GARIMPANDO NOTÍCIAS 54

Avelina Maria Noronha de Almeida

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 “Nunca deixou de exercer a medicina, o que sempre fez com enorme talento e grande amor à profissão.” 

Em 15 de junho de 1881, por carta Imperial, DOM PEDRO II, em reconhecimento de dos serviços prestados a Minas Gerais quando UM GRANDE SURTO DE VARÍOLA ACOMETEU A PROVÍNCIA, concedeu o título de NOBREZA  BARÃO DE COROMANDEL ao queluziano JOSÉ FRANCISCO NETTO. Este ilustre médico apresentou-se como voluntário e foi pessoalmente tratar dos variolosos, num isolamento que ele sugeriu que fosse feito, sendo acatada sua sugestão, junto à cidade de Mariana

Embora  tivesse ativa vida política, era imensamente dedicado à Medicina. Foi brilhante sua tese de mestrado : A FORMAÇÃO E PROPAGAÇÃO DOS SONS DA VOZ HUMANA. Em 19 de dezembro de 1850  conquistou o Doutorado na  Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,onde fizera o curso de Medicina,  com a tese::SOBRE O PROGRESSO DO DESENVOLVIMENTO ORGÂNICO – AS IDADES PODEM SERVIR À DETERMINAÇÃO DA VASCULOSIDADE DO CORGO HUMANO E ESPECIE D’ELLA?

‘JOSÉ FRANCISCO NETTO, primeiro e único BARÃO DE COROMANDEL,  nasceu em Congonhas . em 1827,  filho  de Francisco José Netto e Maria Rita Alves.

Imagem da  Internet

Radicado em Itaverava, viveu primeiramente na sede do distrito queluziano, mudando depois para sua Fazenda do Ribeirão.  Casou-se  com Priciliana Almeida Netto e tiveram 8 filhos: Adelaide,  Francisca,  Francisco, Maria da Conceição, Prsciliana, Manoel, José e  Amélia.

No livro: “ITAVERAVA: NÚCLEO DE BANDEIRANTES” de Antônio Emídio Lana está o seguinte:

 “Nunca deixou de exercer a medicina, o que sempre fez com enorme talento e grande amor à profissão.

 Morreu a 3 de janeiro de 1886,com 57 anos, em ITAVERAVA, na Fazenda do Guarará, para onde fora em desempenho dos seus misteres profissionais.”

 Imagem da Internet:           Fazenda do Guarará

            Também consta no mesmo livro:

“SEMPRE PROCUROU PRESTIGIAR A TERRA ONDE VIVIA, TENDO MESMO, EM CERTA OCASIÃO, CONSEGUIDO VERBA SUBSTANCIAL DO GOVERNO PARA A CONSERVAÇÃO DE SUA BELA IGREJA BARROCA.”

Sua TRAJETÓRIA POLÍTICA FOI TAMBÉM BRILHANTE:

Imagem da Internet: RUA BARÃO DE COROMANDEL em Conselheiro Lafaiete

GARIMPANDO NOTÍCIAS 53

Avelina Maria Noronha de Almeida

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“Não tenho compromisso com  o erro” Juscelimo Kubitschek

            O presidente Juscelino Kubitschek uma vez foi interpelado porque voltara atrás em uma coisa que dissera. Ele então disse a quem o interpelara que voltava atrás mesmo. E dava a causa de sua atitude: “Não tenho compromisso com o erro”. Eu adoto esta frase, quando caio em erro.

Em uma fonte que julguei confiável, vi e copiei no Garimpando Notícias 51 a informação de que João Ferreira Coutinho, “Barão de Catas Altas” seria de Queluz. O QUE ESTÁ TOTALMENTE ERRADO. CREIO QUE A CONFUSÃO FOI A SEGUINTE: A Catas Altas do nome daquele barão não era a Catas Altas que fora de Queluz. ´No caso de João Ferreira Coutinho, a CATAS ALTAS é a de MATO DENTRO. A confusão foi também porque houve outro Barão de Catas Altas, o 2º, e que vai ser focalizado aqui.

O 2º BARÃO DE CATAS ALTAS e BARONESA DE CATAS ALTAS

Imagem da Internet

O 2º BARÃO DE CATAS ALTAS, ANTÔNIO JOSÉ GOMES BASTOS, tem o título realmente relacionado  a CATAS ALTAS DA NORUEGA que, naquele tempo, era anexada a Queluz.

ACHEI MUITO IMPORTANTE FOCALIZÁ-LO porque ESCLARECE OS FATOS E MOSTRA             que são muitas as ligações dele com nossa QUELUZ. VEJAMOS:

Ele recebeu  o título de 2º Barão de Catas Altas em 23 de dezembro de 1887, nome este originário de Catas Altas de Noruega, no distrito de Itaverava, no município de Queluz de Minas (hoje Conselheiro Lafaiete). Foi ele quem escolheu o título de Barão de Catas Altas em homenagem à sua esposa, que era também sua prima, nascida em Catas Altas da Noruega, Queluz, Clara Rosalina Gomes Baião, a baronesa de Catas Altas, com quem se casou na Fazenda GUARARÁ, em ITAVERAVA, Queluz, em 08 de fevereiro de 1866.  Foi o primeiro presidente da Intendência Municipal da VILA DE GUARARÁ, Município de Bicas, ONDE ELE NASCEU, e um dos maiores propugnadores de sua criação. O nome da vila  foi também homenagem dele   à Fazenda de Guarará, em Queluz, onde sua esposa nasceu e onde se casou.  VEJA O LEITOR COMO É LIGADO AO NOSSO PASSADO QUELUZIANO!

Imagem da Internet – GUARARÁ

Além disso, seu pais eram José Joaquim Gomes, de Itaverava, e  Maria Silveira Bastos, de Catas Altas. Seus pais transferiram-se, em 1833, de QUELUZ  para o então distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha, onde abriram e fundaram, no arraial das Bicas, a “Fazenda do Campestre”  e foi aí onde ele nasceu, em 29 de junho de 1840 e faleceu em 2 de fevereiro de 1924.

Foi a mais importante figura de  relevância histórica entre 1890 a 1920 em Guarará e Bicas, na Zona da Mata mineira, grande defensor das ideias liberais, chefe político atuante e grande defensor da lavoura e das questões agrárias em toda a  região.

ASSIM, PELA SUA ESTATURA HUMANA E CIDADÃ, MERECE SER CONHECIDO POR NÓS, POIS SUAS RAÍZES REMETEM   À NOSSA QUELUZ À QUAL, SEGUNDO PODEMOS COMPROVAR NO TEXTO ACIMA, DEVOTAVA GRANDE CONSIDERAÇÃO.

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA-GARIMPANDO NOTÍCIAS 52

 Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

            “Dado ao sonho da mineração, viveu nele, entretanto, o justo equilíbrio do colonizador reinol, para quem a lavoura representava, mais que tudo, a fiança da permanência no solo.” Washington Rodrigues Pereira falando sobre o pai.

            O primeiro BARÃO que vou focalizar é ANTÔNIO RODRIGUES PEREIRA,  primeiro e único “BARÃO DE POUSO ALEGRE”, forte proprietário rural e importante  político do Império.

            ANTÔNIO RODRIGUES PEREIRA nasceu em 1805, em  Queluz (atual Conselheiro Lafaiete, MG), na Fazenda dos Macacos, e faleceu em 22 de dezembro de 1883, em Queluz. onde sempre residiu. Os restos mortais do Barão, da Baronesa e as cinzas do Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira estão na Matriz de  Nossa  Senhora da Conceição de Conselheiro Lafaiete.

        BARÃO DE POUSO ALEGRE      BARONESA  DE POUSO A LEGRE

Imagens da Internet

            Seus pais eram o capitão Felisberto da Costa Pereira e Eufrásia Maria de Jesus. Era primo do padre inconfidente Manuel Washington Rodrigues Pereira foi advogado, juiz municipal e de órfãos, delegado de polícia em Ouro Preto, inspetor da Tesouraria Provincial, juiz de direito e promotor da Comarca de Queluz.  Rodrigues da Costa. Casou-se com Clara Rodrigues Ferreira de Azevedo, nascida em Congonhas,  19 Maio 1811, filha de Manuel Ferreira de Azevedo e Jacinta Perpétua Brandão.

            Eram filhos do Barão e da  Baronesa:

 

Washington                                          Lafayette

Imagens da Internet

  • Washington Rodrigues Pereira foi advogado, juiz municipal e de órfãos,

delegado de polícia em Ouro Preto, inspetor da Tesouraria Provincial, juiz de

direito e promotor da Comarca de Queluz.

                2) Lafayette Rodrigues Pereira Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, no ano de 1857. Depois de formado, exerceu a Promotoria Pública em Ouro Preto e, em 1860, passou a advogar na capital do Império. Deputado Geral em 1878, renunciou no ano seguinte, ao ser nomeado Senador pela Província de Minas Gerais. Em 1880, foi Conselheiro do Imperador e do Estado. Organizou o Gabinete Liberal em 1883 e 1884 e nele ocupou a Presidência e a asta da Fazenda. No ano seguinte, foi presidente do Tribunal Arbitral.

         No livro “Minhas Recordações, Francisco de Paula Ferreira de Rezende assim descreve o Barão de  Pouso Alegre como “nho magro e teso e tinha sempre a cabeça tão erguida que incomodava extremamente a quem com ele falava. Era, entretanto, tão forte que, apesar da idade, saía da sua fazenda dos Macacos, que fica ao pé da estação de Buarque de Macedo, e chegava no mesmo dia a Ouro Preto.”

            Mas nada melhor para  dar uma visão no aspecto humano do Barão do que está no livro “O QUE MAMÃE ME CONTOU” de  MARINA MARIA LAFAYETTE DE ANDRADA IBRAHIM, quando ela cita o avô ANTÔNIO RODRIGUES PEREIRA na Fazenda dos Macacos:

            “Embora (o Barão) tivesse casa na cidade, sempre residiu na Fazenda dos Macacos. Tanto ele, como seu pai e sua mãe, por diversas vezes, tentaram mudar a denominação de Macacos para Fazenda da Constituição e Pouso Alegre, porem a denominação primitiva já estava enraizada e de nada valeram tais tentativas.

            No mesmo livro de D. Marina, encontramos também uma excelente visão das características humanas deo Barão de Pouso Alegre: “Vovô Barão olhava pessoalmente por tudo, não querendo que nada faltasse.  Havia oficina de sapataeiro, ferraria, alfaiataria, desde o tempo de seu pai, Felisberto da Costa Pereira. Eu mesma, ainda menina, vi os negros fazendo alpargatas, arreios, cangalhas, sabão e até colheres de pau.”

            Dele disse seu filho Washington: “Dado ao sonho da mineração, viveu nele, entretanto, o justo equilíbrio do colonizador reinol, para quem a lavoura representava, mais que tudo, a fiança da permanência no solo.”

            Antônio Rodrigues Pereira e no 5o. Regimento de Cavalaria Ligeira da 2a. Linha do Exército, em 1822, tendo recebido, em 1831, a patente de Alferes e, posteriormente, as de Tenente, Capitão, Major, Coronel, Chefe de Legião e Coronel Comandante Superior. Exerceu, em Queluz, os cargos eletivos de eleitor, juiz de paz, vereador, presidente da Câmara, juiz municipal e juiz de órfãos.

(Continua)

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – GARIMPANDO NOTÍCIAS 51 

                                                     Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                   avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

É essencial que a comunidade conheça o mais amplamente seus vultos ilustres do passado, o que pode

até influenciar na autoestima de uma população.

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No Século XIX vários queluzianos  foram distinguidos com títulos de nobreza:

MARQUÊS: José Francisco de Mesquita, “Barão de Bonfim”.

BARÕES são os seguintes:

Joaquim Lourenço Baeta Neves, “Barão de Queluz”

Antônio Rodrigues Pereira, “Barão de Pouso Alegre”

João Ferreira Coutinho, “Barão de Catas Altas”

José Francisco Netto, “Barão de Coromandel”,

Alcides Rodrigues Pereira, “Barão de Lamim”

José Ignacio Gomes Barbosa, “Barão de Suassuí”

Vicente de Paula Vieira, “Barão de Rifaina”

Vamos focalizar cada um deles:

MARQUÊS:

José Francisco de Mesquita, “Barão de Bonfim”.

. No Império Brasileiro houve poucos homens que receberam o titulo de Marquês. Um deles era de Queluz: o MARQUÊS DE BONFIM, que teve, sequencialmente, os seguintes títulos:

1 – Barão de Bonfim, concedido em 18.06.1841

2 – Barão de Bonfim com grandeza, concedido em 15.11.1846

3 – Visconde de Bonfim com grandeza, concedido em 02.12.1854

4 – Conde de Bonfim, concedido em 19.12.1866

5 – Marquês de Bonfim, concedido em 17.07.1872

Imagem da Internet

Foi em Congonhas que nasceu o ilustre queluziano que vou focalizar hoje: JOSÉ FRANCISCO DE MESQUITA, um dos mais importantes nobres de seu tempo.

Imagem da Internet

É bom aqui focalizar a importância de Congonhas para a VILA DE QUELUZ: Foram 3 arraiaias que pediram a criação da Vila, que aconteceu em 19 de setembro de 1790: CARIJÓS, CONGONHAS E ITAVERAVA. Carijós ficou sendo a sede da vila por estar no centro da região.

JOSÉ FRANCISCO DE MESQUITA nasceu em 11 de janeiro de 1790, no então arraial de Congonhas, freguesia nesse tempo da Vila de Queluz, bispado de  Mariana, província de Minas Gerais, filho de Francisco José de Mesquita e de D. Joanna Francisca de Mesquita. Casou-se com Francisca de Paula Freire de Andrade, Baronesa de Bonfim.

Imagem da Internet             Rio de Janeiro

            Aos dez anos foi morar com o tio, o capitão Francisco Pereira de Mesquita, residente na cidade do Rio de Janeiro. Desde menino José Francisco gostava de  trabalhar e deve ter aprendido muito com seu tio, que tinha excelente reputação como respeitável homem de negócios e, com o passar do tempo, conquistou a confiança da praça daquela cidade pela sua reconhecida honradez.

Em 1818, com a vinda de D. João VI para o Brasil,  concorreu para a criação do Banco do Brasil, banco de emissão e primeira instituição de crédito desse gênero fundada no Brasil, além de prestar outros serviços,  recebendo, como prêmio, a comenda da Ordem de Cristo. Foi vereador da Câmara Municipal da Corte.

Em 1821 e 1822, o comendador Mesquita mostrou-se favorável à independência do Brasil, contribuindo com o seu prestigio e os seus haveres consideráveis e, como reconhecimento por sua ajuda, o imperador D. Pedro I o nomeou para um cargo honorífico, dando-lhe o foro de fidalgo cavaleiro da imperial casa. Criada a Caixa da Amortização, Mesquita foi nomeado membro de sua direção tendo sido tão dedicado no desempenho do cargo  que o imperador D. Pedro I o agraciou com a oficialato da Ordem Imperial do Cruzeiro. cada uma dessas honrarias foi precedida sempre por atos de patriotismo, ou de sentimentos humanitários do agraciado.

Com suas avultadas posses e  grande benemerência, o rico capitalista concorria com avultadas  somas para  instituições de caridade, para diversas despesas  do Governo, entre elas  as despesas do armamento nacional  na questão Christie (foi um  impasse diplomático ocorrido entre o Império do Brasil e o Reino Unido entre os anos de 1862 e 1865);  para a elevação da estátua equestre a D. Pedro I; auxilio das despesas do Estado na Guerra do Paraguai; para combate a mortíferas epidemias ou outras calamidade públicas;  para auxiliar a Santa Casa da capital de Minas Gerais, as Ordens Terceiras de S. Francisco da Penitência, do Carmo, de S. Francisco de Paula, os hospitais de Lázaros, os Institutos dos Cegos e dos Surdos Mudos  e para ajuda a pessoas necessitadas, o que fazia sem ostentação. Foi tambem sócio-fundador do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, e sócio benfeitor da Imperial Sociedade Amante da Instrução.

Imagem da Internet                Guerra Franco-Prussiana

            No Exterior, na Guerra Franco-Prussiana, (19 de julho de 1870 — 10 de maio de 1871), o marquês de Bonfim, no Rio de Janeiro, promoveu socorros para as familias francesas expostas à miseria e à fome e empenhou-se tanto  e de sua parte contribuiu tão generosamente que o Sr. Thier, chefe do governo da França na época, conferiu-lhe o grau de oficial da Legião de Honra. Também contribui generosamente quando o Rio de Janeiro mandou ajuda para Buenos Aires, onde reinava a terrível febre amarela. Na questão Christie (um impasse diplomático ocorrido entre o Império do Brasil e o Reino Unido entre os anos de 1862 e 1865) concorreu para as despesas do armamento nacional.

Um traço importantíssimo de sua personalidade era a independência política que lhe dava sadia convivência de ideias, sendo sua casa frequentada por notabilidades políticas de todos os partidos,  por ser considerada um campo neutro, tolerante e amigo.

Era admirado pela sua prudência, tino, habilidade, e infatigável diligência, dedicando-se ao serviço até os últimos tempos de sua vida. Faleceu em 11 de dezembro 1872, com oitenta e três anos e onze meses de idade. Obedecendo à sua última vontade, seu corpo foi sepultado em modesta sepultura, tendo seu enterro acompanhado por mais de duzentos carros de amigos. Em seu testamento contemplou muitas instituições de caridade e pessoas necessitadas do município da Corte e da Província de Minas, onde nascera.

FOI REALMENTE ILUSTRE O NOSSO MARQUÊS DA ANTIGA QUELUZ!

Na próxima semana, vou focalizar os Barões.

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – GARIMPANDO NOTÍCIAS 50

                                                     Avelina Maria Noronha de Almeida

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Imagens da Internet: A primeira foto um desenho da Estalagem da Varginha no tempo em que foi visitada por D. Pedro II. A segunda foto são as ruínas dela atualmente.

                        Quando chegou na estalagem, D. Pedro II falou que queria

repousar na cama em que seu pai, D. Pedro I dormira

quando pernoitara, no passado, naquela estalagem.

 

Concluindo o relato  da vinda de D. Pedro II ao Município de Queluz, em 1881,  vou deixar que essa passagem seja  relatada pelo próprio D. Pedro  II em seu diário.

 

“30 (4ª fª) Partida às h. Carreiras – bonita posição de  vasto horizonte para leste e sobretudo oeste. Encostada a uma tranqueira estava uma linda rapariga com sua saia e camisa revelando formas elegantes. Dava-lhe muita graça o lenço branco de pontas pendentes atado na cabeça. O caminho é bom, porém muito montanhoso. Passam-se diversos ribeirões, havendo uma ponte solidamente construída, todas as ondas do Paraopeba. Varginha, casa onde se reuniram os inconfidentes.  Pertencia, então, a  um hospedeiro de nome João da Costa. Vi a mesa e bancos corridos, de encosto, onde  se assentavam. São de maçaranduba e estão colocados na varanda. Reparando que não houvessem conversado no interior da casa, disse-me o dono dela que havia vedetas para avisá-los. Atravessada a ponte do ribeirão da Varginha, entra-se no município de Ouro Preto.

 

— Assinando José Códea, Angelo Agostini como enviado da “Revista Illustrada”, desenhou os móveis citados e escreveu: “Na casa de Manoel Alves Dutra, na Varginha, existem dois bancos e uma mesa, feitos de maçaranduba, que serviram nas conferências dos Inconfidentes, sob a direção do grande cidadão Tiradentes. Hoje, serve para comer-se boas feijoadas com cabeça de porco (tempora mutantur!).I

Imagem  da Internet:  desenho de um banco e da  mesa que eram usados nas reuniões dos inconfidentes.

 

Observação: “vedetas” quer dizer “vigias”. Li, não me lembro onde, que eram meninos que ficavam na margem da estrada, perto da entrada do caminho para a estalagem, que, ao ver ao longe aparecerem soldados, soltavam os  papagaios de papel que tinham nas mãos para avisar os inconfidentes.

          Imagem da Internet:        Viagem de D. Pedro II

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – GARIMPANDO NOTÍCIAS 49

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

                     Em que residência  pernoitou  D. Pedro II em Queluz?

Um ponto controverso da nossa História…

No artigo anterior, sugeri que, pelos trechos do  diário de D. Pedro II, ele  poderia ter se hospedado na casa  de Washington Rodrigues Pereira e disse então ser a casa dele na Praça Tiradentes,  porém, consultando o livro “O QUE MAMÃE ME CONTOU” de Marina Maria Lafayette de Andrada Ibrahim achei que, em 1881, Washington ainda não morava naquela época em Queluz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  1. Marina Maria Lafayette de Andrada Ibrahim

Imagens da Internet

Vamos a  trecho do livro  de Marina:

Palavras de Corina, mãe de Marina, falando de seu tio Washington na página 334 do livro: “O tio foi Juiz de Direito em Queluz. Em carta de 22 de setembro de 1884, Papai comunicou-lhe a nomeação”

JULGUEI ERRADAMENTE SER a casa em que ele residiu, que naturalmente era a casa da família da família Rodrigues Pereira em Queluz, NA PRAÇA TIRADENTES NÃO ESTÁ DE ACORDO COM UMA CITAÇÃO DO LIVRO, à pagina 336: “ A casa da família, na cidade de Queluz, hoje Conselheiro Lafaiete, ficava num plano inferior ao alinhamento da rua. Mas era agradável, com uma minúscula horta e um jardinzinho ao lado.” NÃO TEM NADA A  HAVER COM  A CASA QUE JULGUEI SER.

Isto também já não importa neste estudo porque, NESTE  ARTIGO, FICA TOTALMENTE ESCLARECIDO ONDE FICOU HOSPEDADO D. PEDRO II quando esteve em Queluz em 1881.

Este esclarecimento, devo-o ao historiador  PAULO HENRIQUE DE LIMA  PEREIRA, a quem agradeço muito por sua colaboração. Paulo Henrique se caracteriza por ser um pesquisador de grande perspicácia e que se aprofunda poderosamente nos assuntos que pesquisa. ASSIM, ELE ME ENVIOU UMA INFORMAÇÃO PRECIOSA, que ele encontrou em antigo exemplar do Jornal do Comércio E QUE RESOLVE COMPLETAMENTE A POLÊMICA “EM CASA DE  QUEM” PERNOITOU D. PEDRO II EM NOSSA CIDADE.

Imagem da Internet                              PAULO HENRIQUE

PAULO HENRIQUE DE LIMA PEREIRA é um HISTORIADOR  residente em Congonhas,  graduando em História, da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia (ASBRAP). Membro Correspondente da  Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, que escreveu os excelentes livros: “Venenos adocicados – A trajetória do poeta e jornalista Djalma Andrade” e “Urzedo e a medicina no Brasil Imperial: o pioneirismo de um congonhense”.

Imagens da Internet

A ELE MEUS AGRADECIMENTOS PELA COLABORAÇÃO, que lança luzes sobre a polêmica e que vou transcrever agora, as quais foram estampadas em um jornal muito respeitado na época, no Rio de Janeiro:

“Jornal do Comércio, 03 de abril de 1881, relatou:

Viagem Imperial — Escreve-nos o nosso correspondente:

Queluz, 29 de março, 10 horas da noite […] Suas majestades partiram da fazenda do Rincão hoje às 6 horas da manhã, S. M. a Imperatriz foi em liteira, e assim, é fora de dúvida, continuará a viajar.

Suas majestades seguiram até o lugar denominado Engenho, onde a câmara municipal de Queluz mandara preparar o almoço. Da fazenda do Rincão até ao arraial de Carandaí acompanharam Suas Majestades o engenheiro chefe do prolongamento Dr. Ewbank da Câmara e seus auxiliares Henrique Lisboa, Latif [?] e Alfredo Lisboa, e no referido arraial pediram permissão a Suas Majestades para regressar. Ali a comissão da Câmara de Queluz apresentou a Suas Majestades suas homenagens. Ao pouso do Sr. Felipe Ferrão chegaram Suas Majestades às 9 ½.

Depois de uma viagem de 7 léguas a cavalo, subindo e descendo serras, como as das Taipas, Paraopeba e outros, chegaram Suas Majestades a esta cidade às 5 horas da tarde, acompanhadas por mais de 100 cavalheiros, tanto de sua comitiva como vários moradores de Queluz, que percorreram algumas léguas para ir ao encontro dos augustos viajantes.

Por todo o caminho encontrava-se muita gente à espera de Suas Majestades para saudá-los. Uns perguntaram como era Sua Majestade, se velho ou moço, outros se era alto ou baixo. A alguns perguntei se nunca tinham visto um retrato do Imperador. Responderam-me que não e acrescentavam que tinham extraordinária vontade de vê-lo. Um destes encontrei no Lugar Ribeirão do Inferno (que pelo nome não perca), velho de 88 anos, mais forte do que muitos rapazes, e que dizia desejava tornar a ver o Imperador, que só o vira pequeno. Sua Majestade falando-lhe, dirigiu-lhe frases de benevolência.

À hora que disse acima, entraram Suas Majestades em Queluz. A cidade estava toda embandeirada e enfeitada com arcos. É impossível descrever o entusiasmo que houve ao chegarem os augustos viajantes. O adro da matriz, que é grande, estava completamente cheio de povo, não contando as pessoas que se achavam dispersas pelas ruas.

Queluz é uma cidade comprida, quero dizer, terá talvez um quarto de légua de extensão, mas sua largura não é correspondente a esse comprimento. Foi criada freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Queluz por decreto de 14 de julho de 1832 e elevada a vila desde 1791 pelo capitão general Visconde de Barbacena. Era conhecida antigamente pelo nome de arraial dos Carijós. Sua elevação a cidade data de poucos anos e hoje é cabeça da comarca do mesmo nome. Dista de Ouro Preto 9 ½ léguas e está situada a 932 metros acima do nível do mar. É uma cidade bonita e de um bom clima.

SUAS MAJESTADES HOSPEDARAM-SE EM CASA DO FAZENDEIRO FRANCISCO DE ASSIS BANDEIRA e os seus semanários e outras pessoas da comitiva em casa da Sra. Baronesa de Queluz. Toda a hospedagem corre por conta da câmara municipal.

Antes de jantar, S. M. o Imperador ainda visitou a casa da câmara, a cadeia e as escolas públicas. Acham-se aqui os engenheiros Francisco Bicalho, João Ferraz, Albino da Rocha Paranhos, A. S. Pires Ferreira, Frederico Smith de Vasconcelos, S. Gustavo Tamm, Almeida Portugal, Andrade Pinto, Aguiar e Childerico Pederneiras, engenheiros da 3ª seção do prolongamento da estrada de ferro D. Pedro II. Estão todos bons.

Tanto Suas Majestades como sua comitiva gozam saúde, o que não impede que todos se reconheçam cansados com a viagem forçada que se tem feito. Até aqui já se tem feito 13 léguas.

Alguém da comitiva e do paço, ao entrar hoje em Queluz, parecia mais um embrulho que vinha em cima do animal do que uma criatura. Calculem que regalo vai isto ser! Partimos amanhã às 6 horas da manhã para Ouro Preto e temos de atravessar, além de outras, a grande serra do Ouro Branco, cujo alto denominado de D. Vicência está a 1.260 metros sobre o nível do mar, segundo Gerber.

FICA, ASSIM,  RESOLVIDO TOTALMENTE EM CASA DE QUEM  D. PEDRO II PERNOITOU… só resta resolver onde seria esta casa e falarei sobre isto no próximo artigo.

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – GARIMPANDO NOTÍCIAS 48

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                                     Avelina Maria Noronha de Almeida

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GARIMPANDO NOTÍCIAS 48

                     Em que residência  pernoitou  D. Pedro II em Queluz?

Um ponto controverso da nossa História…

Antes de continuarmos com o Diário de Viagem de D. Pedro II, vou repetir uns conteúdos já colocados no artigo anterior.

Imagem da Internet

Pedro II a cavalo na viagem que fez a Minas

PRIMEIRO vou repetir um trecho do Diário de Viagem de D. Pedro:

“29 (terça-feira) – Dormi bem. Saída às 6 h. (…) Do Alto das Bandeirinhas já se avistam casas de Queluz. Parou-se em algum lugar por causa das liteiras. O tempo das pequenas paradas e o do almoço andariam por menos de duas horas. O coronel Pereira apontou-me suas terras do Ribeirão do Inferno e Queluz.

Já em lugar anterior a revista colocara o seguinte: “Durante a viagem D. Pedro II conversou bastante com o coronel Antônio”. Em outro local fala  sobre  o  “Rodrigues Pereira, futuramente Barão de Pouso Alegre, proprietário de terras na região e na própria Queluz.” A referência é a Antônio Rodrigues Pereira, pai de Conselheiro Washington Rodrigues Pereira e de Conselheiro Lafayette.

 Antônio Rodrigues Pereira

Imagem da Internet

Agora citando outra vez a notícia apresentada pela A Revista Ilustrada. Rio de Janeiro, ano 6, número 245, 1881. P. 4 e 5. 59.

“A cidade de Queluz recebeu SS. MM. II. com o maior júbilo. Entusiasmo indescritível, grandes ovações, fogos, músicas etc. A cidade deu aos Augustos Viajantes as mais solenes provas de contentamento”. 190 Já instalado, o Imperador descansou um pouco e conversou com a família de Washington Rodrigues Pereira, filho do coronel Antônio, saindo logo em seguida para o estabelecimento educacional, onde preferiu a aula de meninos à de meninas. Em seguida esteve na cadeia e apesar de ter considerado o edifício bom, atentou para sua necessidade de melhorias internas, além disso, afirmou que no local “falta quase tudo, não tendo os soldados da polícia nem baionetas nem sabres-baionetas”.191 […] Antes de retornar à residência onde estava hospedado, assistiu a um Te Deum na igreja matriz e afirmou ter sido sofrível. Quando em casa, ouviu moda de viola e elogiou o músico: “O rapaz tocou bem a viola e melhor violão”193.

POR QUE REPETI ESTE TRECHO? Porque até hoje não se esclareceu devidamente um ponto obscuro na presença de D. Pedro em nossa cidade. Hipóteses que existem a respeito de  em qual residência se hospedara e dormira  D. Pedro II:

1) Seria no Solar do Barão de Suassuí? 2) Seria no Solar do Barão de Queluz? Talvez houvesse a resposta exata no LIVRO DO TOMBO ANTIGO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, porém este livro, pelo que concluí nos meus estudos e, de acordo com  informação antiga que encontrei no Museu Perdigão, estaria, na década de 40, em Ouro Preto,  naturalmente no Instituto Histórico de Ouro Preto, que fora dissolvido e seus documentos espalhados por vários lugares. Procurei muito descobrir onde estaria este Livro tão importante para nossa História, mas foi em vão.

OBSERVANDO a notícia da Revista Ilustrada, VEJAM O QUE PENSEI: Se o pai do WASHINGTON RODRIGUES PEREIRA FOI COMPANHEIRO DE VIAGEM DE D. PEDRO, NO ALTO DAS BANDEIRINHAS, ANTES DE ENTRAR EM QUELUZ, MOSTROU SUAS TERRAS, AO CHEGAR EM QUELUZ AONDE LEVARIA D. PEDRO PARA SE HOSPEDAR? NÃO PODERIA SER NA CASA DE SEU FILHO WASHINGTON, QUE FICAVA ONDE É HOJE A PRAÇA TIRADENTES, EM FRENTE À ANTIGA CADEIA, HOJE MUSEU PERDIGÃO? E REVEJAM ESTE TRECHO: “Já instalado, o Imperador descansou um pouco e conversou com a família de Washington Rodrigues Pereira, filho do coronel Antônio, saindo logo em seguida para o estabelecimento educacional, onde preferiu a aula de meninos à de meninas.” Se ELE JÁ ESTAVA INSTALADO, ESTRANHO CONVERSAR COM A FAMÍLIA DO WASHINGTON SE ESTIVESSE INSTALADO EM OUTRO LUGAR, CUJA FAMÍLIA NÃO CITOU…

No Diário ele ainda diz do que aconteceu depois do Te Deum na Igreja: “Conversei com a mulher de Washington Pereira, filha de Luiz Antônio Barbosa, que lembrou-me tê-la eu interrogado num colégio de Niteroi. Parece-me excelente senhora e muito inteligente. Recolhi-me depois das 9.” OBSERVEM QUE ELE NÃO DIZ TER SAÍDO, APÓS A CONVERSA, PARA OUTRO LUGAR, MAS SIM QUE SE RECOLHEU.

FIZ ESTA INTERRUPÇÃO NO DIÁRIO PORQUE ESTE PONTO SEMPRE FOI POLÊMICO SEM UMA EXPLICAÇÃO CONVINCENTE. ALGUMAS PISTAS, ALGUMAS INTERPRETAÇÕES E ALGUMAS DÚVIDAS… ESTA É APENAS MAIS UMA OPÇÃO QUE ESTOU APRESENTANDO.  SE ALGUÉM QUISER PODE COLOCAR SUA OPINIÃO, CONTESTANDO OU APOIANDO ESTAS OBSERVAÇÕES APRESENTADAS NO ARTIGO.

FICA PARA O PRÓXIMO ARTIGO a visita de  D. PEDRO II à estalagem da Varginha.

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – GARIMPANDO NOTÍCIAS 47

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

 

GARIMPANDO NOTÍCIAS 47

 

A várzea por onde serpeira o Bananeiras é bonita,

assim como a entrada em Queluz por um novo caminho

que se fez seguindo o alto do morro. No fundo da cidade e fim de

uma subida está a igrejinha de Santo Antônio e no fundo

alteia-se a Serra do Ouro Branco, coroada de

nuvens douradas pelo sol que se punha pelo lado oposto.

 

 

Em 1881, o imperador D. Pedro II e a imperatriz Dona Teresa Cristina, indo para Ouro Preto, passaram por Queluz.

Imagem da Internet

            Este foi um um dos acontecimentos importantes do século XIX em Queluz.

Em seu livro “Aontamentos para a Historia de Conselheiro Lafaiete – Antiga Queluz de Minas), Romeu Guimarães de Albuquerque diz que  uma missão foi nomeada para receber o Imperador em Carandaí, composta pelo Dr. Francisco José Pereira Zebral, Dr. Francisco Gualberto de Souza,  Joaquim Afonso Baêta Neves, Padre José Vieira de Souza Barros, Major Egídio Paulo Andrade , Dr. Washington Rodrigues Pereira, Major Albino de Almeida Cyrino, Comendador João Crisóstomo de Queiroz  e Dr Antônio Joaquim de Souza Paraíso.

Vejam que interessante está no referido livro  de Romeu Guimarães de Abuquerque sobre a preparação da cidade para receber D. Pedro II:

.

“A Câmara Munucipal mandou intimar os proprietários a limparem as fachadas de suas casas, consertou as calçadas e limpou as ruas para a imperial chegada.

O almoço para S.M. e comitiva foi sncomendado a Felipe da Silva Ferrão, da Fazenda do Engenho, estrada para Carandaí.

O almoço custou 1.346$746 réis, que a Câmara pagou e depois recebeu da coletoria de Juiz de Fora, por ordem do Governo Provincial.”

Imagem da Internet

 

No jornal Revista Ilustrada. Rio de Janeiro, ano 6, número 245, 1881, traz,  na época, esta notícia:

.              “A cidade de Queluz recebeu SS. MM. II. com o maior júbilo. Entusiasmo indescritível, grandes ovações, fogos, músicas etc. A cidade deu aos Augustos Viajantes as mais solenes provas de contentamento.”

.           Sobre a estadia de D. Pedro aqui em nossa cidade, achei interessante colocar a parte em que ele fala de  Queluz em um diário que escreveu sobre a viagem dele por Minas Gerais.:

.                      “29 (terça-feira) – Dormi bem. Saída às 6 h. (…) Do Alto das Bandeirinhas já se avistam casas de Queluz. Parou-se em algum lugar por causa das liteiras. O tempo das pequenas paradas e o do almoço andariam por menos de duas horas. O coronel Pereira apontou-me suas terras do Ribeirão do Inferno e Queluz. Possui outras fazendas que dão-lhe 50 crias de mulas e 100 de poldros no ano. Antes de Queluz, atravessa-se o ribeirão das Bananeiras, onde não vi nenhuma. Ouvi também falar do alto de Paraopeba, de onde se goza de vista extensa e bela, e da ponte deste rio que ainda não é navegável para canoas nessa altura. A várzea por onde serpeira o Bananeiras é bonita, assim como a entrada em Queluz por um novo caminho que se fez seguindo o alto do morro. No fundo da cidade e fim de uma subida está a igrejinha de Santo Antônio e no fundo alteia-se a Serra do Ouro Branco, coroada de nuvens douradas pelo sol que se punha pelo lado oposto. O aspecto da cidade é mais pitoresco que o de  Barbacena.

.Imagem da Internet

            Descansei um pouco conversando com a família de Washinton, filho do coronel Pereira, e saí para ver aulas que são duas – agradando-me a de meninos, cadeia bom edifício por acabar internamente; porém onde fala quase tudo, não tendo os soldados da polícia nem baionetas nem sabres-baionetas: Câmara Municipal que se acabou de arranjar hoje – bonita fachada a que não corresponde o resto – puseram as armas do Brasil dentro do antigo escudo português, que quiiseram aproveitar – e voltei para casa.

‘Apareceu o violeiro – fazem-se aqui muitas violas  – a que veio tinha caixa de pinho e braço de jacarandá, sendo os embutidos de cabiúna. O rapaz tocou bem viola e melhor violão feito aqui. As ruas de Queluz não são de fácil trânsito, sobretudo de noite. Antes de ouvir o violeiro, houve Te Deum na Matriz. Arranjaram-no sofrivelmente. Na capela nova há pinturas que, talvez, não sejam más, porém a falta de luz não me permitiram vê-las bem. Conversei com a mulher de Washinton Pereira, filha de Luís Antônio Barbosa, que lembrou-me tê-la eu interrogado num colégio de Niterói. Parece-me excelente senhora e muito inteligente. Recolhi- me depois das nove.”

.            A casa do Washington Rodrigues Pereira que ele cita era onde depois residiu a família do Deputado Antônio Ribeiro Franco, na Praça Tiradentes, em frente ao Museu Perdigão, naquela época a Cadeia Pública.

Amanhã termino a parte do DIÁRIO DE VIAGEM DE D. PEDRO II, que fala da saída dele da cidade e, ainda em terras  do Município de Queluz , passando pela Estalagem da Varginha do Lourenço.

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 46

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

 

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 46

 

Não existe garimpo mais rico e faiscante que o da Cultura.

 E, neste, veio mais fascinante e apaixonante que

 o da História.

Prezados Leitores:

Continuando a trazer o maior número possível de informações sobre o SÉCULO XIX EM QUELUZ, VOU FAZER UM CONVITE A VOCÊS: VENHAM COMIGO, NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO, ATÉ CERTA MANHÃ DO SÉCULO XIX.  E IMAGINEM O0 QUE PODEMOS VER NA IMAGINAÇÃO…

 

Onde é a Praça Barão de Queluz, naquele tempo era Largo da Matriz. Em uma  manhãzinha…

 

OITENTA MÚSICOS SE ORGANIZAM NA FRENTE DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO. E AÍ AQUELA MÚSICA PODEROSA, LINDA, VIBRANTE, SE ESPALHA POR SOBRE A PRAÇA, VAI SE ESPALHANDO EM VOLTA, ATINGINDO AS ÁRVORES ATRÁS DAS CASAS E CHAMANDO OS QUELUZIANOS PARA OUVIREM A BELÍSSIMA E GRANDIOSA MÚSICA DA ÓPERA “O GUARANI”!!!

Estátua  de Carlos Gomes

Imagem da Internet

 

Fantasia? NÃO. PURA REALIDADE ACONTECIA NAQUELA MANHÃ A PRIMEIRA APRESENTAÇÃO PÚBLICA DA FAMOSA ÓPERA “O GUARANI”!!!!!!!

 

Vou explicar agora o que significa esta fantasia.

 

Não existe garimpo mais rico e faiscante que o da Cultura. E, neste, veio mais fascinante e apaixonante que o da História. Os tempos passados de Conselheiro Lafaiete estão, em grande parte, escondidos sob a camada do tempo, e cremos que há muitas pepitas preciosas aguardando quem as traga à flor da terra. Mesmo fatos irretorquíveis distorcem-se na distância e ausência de documentos.

 

Às vezes, informações esparsas nos atiçam a curiosidade. Jair Noronha encontrava-se escrevendo uma história de Conselheiro Lafaiete quando foi surpreendido pela morte. No seu vasto acervo, encontramos várias anotações interessantes, algumas meio telegráficas, em  papeizinhos, como a que vamos focalizar hoje. Estava junto a outras tiradas do Livro do Tombo daquela época que, infelizmente, desapareceu.

 

No  papelzihho estava escrito assim:

 

“José Loureiro de Albuquerque regeu orquestra de 80 figuras – Carlos Gomes.”

.

Naturalmente era um lembrete a ser transformado em informação maior. Não achei o Livro do Tombo nem na Matriz nem em Mariana. Mas encontrei no Museu Perdigão uma informação na pasta sobre a Matriz de Nossa Senhora da Conceição que ele  estava em Ouro Preto. Deduzi logo  que seria no Instituto Histórico de Ouro Preto que se dissolveu, sendo seu material espalhado por vários locais de estudo histórico. Procurei demais esse precioso livro em vários endereços e, infelizmente, nada encontrei. Quanta coisa interessante estaria registrada nele! Foi uma grande perda!

.

Já conhecia José Loureiro Albuquerque por intermédio da obra de Antônio Luiz Perdigão. Dizia  ele que, no século XIX, Francisco Coelho de Albuquerque, cuja residência ficava ao lado da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde hoje é a casa da poetisa Marília Perdigão, organizara uma pequena orquestra com os filhos, que tocavam violinos, da qual ele era o primeiro violino, e as filhas formavam o coral . Todas as manhãs executavam música no Largo da Matriz, em frente à majestosa igreja.

 

JÁ IMAGINARAM QUE BELA MANIFESTAÇÃO CULTURAL? Quem sabe algum dia tenhamos algo semelhante resgatando essa beleza do passado?

.

Um dos filhos de Francisco Coelho, o talentoso José, indo para a Corte, tornou-se respeitado maestro e consta que, em certas apresentações, o notável queluziano regeu “O Guarani”, famosa obra de seu grande amigo Carlos Gomes. Isto já é motivo de grande orgulho para nós, seus conterrâneos.

Imagem da  Internet

 

Um dia, nova notícia despertou o meu entusiasmo. Um músico mineiro da cidade de Monlevade, estabelecido na Itália, teria encontrado, naquele país, um registro interessante, de acordo com o qual Carlos Gomes, antes de apresentar a referida ópera em Milão, em 1870, onde obteve estrondoso sucesso, resolveu tocá-la em Vila Rica, atual Ouro Preto, para verificar a reação pública à sua música. A CAMINHO DA CAPITAL DA PROVÍNCIA, PERNOITOU EM QUELUZ E, DE MANHÃ, ANTES DE PROSSEGUIR VIAGEM, EM FRENTE À MATRIZ, FEZ A PRIMEIRA APRESENTAÇÃO PÚBLICA MUNDIAL  DE  “O GUARANI”.

 

Não tive dúvidas desse fato que me fora contado pelo grande músico Geraldo Vasconcelos, de quem tanto a nossa cidade se orgulha, porque, antes de saber da informação do músico, encontrara, nas notinhas que meu pai escrevia para fazer uma História da Cidade, aquelas palavras.

Carlos Gomes – Protofonia da ópera O Guarani

Imagem da Internet

 

VAMOS TERMINAR  VOLTANDO ÀS ASAS DA IMAGINAÇAO, VENDO DE  OLHOS FECHADOS O LARGO DA MATRIZ, E OUVINDO COM A MÁGICA  DA FANTASIA, OS ACORDES VIBRANTES DE “O GUARANI”. (Vou confessar baixinho uma  coisa, estou vendo, com os olhos fechados, o Carlos Gomes todo emocionado ao lado do Francisco Coelho de Albuquerque, olhando embevecido a   orquestra…)

 

COMO ESTÃO VENDO, COMO FOI RICO DE ACONTECIMENTOS O SÉCULO XIX EM NOSSA QUELUZ!!!

 

 

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – GARIMPANDO NOTÍCIAS 45

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

GARIMPANDO NOTÍCIAS 45

COISAS DA QUARESMA EM QUELUZ

Avelina Maria Noronha de Almeida

Eram várias, as superstições relacionadas com a Quaresma em Queluz: quem dançasse, fizesse festa corria o risco de ver ou virar mula-sem-cabeça ou lobisomem. Casar na Quaresma, nem pensar!

Neste período do século XIX que estamos focalizando, vamos falar hoje coisas que aconteciam naquela época, narradas por quem aqui residia, sendo testemunha ocular do comportamento de nosso povo.

Imagem da Internet

Francisco de Paula Ferreira de Rezende, por decreto de 30.10.1856, foi nomeado Juiz Municipal e de Órfãos em Queluz (atual Conselheiro Lafaiete), Minas Gerais, onde permaneceu até 1861, acumulando nesta cidade também o cargo de delegado de polícia.

Ele conta, em seu livro “Minhas Recordações”, que, em nossa terra, encontrou alguns costumes interessantes relacionados com a Quaresma. Um deles era a Serração da Velha, que ele assim descreve, embora ressaltando que nem sempre a memória ajudasse. Ele diz o seguinte sobre essa folia:

.            “.De três coisas, entretanto, me recordo: a velha é a quaresma que eles tratam de serrar; pois que esse brinquedo  tem lugar justamente no meio exato da quaresma; segundo que a velha faz um testamento exatamente como o de Judas em que se trata de satirizar os costumes ou antes algumas pessoas; e terceiro finalmente que este brinquedo terminava  por uma paródia mais ou menos perfeita de um enterro ou antes de um ofício solene de defunto, pois que, reunidos todos defronte da minha casa, no largo da Matriz,  com estandartes, luzes, e muitos deles vestidos de padres,  aí se conservavam um tempo imenso a cantarem lições e a praticarem algumas outras solenidades que são próprias daqueles ofícios.”

.            FRANCISCO DE  PAULA residia onde foi o antigo Forum, na Praça Barão de Queluz.

O relato que ele faz é muito sucinto, mas naturalmente o ritual devia ser  como o que geralmente se usava na região. A Serração da Velha consistia em ritos festivos oriundos das folias portuguesas e que aconteciam na quarta-feira da terceira semana da Quaresma no Brasil, no séculos XVIII, e desapareceram  mais ou menos nos anos 70 do século XIX. Era uma crítica ferina à figura das avós pela forma violenta que comumente usavam naquela época nos métodos de disciplinar as netas. No Rio de Janeiro, de acordo com as crônicas coloniais, as mulheres idosas ficavam quietinhas, escondidas em suas alcovas, não saindo às ruas enquanto não passavam os préstitos. Creio que aqui não se chegava e esses extremos.

Algumas fontes citam os seguintes rituais:

Em cima de um estrado há uma pipote onde dizem estar encerrada uma velha condenada ao suplício do serrote. Um homem com um serrote finge estar serrando o pipote. Enquanto isso, o povo canta:

.            Serra a velha, / Força no serrote. / Serra a velha /  Dentro do pipote.

..          Esta velha tem malícia, / Esta velha vai morrer. / Venha ver serrar a velha, / Minha gente, venha ver.

Serra, serra, serra a velha, / Puxa a serra, serrador, / Que esta velha deu na neta / Por lhe ouvir falar de amor.

Aí o serrador cantava com voz de falsete:

.Que castigo ela merece? / Dizei-me senhores meus.

.E a turba alvorotada repetia o canto inicial:

.Serra a velha,/ Força no serrote./ Serra velha / Dentro do pipote.

.Alguns autores acreditam que essa folia ainda é celebrada de forma cristianizada na “queima do Judas” e no “testamento do Judas”.

.Padre José Duarte de Souza, num livro inédito em que apresenta subsídios de pesquisas feitas em diversas fontes com vista a uma futura história de nossa cidade (sonho que ele, infelizmente, não teve tempo de realizar), focalizando as diversões populares em Queluz, no caso a “serração da velha”, diz que algumas mulheres “revoltadas e indignadas, xingavam e, às vezes, recorriam ao Juiz de Direito para proibir tal diversão. Durante o percurso pelas ruas ao clarão de tochas e lanternas, o povo cantava estes versos:

.Olha a velha de lá, / Abra a boca de cá, / Põe a mão na espada, / Vamos guerrear.

Quando ver (sic) a velha / Com cara de que chorou / A cachaça na venda / Já se acabou.

Quando ver ( sic)  a velha / Na porta sorrindo, A cachaça na venda, / Já está se medindo.

.Ao chegar ao Largo da Matriz, hoje praça Barão de Queluz, lia-se o testamento da velha, cujo alvo era satirizar os costumes e pessoas do lugar. Terminava por uma paródia mais ou menos perfeita de um enterro com estandarte, música e alguns vestidos de padre para a celebração solene das exéquias”.               Outro brinquedo utilizado na Quaresma chamava-se “Luiz ou Liz Teixeira”. Ia  um homem  carregado em uma padiola ou em um espécie de andor, acompanhado pelo povo em algazarra, o qual ia serrando uma grande cabaça, fazendo trejeitos e momices, despertando gritos de alegria dos acompanhantes que ia cantando pelas ruas e praças versos sobre a cachaça.

A cachaça boa / É de garrafão, / Bebe o afilhado, / Bebe o patrão.

A cachaça boa / É da garrafinha, Bebe a afilhada, / Bebe a madrinha.

A cachaça é boa, / Eu daqui não saio. / Aqui mesmo eu bebo, / Aqui mesmo eu caio.

O homem, que eles chamavam de Luiz Teixeira, em cada parada fazia um discurso sobre a cachaça.

Hoje as superstições esmaeceram na distância do tempo (embora aqui e ali ainda haja resquícios), porém, em seu lugar, encontramos outras atitudes que, graças a Deus, não estão em todas as pessoas: a descrença, a indiferença, o desrespeito.

Não podemos negar que havia uma  graça especial nos tempos de outrora!

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