GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 42

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 42

 

O motivo dessa presença ornamental era uma lembrança

da realeza, da Real Villa de Queluz, cujo nome, dado pela rainha

Maria I, era do suntuoso palácio em que ela vivia.

 

CONTINUANDO A FALAR SOBRE O CHAFARIZ: lá no alto, no capitel, isto é, a extremidade superior da coluna, uma fruteira com muitos tipos de flores e frutas, tão belos ornatos encimados por um abacaxi.

No meu tempo de menina, ouvia pessoas ironizarem, principalmente quando havia crise de água ou de luz, ou outra deficiência de serviços: “Esta cidade é mesmo um abacaxi!”, referindo-se depreciativamente à fruta da família das bromeliáceas, talvez porque, tão linda, saborosa e nutritiva, fosse difícil de descascar. Seu visual é espinhoso e ressequido, por isso a gíria.

Mas o abacaxi, também chamado ananás, tinha seu simbolismo importante. Podemos vê-lo como ornamento nas belas sacadas da Casa de Cultura Gabriela Mendonça, das igualmente belas sacadas do Solar do Barão de Suassuhy.

Imagem da Internet

 

Na foto do Solar do Barão de Suassuhy podem ser vistos os efeites de ananás em todas as sacadas, de um lado e de outro.

Certamente, isso acontecia também nos sobrados antigos que embelezavam a cidade em tempos antigos e que – e ó pena! – foram derrubados.

O motivo dessa presença ornamental era uma lembrança da realeza, da Real Villa de Queluz, cujo nome, dado pela rainha D. Maria I, era do suntuoso palácio em que ela vivia.

E por que o abacaxi recordava o palácio? Porque em seu Jardim Botânico, pertencente à antiga residência da família real, há 22 canteiros dessa fruta, lá  chamada  “ananás” que era considerada a mais exótica das frutas do século XVIII. Ali foram cultivados os primeiros ananases de Portugal, que eram motivo de grande orgulho da Casa Real Portuguesa, sendo elementos decorativos da cantaria e do revestimento de azulejos do interior do palácio, por isso o seu uso em nossa Queluz na decoração do monumento do antigo Jardim de Areia e dos casarões. Lembranças daquele dia que nos trouxe a independência e o prestígio de vila.

Pouco tempo atrás realizou-se a reabilitação do jardim português, um dos mais interessantes jardins europeus e importante patrimônio paisagístico. Os canteiros, cheios de coroas de ananás, estão dentro de estufas brancas. Por ter uma coroa, logo depois do descobrimento do Brasil apelidaram-no de “rei dos frutos”, símbolo de regiões tropicais e subtropicais, e que agrada ao mesmo tempo aos olhos, ao paladar e ao olfato.

Imagem da Internet:                                                 Palácio de Queluz

Imagem da Internet                             Ananazes no Jardim Botânico do Palácio de Queluz

Outra relação interessante é ser o abacaxi o símbolo da hospitalidade. Os antigos o plantavam do lado de fora da casa para significar que os visitantes eram bem-vindos.

E não é que o povo de nossa terra, em todos os tempos, foi hospitaleiro? Prova disso a maravilhosa miscigenação de nossa gente desde o Arraial do Campo Alegre dos Carijós…

O conhecimento de significados belos ou importantes torna mais poderosa a nossa auto-estima em relação ao lugar onde nascemos ou vivemos. Quando passarem pela praça em frente à Matriz de Nossa Senhora da Conceição, dediquem um olhar de admiração aos abacaxis do simbólico chafariz, cheguem perto, se possível, observem seus belos detalhes.

 

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MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS EM NOSSA HISTÓRIA

EM FINS DO SÉCULO XVIII E NO SÉCULO XIX

 

Foram várias aas famílias de nossa terra que, na época final do Arraial de  Carijós e início da Real Villa de Queluz tomaram o caminho do sertão e ajudaram a povoar um vasto território de Minas, atingindo também São Paulo e Goiás.

 

 

A imagem acima é, de Luis Caetano de Miranda, uma Carta Geográfica da Capitania de Minas Gerais em 1804. Reprodução de Carlos Cunha Corrêa.

 

Neste mapa a passagem do Piraquara está próxima à Fazenda Santa Fé, do Capitão Amaro da Costa Guimarães (assinalado no mapa), o primeiro fazendeiro da região de Dores do Indaiá.

 

 

Fazenda Santa Fé/Imagem da Internet

 

 

E ONDE NASCEU O CAPITÃO AMARO DA COSTA GUIMARÃES, PRIMEIRO FAZENDEIRO DE DORES DE INDAIÁ?

 

EM SANTO AMARO, ATUAL QUELUZITO,  em 19 de jan de 1745, filho de Jerônimo da Costa Guimarães e Damiana Roza da Costa Guimarães,  neto de Manoel de Azevedo Pereira Brãndão, do nosso povoado de São Gonçalo do Brandão. Devido à decadência do ouro, os irmãos COSTA GUIMARÃES, que eram mineradores em Itaverava, tomaram o rumo do sertão.

        Vejam que extenso caminho foi percorrido naquele tempo histórico, levando o nosso valor humano para se unir ao valor de uma nova terra:

DE ITAVERA

E DE SÃO GONÇALO DO BRANDÃO

A PITANGUI

Imagens da Internet

Amaro deixou seus pais no arraial de Carijós e foi para Pitangui, chamando, em seguida, seus irmãos que, mais tarde, requereram sesmarias no termo de Pitangui, numa área que corresponde às terras dos municípios de Dores do Indaiá, Estrela do Indaiá e Serra da Saudade, dedicando-se à criação de gado. Foram pioneiros e grandes desbravadores da região. Amaro, de acordo com um documento, “tinha avultada criação de gado vacum e cavalar, sendo o primeiro povoador daquele sertão.”

O tempo foi passando e novos problemas surgiram que provocaram a saída de pessoas do arraial de Carijós, de modo especial a decadência do Ciclo do Ouro. Foi aí que aconteceu a Derrama.

 

Imagem da Internet

 

A  grande exploração do ouro fez com que o precioso metal começasse  a diminuir nas minas, porém a Coroa não diminuía as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama que consistia no seguinte: cada região de exploração de ouro tinha de pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole.

Se não conseguissem pagar,  soldados da coroa retiravam das casas os pertences até completar o valor que seus moradores deviam.

Imagem da Internet

 

Uma das soluções era procurar outras terras. Mas veio o Movimento da Inconfidência Mineira. E uma outra causa da migração foi o fracasso do  movimento, que teve presença muito forte em Queluz, ficando uma situação perigosa para os parentes dos conjurados, com hostilidades, discriminações, perseguições  e sequestro de bens.

De acordo com Carrato, depois da Inconfidência Mineira  houve uma verdadeira diáspora em Minas, espalhando-se um grande número de pessoas das regiões auríferas, em migrações internas, para os extremos da Capitania (CARRATO, J.F., 1968; 218).

Isso aconteceu de maneira muito forte em Conselheiro Lafaiete, após a prisão dos inconfidentes, porque Tiradentes tinha familiares residentes no local, o mesmo acontecendo com Pe. Manoel Rodrigues da Costa, que se declarou nascido em Carijós nos Autos da Devassa. Assim levas de parentes dos envolvidos com o movimento foram embora para outros locais.

(Continua)

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 32

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Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 32

 

COMO QUELUZ ENTROU NO MOVIMENTO DE 1842

 

Estamos focalizando a primeira metade do século XIX. E um episódio glorioso aconteceu em nossa História: o MOVIMENTO LIBERAL.

Pintura de Elba Seabra do Carmo, em azulejo, em parede do Banco do Brasil de Conselheiro Lafaiete

.A adesão de Queluz no Movimento Liberal foi por intermédio de um ofício enviado pela Câmara Municipal da Vila de Queluz ao Governo Interino dos insurgentes, instaurado na cidade de Barbacena, na pessoa de José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, Presidente Interino da Província de Minas Gerais, comunicando a ele que a nossa Câmara, no dia 14 de junho daquele ano, reconhecia o Governo Liberal.

Foram cinco os Membros da Câmara que assinaram o ofício, dos quais cito alguns dados e, nas pessoas deles, quero homenagear, neste momento, os políticos liberais daquela época em Queluz: Joaquim Rodrigues Pereira, Joaquim Ferreira da Silva, Gonçalo Ferreira da Fonseca, Joaquim Albino de Almeida e Felisberto Nemésio Nery de Pádua.

Joaquim Rodrigues Pereira nasceu em Queluz em 1798. Era filho do Tenente Felisberto da Costa Ferreira e de sua esposa Dona Eufrásia Maria de Jesus (da família Rodrigues Milagres) e era irmão do Barão de Pouso Alegre, tio do Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira e casado com Dona Inês Ferreira de Azevedo. Era não só vereador como também Major da Guarda Nacional em Queluz.

Joaquim Ferreira da Silva era um português que se casou com Anna Joaquina de Rezende, filha de José de Rezende Costa e Helena Maria de Jesus e morava na Fazenda da Ressaca, em Lagoa Dourada.

Gonçalo Ferreira da Fonseca era sacerdote. Natural de Prados, nasceu em 1982. Foi Padre Capelão de Olhos D’Água, Município de Prados. Herdou a Fazenda Olhos D’Água, onde, em 1842, o Cônego José Antônio Marinho se refugiou, após o fracasso do Movimento Liberal, e onde escreveu o seu célebre livro sobre esse movimento.

Joaquim Albino de Almeida, meu trisavô, era filho de criação do Guarda-mor Manuel Albino de Almeida, meu tetravô.  Nasceu em Queluz, em 29 de setembro de 1810, e casou-se com Joana Felizberta de Jesus, filha de Theodósio Alves Cyrino, meu tetravô.

Felisberto Nemésio Nery de Pádua, meu tetravô, era um rábula. Como na época havia poucos advogados formados, pessoas que, não possuindo formação acadêmica mas portadoras de grande cultura, podiam fazer um Exame de Suficiência em órgão competente do Poder Judiciário. Com a provisão expedida pelo órgão, tinham autorização para exercerem a profissão de advogados. Felisberto era famoso pela sua inteligência.

Estendo a homenagem à única mulher que figura na lista dos que fizeram compra antecipada do livro do Cônego Marinho para ajudar na sua publicação: minha tetravó Joana Moreira da Silva Gandra, filha de João Moreira da Silva Gandra e Anna Francisca de Jesus, que se casou com o médico e fazendeiro Doutor Francisco José Pereira Zebral, da Fazenda de Três Barras, próxima a Gagé.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.

Nos tempos do Império havia duas grandes agremiações: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Este último defendia ideias renovadoras e pleiteava maior autonomia das províncias, contrariamente às ideias conservadoras do outro partido.

Imagem da Internet

Os conservadores estavam dominando o Ministério com medidas centralizadoras, com as quais não concordavam os liberais. O Partido Liberal venceu as eleições em 1842, porém estas foram contestadas e o governo imperial dissolveu a Assembléia. Foi organizado um movimento armado em São Paulo e Minas Gerais.

Queluz aderiu ao movimento por intermédio de um documento assinado por vereadores da Câmara, como já foi relatado.

As tropas queluzianas eram comandadas pelo Coronel Antônio Nunes Galvão sobre o qual há um episódio emocionante.

No calor da batalha, foi chamado porque seu filho, que atirava da sacada de um casarão no princípio da rua Direita, hoje comendador Baêta Neves, havia sido mortalmente ferido. Tomou o filho nos braços, mas o jovem pediu-lhe que voltasse a seu posto na batalha. O pai entregou o filho ao médico pedindo a ele que cuidasse do filho e, enxugando as lágrimas, antes de voltar ao seu posto de comando, exclamou: “Tenho mais três filhos para sacrificá-los à causa da liberdade”.

O poeta Mário Lima colocou este emocionante fato em um belo soneto em seu livro “Medalhas e Brasões”:

QUELUZ

Mário de Lima

Velho arraial dos Carijós, tens no passado,

– jazida de valor, mina de intrepidez,

um tesouro maior, mais belo e sublimado

que as jazidas do teu precioso manganês.

Baluarte liberal, destemeroso e ousado,

em dias de quarenta e dois, mais de uma vez,

afirmaste o valor do mineiro soldado

e o denodo marcial do povo montanhês.

Do valente Galvão, em teu seio, à bravura

num lance a paternal angústia se mistura:

morre-lhe o filho em luta e ele, sem dar um ai,

entre o dever de chefe e a dor que a alma lhe rói

não vacila – comanda o fogo como herói,

furtivas enxugando as lágrimas de pai.

Imagem da Internet – Mário de Lima

 

(Continua)

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 29

                    GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 29

                                                                               Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                                                    CÔNEGO LUIZ VIEIRA DA SILVA

 O historiador Eduardo Frieiro o considerava o mais

Brilhante dos oradores das Minas Gerais.

 

Imagem da Internet

Ainda falando dos acontecimentos em final do século XVIII com a Inconfidência Mineira, o ilustre focalizado é o Cônego Luiz Vieira.da Silva. Ele nasceu na Fazenda do Guido, em Queluz, tendo sido batizado no dia 20 de fevereiro de 1735, e era filho do Alferes Luiz Vieira Passos e de Josefa Maria do Espírito Santo. Faleceu em Parati, em 1809.

Graduou-se em Filosofia e Teologia em 1757, em São Paulo. Regressando a Mariana, desde antes de ser ordenado foi, naquela cidade, professor de Filosofia no Seminário por 32 anos, até ser preso em 1789 como participante do movimento libertário da Inconfidência.

Imagem da Internet

Nessa época, formou o acervo de sua enorme biblioteca, admirada não só por sua dimensão mas, também, por sua composição, abrangendo todos os ramos do conhecimento, com livros de ciências atualizados e idéias novas, como bom iluminista que era. Não era rico, mas possuía, nessa extraordinária biblioteca, considerada o maior acervo de livros no Brasil, , mais de oitocentos volumes, o que era incomun naquela época, muitos entrados clandestinamente no País pois eram obras proibidas. Quase a metade delas estava escrita em latim, cerca de noventa em francês, trinta em português, vinte e quatro em inglês e algumas em italiano e espanhol. Isto demonstra que o cônego era também poliglota.

De inteligência privilegiada e brilhante, filósofo, historiador, orador famoso, sonhou sempre com um Brasil livre, com segurança política, sem as amarras do colonialismo e do neomercantilismo, elaborando uma constituição da república brasileira segundo as idéias iluministas e influenciado pelo processo de Independência dos Estados Unidos.

Era tão excelente orador que, pela força de sua palavra,  sempre era escolhido para falar nas ocasiões solenes ou importantes. Usava de inteligente estratégia retórica, reforçando a imaginária do ouvinte com figuras e exemplos. Com isso tornou-se um líder intelectual e granjeou muita admiração e respeito dos seus contemporâneos; considerado  “o mais instruído e eloquente de todos os conjurados”. Teve, assim, o seu lugar bem demarcado na história de Minas Gerais e do Brasil Colônia.

É por muitos considerado o maior ideólogo, o mentor da Inconfidência Mineira, tendo  a primazia na organização da conspiração. Em 22 de junho de 1789, aos 54 anos de idade, foi preso, depois de julgado setenciado a degredo perpétuo na Ilha de São Tomé, na Fortaleza de São Julião da Barra, por quatro, anos e depois recolhido ao Convento de São Francisco da Cidade, onde permaneceu durante seis anos.

Muitos não sabem, por exemplo, que o inconfidente Cônego Luiz Vieira da Silva é também queluziano. Talvez a causa seja a polêmica: a qual município pertenceria a Fazenda do Guido, onde nasceu aquele que foi um dos principais articuladores do movimento da Inconfidência. Seu registro de nascimento traz Congonhas. Ele é considerado também como de Ouro Branco. Eu coloquei queluziano. Como se explica?

Na verdade, creio que se poderá considerar os três lugares, compartilhando-os amigavelmente as três cidades: REGISTRADO EM CONGONHAS, NUMA FAZENDA QUE ESTARIA EM LUGAR CONSIDERADO DE OURO BRANCO. ISTO NA ÉPOCA EM QUE ELE NASCEU… Mas vejam que interessante o que achei e que me leva a escrever E FINALMENTE QUELUZ.

Pesquisando, na Internet, sobre a genealogia Vieira, casualmente deparei-me com uma lei que me leva a escrever sobre o assunto, a qual define a localização da referida fazenda e que aqui transcrevo de acordo com a ortografia da época. Diz o Art. 9°, § 4°, da Lei 533 de 10 de outubro de 1851 da Assembleia Legislativa Mineira, aprovado pela Presidência da Província de Minas Gerais:

“Ficão pertencendo: […] ao Município de Queluz, a fazenda denominada – Guido – que  outr’ora foi de Manoel Lobo Leite Pereira, e o territorio denominado – Passagem do Ouro Branco – , que já pertence à Freguezia de Queluz.

Para terminar a apresentação do Inconfidente:

Foi dito sobre Cônego Vieira que era “a maior figura intelectual de Minas no século dezoito”, “o mais instruído e eloquente de todos os conjurados”.

Existe, no bairro Fonte Grande de nossa cidade, uma rua com seu nome: RUA CÔNEGO VIEIRA. Merecida homenagem!

 

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 28

            Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo.

 

Igreja de São Caetano/Imagem da Internet

Continuando a focalizar o período de nossa História acontecida nos final do Século XVIII,  hoje surge a figura de PADRE MANUEL RODRIGUES DA COSTA, importante participante da Inconfidência Mineira.

Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo.

A igreja que está na foto é a recentemente restaurada. A capela primitiva foi demolida e depois reedificada. Porém há um vestígio real do passado no muro que se localiza ao lado da igreja e que vem do tempo da capela primitiva:

 

Muro primitivo em São Caetano/Imagem de Acervo Pessoa

 

Embora os pais de de Padre Manuel Rodrigues da Costa residissem em Borda do Campo (Barbacena), terra de seu pai, era comum naquele tempo, quando ia ter o filho, a mãe ia ter a criança na casa de seus pais, os avós maternos. Foi o que aconteceu.

Assim este inconfidente é natural  do arraial de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre dos Carijós (atual Conselheiro Lafaiete, MG), comarca do Rio das Mortes. Ele mesmo afirma isto nos Autos da Inconfidência: Sou de Carijós. Vejam o registro de batismo:

“Em 20 de junho de 1754, o vigário de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, Padre Simão Caetano de Morais Barreto, foi à capela de São Caetano do Paraopeba e batizou a Manuel, filho legítimo do Capitão Manuel Rodrigues da Costa e de Dona Joana Teresa de Jesus, moradores na freguesia de Borda do Campo, na capela de Ibitipoca”.

Faleceu em sua fazenda em 20 de janeiro de 1844. Foi o último  inconfidente a falecer.

Filho dos portugueses capitão-mor Manuel Rodrigues da Costa e de Joana Teresa de Jesus, eram seus irmãos: João Rodrigues da Costa; Antonio Rodrigues da Costa; Domingos Rodrigues da Costa, Padre; Maria Rodrigues da Costa; Esperança Rodrigues da Costa. Avós paternos  Miguel Rodrigues da Costa e Inácia Pires.

 

Fazenda do Registro Velho/Imagem da Internet

 

Ordenou-se em Mariana e vivia com sua mãe, já viúva, na Fazenda do Registro Velho, freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo (atual Borda do Campo, MG, município de Antônio Carlos, que, na época, fazia  parte de Barbacena.

Por causa de sua participação na Inconfidência Mineira, foi condenado a degredo de dez anos em Lisboa, em dependências eclesiásticas, confiscados muitos de seus bens, dentre os quais sua rica biblioteca, móveis, utensílios domésticos e uma batina, que atualmente está exposta no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto.

No exílio em  Portugal, passou quatro anos na Fortaleza de São Julião da Barra, ficando depois  recluso (1796), no Convento de São Francisco da Cidade.

 

Fortaleza de São Julião da Barra/Imagem da Internet

 

Quando voltou ao Brasil, ao Brasil, além da administração da fazenda Registro Velho, fundou uma tecelagem, fabricou vinho e óleo de oliva. De acordo com o viajante escritor Auguste de Saint-Hilaire, que o  visitou em sua fazenda,  ele fabricava tecidos com as máquinas que havia trazido de Portugal, utilizando lã de ovelha e linho.

Foi participante ativo  não só no episódio do  “Dia do Fico” como também  Independência do Brasil. Depois elegeu-se deputado por Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1823. Ocupando-se da liberdade de culto e da catequese e colonização

Quando D. Pedro  I, hospedou-se na fazenda do Registro Velho, condecorou-o com as Ordens de Cristo e do Cruzeiro, nomeando-o, também,  cônego da Capela Imperial.

São suas obras quando ainda recluso no Convento de S. Francisco da Cidade, em Lisboa: 1 — “Tratado da Cultura dos Pessegueiros — Nova edição revista, corrigida e augmentada. Traduzida da língua francesa por Manoel Rodrigues da Costa, Presbitero do Hábito de São Pedro e natural de Minas Gerais. Lisboa. Na Tipografia Calcográfica e Literária do Arco do Cego. MDCCCI. Por ordem superior.”

São suas obras no Brasil: 2 — “A Sua Alteza Real o Príncipe Regente Constitucional, Defensor Perpétuo do Brasil. Pelo Padre Manuel Rodrigues da Costa, morador na Vila de Barbacena, Comarca do Rio das Mortes, Província de Minas Gerais. Rio de Janeiro, 1822. Na Oficina de Silva Porto & Cia. (Sermão).” 3 — “Memória sobre a Catequese dos Índios, composta e dirigida ao Ilmo. e Revmo. Sr. Cônego Januário da Cunha Barbosa, Primeiro Secretário do Instituto Histórico e Geográfico, pelo Sócio Honorário o Pe. Manoel Rodrigues da Costa. Em Agosto de 1840.”

 

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 27 

 

“De calvo Laim louvado

e da grã Dona Tereja

nasceu  forte Furtado

de Mendonça, afortunado

na paz, e mais na peleja”

D. João Ribeiro Gaio

 

Continuando a focalizar a Avenida Furtado e as famílias que ocuparam a antiga Fazenda das Bananeiras, começo citando os versos de D. João Ribeiro Gaio,  bispo católico português de Malaca entre 1578 e 1601.

Complementando o apresentado no artigo anterior, vou transcrever um texto do renomado genealogista Marcos José Machado Coelho, que pertence a esta genealogia e tem raízes em nossa terra.

Os descendentes dos casais Deusaldino José da Silva c.c Judith Lima de Oliveira e de José Antônio Machado c.c Maria José de Jesus, são descedentes da familia Furtado de Mendonça. Nossa familia Furtado de Mendonça se radicou na região onde hoje se encontram as cidades de Descoberto e São João Nepomuceno, no estado de Minas, em Descoberto nasceram os irmãos Domingos José da Silva “Mingote de Souza” e Maria José de Jesus “Maricota”, filhos do casal Joaquim Dias de Souza e Joaquina de Salles Xavier de Assis. Joaquina de Salles Xavier de Assis, era filha de José Joaquim do Nascimento e Francisca de Salles Xavier de Assis, neta materna de Domingos José da Silva e Anna Maria de Assunção (Furtado de Mendonça). Anna Maria de Assunção nasceu em 1804 em Itaverava-MG, era filha de Antônio Furtado de Mendonça, irmão de José Antônio de Mendonça, conhecido por Guarda-Mor Furtado, considerado um dos fundadores da cidade de São João Nepomuceno. Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijos, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” Furtado de Mendonça, natural da Ilha do Faial e de André Gonçalves […] Os Furtados de Mendonça tambem descendentes das familias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendentes de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, desembarcou na Ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha,  a forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra, o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra, […]  A familia Silveira da Ilha do Faial teve como patriarca Willem van der Haegen, nobre flamengo, que desembarcou na ilha a convite de Joss Van Hurtere em 1470, Willem teve seu nome aportuguesado para Guilherme da Silveira, sobrenome que foi passado aos descendentes […]

 

Imagem de Internet

 

Na sequência da linha genealógica da família Furtado de Mendonça desde a família do Inconfidente João Dias da Mota, chegamos ao Barão de Suassuí, em alguns lugares grafado Suaçuí.

No registro de terras de Queluz, realizado em meados do século XIX, consta:

24.01.1856: “Fazendas Bananeiras de Barão de Suaçuí – Ponte – Amaro Ribeiro, Sam Gonçalo e Maciel, confrontando com diversas, entre elas a de José Dias de Souza, Francisco José de Souza Penna, Francisco Teixeira de Siqueira, Antônio Tavares de Mendonça, Antônio Ferreira Albino de Almeida, Francisco Cândido Pereira da Silva Brandão, Manoel Francisco Teixeira, Francisco Antônio da Costa; com as Fazendas Bandeirinhas, Barroso e Dona Gertrudes. Assim mais, Fazenda Patrimonio da mesma freguezia que limitam com a fazenda Casa Branca, Manoel de Queiroz e Joaquim Lourenço Baêta Neves; e assim, mais um pasto no fundo do quintal de sua casa nesta Villa, 2 alqueires, confrontando com a mesma villa, Antônio Joaquim da Silva, Joaquim de Souza, Antônio Ferreira Albino de Almeida. Queluz, 24 de janeiro de 1856 – Barão de Suaçuí – Vigrº. Domiciano Teixeira Campos”.

Antônio Furtado de Mendonça, que era filho de um outro Antônio Furtado  de Mendonça e de Antônia Maria da Assunção, casou-se com Maria José Praxedes de Mello, irmã da Baronesa Antônia Jesuína de Mello.

Um dos filhos desse casal, Antônio Tavares Furtado de Mendonça, casou-se com Maria José de Jesus, tendo os seguintes filhos: Maria Antônia de Mendonça; Francisca de Paula de Medonça; Amélia Augusta de Mendonça, casada com Ignacio Bhering; Maria José Furtado, nascida em 1859 e falecida a 31 de março de 1829, casada com João Evangelista do Amaral; Antônia Honorina Furtado de Mendonça, casada com Joaquim Martins Pereira Brandão.

Maria José Furtado de Mendonça Amaral e João Evangelista do Amaral herdaram a propriedade quando o capitão Antônio Furtado de Mendonça veio a falecer. Foram criados na fazenda: Maria Etelvina, Maria Amélia, Ana, Antônio, Ercília, Olga, José, Rubens, Izabel, Maria Augusta e João, filhos do casal.

 

      .

Neste mapa de um trecho do Bairro Santa Matilde podemos ver a Avenida Santa Matilde, onde se localizava a fazenda, com ruas próximas a ela com nomes da família de que estamos falando: Rua Capitão Furtado, Avenida João Evangelista, Rua Maria Amélia, Rua Etelvina Lima, Rua Maria José, Rua Olga Bhering, Rua Rubens Amaral, Rua Maria Augusta, Rua Adelina do Amaral. Existe, também, a Rua Bananeiras.

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 26

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 26

 

… Lá, desde a Villa de Queluz, estava instalada a fazenda das Bananeiras, á margem da Estrada da côrte. Pertencia ao Barão de Suassui que, além desta, possuía outras propriedades. Suas terras atingiam quase todo o vale e parte  do morro do Alto dos Pinheiros… Antônio Luiz Perdigão

Imagens da Internet. Acima os brasões das famílias Tavares, Mello, Furtado e Mendonça.

O grande genealogista Allex Assis Milagre fez um excelente trabalho sobre a genealogia TAVARES DE MELLO, mas é impossível transcrevê-lo por ser muito extenso.

Neste artigo, vou colocar apenas dados, recolhidos em diversos trabalhos, que  interessam á genealogia do local que é focalizado aqui. São os antecedentes de quem morou neste bairro, que fazem parte de sua história.

Igreja do Bom Jesus do Rabo do Peixe, na Ilha de São Miguel. Imagem da Internet.

Como já foi dito no artigo anterior,  JOSÉ TAVARES DE MELLO, foi batizado na freguesia de Bom Jesus do Rabo do Peixe, Ilha de São Miguel, bispado de Angra (foto acima)., Faleceu na fazenda da “Pedra de Cataguazes”, em Santo Amaro (Queluzito), a 17/11/1791.

Casado em Portugal, com Maria da Conceição, teve um filho: Bento José Tavares.

Imagem da Internet Igreja de Queluzito

No Brasil, casou-se em segunda núpcias, em Queluzito, com Antônia Tavares Diniz, falecida em abril de 1829.

Teve, do segundo casamento, os seguintes  filhos:

  1. Antônia Tavares Diniz;
  2. Francisca Angélica de Mello, casada com Joaquim da Costa Silva;
  3. Joaquim Tavares Diniz, nascido e batizado na freguesia de Prados, casado na igreja de Santo Amaro em 25/6/1800, com Marianna Francisca da Silva;
  4. Anna Antônia da Piedade, nascida em Santo Amaro a 11/2/1775 e falecida antes de 1829, casada na ermida Nª Sª da Boa Esperança do Cortume, em Santo Amaro, em 5/8/1795, com Luis da Cunha Lobo;
  5. José Tavares de Mello, o filho, que se casou em primeiras núpcias com Thereza Josefa de Jesus e, em segundas núpcias, com   Joanna Marcelina de Magalhaens, filha de Francisco de Vaz Dias  e de Anna Joaquina Magalhaens.

Em 1823, José Inácio Gomes Barbosa, Capitão, filho do Capitão-mor José Inácio Gomes Barbosa e Maria Joaquina de São José, casou-se com Antônia Jesuína de Melo, filha do Alferes José Tavares de Melo e Joana Marcelina de Magalhães – casamento feito na Fazenda Engenho Grande,  pelo Cônego José Maria Ferreira Pamplona.

De acordo com Antônio Luiz Perdigão:

“Lá, desde a Villa de Queluz, estava instalada a fazenda das Bananeiras, á margem da Estrada da côrte. Pertencia ao Barão de Suassui que, além desta, possuía outras propriedades. Suas terras atingiam quase todo o vale e parte do morro do alto dos pinheiros. Com a morte do Barão, a propriedade passou para o capitão Antônio Furtado de Mendonça.”

O barão e a baronesa não tinham filhos que fossem seus herdeiros.

Agora vamos ver porque a Fazenda das Bananeiras passou ás mãos do capitão Antônio Furtado de Mendonça.

De acordo com pesquisas de Allex Assis Milagre, de onde são tirados os dados que se seguirão, a baronesa Antônia Jesuína de Melo tinha uma irmã chamada Maria José Praxedes de Melo, nascida em 1808, casada na ermida da Fazenda das Pedras, em 24 de novembro de 1828, com Antônio Furtado de Mendonça, este nascido na freguesia de Itaverava e, na época morador no Pomba, filho de outro Antônio Furtado de Mendonça e de Antônia Maria da Assunção.

No próximo capítulo iniciar-se-á a história da família descendente desse casal que esteve presente nas terras da Santa Matilde.

(Continua)

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 25

 

Dei uma volta no Bairro de Santa Matilde e fiquei pensando: é uma verdadeira cidade! Um bairro muito importante. E sua história deve ser conhecida, porque também é muito interessante.

Ilha de Fayol (Reprodução/Internet)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Brasão da Família Mota
Imagem da Internet (Jornal “A Janela” de Fátima Noronha, de Brasópolis)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Já vimos a quem pertenceram os terrenos onde se ergueu o bairro Santa Matilde: uma pessoa muito importante, o Barão de Suassuí, que recebeu os títulos de Comendador da Imperial Ordem de Cristo, Cavaleiro da Imperial Ordem de Cruzeiro e da Imperial Ordem da Rosa, os quais conquistou pelo valor demonstrado em sua vida. Como vimos, era sobrinho do Inconfidente João Dias da Mota e teve esse terreno, onde o inconfidente teve sua estalagem, por herança de sua família Mota.

Mas como teria passado, depois de sua morte e da baronesa, para as mãos dos Furtado de Mendonça? O que aconteceu foi o seguinte:

O Barão de Suassuí casou-se com Antônia Jesuína de Mello, filha do Alferes José Tavares de Mello e Joana Marcelina de Magalhaens. E aí começa outra história que traz dois sobrenomes importantes para a Santa Matilde: Tavares de Melo e Furtado de Mendonça, por intermédio da baronesa porque, com o falecimento do Barão e da Baronesa, que não tiveram filhos, a herança ficou para os parentes dela.

Brasão da Família Tavares de Mello

Vamos começar com José Tavares de Mello, filho de Manoel Affonso Correia e Guiomar Cabral de Mello, batizado na freguesia de Bom Jesus do Rabo do Peixe, Ilha de São Miguel, bispado de Angra, e falecido na fazenda da ‘Pedra dos Cataguases’, em Santo Amaro, a 17/11/1791, onde era morador. Casou-se, em primeiras núpcias, em Portugal, com Maria da Conceição.

De trabalho de Allex Assis Milagre recolhi informações. Ele se casou, em segundas núpcias, no Brasil, com Antônia Tavares Diniz, falecida em abril de 1809. Entre seus filhos está José Tavares de Mello (o filho), alferes da Guarda Nacional, nascido na ‘Fazenda da Pedra”, freguesia de Queluz que, em primeiras núpcias, casou-se com Thereza Josefa de Jesus e, em segundas núpcias, com   Joanna Marcelina de Magalhaens, filha de Francisco de Vaz Dias  e de Anna Joaquina Magalhaens.

 

(continua)

 

 

 

 

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 … vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras,

por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota

era tio do Barão. 

Como vimos no artigo anterior, a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira DEVIDO À ESTALAGEM DAS BANANEIRAS. Vimos isso em artigo anterior, comprovamos que a estalagem que existia na Fazenda das Bananeiras era de João Dias da Motta.

Em documento do Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

Antes quero dar informações exatas sobre a localização da estalagem. Ela ficava localizada na Avenida Santa Matilde, em frente à Escola Estadual Luiz de Mello Vianna Sobrinho, onde hoje há construções modernas.

Localização da Avenida Santa Matilde no bairro do mesmo nome/ Imagem da Internet

 

O historiador Luiz Fernando  passou para mim depoimentos que ele conseguiu de pessoas que conheceram o local enquanto a fazenda ainda existia e ajudaram na sua localização exata. De acordo com uma dessas informações, havia umas gameleiras na frente.

A fazenda chegou até o Barão por herança. Vou fazer um pequeno esboço genealógico o qual pode, até, levar algum leitor que se interesse por genealogia a verificar-se é parente do Inconfidente.

Barão e Baronesa de Suassuhy / Imagem da Internet 

Agora começa a ligação do Barão com o Inconfidente. Embora eu possua muitos dados, apenas farei um esboço para não ocupar demasiado espaço. O que vou apresentar foi feito fundamentado em estudos minuciosos do grande historiador e genealogista Joaquim Rodrigues de Almeida, Quincas de Almeida, como o chamavam.

João Dias da Mota, casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira, não teve filhos. Seus pais eram Tomás Dias da Mota e Antônia Mariana do Sacramento.

Vou transcrever um documento para, depois, fazer os comentários e mostrar como acontece a ligação entre o João Dias da Mota, Inconfidente, com o Barão de Suassuhí.

“Em 1792, o vigário de Queluz, Padre Fortunato Gomes Carneiro, deu certidão dizendo que: No livro 3º de casamentos da Matriz encontra-se o registro do casamento, em 1777, na fazenda do Engenho, na capela particular da fazenda, o reverendo doutor Francisco Pereira de Santa Apolônia casou a Martinho Pacheco Lima, filho legítimo da Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Castro, natural da Ilha Terceira, da freguesia de S. Antônio, do bispado de Angra; com Joaquina Rosa de Jesus, filha legítima de Tomás Dias da Mota, defunto e de Antônia Maria do Sacramento 1848. Faleceu deixando os filhos: José Tomaz de Lima; Antônia Francisca de Paula, casada com Joaquim José Vieira; Maria Inácia Rodrigues; Ana Quirubina dos Anjos; Martinho Pacheco de Lima; Leocádia Felisberta de S. José, Fazenda da Rocinha.

Esse Martinho Pacheco de Lima (1) filho me Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Crasto (em alguns lugares Castro), neto pelo lado paterno de Antônio Pacheco Machado e de Anna Ferreira, neto pelo lado paterno de Manoel Correia Gomes e de Ursula de Crasto.”

Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota era tio do Barão.

A ligação de parentesco do Inconfidente João Dias da Mota com o Barão de Suassuí, explica do motivo de o Barão ser citado com dono da Fazenda das Bananeiras no registro de fazendas de Queluz em meados do século XIX, de acordo o Índice das Terras de Queluz, que está no Arquivo Mineiro, e que também pode ser encontrado no Museu Antônio Perdigão.

Tomás Dias da Mota casou-se com Antônia Maria do Sacramento, filha de Martinho Pacheco de Lima (nascido no Porto Judeu, Ilha Terceira, Açores e Joaquina Rosa de Jesus). Moravam na Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na Freguesia de Carijós (nossa Conselheiro Lafaiete). Eram os pais do Inconfidente João Dias da Mota. O historiador Joaquim Rodrigues de Almeida descobriu, em suas pesquisas, que a Fazenda do Engenho Novo era a mesma Fazenda das Bananeiras, assim também o Barão de Suassuí deve ter nascido onde tinha sido a Estalagem das Bananeiras. Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio-avô do Barão.

Uma das irmãs de João, Maria Joaquina de Lima, moradora na Fazenda da Rocinha, em São Caetano da Paraopeba, era viúva, sem filhos, quando se casou com o Comendador e Capitão Mor José Ignácio Gomes Barbosa (pai do Barão de Suassuí), nascido no Rio de Janeiro, filho de Ignácio Gomes Barbosa e Maria do Rosário de Jesus. O Comendador e Maria Joaquina de Lima tiveram um filho, o Barão de Suassuí.

Aqui fica explicado o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio do Barão. O Inconfidente não teve filhos (se os teve por acaso, a família de alguma maneira ocultou o fato, senão as terras dele seriam confiscadas pela Coroa).

Assim, na divisão de heranças, do espólio onde estava inserida  a Fazenda das Bananeiras, teria ficado para seus pais e depois para o Barão. Está explicada a ligação acontecida através dos tempos.

Em 1823, o CAPITÃO JOSÉ IGNÁCIO GOMES BARBOSA, como vimos filho do capitão-mor José IgnÁcio Gomes Barbosa, casou-se com ANTÔNIA JESUINA DE MELLO, filha do alferes José Tavares de Melo e de d. Joana Marcelina de Magalhães. José Ignacio e Antônia Jesuína não tiveram filhos e, assim, a Fazenda das Bananeiras e outros bens passaram para o Capitão Antônio Furtado de Mendonça, casado com Maria José, irmã de Antônia Jesuína.

No próximo artigo vamos, então, ver o ramo da Família Furtado de Mendonça que faz parte da história da Avenida Santa Matilde, segundo informações no blog do grande genealogista Marcos José Machado Coelho, que tem várias raízes enterradas aqui em tempos de Carijós e Queluz. (blogger:maccoe.blogspot.com/2012/07/familia-furtado-de-mendonca.html.

(Continua)

 

 

 

 

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É muito importante saber ,do modo mais amplo possível, o que

aconteceu no passado no passado em relação à Estalagem das Bananeiras, existente

onde atualmente é a Avenida Santa Matilde.

 

Ficou bem comprovado no artigo anterior que a Avenida Santa Matilde é um dos espaços importantes da história da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras, como se vê no artigo n° 3, em “Apostilas de História do Brasil/15 40   –   Fragmentos georreferenciados” …wikiurbs.info/mediawiki”:

 

Imagem da Internet

 

 “Pelo caminho, nos sítios por onde ia passando, em Varginha, perto de Queluz, na estalagem de João da Costa Rodrigues; em Bananeiras, no sítio de João Dias da Motta, vinha o alferes revoltoso fazendo a propaganda às escancaras, sem o menor disfarce ou cuidado.”

No mesmo artigo anterior há outras evidências do local e de seu dono. É muito importante que os habitantes desta avenida que está sendo focalizada saibam, de modo mais amplo possível, o que aconteceu nela no passado e que pessoas foram envolvidas nos eventos. Tiradentes, que pregava na Estalagem das Bananeiras, já é conhecido de todos. O que não parece acontecer mais detalhadamente como sobre o inconfidente estudado neste artigo, que era fazendeiro e amigo de Tiradentes.

Vou usar dados colhidos no site Genealogia Brasileira, do grande genealogista brasileiro Lênio Luiz Richa (lenioricha@yahoo.com.br).

Ouro Preto

 

Cacheu – África /Imagens da Internet

JOÃO DIAS DA MOTA, dono da ESTALAGEM DAS BANANEIRAS, que era localizada onde é hoje a Avenida Santa Matilde,  nasceu em Ouro Preto em 1743 e faleceu em Cabo Verde/África em 1793. Filho de Tomás Dias da Mota e de Antônia Mariana do Sacramento, Capitão do regimento de Cavalaria Auxiliar de SJ de El-Rei, no lugar denominado Glória. Em 1789, com 46 anos, era casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira e residia em sua Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na freguesia de Carijós.

“Foi denunciado por Basílio de Brito Malheiro do Lago, por estar entre os ouvintes das palestras na Estalagem da Varginha, no final de 1788.” (A.5.519 e “A Inconfidência Mineira”, de Márcio Jardim, fls. 195).

João Dias da Mota, no dia 24 de junho de 1792 foi embarcado para Lisboa, na fragata Golfinho, por condenação devido ao envolvimento com a Inconfidência Mineira.

Morreu em 1793 de uma epidemia que atingiu a vila de Cacheu, nove meses depois de ali ter chegado.

Imagem do Panteão / Imagem da Internet

Em 21 de abril de 2011, seus restos mortais foram repatriados da África para o Brasil em 1932, juntamente com os de José de Resende Costa e Domingos Vidal Barbosa, mas só em 21 de abril de 2011 foram colocados no Panteão do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, ao lado dos outros 13 inconfidentes que já repousavam lá desde quando o Panteão foi criado pelo Presidente Getúlio Dorneles Vargas.

Não terem sido colocados seus despojos lá na mesma época que os restos dos outros Inconfidentes deveu-se ao fato de haver dúvida nas identificações. Só há alguns anos, os estudos da Unicamp comprovaram que as ossadas eram mesmo dos três inconfidentes degredados e assim procedeu-se à sua incorporação ao Panteão. Rui Mourão, diretor do Museu da Inconfidência, falando sobre a colocação dos despojos desses três Inconfidentes no Panteão da Inconfidência, declarou:

“Tudo o que pudermos acrescentar à história da Inconfidência Mineira é importante, até porque esses personagens (José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias da Mota) deram contribuição efetiva ao movimento”.

Assim a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras.

 

No Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

                                                                                  (Continua)

 

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