Ícones do Barroco brasileiro passam por desinfestação em Congonhas

Pela primeira vez em sua história, as 15 peças esculpidas pelo Aleijadinho, que formam a Santa Ceia, em Congonhas, na Região Central de Minas, passam pelo processo de desinfestação

Congonhas – Um acervo extraordinário do Barroco brasileiro, com reconhecimento internacional, se encontra, neste exato momento, dentro de cinco gigantescas bolhas de plástico. O motivo é justo, necessário e preventivo. Pela primeira vez em sua história, as 15 peças esculpidas por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), que formam a Santa Ceia, em Congonhas, na Região Central de Minas, passam pelo processo de desinfestação denominado anóxia ou anoxia, para matar cupins e evitar a proliferação dos insetos, caso presentes na madeira.

O método consiste em colocar as imagens dentro da bolha de plástico especial – cada uma tem 3 m de comprimento, 2 m de largura e 1 m de altura –, fechada com barreiras e válvulas. Quando tudo está bem acondicionado e vedado, a equipe técnica injeta nitrogênio para ser retirado todo o oxigênio existente no interior da bolha. Dessa forma, “tudo o que estiver vivo lá dentro morre”, diz o especialista Adriano Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, de Belo Horizonte, à frente do processo de desinfestação. Ele informa que foram localizados ovos dos insetos numa das esculturas, daí a urgência da prevenção.

Peças passam pelo processo de desinfestação denominado anóxia ou anoxia, para matar cupins e evitar a proliferação dos insetos
Peças passam pelo processo de desinfestação denominado anóxia ou anoxia, para matar cupins e evitar a proliferação dos insetosJair Amaral/EM/D.A press

Exposto na capela da Santa Ceia, um dos seis Passos da Paixão de Cristo, que guardam as 64 peças sacras esculpidas por Aleijadinho, no entorno da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, as 15 imagens do tesouro barroco de Minas ficarão na bolha durante 45 dias. Enquanto isso, a prefeitura conduz o trabalho de conservação das capelas, com acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois os bens são tombados pela União e integram o complexo arquitetônico e artístico (incluindo os 12 profetas esculpidos também por Aleijadinho, no adro da basílica) reconhecido como Patrimônio Mundial.

Segurança

Dentro de rigoroso esquema de segurança, com proteção da Guarda Municipal e Polícia Militar, as peças foram retiradas, há duas semanas, da capela da Santa Ceia, informa o diretor de Patrimônio da Prefeitura de Congonhas, arquiteto Hugo Cordeiro. “Esperamos que a Santa Ceia possa ser admirada novamente, no Passo, até o Natal”, afirma. Além da figura do Cristo, dos 12 apóstolos e dois servos, fazem parte do acervo um leitãozinho numa bandeja e a mesa. Em tamanho natural, foram feitas por Aleijadinho entre 1796 e 1799.

O trabalho de desinfestação, com recurso de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado pelo Ministério Público Federal, ocorre em lugar mantido em sigilo, seguindo monitorado pela equipe comandada por Adriano Ramos. Enquanto verificam uma das bolhas com as imagens de Cristo e dos apóstolos João (São João Evangelista) e Bartolomeu (São Bartolomeu), ele e o técnico em restauração Fábio Canuto falam sobre o processo de anóxia ou anoxia e mostram equipamentos usados, incluindo o oxímero, que monitora os níveis de nitrogênio e de oxigênio, o qual precisa estar “zerado” dentro da bolha.

Depois de colocadas as peças dentro da bolha, tomando o cuidado para que não encostem no plástico, a equipe injeta o nitrogênio, faz a selagem e a vedação com válvulas. A partir daí, é ficar de olho e esperar o resultado. Com experiência de décadas na restauração de bens culturais, Adriano Ramos não se cansa de exaltar a beleza e a qualidade das peças, um patrimônio visitado por gente do mundo inteiro. “São de cedro vermelho, esculpidas no final do século XVIII. Na época, a madeira, após cortada, ficava secando por um ano.”

Restauro das capelas

Em outra frente de trabalho, desta vez com recursos da Prefeitura de Congonhas, está em andamento a restauração das seis capelas abrigando sete cenas da Paixão de Cristo. O prazo previsto das intervenções é de seis meses. Na primeira capela, a da Santa Ceia, os trabalhos estão a todo vapor, conforme comprovou o EM, na manhã de quinta-feira, na companhia do diretor de Patrimônio, Hugo Cordeiro, e do engenheiro Ronaldo José Silva de Lourdes, ambos da prefeitura local, da arquiteta Raymara Luz, do escritório do Iphan na cidade e da técnica em conservação e restauração, Adenice Souza, também do Iphan.

Iniciados há duas semanas, os serviços na capela da Santa Ceia, a maior das seis e primeira a ser construída (entre 1799 e 1808), têm previsão de término antes do Natal, quando as peças deverão estar no local. A conservação dos templos, com material (cal, argamassa de cal e areia) e técnicas construtivas da época, segundo Raymara, contempla a recomposição de rebocos e algumas partes degradadas, tratamento das cúpulas, limpeza das cantarias e pintura das esquadrias de madeira. Devido às chuvas do ano passado, a capela foi coberta provisoriamente, conforme documentou o EM, por uma estrutura metálica e lona, afixada no chão – a instalação da proteção foi em 22 de março, pela Prefeitura de Congonhas.

O trabalho de conservação das seis capelas será feito por etapas, informa Raymara. Na sequência, após Santa Ceia, estão Horto das Oliveiras, Prisão, Flagelação e Coroa de Espinhos, Cruz às Costas e Crucificação (ver o quadro). Nesse período, a ação de desinfestação poderá ocorrer tanto nesse espaço como em outro determinado pela reitoria da basílica, vinculada à Arquidiocese de Mariana, e que tem como reitor o cônego Nédson Pereira de Assis.

Duas frentes de trabalho

1) Esculturas de Aleijadinho

– 15 peças da capela da Santa Ceia passam pelo processo de desinfestação via anóxia ou anoxia. O prazo é de 45 dias.

– Todo o conjunto de 64 peças, no prazo de 13 meses, passará pelo mesmo processo. Algumas esculturas dentro da capela, outras em local a ser determinado.

– Os recursos para esse trabalho provém de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado pelo Ministério Público Federal.

2) Capelas ou Passos da Paixão de Cristo

– As seis capelas, no entorno da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, passarão pelo processo de conservação.

– A primeira é a da Santa Ceia. A expectativa é ficar pronta, com as 15 peças, antes do Natal.

– Os recursos para a obra são da Prefeitura de Congonhas

Arte e fé
Conheça a história das seis capelas de Congonhas que retratam os Passos da Paixão de Cristo e trazem, na fachada, citações bíblicas:

1) Santa Ceia

Construída entre 1799 e 1808, é a maior das capelas, com 10 metros de altura e área de 6m x 6m. Traz os 12 apóstolos, Cristo e dois servos esculpidos por Aleijadinho, que teria também sido o responsável pelo desenho do prédio. Segundo pesquisas, foi a única que Aleijadinho viu concluída. As pinturas das paredes são de Mestre Ataíde. A citação em latim sobre a porta é de São Mateus: “Enquanto ceavam, Ele tomou o pão e disse: ‘Eis o meu corpo’”.

2) Horto das Oliveiras

Cristo suando sangue, o anjo da amargura com o cálice e os apóstolos Pedro, Tiago e João são as imagens que compõem o cenário criado pelo Mestre Ataíde. Foi construída entre 1813 e 1818. A citação é de São Lucas: “Tendo caído em agonia, orava com mais insistência”.

3) Prisão

O cenário pintado por Ataíde recria o Monte das Oliveiras, com colunas e decoração, arcos e vegetação para valorizar o conjunto de peças – Cristo, Judas, São Pedro e soldados. A citação é de São Marcos: “Como se fosse um ladrão, com espadas e varapaus, vieste prender-Me?”.

4) Flagelação e Coroação de Espinhos

Da construção das primeiras capelas às três seguintes passaram-se quase cinco décadas, sendo a obra feita de 1864 a 1875. Esse passo, um dos mais visitados pelos turistas, mostra duas cenas separadas por uma barra. Do lado esquerdo, está Cristo atado a uma coluna, enquanto um soldado o esbofeteia; do direito, a imagem também conhecida como Senhor da Pedra Fria ou Cristo da Cana Verde. A citação é de São João: “Eis o homem”. A policromia das imagens da capela, da Cruz às Costas e da Crucificação é de autoria de Francisco Xavier Carneiro, contemporâneo do Mestre Ataíde.

5) Cruz às Costas

Construída entre 1864 e 1875. As imagens esculpidas por Aleijadinho mostram Cristo ao lado de duas mulheres, de guardas romanos, do mascote da guarda e de um arauto que anuncia o cortejo pelas ruas de Jerusalém. As pinturas nas paredes são de autor desconhecido. A citação é de São João: “Tomando sobre si a cruz”.

6) Crucificação

As peças mostram Maria Madalena ao pé da cruz, soldados disputando as vestes de Cristo, o centurião romano São Longuinho, o bom ladrão, Dimas, e o mau ladrão, Gestas. A citação é de São João: “Num lugar chamado Gólgota, O crucificaram. Com Ele, outros dois, um de cada lado”.

Fonte: Luciomar Sebastião de Jesus, escultor e pesquisador de Congonhas

FONTE ESTADO DE MINAS

Ícones do Barroco brasileiro passam por desinfestação em Congonhas

Pela primeira vez em sua história, as 15 peças esculpidas pelo Aleijadinho, que formam a Santa Ceia, em Congonhas, na Região Central de Minas, passam pelo processo de desinfestação

Congonhas – Um acervo extraordinário do Barroco brasileiro, com reconhecimento internacional, se encontra, neste exato momento, dentro de cinco gigantescas bolhas de plástico. O motivo é justo, necessário e preventivo. Pela primeira vez em sua história, as 15 peças esculpidas por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), que formam a Santa Ceia, em Congonhas, na Região Central de Minas, passam pelo processo de desinfestação denominado anóxia ou anoxia, para matar cupins e evitar a proliferação dos insetos, caso presentes na madeira.

O método consiste em colocar as imagens dentro da bolha de plástico especial – cada uma tem 3 m de comprimento, 2 m de largura e 1 m de altura –, fechada com barreiras e válvulas. Quando tudo está bem acondicionado e vedado, a equipe técnica injeta nitrogênio para ser retirado todo o oxigênio existente no interior da bolha. Dessa forma, “tudo o que estiver vivo lá dentro morre”, diz o especialista Adriano Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, de Belo Horizonte, à frente do processo de desinfestação. Ele informa que foram localizados ovos dos insetos numa das esculturas, daí a urgência da prevenção.

Peças passam pelo processo de desinfestação denominado anóxia ou anoxia, para matar cupins e evitar a proliferação dos insetos
Peças passam pelo processo de desinfestação denominado anóxia ou anoxia, para matar cupins e evitar a proliferação dos insetosJair Amaral/EM/D.A press

Exposto na capela da Santa Ceia, um dos seis Passos da Paixão de Cristo, que guardam as 64 peças sacras esculpidas por Aleijadinho, no entorno da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, as 15 imagens do tesouro barroco de Minas ficarão na bolha durante 45 dias. Enquanto isso, a prefeitura conduz o trabalho de conservação das capelas, com acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pois os bens são tombados pela União e integram o complexo arquitetônico e artístico (incluindo os 12 profetas esculpidos também por Aleijadinho, no adro da basílica) reconhecido como Patrimônio Mundial.

Segurança

Dentro de rigoroso esquema de segurança, com proteção da Guarda Municipal e Polícia Militar, as peças foram retiradas, há duas semanas, da capela da Santa Ceia, informa o diretor de Patrimônio da Prefeitura de Congonhas, arquiteto Hugo Cordeiro. “Esperamos que a Santa Ceia possa ser admirada novamente, no Passo, até o Natal”, afirma. Além da figura do Cristo, dos 12 apóstolos e dois servos, fazem parte do acervo um leitãozinho numa bandeja e a mesa. Em tamanho natural, foram feitas por Aleijadinho entre 1796 e 1799.

O trabalho de desinfestação, com recurso de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado pelo Ministério Público Federal, ocorre em lugar mantido em sigilo, seguindo monitorado pela equipe comandada por Adriano Ramos. Enquanto verificam uma das bolhas com as imagens de Cristo e dos apóstolos João (São João Evangelista) e Bartolomeu (São Bartolomeu), ele e o técnico em restauração Fábio Canuto falam sobre o processo de anóxia ou anoxia e mostram equipamentos usados, incluindo o oxímero, que monitora os níveis de nitrogênio e de oxigênio, o qual precisa estar “zerado” dentro da bolha.

Depois de colocadas as peças dentro da bolha, tomando o cuidado para que não encostem no plástico, a equipe injeta o nitrogênio, faz a selagem e a vedação com válvulas. A partir daí, é ficar de olho e esperar o resultado. Com experiência de décadas na restauração de bens culturais, Adriano Ramos não se cansa de exaltar a beleza e a qualidade das peças, um patrimônio visitado por gente do mundo inteiro. “São de cedro vermelho, esculpidas no final do século XVIII. Na época, a madeira, após cortada, ficava secando por um ano.”

Restauro das capelas

Em outra frente de trabalho, desta vez com recursos da Prefeitura de Congonhas, está em andamento a restauração das seis capelas abrigando sete cenas da Paixão de Cristo. O prazo previsto das intervenções é de seis meses. Na primeira capela, a da Santa Ceia, os trabalhos estão a todo vapor, conforme comprovou o EM, na manhã de quinta-feira, na companhia do diretor de Patrimônio, Hugo Cordeiro, e do engenheiro Ronaldo José Silva de Lourdes, ambos da prefeitura local, da arquiteta Raymara Luz, do escritório do Iphan na cidade e da técnica em conservação e restauração, Adenice Souza, também do Iphan.

Iniciados há duas semanas, os serviços na capela da Santa Ceia, a maior das seis e primeira a ser construída (entre 1799 e 1808), têm previsão de término antes do Natal, quando as peças deverão estar no local. A conservação dos templos, com material (cal, argamassa de cal e areia) e técnicas construtivas da época, segundo Raymara, contempla a recomposição de rebocos e algumas partes degradadas, tratamento das cúpulas, limpeza das cantarias e pintura das esquadrias de madeira. Devido às chuvas do ano passado, a capela foi coberta provisoriamente, conforme documentou o EM, por uma estrutura metálica e lona, afixada no chão – a instalação da proteção foi em 22 de março, pela Prefeitura de Congonhas.

O trabalho de conservação das seis capelas será feito por etapas, informa Raymara. Na sequência, após Santa Ceia, estão Horto das Oliveiras, Prisão, Flagelação e Coroa de Espinhos, Cruz às Costas e Crucificação (ver o quadro). Nesse período, a ação de desinfestação poderá ocorrer tanto nesse espaço como em outro determinado pela reitoria da basílica, vinculada à Arquidiocese de Mariana, e que tem como reitor o cônego Nédson Pereira de Assis.

Duas frentes de trabalho

1) Esculturas de Aleijadinho

– 15 peças da capela da Santa Ceia passam pelo processo de desinfestação via anóxia ou anoxia. O prazo é de 45 dias.

– Todo o conjunto de 64 peças, no prazo de 13 meses, passará pelo mesmo processo. Algumas esculturas dentro da capela, outras em local a ser determinado.

– Os recursos para esse trabalho provém de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado pelo Ministério Público Federal.

2) Capelas ou Passos da Paixão de Cristo

– As seis capelas, no entorno da Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, passarão pelo processo de conservação.

– A primeira é a da Santa Ceia. A expectativa é ficar pronta, com as 15 peças, antes do Natal.

– Os recursos para a obra são da Prefeitura de Congonhas

Arte e fé
Conheça a história das seis capelas de Congonhas que retratam os Passos da Paixão de Cristo e trazem, na fachada, citações bíblicas:

1) Santa Ceia

Construída entre 1799 e 1808, é a maior das capelas, com 10 metros de altura e área de 6m x 6m. Traz os 12 apóstolos, Cristo e dois servos esculpidos por Aleijadinho, que teria também sido o responsável pelo desenho do prédio. Segundo pesquisas, foi a única que Aleijadinho viu concluída. As pinturas das paredes são de Mestre Ataíde. A citação em latim sobre a porta é de São Mateus: “Enquanto ceavam, Ele tomou o pão e disse: ‘Eis o meu corpo’”.

2) Horto das Oliveiras

Cristo suando sangue, o anjo da amargura com o cálice e os apóstolos Pedro, Tiago e João são as imagens que compõem o cenário criado pelo Mestre Ataíde. Foi construída entre 1813 e 1818. A citação é de São Lucas: “Tendo caído em agonia, orava com mais insistência”.

3) Prisão

O cenário pintado por Ataíde recria o Monte das Oliveiras, com colunas e decoração, arcos e vegetação para valorizar o conjunto de peças – Cristo, Judas, São Pedro e soldados. A citação é de São Marcos: “Como se fosse um ladrão, com espadas e varapaus, vieste prender-Me?”.

4) Flagelação e Coroação de Espinhos

Da construção das primeiras capelas às três seguintes passaram-se quase cinco décadas, sendo a obra feita de 1864 a 1875. Esse passo, um dos mais visitados pelos turistas, mostra duas cenas separadas por uma barra. Do lado esquerdo, está Cristo atado a uma coluna, enquanto um soldado o esbofeteia; do direito, a imagem também conhecida como Senhor da Pedra Fria ou Cristo da Cana Verde. A citação é de São João: “Eis o homem”. A policromia das imagens da capela, da Cruz às Costas e da Crucificação é de autoria de Francisco Xavier Carneiro, contemporâneo do Mestre Ataíde.

5) Cruz às Costas

Construída entre 1864 e 1875. As imagens esculpidas por Aleijadinho mostram Cristo ao lado de duas mulheres, de guardas romanos, do mascote da guarda e de um arauto que anuncia o cortejo pelas ruas de Jerusalém. As pinturas nas paredes são de autor desconhecido. A citação é de São João: “Tomando sobre si a cruz”.

6) Crucificação

As peças mostram Maria Madalena ao pé da cruz, soldados disputando as vestes de Cristo, o centurião romano São Longuinho, o bom ladrão, Dimas, e o mau ladrão, Gestas. A citação é de São João: “Num lugar chamado Gólgota, O crucificaram. Com Ele, outros dois, um de cada lado”.

Fonte: Luciomar Sebastião de Jesus, escultor e pesquisador de Congonhas

FONTE ESTADO DE MINAS

O barroco e o minério: escultura de 20 toneladas de pedra será instalada na entrada de cidade histórica

O prefeito Angelo Oswaldo participou, no dia 10 deste mês, do início da montagem da nova marca que representará o Município. Simbolizando a forte presença “mineral” na região, Ouro Preto será apresentado por uma grande escultura em seu trevo. A obra, que será inaugurada em 16 de setembro, às 16 horas, recebeu o nome de Pepita II, classificada como serpentinita (componente das rochas com aplicações variadas como é o caso da pedra-sabão).

Pepita II é uma idealização de Sérgio Machado, escultura permanente, suspensa a 12 metros, que traduz a força do aço e da rocha (minerais de grande representatividade para a região). Pepita II ressalta, sobretudo, a base do conceito do barroco que é o contraste, mas sob um olhar contemporâneo.

O prefeito Angelo Oswaldo fala sobre a obra de arte: “No vértice do vento e da manhã’, a pedra se ergue sobre os gerais das minas e tem o brilho mágico dos símbolos”.

A obra de arte faz parte do Edital Arte em Aço Gerdau, parceria com o Governo de Minas, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.  Seis esculturas serão inauguradas em nove cidades e, além de Ouro Preto, haverá obras em Barão de Cocais, Belo Horizonte, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Itabirito, Ouro Branco e Três Marias, criadas por sete artistas mineiros selecionados.

Além da escultura permanente, também há a exposição Pepita, aberta no Museu Casa dos Contos no dia 19 de agosto, que pode servisitada até 15 de outubro, de terça a sábado, das 10h às 16h, e no domingo, das 10h às 14h. A mostra, que traz a pesquisa do artista em detalhes, expõe com pinturas, desenhos e esculturas um relato da criação de Pepita II.

Sérgio Machado, que é reconhecido pelo seu trabalho com rochas, estudou na Escola Guignard e já expôs em todo país e também no exterior. Ele destaca que esta é uma grande realização pessoal e profissional: “É um grande presente para Ouro Preto e para mim também, pela importância cultural que a cidade tem em âmbito internacional”

Ficha Técnica:

  • Sérgio Machado – Artista/Idealizador
  • Francisco Nuk – Proponente /Idealizador
  • Paulo Mendes – Engenheiro responsável
  • Artur Andrade- Coordenador de produção
  • Angelo Oswaldo – Prefeito de Ouro Preto
  • Guilherme Johannpeter Presidente da Gerdau

Texto: Vanência Magela / Revisão: Victor Stutz

FONTE PREFEITURA OURO PRETO

O barroco e o minério: escultura de 20 toneladas de pedra será instalada na entrada de cidade histórica

O prefeito Angelo Oswaldo participou, no dia 10 deste mês, do início da montagem da nova marca que representará o Município. Simbolizando a forte presença “mineral” na região, Ouro Preto será apresentado por uma grande escultura em seu trevo. A obra, que será inaugurada em 16 de setembro, às 16 horas, recebeu o nome de Pepita II, classificada como serpentinita (componente das rochas com aplicações variadas como é o caso da pedra-sabão).

Pepita II é uma idealização de Sérgio Machado, escultura permanente, suspensa a 12 metros, que traduz a força do aço e da rocha (minerais de grande representatividade para a região). Pepita II ressalta, sobretudo, a base do conceito do barroco que é o contraste, mas sob um olhar contemporâneo.

O prefeito Angelo Oswaldo fala sobre a obra de arte: “No vértice do vento e da manhã’, a pedra se ergue sobre os gerais das minas e tem o brilho mágico dos símbolos”.

A obra de arte faz parte do Edital Arte em Aço Gerdau, parceria com o Governo de Minas, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.  Seis esculturas serão inauguradas em nove cidades e, além de Ouro Preto, haverá obras em Barão de Cocais, Belo Horizonte, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Itabirito, Ouro Branco e Três Marias, criadas por sete artistas mineiros selecionados.

Além da escultura permanente, também há a exposição Pepita, aberta no Museu Casa dos Contos no dia 19 de agosto, que pode servisitada até 15 de outubro, de terça a sábado, das 10h às 16h, e no domingo, das 10h às 14h. A mostra, que traz a pesquisa do artista em detalhes, expõe com pinturas, desenhos e esculturas um relato da criação de Pepita II.

Sérgio Machado, que é reconhecido pelo seu trabalho com rochas, estudou na Escola Guignard e já expôs em todo país e também no exterior. Ele destaca que esta é uma grande realização pessoal e profissional: “É um grande presente para Ouro Preto e para mim também, pela importância cultural que a cidade tem em âmbito internacional”

Ficha Técnica:

  • Sérgio Machado – Artista/Idealizador
  • Francisco Nuk – Proponente /Idealizador
  • Paulo Mendes – Engenheiro responsável
  • Artur Andrade- Coordenador de produção
  • Angelo Oswaldo – Prefeito de Ouro Preto
  • Guilherme Johannpeter Presidente da Gerdau

Texto: Vanência Magela / Revisão: Victor Stutz

FONTE PREFEITURA OURO PRETO

O barroco, o regionalismo e o cordel: Abril Poético entra na segunda fase promovendo o intercâmbio das culturas mineiras e potiguar

O barroco, o regionalismo e o cordel: Abril Poético entra na segunda fase promovendo o intercâmbio das culturas mineiras e potiguar/CORREIO DE MINAS

O “Abril Poético” entrou em sua segunda fase com um evento em Belo Horizonte na última segunda feira, dia 23, e se estenderá até o dia 6 finalizando com quase 25 dias de intensa agitação cultural por Minas.

Neste segundo momento do acontecimento poético a proposta é unir duas culturas distintas que guardam entre si a celebração da arte e da ecologia. A grande novidade será a participação de um trio de artistas, músicos e poetas potiguares. O intercâmbio entre Minas e Rio Grande do Norte mistura o barroco, o cordel, a Inconfidência Mineira, Jackson do Pandeiro, entre dois Estados tão distantes pela geografia, mas unidos pelo sentimento legítimo de emancipação e o protagonismo das culturas em seus estilos, melodias, cores e ritmos e movimentos. É um tremendo sincretismo nos 20 anos do Abril.

Os músicos potiguares e os poetas do Lesma se conheceram em maio do ano passado. O grupo lafaietense esteve no Ceará dentro do Projeto Caminhos de Conselheiro Lafayette para estudar a trajetória do jurista quando foi Presidente da Província do Estado no final do século XIX. Através do músico Zelito Coringa eles foram até o Rio Grande do Norte quando o encontro zelou uma parceria profícua e fecunda de propósitos.

O show

A trupe potiguar composta pelo músico e violinista, Mazinho Viana, a artista plástica e cantora, Regina CasaForte, e Oswin Lohss, um pianista alemão, radicado o Brasil, trazem um espetáculo criado especialmente para o Abril Poético. O trio mora em um lugarejo denominado Pium, pertencente a cidade de Parnamirin, que faz parte da Grande Natal. Eles residem uma vila de artistas em uma espécie de coletivo informal.

O show “Se não for pedir muito” percorrerá pelo menos 6 cidades com inúmeras apresentações pela região, trazendo na temática o cordel. O trio musicou diversos poemas do ícone da cultura cordelista, o potiguar Antônio Francisco, considerado sucessor do cearense, Patativa do Assaré, um dos maiores poetas populares brasileiros, falecido em 2002, e dono de uma vasta obra. Antônio é membro da Academia Brasileira de Literatura em Cordel (ABLC), cujo patrono é Patativa do Assaré. Não é mera coincidência.

Antônio Francisco trabalha em suas obras 3 eixos: justiça, ecologia e liberdade e o show sintetiza a força do cordel na cultura e na formação da cultura nordestina.

O espetáculo poético musical mistura o xote, baião, coco, maracatu misturado diversos ritmos e melodias típicas regionais do Rio Grade do Norte, com forte influência de Jackson do Pandeiro, Lenine, Chico César, dentre outros. Vale a pena conhecer a riqueza da cultura potiguar pela sua autenticidade e sua sinceridade.

Laudo confirma que Lafaiete tem imagem ligada aos maiores mestres do barroco brasileiro

Imagem de sacra de Santana Mestra, integrante do acervo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gagé, é de autoria Mestre Piranga e por falta de segurança está guardada em Mariana

Imagem Sant´Ana Mestra e Maria Menina é atribuída a mestre Piranga que está guardada em Mariana, cuja escultura data 1760 a 1780/Divulgação

Lafaiete recupera e resgata parte de sua história ainda desconhecida entre os séculos XVIII e XIX. A memória da cidade está ligada ao barroco, estilo e movimento artístico que consagraram inúmeros escultores, entre os quais dois expoentes brasileiros, Aleijadinho e Mestre Piranga.

O primeiro é conhecido pela sua obra máxima do conjunto arquitetônico do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas. Já o Mestre Piranga foi responsável, em 1781, pela confecção do retábulo do altar-mor do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Santo Antônio de Pirapetinga, vulgo Bacalhau, distrito de Piranga.

Eis que quase 250 anos depois, o Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em laudo de atribuição de autoria elaborado em 19 de dezembro de 2017, apurou que a imagem sacra de Santana Mestra, integrante do acervo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gagé, situada na zona rural de Conselheiro Lafaiete, é de autoria do renomado escultor contemporâneo a Aleijadinho conhecido como Mestre Piranga.

A Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gagé, datada do séc. XVIII, foi restaurada pela Gerdau Açominas em razão de termo de ajustamento de conduta firmado com a 5ª Promotoria de Justiça de Conselheiro Lafaiete nos autos do Inquérito Civil n.º 0183.04.000070-9. A restauração englobou, também, as peças sacras que guarneciam o templo, as quais, devido ao grande valor cultural e à falta de segurança na localidade onde a igreja se situa, foram encaminhadas ao Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Mariana.

Não obstante o valor cultural da imagem, não se sabia qual artesão a esculpiu, motivo pelo qual foi solicitado ao IPHAN um parecer de atribuição de autoria, o qual finalmente concluiu que o autor da peça é Mestre Piranga.  O laudo é assinado por Olinto Rodrigues dos Santos Filhos.

Outras peças

Pelo menos outras 7 peças das Igreja de Passagem de Gagé ainda estão em estudo para “parecer de atribuição” que visa a identificar qual artista confeccionou as imagens barrocas, todas guardadas no Museu de Artes Sacras de Arquidiocese de Mariana.

Há 15 anos o Ministério Público assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Gerdau Açominas que entre as obrigações estavam a reforma da Igreja de Passagem de Gagé, como também a restauração das imagens barrocas. Por total falta de segurança na Igreja de Gagé as peças estão em Mariana.

Um estudo dos elementos artísticos das 8 imagens, elaborado pela FAOP (Fundação de Artes de Ouro Preto), já levantava dúvidas sobre a autoria identificado características similares às obras de Aleijadinho e Mestre Piranga. O estudo solicitado pelo Ministério Público está em fase de orçamento pela secretaria municipal de cultura.

A história

Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho emparelha-se com outro igualmente expressivo de Mestre Piranga, misterioso escultor de Minas Gerais. Os dois são os maiores nomes do barroco brasileiro. E quem foi Mestre Piranga? Ninguém sabe. Enigmático – O escultor barroco Mestre de Piranga, que viveu no século 18 em Minas Gerais, na região próxima a Ouro Preto, é talvez o mais desconhecido e enigmático dos artistas do período. Ninguém conhece sua identidade. Sabe-se apenas que ele trabalhava com o mesmo sistema do Aleijadinho, com um ateliê e aprendizes, que o ajudavam em sua extensa obra. Tanto Aleijadinho quanto Mestre Piranga “delegavam” aos seus seguidores trabalhos e encampavam muitas obras na Minas daquela época. O nome Piranga foi adotado para o mestre-escultor porque sua base de operações foi em Piranga.

Os historiadores supõem que manteve intenso diálogo com os artistas de sua época, como Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e o pintor Mestre Athayde – todos tinham ateliês e equipes de trabalho numa mesma região. Isso é demonstrado, por exemplo, na feitura do edifício e da decoração da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na zona rural de Piranga, uns 10 quilômetros de distância da cidade.

about

Be informed with the hottest news from all over the world! We monitor what is happenning every day and every minute. Read and enjoy our articles and news and explore this world with Powedris!

Instagram
© 2019 – Powedris. Made by Crocoblock.