28 de março de 2024 09:27

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 21

                        GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 [email protected]

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 21

 

O sal que a salgou

também salgou auroras e crepúsculos

salgou a Liberdade

Avelina

A Rua Direita, atualmente denominada Rua Comendador Baeta Neves, traz muitas cicatrizes relacionadas à Inconfidência Mineira em sua memória. Nela passaram os despojos de Tiradentes que pernoitaram em um arranchamento ali existênte , onde foi salgada a sua cabeça antes de seguirem a viagem para Vila Rica.

Foto de Carla Moreira dos Santos

 

Foto da Rua Direita (atual Comendador Baeta Neves) com a placa em um poste localizado na frente do local em que, em 1792, havia um arranchamento onde a cabeça foi salgada e pernoitou. Salmoura é uma solução de água saturada de sal. ABAIXO A FOTO SEPARADA DA PLACA DIZENDO QUE AQUI SE RENOVOU A SALMORA DA CABEÇA DE TIRADENTES

Foto de Valéria Higino da Silva

Em nossa cidade foram colocadas em postes duas pernas de Tiradentes, uma delas na Varginha do Lourenço, perto da divisa com Ouro Branco, à margem da Estrada Real. Nessa estalagem Tiradentes pernoitava e fazia reuniões secretas, contando com a simpatia do dono da hospedaria.

Estalagem da Varginha Imagem de acervo pessoal

Na estalagem se fecha com chave de ouro o percurso do Caminho Novo em  terras de Conselheiro Lafaiete.

Estalagem da Varginha – Pintura a óleo de Cidinha Dutra

Do Diário de D. Pedro, quando de sua visita a Minas Gerais em 1881:

“Varginha − Casa onde se reuniram os inconfidentes. Pertencia, então, a um hospedeiro de nome João da Costa. Vi a mesa e bancos corridos, de encosto, onde se assentavam. São de maçaranduba e estão colocados na varanda. Reparando que não houvessem conversado no interior da casa, disse-me o dono dela, que havia vedetas* (*vigias) para avisá-los.”

 

— Assinando José Códea, Angelo Agostini como enviado da “Revista Illustrada”, desenhou os móveis citados e escreveu: “Na casa de Manoel Alves Dutra, na Varginha, existem dois bancos e uma mesa, feitos de maçaranduba, que serviram nas conferências dos Inconfidentes, sob a direção do grande cidadão Tiradentes. Hoje, serve para comer-se boas feijoadas com cabeça de porco (tempora mutantur!)”

Li, certa vez, que meninos ficavam no caminho próximo à estalagem e, quando vinham soldados, soltavam papagaios.

Esse lugar histórico ocupa um  lugar especial nas minhas memórias de professora pois, em fins do século XX, com uma turma de alunos do 2º Grau do Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”, ali realizei uma atividade pedagógica. Sentados à sombra da Gameleira da Varginha, ainda em todo o seu esplendor, à semelhança de Tiradentes e os inconfidentes, fizemos uma reunião para falar também sobre Liberdade.

Depois, como o fizera Tiradentes, um aluno levantou-se, estendeu o braço em determinada direção, dizendo que ali construiriam uma grande indústria. Prodigiosamente, naquele lugar indicado por Tiradentes, ergue-se hoje, imponente e poderosa, a Açominas.

Pouco tempo depois, a gameleira caiu, mas o testemunho das fotos tiradas por Alexandre, que nos acompanhou com a orientadora Maria do Carmo, deixaram as cenas gravadas como lembrança de uma atividade cívica.

As ruínas da estalagem, o que resta da gameleira e o belo monumento são marcas que o lafaietense muito preza.

 

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