesa e bancos corridos, de encosto, onde se assentavam. São de maçaranduba e estão colocados na varanda. Reparando que não houvessem conversado no interior da casa, disse-me o dono dela, que havia vedetas* (*vigias) para avisá-los.”

 

— Assinando José Códea, Angelo Agostini como enviado da “Revista Illustrada”, desenhou os móveis citados e escreveu: “Na casa de Manoel Alves Dutra, na Varginha, existem dois bancos e uma mesa, feitos de maçaranduba, que serviram nas conferências dos Inconfidentes, sob a direção do grande cidadão Tiradentes. Hoje, serve para comer-se boas feijoadas com cabeça de porco (tempora mutantur!)”

Li, certa vez, que meninos ficavam no caminho próximo à estalagem e, quando vinham soldados, soltavam papagaios.

Esse lugar histórico ocupa um  lugar especial nas minhas memórias de professora pois, em fins do século XX, com uma turma de alunos do 2º Grau do Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”, ali realizei uma atividade pedagógica. Sentados à sombra da Gameleira da Varginha, ainda em todo o seu esplendor, à semelhança de Tiradentes e os inconfidentes, fizemos uma reunião para falar também sobre Liberdade.

Depois, como o fizera Tiradentes, um aluno levantou-se, estendeu o braço em determinada direção, dizendo que ali construiriam uma grande indústria. Prodigiosamente, naquele lugar indicado por Tiradentes, ergue-se hoje, imponente e poderosa, a Açominas.

Pouco tempo depois, a gameleira caiu, mas o testemunho das fotos tiradas por Alexandre, que nos acompanhou com a orientadora Maria do Carmo, deixaram as cenas gravadas como lembrança de uma atividade cívica.

As ruínas da estalagem, o que resta da gameleira e o belo monumento são marcas que o lafaietense muito preza.

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete 18

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 18

 

O tempo foi passando…

A Irmandade do Santíssimo, sempre ajudada pelo povo, continuava a realizar obras e a preservar o templo de Nossa Senhora da Conceição.

O povo começou a ser explorado pela coroa, através da cobrança do quinto (era um tipo de imposto) e a revolta era grande. Muitos diziam: “O rei está tirando o alimento de nossa boca”.

Até que um dia…

19 de setembro 1790 Aconteceu o que tanto sonhara o povo de Carijós: a criação da vila. Uma petição fora feita ao Senhor Visconde  de Barbacena e enviada a D. Maria I, rainha de Portugal. Entre outras coisas, dizia:

“Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena. A Vossa Exa. expõem, reverentemente os Moradores das Freguezias de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, e de Congonhas do Campo, e de Santo Antonio da Itaberava, quê, formando todos huma povoação conjunta de quasi vinte mil pessoas, com suficientes fundos, propriedades e terras incultas, e distando das vilas de São Joze, São João, Villa Rica e Mariana por onde são demandados mais de quinze, vinte e trinta legoas, por asperas Serras, caminhos Solitarios e passagens de Rios, sem que a justiça possa amparar prontamente os orfaons e Viuvas pobres, nem defender a tranquilidade publica de alguns facinoras e Saltiadores; Desejão os suplicantes merecer a Sua Magestade Fidelissima, o Foral e criação da nova Villa com Corpo de Camara, Juiz Ordinario e de Orfaons, Vereadores, Tabelliaens, e mais Offeciais competentes, no Campo Alegre de Carijós;” e prosseguia o documento com mais considerações.

Visconde de Barbacena /Imagem da Internet

No dia tão esperado, o povo, dominado pela alegria, reuniu-se na Praça Nova. O Senhor Visconde de Barbacena chegou acompanhado de luzida comitiva e, lá no prédio da Câmara, assinou o Auto de Criação da vila. No termo lavrado em um livro especial, estavam arrolados o dia da inauguração, o nome da vila, os limites e confrontações de seu território, os nomes do ouvidor, do capitão-mor da vila e das outras autoridades.

ESTAVA CRIADA A REAL VILLA DE QUELUZ!

Em seguida, como narra o Auto de Levantamento, “sendo presente o Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena do Conselho de Sua Magestade, Governador e Capitão General desta Capitania de Minas-Gerais, e o Doutor General, e Corregedor desta Comarca, com os Moradores, Nobreza e Povo tanto da dita Real Villa novamente erecta como dos Arrayaes convezinhos; pello mesmo Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde General foy mandado levantar o Pilorinho da referida Villa, o qual, com efeito se levantou, com a solenidade do estilo, no lugar que para isso se considerou mais proprio e acomodado, e vem a ser a Praça Nova, que fica no meyo da Villa, entre as Cazas destinadas para a Camara, e a Igreja Matriz, cujo acto se fez, e concluhio repetindo todos em altas vozes, e sucessivas aclamaçoens – Viva a Rainha Nossa Senhora Dona Maria primeira…”

Rainha D. Maria Primeira /Imagem da Internet

Enquanto isso, os sinos das igrejas (Matriz, Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo) badalavam alegremente, a força miliciana deu uma descarga de seus mosquetes, alguns moradores davam salvas de suas roqueiras (peça de artilharia que atirava pelouros, que eram balas de metal com que se carregavam muitas das antigas armas de fogo) e todos gritavam vivas.

Casa da Câmara – Pintura de Lygia Seabra

A Câmara foi instalada no casarão de Manoel Albino de Almeida, que alugou um pedaço de sua grande casa para ser a Sede da Câmara. Ficava na atual Avenida Prefeito Mário Rodrigues Pereira, em frente ao Pronto Socorro. A primeira foto é de uma pintura de Lygia Seabra.

Casa da Câmara de Queluz – década de 30 /Imagem da Internet

A Câmara foi instalada no casarão do Guarda-mor Manoel Albino de Almeida. Ficava na atual Avenida Prefeito Mário Rodrigues Pereira, em frente ao Pronto Socorro. A primeira foto é de uma pintura de Lygia Seabra.

FOI ASSIM, DESSA MANEIRA TÃO BELA, TÃO ALEGRE, TÃO FELIZ QUE NOSSA CONSELHEIRO LAFAIETE VIVEU O PRIMEIRO DIA DE SUA VIDA INDEPENDENTE.

MAIS ALGUMAS INFORMAÇÕES

O Pelourinho, distintivo das vilas, ficava mais ou menos em frente ao local onde termina a Rua Afonso Pena. Não temos fotos dele, mas qualquer pessoa pode ver os degraus dele, que, quando ele foi destruído, foram levados para serem base do chafariz da Praça Barão de Queluz. Eram quatro, mas apenas são vistos três porque um deless, numa época muito antiga em que aterraram a praça, ficou debaixo da terra. No degrau do meio do chafariz, numa das pedras do pelourinho, fica o nosso POLO GEODÉSICO, que participa da indicação de localizações do Mundo e serve, inclusive, para marcar rotas para os aviões.

Chafariz /Imagem da Internet

Estes degraus que estão no chafariz e o prédio em que foi instalada a Câmara em 1790 até tempos atrás eram os vestígios que havia daquele dia do passado.      Porém no sobrado que foi onde se instalou naquele dia a Câmara, aconteceu um incêndio, não tenho certeza se foi em 1957 ou 1958. Foi queimada a parte de cima. Há tempos o resto foi jogado ao chão. Observem a beleza do portão de entrada da casa.

Incêndio no casarão no final da década de 50 /Imagem de acervo pessoal

Se o leitor quiser ter um contato material com o passado, sente-se nos degraus do chafariz, pois, a não ser os documentos, só eles RESTARAM EM NOSSA CIDADE COMO AS ÚNICAS MARCAS, LEMBRANÇAS materiais locais do que aconteceu no momento em que nossa terra adquiriu sua AUTONOMIA e se tornou a REAL VILLA DE QUELUZ.

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 14

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 14

“Até há bem pouco tempo, antes da faminta verticalização que começou a engolir os horizontes de Lafaiete, uma igrejinha singela, no alto de um morro, poderia ser avistada de quase toda parte da cidade.

Em 16 de janeiro de 1752  foi criado o distrito do Campo Alegre dos Carijós com a elevação da freguesia, por Alvará Régio, à categoria de colativa, passando a ter privilégios régios.

Um ano ante, em 1751, Manuel de Sá Tinoco conseguiu a provisão autorizando a construção da Igreja de Santo Antônio, a qual já estava concluída em 1754.

A Igreja de Santo Antônio atravessou séculos e até hoje abençoa a cidade/ Imagem da Internet

 

Quando a provedor da Irmandade de Santo Antônio de Queluz, de nossa cidade, era Matusalém Rezende Jardim, um familiar do historiador Joaquim Rodrigues de Almeida levou até o provedor um livro antigo onde havia importante registro histórico da Igreja de Santo Antônio, encontrado pelo historiador entre acervo antigo da fazenda Água Limpa, em Carijós, depois Queluz e hoje Conselheiro Lafaiete.

O Irmão Allex Assis Milagre fez profundos estudos dos documentos ali presentes escrevendo um artigo em que colocou as principais provas documentais recolhidas pelo Monsenhor, do qual aqui transcrevemos alguns trechos:

“Até há bem pouco tempo, antes da faminta verticalização que começou a engolir os horizontes de Lafaiete, uma igrejinha singela, no alto de um morro, poderia ser avistada de quase toda parte da cidade. É a igreja de Santo Antônio, cuja história se entrelaça com o desenvolvimento do Campo dos Carijós, no século XVIII.

 

O templo foi dedicado ao milagroso Santo Antônio

A origem dessa igreja é por volta de 1741, quando esteve em Carijós um missionário por nome Frei Jerônimo e benzeu aquele pedaço de terra, no Morro das Cruzes, para que ali fosse construída a igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Entretanto, passaram-se quase dez anos e a construção não tivera início, quando, então, o capitão Manoel de Sá Tinoco requereu e obteve, a 14 de março de 1751, de Dom Frei Manoel da Cruz, primeiro bispo de Mariana, provisão para erigir e construir patrimônio para Santo Antônio.

Ao contrário da maioria dos templos católicos, construídos nas Minas Gerais do século XVIII e XIX, a igreja de Santo Antônio não foi construída para abrigar uma irmandade. O Capitão Manoel de Sá Tinoco, antes de lucrar provisão para construir a dita igreja, teve que se indispor com a comunidade do Rosário, que se julgava dona e possuidora do terreno junto ao Morro das Cruzes. Assim sendo, recorreu ao bispo de Mariana nos seguintes termos:

Exmo. Revmo. Sr., diz o Capitão Manoel de Sá Tinoco, morador na freguesia de Nossa Senhora da Conceição. Campos dos Carijós, comarca do Rio das Mortes. Que ele suplicante, quer edificar uma capela com invocação de Santo Antônio, junto ao mesmo arraial, donde se acha o Morro das Cruzes, fazendo-lhe patrimônio com bens de raízes, livres e desembargados com paramentos e o que mais que lhe for necessário, tudo à sua custa, ficando, assim, gozando de privilégio de padroeiro e protetor da dita capela e porque junto daà dita passagem, onde o suplicante quer edificar a dita capela,  o Revmo. Frei Jerônimo, missionário que foi nestas Minas, há oito para nove anos, demarcou e, dizem benzer para a Irmandade dos Pretos do Rosário um pedaço de chão para fazerem uma capela que a dita Irmandade do Pretos não cuidaram,até o presente, levantar e só querem impedir ao suplicante que aquela obra tão pia com o frívolo pretexto de quererem fazer capela para Nossa Senhora do Rosário. Para Va. Exa. Reverendíssima lhe faça mercê conceder ao suplicante a licença para edificar a sobredita capela para cuja obra tenho alguns materiais prontos e necessários para a obra justa ou presente e não tem o suplicante dúvida consentir em que na dita capela se coloque Nossa Senhora, sendo padroeiro Santo Antônio para quem intenta fazer a dita obra.’

[…]

Consultada a Irmandade do Rosário, ela consentiu em ceder o terreno, desde que a imagem de sua padroeira fosse colocado no bico do altar, o que foi feito por Tinoco. A provisão da igreja de Santo Antônio foi passada a 14 de agosto de 1751.

O Capitão Manoel de Sá Tinoco era casado com D. Úrsulla das Virgens, com contrato de aras. Portanto, qualquer doação que desejar-se fazer, teria que ter o consentimento de sua esposa. Por isso, D. Úrsula passou procuração, a 23 de dezembro de 1757, a seu marido, dando-lhe plenos poderes para administrar todos os bens; então, a 13 de janeiro de 1758, em presença do tabelião da Vila de São José, a ‘ESCRITURA DE DOAÇÃO DE BENS QUE FAZ O CAPITÃO MANOEL DE SÁ TINOCO E SUA MULHER ÚRSULLA DAS VIRGENS À CAPELA DE SANTO ANTÔNIO DO ARRAIAL DOS CARIJÓS’. Devido à ação de insetos e umidade nos arquivos, tornou-se impossível a transcrição da dita escritura, todavia podemos ver que a constituição do patrimônio se faria através de doação de parte dos rendimentos anuais da fazenda da ‘Água Limpa’, de sua propriedade que fazia divisa com as terras de Antônio Francisco França, de Phelippe Antônio (?), Antônio Dutra da Costa, e Francisco da Sylveyra Gigante e Amaro Pereyra. O promotor só aceitou essa segunda escritura depois que D. Úrsulla escreveu a seguinte declaração:.

‘Por esse de minha letra é sinal, digo, eu, D. Úrsulla das  Virgens Sacramento, que de minha livre e espontânea vontade, aprovo uma escritura de doação que meu marido,o Capitão Manoel de Sá Tinoco fez dos reditos de uma fazenda que possuímos cita na freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Campo dos Carijós, para patrimônio de uma capela da invocação do Senhor Santo Antônio, filial desta matriz, a qual escritura hei por boa e firme e  valiosa com o selo de própria mão assinar. E por este me obrigo em todo o tempo, nem em parte alguma, reclamar ou ir contra ela, antes quero que, hoje e para todo o sempre, se lhe dê todo o seu inteiro e devido cumprimento e para todo tempo constar, fiz este de minha letra, e sinal. Carijós, 7 de julho de 1758 anos (a) Úrsulla das Virgens Sacramento.’            .

Juntada a declaração acima ao, o juiz do tribunal eclesiástico, Mons. Ignacio Correia de Sá, mandou qu fossem ouvidas as testemunhas a fim de certificar se a fazenda “Água Limpa” era, realmente, de propriedade do suplicante. Após confirmado, o cônego Manoel Castello Branco exarou a seguinte sentença nos autos:

‘Vistos estes autos de patrimônio da capela de Santo Antônio da freguesia de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, testemunhas inquiridas, documentos e o mais que dos autos consta; mostram que, por petição do capitão Manoel de

Sá Tinoco e sua mulher se tem feito doação para o dito patrimônio, na quantia de nove mil réis, pagos anualmente dos reditos de uma fazenda, cita na mesma freguesia do Carijós, na passagem chamada Água Limpa; daquela fazenda são verdadeiros senhores e possuidores, os ditos doadores que a possuem de todo e qualquer embaraço = ajunte tudo. Visto. aceito a dita doação por parte da Igreja e julgo por bem o dito

Sá Tinoco e sua mulher se tem feito doação para o dito patrimônio, na quantia de nove mil réis, pagos anualmente dos reditos de uma fazenda, cita na mesma freguesia do Carijós, na passagem chamada Água Limpa; daquela fazenda são verdadeiros senhores e possuidores, os ditos doadores que a possuem de todo e qualquer embaraço = ajunte tudo. Visto. aceito a dita doação por parte da Igreja e julgo por bem o dito patrimônio em que para seu testemunho se lhe (ilegível) sua senhora; pagos os autos. Mariana, 12 de novembro de 1758. – (a.) Manoel Cardozo Frazão Castello Branco.’ 

Encerrou-se, assim, o processo de patrimônio da Igreja de Santo Antônio, ficando o Capitão Manoel de Sá Tinoco como seu protetor. Após sua morte, D. Úrsulla das Virgens ficou com o padroado, direito esse após sua morte passando a seus filhos padre Manoel de Sá Tinoco e o doutor José de Sá Tinoco. Dona Úrsulla das Virgens Sacramento faleceu em Carijós onde foi sepultada no interior da igreja matriz a 15 de agosto de 1799. Após a morte de , tomaram conta do templo sua viúva, Úrsula das Virgens, e, posteriormente, seus filhos Dr. José de Sá Tinoco e Manoel de Sá Tinoco.

Joaquim Lourenço de Baêta Neves, Barão de Queluz

Tempos depois, foi doado para os fundadores  da Irmandade de Santo Antônio de Queluz, fundada em 16 de outubro de 1870 pelo Barão de Queluz, Joaquim Lourenço Baêta Neves, que foi seu primeiro provedor.

(Continua)

 

 

 

 

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete -12

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

 

                       NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 12

 

O PINTOR MAIS ANTIGO DA MATRIZ DE

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE
Avelina Maria Noronha de Almeida

ERA O NOME QUE EU PROCURAVA HAVIA TANTO TEMPO!

 

Imagem da Internet

 

Já próximo ao final da primeira metade do século XVIII, a construção da Matriz de Nossa Senhora da Conceição do Arraial do Campo Alegre dos Carijós foi chegada a hora de receber a pintura. Tive a felicidade de descobrir quem foi o seu primeiro pintor: IGNÁCIO PEREIRA DO AMARAL, por coincidência um de meus sextavós.

            Como aconteceu esta descoberta?

Havia muitos anos eu estava sem conseguir andar na genealogia de meu ramo genealógico RODRIGUES BRAGA, tendo parado em IGNACIO PEREIRA DO AMARAL. Sempre que iniciava as pesquisas, colocava o seu nome, porém nunca encontrava nada.

Certo dia, ao iniciar a pesquisa, pensei: este Ignacio não adianta pesquisar. Só por desencargo de consciência vou colocar sseu nome no Google. Mas vai ser a última vez!!! E ao colocar, o que encontro? Um título assim:

Ciências e Adjacências: Inácio Pereira do Amaral: Um artífice …

cienciaseadjacencias.blogspot.com/2013/08/inacio-pereira-do-amaral-um-artifice.html

02/08/2013 – Sinopse da sua atividade de artífice: Sargento-mor Inácio Pereira do Amaral (N. 1698, Horta, ilha do Faial, Açores – F. Queluz, MG?) – Pintor …

         ERA O NOME QUE EU PROCURAVA HAVIA TANTO TEMPO!!!

Na última restauração da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, foram retiradas muitas camadas de tinta, até chegar à primeira pintura, e ela foi respeitada, conforme declaração da restauradora, Rosângela Reis Costa. Assim, a visão que temos agora é das cores iniciais da nossa Matriz. E o primeiro pintor, que usou aquelas cores, foi justamente Ignácio Pereira do Amaral, pintor, escultor e ourives. Nasceu em 1698 na ilha freguesia das Angústias, na vila de Horta, ilha do Faial, nos Açores.

Porto Pim, Angústias, Ilha do Fayal, onde nasceu Ignacio Pereira do Amoral

Imagem da internet

De onde veio para o Rio de Janeiro e, depois para Ouro Preto, onde pintou a Igreja Velha do Rosário dos Pretos e uma imagem de São Jorge e também tinha uma fábrica de pintores.

Quando Teresa ainda era criança, Inácio mudou-se para a freguesia do Campo dos Carijós (atual Conselheiro Lafaiete). Ali, as testemunhas que o conheceram se lembraram dele como pintor, escultor e ourives e também por ter pintado a igreja da Matriz do lugar (a imagem no início desta postagem mostra a fachada atual da igreja com a mesma cor pintada por Ignacio Pereira do Amaral.

Vou transcrever a postagem de Roberto Belisário, embora longa, mas muito importante para a nossa história lafaietense, agradecendo aqui o historiador pelo grande presente que nos legou com sua pesquisa, sendo interessante mais uma coincidência: o autor da postagem, até então desconhecido para mim, sendo eu também uma desconhecida para ele, era meu primo!

Vamos ao importante texto para a História de Conselheiro Lafaiete:

“sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Inácio Pereira do Amaral: Um artífice açoriano em Minas Gerais

 

 Esta postagem é endereçada a historiadores da arte mineira do século XVIII.

Encontrei acidentalmente, em um documento no Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana (especifico a seguir), citações a um artista ou artífice de Minas Gerais (Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete) do século XVIII, Inácio Pereira do Amaral. Como não achei quase nenhuma referência à atividade esse senhor em nenhum lugar (por exemplo, não consta do “Dicionário de Artistas e Artífices dos Séculos XIX e XVIII em Minas Gerais”, de Judith Martins, e no mecanismo de busca do site do Arquivo Público Mineiro só houve uma ocorrência, descrita mais abaixo), e como esses dados aparecem em uma fonte inesperada (um processo de ordenação sacerdotal de um neto do Inácio), creio que possa ser informação inédita. Então compartilho-a aqui para o caso de interessar a historiadores.


Sinopse da sua atividade de artífice: Sargento-mor Inácio Pereira do Amaral (N. 1698, Horta, ilha do Faial, Açores – F. Queluz, MG?) – Pintor, escultor e ourives. Teve uma “fábrica com pretos e rapazes pintores” em Ouro Preto, MG. Nessa cidade, pintou a Igreja Velha do Rosário dos Pretos e uma imagem de São Jorge. Em Conselheiro Lafaiete, MG, pintou a igreja da Matriz.

 Abaixo, uma discussão sobre a fonte que consultei; um resumo biográfico; e trechos relevantes do documento consultado.

Índice:
O que são processos de genere


Resumo Biográfico

Documentos

Fonte: Processo de genere de Domingos Bento Salgado (Queluz, 1797 – no índice do arquivo e na capa do documento, consta “1777”). Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, armário 5, pasta 769 (Inácio Pereira do Amaral era avô materno deste Domingos Bento Salgado). As informações sobre as atividades de Inácio como artífice aparecem nos depoimentos de testemunhas que o conheceram. Vide seção ‘documentos’ abaixo.”

(Continua)

 

 

Garimpando – Notícias de Conselheiro Lafaiete – 1

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida
avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

Neste mês em que se comemora o ANIVERSÁRIO DE NOSSA CIDADE, vou iniciar uma série de artigos com informações sobre a querida CONSELHEIRO LAFAIETE.

Bandeira de Conselheiro Lafaiete/INTERNET

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE-1
Avelina Maria Noronha de Almeida

Hino de Conselheiro Lafaiete
Letra de Monsenhor José Sebastião Moreira
Música de José Calixto Tolentino

Entre as minas do ouro refulge
Manganês do teu solo mineiro,
Das jazidas extensas, profundas
Vão tirando o metal pioneiro.

Estribilho
Carijós, tradição e grandeza,
Foste Vila Real de Queluz,
Hoje tens expressão, Lafaiete,
Ao futuro tua glória conduz.

Progressista, gloriosa cidade,
No passado te ergueste altaneira,
Relembrando o valente Galvão
Na heróica epopeia mineira.

Cantas hoje a bravura dos filhos,
Destemidos, valentes soldados,
Em Montese tua glória levaste
Com a fibra dos dias passados.

Uma estrela resvala no céu,
É Maria, Patrona Celeste!
Quanta glória te foi concedia,
Quanta fé nos destinos nos deste!

NOS CAMINHOS DA HISTÓRIA DE
CONSELHEIRO LAFAIETE
Avelina Maria Noronha de Almeida

Os caminhos da História são um desafio para quem os percorre. Às vezes ínvios, tortuosos, movediços, nebulosos, tenebrosos, pontilhados de erros, outras vezes também suaves, ensolarados, marcados com pedras firmes, corretos e dignificantes.

Mais de trezentos séculos nos antecedem nesta terra encrustada no coração de Minas Gerais. Tentar desvendar os tempos mais remotos é tarefa ao mesmo tempo fascinante, pelo maravilhoso prazer da descoberta, e amedrontadora, pelos riscos de se incorrer em erros, de perder-se em atalhos enganadores.

Temos que aceitar, muitas vezes, “verdades” pré-estabelecidas das quais duvidamos, defender idéias que podem não ser aceitas, alegrar-se, decepcionar-se, ser presa de desânimo ou de entusiasmo apaixonante.

Diz José dos Santos, que foi um ilustre historiador das Minas Gerais ,“o presente foge de nós como uma sombra ligeira. Só o passado nos pertence; nele é que verdadeiramente vivemos, No passado se encontram as raízes das nossas afeições; dele procedem as luzes do nosso espírito; dele correm as fontes de sabedoria que nos é dado alcançar na terra.” Essas palavras são um estímulo para que eu me aventure a correr os riscos de apresentar a minha versão de nossa história, baseando-me em muita coisa já escrita pelos historiadores, que os temos de grande valor, citando, entre outros, Alberto Rodrigues Libânio, Allex Assis Milagre, Antônio Campos, Antônio Luiz Perdigão Batista, , Fenelon Ribeiro, Francisco de Paula Ferreira de Resende, Gilberto Victorino de Souza, Jair Noronha, Joaquim (Quincas Rodrigues de Almeida, José Damasceno Pinto, Pe. José Duarte de Souza Albuquerque, Pe. José Vicente César, Mauricéia Aparecida Ferreira Maia, Nilce Alves Pereira, Romeu Guimarães de Albuquerque, Vicente Racciopi, Wolmar Olympio Nogueira Borges; em colaborações de pesquisadores como João Vicente Gomes, Joaquim Luiz Otávio da Silva, Marco Antônio Gomes, Osmir e Wagner do Lesma; em escritos de memorialistas como Benjamim Granha Filho, Carlos Reinaldo de Souza, Elza Verdolin Hudson, João Nogueira de Rezende, José Álvaro Duarte Castanheira, José Cosme do Nascimento, Leda Maria Augusta Vieira de Faria, Lucy de Assis Silva, Marina Biagioni Marques, Martha Faria Fernandes, Pedro Paulo de Salles Dias, Ondina Corrêa Fiúza da Rocha, Paulo Bellavinha, Pedro Paulo de Salles Dias, Reuber Lana Antoniazzi, Stella Costa César, Vitória Maria Rezende Nogueira, Wilson Baêta de Assis (estou deixando de citar muitos nomes de historiadores e memorialistas mais recentes, por receio de inconscientemente deixar de citar alguém) e tantos outros, que Conselheiro Lafaiete é rico de filhos que prezam sua tradição; em documentos e em diversos livros que discorrem sobre fatos históricos. Mas também apresento o resultado de minhas pesquisas na procura de desvelar mistérios, tentando realizar deduções lógicas, aventando hipóteses. É um perigo. Sei disso. Posso inconscientemente distorcer, errar, ser criticada. Mas… vamos ao perigo! Alea jacta est!

Fotos de alguns historiadores

Allex Assis Milagre
Francisco de Paula Ferreira de Rezende

 

Romeu Guimarães de Albuquerque
Padre José Duarte de Souza Albuquerque

 

Luiz Antônio Perdigão
Joaquim Rodrigues de Almeida

 

(continua…)

about

Be informed with the hottest news from all over the world! We monitor what is happenning every day and every minute. Read and enjoy our articles and news and explore this world with Powedris!

Instagram
© 2019 – Powedris. Made by Crocoblock.