Nem Búzios, nem Cabo Frio: outra cidade do Rio desbanca as preferidas

Toda a atenção agora se volta para Rio das Ostras, na Costa Azul. Gastronomia requintada atrai turistas amantes da boa mesa à capital fluminense do jazz e blues

 O renomado chef José Hugo Celidônio (1932-2018) era um frequentador assíduo de Rio das Ostras, tanto que deixou um discípulo por ali: o engenheiro Pedro Rodrigues, hoje proprietário e chef do restaurante Bartrô, onde aplica as lições tomadas com o mestre, sobretudo a arte de receber bem. De uns tempos para cá, a gastronomia tomou conta da localidade conhecida como a capital do jazz e do blues por onde passou Charles Darwin, com uma boa leva de bares e restaurantes chegando para ficar. Inclusive uma adega/bistrô onde foram lançados dois espumantes especialmente para o aniversário da cidade. Rio das Ostras completa 32 anos este mês, esbanjando frescor de um balneário pronto para ser um polo gastronômico da dourada Região dos Lagos.

 Escultura de uma baleia-jubarte, com 20 metros de comprimento, encanta os turistas que frequentam a Praia Costa Azul, em Rio das Ostras
Escultura de uma baleia-jubarte, com 20 metros de comprimento, encanta os turistas que frequentam a Praia Costa Azul, em Rio das Ostras Thiago Freitas/Mtur

São 17 praias em 28 quilômetros de orla. O maior (literalmente) cartão-postal é a escultura da Baleia, feita em bronze pelo artista plástico Roberto Sá,com 20 metros de simbologia: “elas vêm de Abrolhos, na Bahia, para a gestação e reprodução em Rio das Ostras”, conta o guia Marcio Cerqueira. Por isso, tudo gira em torno dela. Território de povos tamoios e goitacazes, na era Pangeia, era colada a Angola, em África. Razão ancestral de força e resistência.

Boa música

Galleria Gastrobar é novo point gastronômico localizado dentro do Hotel Atlântico, na Praia Costa Azul
Galleria Gastrobar é novo point gastronômico localizado dentro do Hotel Atlântico, na Praia Costa Azul Hotel Atlântico/Divulgação

Rio das Ostras é azul. É também a capital fluminense do jazz e do blues, segundo decreto de uma lei estadual. Anualmente, tem festival do gênero em cinco palcos pela cidade, no feriado de Corpus Christi. Mais de cem horas de música, 300 artistas, incluindo atrações internacionais. O curso de produção cultural da UFF existe em razão do jazz.

Um ponto de encontro para ouvir jazz e blues fora do festival é o Hotel Atlântico, que está fazendo 40 anos. De frente para o mar da linda Costa Azul, são 36 suítes (diárias a partir de R$ 240), piscina, sauna e um salão com centenas de fotos de relíquias da música mundial (Bob Dylan, Paul Mccartney, Madonna…) transformado no Galleria Gastrobar, porta de entrada do Atlântico, tocado com maestria pela chef capixaba Penhamara Araújo, com ajuda da sócia e chef Silvia Stanzani. Penhamara é sobrinha da sócia do Atlântico, Penha Araújo, que trouxe do exterior as imagens que estampam as paredes.

A tia cinéfila ia para os EUA todo ano e voltava com pôsteres dos artistas de Hollywood, que a sobrinha reuniu numa galeria de fotos e partir dali um gastrobar, com jazz/blues tocando o ano inteiro, tanto ao vivo quanto na caixa de som. Para sair cantarolando lararara pela rua… A moqueca capixaba (sem dendê, nem leite de coco, nem coentro) faz sucesso por ali, mas não tanto como a torta capixaba, com mariscos na massa. “Importei um pouco da culinária e cultura capixaba para cá, inclusive no preparo dos pratos, em panelas de barro, um patrimônio imaterial no Espírito Santo, fabricadas por mulheres paneleiras organizadas em cooperativas”, comenta Penharama. “Trabalhamos também com as desfiadeiras de siri.”

Circuito de sabores

 Não deixe de provar o delicioso dourado servido no restaurante Bartrô
Não deixe de provar o delicioso dourado servido no restaurante Bartrô Bruno Calixto/Esp. EM

E por conta do circuito turístico de música, a gastronomia está bombando em Rio das Ostras. Nos anos 2000, o então engenheiro Pedro Rodrigues pediu demissão do cargo que ocupava numa empresa de insumos medicinais e percorreu o Caminho de Santiago de Compostela. Logo em seguida, começou a frequentar Rio das Ostras, vendo aflorar ali uma cultura gastronômica. Das edições do Festival de Frutos do Mar com José Hugo Celidonio e outros chefes de prestígio, como claude Troisgros, até a lugar de prestígio que seu Bartrô ocupa no balneário, em 20 anos sevindo produtos frescos e insumos daquele mar: congro negro, “caviar” de tomate-seco e molho de tamarindo.

Atenção redobrada para o steak au poivre (coberto com grãos de pimenta grosseiramente quebrados), dos tempos áureos de Zé Hugo em seu Club Gourmet, irrepreensível no ponto da carne e no sabor do molho. Vem dali o prato dos 20 anos do Festival da Boa Lembrança, que traz uma mandala, a marca do Bartrô. O primeiro prato da Boa Lembrança surgiu junto com a casa, em 2001, e de lá para cá virou um cliente frequente. “Funciona como uma espécie de clube para os chefs se encontrarem e conversarem”, diz Pedro, que mantém os três filhos trabalhando no salão, que na verdade é o quintal de sua casa.

Espumante exclusivo

A sommelier Geni Machado, do charmoso Madame Merlot, apresenta o exclusivo espumante Pérola, criado para comemorar os 32 anos de Rio das Ostras
A sommelier Geni Machado, do charmoso Madame Merlot, apresenta o exclusivo espumante Pérola, criado para comemorar os 32 anos de Rio das Ostras Madame Merlot/Divulgação

E na carona, a enogastronomia também. Dois espumantes foram lançados para celebrar os 32 anos de Rio das Ostras. A iniciativa foi da Madame Merlot – personagem por trás da sommelier capixaba Geni Machado, proprietária da adega que vem colocando vinho bom na taça dos moradores e turistas. “Fui criada em Rio das Ostras, que a partir de agora vai voltar a ter ostras (risos)”, brinca, sobre as ostras que chegam de SC diretamente para seu restaurante, no interior da adega.

Os espumantes comemorativos vêm da Serra Gaúcha, feitos na Lidio Carraro, vinícola boutique no Vale dos Vinhedos que assinou os vinhos da Olimpíada no Brasil. Serão mil garrafas de cada, um será o Pérola Brut (chardonnay e pinot noir) e o outro, Pérola Moscatel.

O chef Maurimar assina o menu que tem início com arancini de cordeiro e passam por cogumelos Paris com creme de gorgonzola, fettuccine com cavaquinha (local) até chegar num prime rib duroc (corte feito na transversal incluindo o lombo e a costela) com purê de feijão branco e repolho; além de pescados daquela costa (camarão e dourado). O menu executivo sai por R$ 89.

A harmonização fica sempre a cargo da Madame, que dá o start com espumante Garbo (enologia criativa) e segue com Laroche Chablis premier cru safra 2020, Garzon tannat single vineyard safra 2020 e Domaine Seguinot bordet petit Chablis. A gigante Garzon vai servir os vinhos do jantar harmonizado (R$ 269) agendado para este sábado (13/04), no qual o stinco de cordeiro braseado lentamente com legumes e vinho tinto virá na companhia do petit verdot single vineyard.

Recanto de Darwin

A cidade da Costa Azul surgiu de uma vila de pescadores. O Rio das Ostras, que dá nome ao município, existe como rio desembocando na Boca da Barra, no mar, onde se avista o mais lindo point para o pôr do Sol. Fica ali o Quiosque da Tia Daci, que serve o inigualável kibe de peixe com camarão (R$ 10). Próximo, a festa da fauna riostrense formada por tartarugas, baleias e guaiamuns (o caranguejo azul).

Ao visitar o destino, faça passeios de barco para praias mais distantes, visite o Museu Sítio Arqueológico Sambaqui Tarioba. Charles Darwin passou por ali (o naturalista inglês, autor da teoria da evolução das espécies, passou pelo Rio de Janeiro em 1832 quando esteve no Brasil. Para guardar esse interessante momento da história, foram criados os Caminhos de Darwin, com 2,2 quilômetros).

Slow Food no meio do mato e de frente para o mar (Praia Virgem). Cozinha simples e confortável: Casa do Mar, onde se degusta camarão empanado ou flambado no conhaque no abacaxi (R$ 69,90) com catupiry e queijo canastra, muito bem acompanhando de um gim tônica de limão siciliano (R$ 38). A saideira? No Pátio Costazul, onde tem o craque Guto Chamarelli, proprietário da World Drinks, fazendo estripolias com as mãos em criações autorais.

Bate-volta a Casimiro de Abreu

Capela de São João Batista, com mais de 400 anos, fica no distrito de Barra de São João, em Casimiro de Abreu
Capela de São João Batista, com mais de 400 anos, fica no distrito de Barra de São João, em Casimiro de Abreu Capela de São João Batista, com mais de 400 anos, fica no distrito de Barra de São João, em Casimiro de Abreu PMCA/ Secom

Rio das Ostras sempre foi, mas antes de se emancipar fazia parte do município Casimiro de Abreu, onde tem a casa em que o poeta nasceu (ele escreveu apenas um livro na vida, “A casa de primavera”). O túmulo dele fica atrás da igreja, e as pessoas o visitam. Um poeta sonhador exilado em Portugal escreveu sobre seu país e um grito de saudade das terras onde passou a infância e adolescência. De volta ao Brasil, colaborou para jornais, entrou para a Academia Brasileira de Letras e passou os últimos dias de vida na casa onde viveu a infância, hoje um museu na pequena cidade que leva seu nome: Casimiro de Abreu, a 30 minutos de Rio das Ostras.

Basta um dia para percorrer a beira do Rio São João e ir parando nas construções coloniais à procura de traços da história e boa gastronomia. São ao menos seis bons restaurantes na via. O Simpatia é um dos mais antigos e o fio condutor desta renovação culinária local. É possível desfrutar de um almoço bucólico à beira do Rio, como serviço da casa que inclui cerveja gelada e um leque de opções de frutos do mar (mariscos, polvo e lula), além de pescados como pitangola, dourado e robalo.

“Existe um interesse muito grande em oferecer uma gastronomia com segurança e feita com insumos locais”, garante o proprietário, Osmar Soares. Ele mesmo prepara a comida, no caso deste jornalista que vos fala, pescada grelhada ao belle menuère (molho a base de vinho branco) servida com risoto de siciliano e batatas rústicas (R$ 176, para três pessoas).

“Simpatia é quase amor”, para quem não sabe, é o nome de um poema famoso de Casimiro.

Mais adiante, no Capri, o chef Paulo Fernandes trabalha com ostras e vieiras frescas, mexilhões de Búzios, polvo e lagosta. “O imóvel era uma casa abandonada”, conta ele. Ali também é oferecido day use (R$ 30) para usar a piscina, além de servir de galeria de arte com exposições temporárias e obras à venda. O artista da vez é Robson Fasolin. Cultura, arte, história e gastronomia. Uma viagem que vale um poema.

 

FONTE ESTADO DE MINAS

Minas tem o primeiro município do Brasil a ter moeda própria, a ‘ubérrima’ da cidade de Resplendor

O objetivo da Ubérrima é aumentar e manter as transações comerciais no município, além de fomentar o desenvolvimento local

A cidade de Resplendor, localizada no leste de Minas Gerais, será a primeira cidade do Brasil a adotar a 1ª moeda pública local –  A Ubérrima foi  lançada oficialmente nesta segunda-feira (15)  e sua circulação começa nesta próxima terça-feira (16) – A iniciativa pioneira foi motivada pela necessidade de criar mecanismos para reter a riqueza no município, aumentando as transações comerciais no próprio território.

A Ubérrima foi criada por meio da lei municipal 1206, de 20 de dezembro de 2022. A moeda local age como uma moeda complementar à nacional. Ela é fiscalizada pelo Conselho Monetário Municipal, Fundo Monetário Municipal e Controladoria Geral do Município, todos com objetivo de garantir a sustentabilidade financeira e a legalidade da moeda.

O controle e a gestão da Ubérrima são de responsabilidade do Conselho Monetário Municipal, composto por membros do governo, do setor empresarial e da sociedade. A nova moeda possui lastro no Fundo Monetário Municipal, que confere segurança e credibilidade à iniciativa. “Para cada unidade de Ubérrima emitida, a prefeitura guarda o valor correspondente em Real nesse fundo, assegurando a paridade com a moeda nacional”, informa Wender Barbosa, presidente do Conselho.

Quase 70 mil cédulas foram impressas para os primeiros seis meses de circulação, totalizando R$ 300 mil (Reais) ou Ub$ 300 mil (Ubérrimas). A população poderá realizar as operações de câmbio na Secretaria de Desenvolvimento Econômico ou nos comércios conveniados. Cada R$ 1 equivale a Ub$ 1. As notas disponíveis são de 1, 2, 5, 10 e 20 Ubérrima.

Fortalecimento do comércio

O comércio local desempenha um papel fundamental na vida cotidiana e na economia da comunidade de Resplendor, pois ajuda a manter a vitalidade econômica do município, evitando o esvaziamento do centro urbano e promovendo um ambiente mais vibrante e dinâmico.

A expectativa é que todo o comércio e demais empreendedores de Resplendor aceitem a moeda local e ofereça benefícios aos consumidores para pagamento em Ubérrima, uma vez que a moeda vai circular livremente no município, sem a necessidade de fazer um cadastro prévio. Cada estabelecimento poderá definir a porcentagem de desconto e outras vantagens para ampliar, cada vez mais, a utilização da moeda.

Além da adesão do comércio, a Prefeitura Municipal vai utilizar a Ubérrima para realizar pagamentos – que seriam feitos com o Real, como benefícios sociais e outros já previstos na lei municipal 1206. Isso faz com que a Prefeitura coloque em circulação a Ubérrima sem implicar em novos gastos para o município.

Antes de implementar a moeda própria, a Prefeitura de Resplendor comprava fora, inclusive em outros estados, boa parte dos itens que compunham as cestas básicas distribuídas em seus programas sociais. Agora, repassará o valor correspondente à cesta em Ubérrima, diretamente aos moradores, para que eles possam comprar no comércio local com a moeda local ou em Real.

“A Ubérrima poderá ser utilizada em diferentes estabelecimentos do município, possibilitando o fortalecimento da economia local, o aumento da arrecadação, a geração de empregos, entre outras vantagens”, explica o prefeito de Resplendor, Diogo Scarabelli.

Desenvolvimento local

A criação da moeda pública faz parte do Plano Municipal de Desenvolvimento Econômico (PMDE) de Resplendor. Com o apoio do Sebrae Minas, o município definiu ações prioritárias para movimentar a economia e impulsionar a geração de trabalho e renda, com foco no estímulo aos pequenos negócios locais.

O programa Moeda Pública Local é uma das soluções desenvolvidas pelo Sebrae Minas para apoiar o desenvolvimento econômico dos municípios mineiros, especialmente por meio da estratégia de retenção de riqueza nas economias locais. A iniciativa foi inspirada na experiência de moedas sociais utilizadas em vários municípios do mundo. A instituição apoia os municípios com orientação, mentoria, instrumentos legais e apoio nas atividades de sensibilização e mobilização das comunidades.

O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destaca o ineditismo da iniciativa. “A Ubérrima é um marco e estamos muito orgulhosos desse trabalho. A parceria com a Prefeitura de Resplendor contribui para promover o desenvolvimento econômico do município, aumentar a oferta de dinheiro circulando e promover a capacidade de consumo, evitando a saída de recursos financeiros para outras cidades. Com certeza, todos saem ganhando”, reforça.

Concurso

A população de Resplendor foi envolvida, por meio de um concurso público, na escolha do nome da moeda. O nome escolhido significa muito abundante, fértil e foi retirado do hino do município, que diz “Resplendor, terra ubérrima e querida, onde a vida se passa docemente. Trazes no peito ainda bem gravadas as pegadas do indígena valente!”.

Foram dezenas de sugestões e uma comissão foi criada para escolher cinco nomes, que foram colocados em votação popular. O resultado foi divulgado em abril de 2023: mais de 40% dos votos optaram pelo nome Ubérrima.

No dia 15 de abril, durante a solenidade de lançamento da Ubérrima, o vencedor do concurso será contemplado com 1.000 Ubérrimas. Os outros quatro finalistas receberão 500 Ubérrimas. O pagamento dará início à circulação da moeda local no município.

As imagens das cédulas serão variadas, mas todas vão estampar o Rio Doce e a Igreja Matriz Sant’Ana, símbolos do município de Resplendor. A nota de Ub$ 1 terá também a Pedra Resplendor. A de Ub$ 2, o Parque Estadual Sete Salões. A cédula de Ub$ 5 terá a imagem da Ponte Iluminada sobre o Rio Doce. A de Ub$ 10 faz referência à tradicional festa de carro de boi. E as notas de Ub$ 20 mostram o Sagui-da-Serra.

“A realização do concurso promove a conscientização sobre a cidade e seus valores, fortalece os laços comunitários e incentiva o senso de união entre os residentes”, avalia o prefeito de Resplendor.

Moeda Pública Local x Moeda Social

O município de Resplendor é pioneiro na adoção de uma moeda pública local. No Brasil existem outras iniciativas de moedas sociais, mas são diferentes da Ubérrima. Saiba as diferenças entre elas:

·        Moedas Públicas são criadas por lei municipal e emitidas pela própria prefeitura. Já as Sociais são emitidas por organizações sociais;

·        A finalidade principal da Moeda Pública é a retenção de riqueza na economia local. As Moedas Sociais são utilizadas como apoio a projetos sociais ou ambientais;

·        Moedas Públicas têm abrangência e volume em circulação maior do que a maioria das Moedas Sociais;

·        Moedas Públicas são controladas e geridas por um conselho municipal paritário, composto por membros do governo, do setor empresarial e da sociedade. Já as Moedas Sociais são controladas pelas próprias organizações que as criam;

·        Moedas Públicas têm um lastro (fundo) que confere segurança e credibilidade – o Fundo Monetário Municipal, onde os recursos são depositados a cada nova emissão;

·        Moedas Públicas podem utilizar diferentes mecanismos de emissão, possibilitando o alcance de objetivos relacionados ao fortalecimento do comércio, benefícios aos servidores, aumento da arrecadação dentre outros.

Perfil socioeconômico de Resplendor

Localização: Vale do Rio Doce, leste de Minas Gerais

População: 17.226 habitantes

PIB per capita: R$ 15.972,45*

*IBGE 2021

Principais atividades econômicas: cafeicultura, produção de queijo, cachaça, avicultura, turismo

Pequenos negócios: 1, 4 mil empresas**

 

FONTE DIVINEWS

Casarão histórico em cidade mineira está abandonado e caindo aos pedaços

Sobrado de três pavimentos que pertenceu à lendária senhora de escravos integra o Centro Histórico de Pitangui, tombado em 2008

Considerado um dos mais belos e imponentes casarões do período colonial de Minas Gerais, o imóvel do século 18 onde viveu Maria Tangará em Pitangui, no Centro-Oeste mineiro, amarga o abandono. Hoje, caindo aos pedaços, o sobrado de três pavimentos que pertenceu à lendária senhora de escravos integra o Centro Histórico de Pitangui, tombado em 2008 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).

O imóvel foi sede do Fórum, do Externato, do Colégio Padre João Porto, assim como da Casa da Intendência de Minas. Em 5 de fevereiro de 1930, foi inaugurada a primeira escola que o edifício abrigou, o Grupo Escolar Benedito Valadares. Recentemente, era sede da Escola Estadual Professor José Valadares, mas teve que ser esvaziado por causa dos estragos.

Telhado aberto, paredes rachadas, vidraças quebradas, luzes queimadas e muita poeira. Quando chove, a situação piora. A água, por exemplo, entra por todos os lados da casa. Enxurradas correm pelas escadas de madeira, deixando muita lama. Além disso, as salas de aula estão às escuras e cheias de morcegos.

Fachada do imóvel em 2008, quando o Centro Histórico foi tombado
Fachada do imóvel em 2008, quando o Centro Histórico foi tombado Iepha-MG/Divulgação

Por causa dos riscos, incluindo de acidentes elétricos, em 12 de abril de 2019 os alunos da Escola Estadual Professor José Valadares foram transferidos para a Escola Estadual Francisca Botelho, que fica a um quarteirão de distância. A promessa de um restauro do Casarão de Maria Tangará manteve as expectativas da comunidade escolar. Mas, o não cumprimento do que havia sido prometido levou à extinção da Escola Estadual Professor José Valadares em 2020.

Tábuas de forro do teto se desprendem no primeiro piso
Tábuas de forro do teto se desprendem no primeiro piso Mostra de Cinema de Pitangui/Divulgação

Com experiência no setor de gestão de patrimônio cultural, Israel explica que entende as dificuldades de promover políticas públicas, bem como ações efetivas para intervir em um bem patrimonial tão importante. “Mas sei também que o Estado deveria dar mais atenção a esse fato e que através do órgão estadual responsável, que é o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais (Iepha-MG), poderia-se tentar um diálogo entre os poderes estadual e municipal para que soluções possam ser pensadas e aplicadas de fato para salvar este bem patrimonial que, ao meu ver, é um dos mais simbólicos de nossa história”.

“Pouco tempo”

Em consulta a colegas das áreas de restauração e conservação, Almeida ouviu que pode haver pouco tempo para a ação antes que haja o colapso de alguma estrutura no casarão ou um dano irreversível. “De acordo com eles, o interior do prédio foi totalmente alterado para atender à escola e o estado de abandono que ele se encontra é terrivelmente grave, mas não se pode prever ou teorizar um colapso total da estrutura”, explica ele. “Existe risco de acidentes no interior do prédio. O tabuado tem risco de ceder e provavelmente o cheiro que advém do lixo e do entulho acumulado pode causar danos à saúde humana”, acrescenta.

Israel diz que percebe em Pitangui algumas iniciativas em prol da municipalização do prédio – ou seja, que ele passe a ser, ao todo ou ao menos em parte, propriedade do Município. “Não creio que seria a melhor solução, dados os recursos robustos que precisarão ser investidos no restauro”, opina.

Esperança na iniciativa privada

O empresário Haroldo Vasconcelos é um conhecido investidor em imóveis históricos de Pitangui. São dele, por exemplo, o antigo casarão de Monsenhor Vicente – cujo restauro custou R$ 2,5 milhões e hoje abriga uma pousada de mesmo nome – e o Edifício Liliza, que fez história ao ser teatro, cinema e, em tempos mais recentes, agência de correio e cujo restauro teve o investimento de R$ 1,1 milhão.

Os dois imóveis estavam em condições bastante precárias e corriam risco de colapso. Como não eram patrimônio público, Haroldo os comprou e restaurou. Não seria tão fácil fazer o mesmo com o Casarão Maria Tangará, uma vez que ele pertence ao Estado. Porém, Haroldo garante que já tentou, tendo inclusive, diz ele, conversado sobre o assunto com o governador Romeu Zema.

Segundo ele, a oferta que fez ao governador teria sido o melhor para o casarão. “Eu preferiria o que sugeri, porque tenho experiência em restaurar. Na época o curso estimado era de R$ 9 milhões. Agora, com todos os danos que já ocorreram, é bem mais. O casarão está caindo aos pedaços e isso faz com que restaurar fique cada vez mais caro”, analisa o investidor.

“Sem falar que tudo o que é feito pelo poder público demanda licitação. Portanto, levaria ainda mais tempo. E quanto mais a obra demora a começar, mais o imóvel se deteriora mais e a situação piora. Com base na minha experiência com isso, creio que o Estado não vai restaurar por iniciativa própria. Até porque não dá votos. Esse casarão é um dos mais importantes de Pitangui. A população precisa lutar pela restauração”, diz Vasconcelos.

Prefeitura busca posse

A Prefeitura de Pitangui informou que já dialoga com o governo de Minas sobre a transferência de posse do imóvel. “Embora o casarão pertença ao Estado, é um patrimônio pitanguiense e por isso há interesse do Município em tê-lo. Apenas com a posse do imóvel é que a Prefeitura poderia investir recursos próprios ou destinar emendas parlamentares. Existe uma conversa junto ao Estado solicitando a cessão. Mas isso ainda está sendo discutido no âmbito estadual”, diz o Executivo.

MPMG na cola

No Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), a promotora de Patrimônio Histórico e Cultural de Pitangui Larrice Luz Carvalho, informou que há um procedimento em andamento e que já segue na Justiça, com sentenças já determinadas contra o Estado. “Temos uma reunião agendada com representantes do Estado para cobrarmos uma solução”, afirma.

A reportagem tentou contato com o governo de Minas, contudo, não obteve retorno até a publicação desta matéria.

 

FONTE ESTADO DE MINAS

Mais antiga que Ouro Preto, cidade mineira é pepita que merece ser descoberta

Ao completar 321 anos, antigo Arraial de São José da Lagoa, hoje conhecido como Nova Era, faz um resgate do passado ao apresentar aos visitantes o quanto a cidade é rica em história e tradição

Nos anos de 1980, os desfiles dos alunos das escolas estaduais no 7 de setembro, em Nova Era, eram marcados por fanfarras, alegorias e representações dos bandeirantes, que foram os fundadores da cidade. Os tropeiros Antônio Dias de Oliveira e os irmãos Camargos fundaram a cidade entre 1703 e 1705 e seus feitos são lembrados até os dias atuais. Quem hoje passa pela BR-381 a caminho do Vale do Aço não imagina que na cidade às margens da rodovia e, separada ao meio pelo Rio Piracicaba que serpenteia o município, encontram-se tesouros barrocos em monumentos na localidade que completou este ano 321 anos de história.

A pequena cidade de Nova Era, com cerca de 17 mil habitantes, mira no passado para se projetar como um destino turístico no futuro. A valorização de bens tombados como a Matriz de São José da Lagoa, além dos monumentos históricos no adro da igreja, como o museu e a atual Câmara Municipal. Junta-se ao registro de bens com mais de 300 anos a antiga Fazenda da Vargem; Com toda essa riqueza, a cidade preserva um bem valioso – a história – para poder atrair visitantes para a cidade na Região Central de Minas Gerais.

“Nova Era tem um potencial turístico alto. O Circuito do Ouro é a possibilidade de conexão da cidade com outros destinos já consagrados no turismo. É poder inserir a cidade num mapa e atrair visitantes. Imagine um visitante que vai ao Santuário do Caraça, em Catas Altas, e queira conhecer localidades ao redor. O circuito divulga os roteiros e oferece outras possibilidades de passeios”, admira Txai Costa, o jovem prefeito de Nova Era.

Entusiasta do Circuito do Ouro, Txai aposta na cidade como um destino onde os turistas possam visitar por mais um dia, não apenas um local de passagem para outros roteiros. Por isso a importância de divulgar os monumentos históricos e culturais que a cidade oferece. Como gestor público, nada melhor que ele mesmo apresentar aos visitantes todos os tesouros escondidos em Nova Era.

Igreja Matriz de São José da Lagoa

Altar-mor, criado por Francisco Vieira Servas, escultor e entalhador da época de Aleijadinho, é uma das principais atrações da igreja Matriz de São José da Lagoa
Altar-mor, criado por Francisco Vieira Servas, escultor e entalhador da época de Aleijadinho, é uma das principais atrações da igreja Matriz de São José da Lagoa/ Carlos Altman

Construída em formato de navio negreiro ( como outras igrejas em Santa Bárbara, Sabará e Milho Verde), a Matriz de São José da Lagoa foi edificada no século 18 e é considerada um Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tombada pelo IPHAN em 1953. De acordo com registros históricos, a Igreja Matriz São José da Lagoa foi construída antes de 1754. O altar-mor, criado por Francisco Vieira Servas, escultor e entalhador da época de Aleijadinho, é uma das principais atrações da igreja. A pintura do teto da Matriz São José reflete o estilo rococó da transição entre os séculos 18 e 19. A planta da igreja se desenvolve a partir da nave, separada da capela-mor pelo arco-cruzeiro. O interior é marcado pela exuberante decoração em ouro, conjunto de talhas. Os altares abrigam imagens de São Francisco, Sant’Anna, São João Batista, São Sebastião, Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito. Destaca-se no altar-mor a imagem do padroeiro São José. Um dos altares colaterais possui uma curiosidade arquitetônica, com o camarim subdividido em dois níveis para abrigar Santana Mestra e São Francisco, um exemplo único no Brasil.

Lagoa de São José

Tida como sagrada, foi nessa lagoa que se deu a fundação de Nova Era no início do século 18, por uma promessa de dois bandeirantes
Tida como sagrada, foi nessa lagoa que se deu a fundação de Nova Era no início do século 18, por uma promessa de dois bandeirantes/ Carlos Altman/EM

Fruto de uma lenda do passado, é um local de devoção e acredita-se que suas águas são milagrosas. Ditos populares contam que dois bandeirantes, em exploração das riquezas das Minas Gerais, acabaram por se perder no sertão desconhecido. Estavam cansados de caminhar, a pele ressequida pelo sol, os pés calejados pelo chão sem fim. Totalmente desamparados, com fome e sede, viam as forças lhes fugirem e pouca perspectiva de salvação. Amparados apenas um no outro, encontraram na fé o único elo de perseverança e lucidez. Oraram por São José, santo que lhes era conhecido e querido. Pediram forças, vida e água. Prometeram erguer uma cidade, se e onde encontrassem água. Continuaram andando em meio às orações. De repente, depararam-se em uma clareira, e naquele local, uma bela lagoa de águas cristalinas. Saciada a sede, ao olharem o espelho d’água, viram ali a imagem refletida do santo em oração. Era 19 de Março, dia de São José. Promessa cumprida, nasce o arraial de São José da Lagoa, que hoje é conhecido como Nova Era. Hoje, o local funciona como Centro de Educação Ambiental.

Fazenda da Vargem

Mais antiga que Ouro Preto, Nova Era guarda preciosidades históricas como a Fazenda da Vargem, bem conservada que hoje abriga um museu
Mais antiga que Ouro Preto, Nova Era guarda preciosidades históricas como a Fazenda da Vargem, bem conservada que hoje abriga um museu/ Carlos Altman/EM

A Fazenda da Vargem, situada a 6 quilômetros da cidade, às margens da MG 120 no caminho de São Domingos do Prata, impressiona pela sua beleza e imponência arquitetônica com suas 48 janelas coloniais. Construída na primeira metade do século 19, a fazenda serviu como um importante ponto de comércio. A rodovia foi originalmente projetada como uma rota estratégica para o tropeirismo, interagindo com toda a região ao redor. Na década de 1950/60, parte dessa rota foi pensada como ramal ferroviário (Leopoldina) ligando Nova Era à Zona da Mata, mas que infelizmente o projeto não foi concluído. Elvécio Eustáquio da Silva, antigo pesquisador de Nova Era, descobriu que pela fazenda passavam as tropas seguiam para regiões onde hoje estão os municípios de Dom Silvério, Itabira, Ponte Nova, entre outros. Ainda de acordo com Elvécio, a fazenda também seria possivelmente ponto de venda da mão-de-obra escravizada. Nos anos de 1980, o local já serviu de palco de grandes artistas de renome nacional, como Elba Ramalho, Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Jorge Ben e Skank. Com a presença de atrações musicais, a FEANE ( Festa da Amizade de Nova Era) atraía um grande público, não apenas do município, mas também das cidades vizinhas.

Museu de Arte e História

Tombado pelo Iphan, conjunto arquitetônico no adro da Igreja Matriz de São José da Lagoa, abriga casarões coloniais
Tombado pelo Iphan, conjunto arquitetônico no adro da Igreja Matriz de São José da Lagoa, abriga casarões coloniais/ Carlos Altman/EM

O local abriga uma coleção de peças e documentos relacionados à história do município, provenientes principalmente de doações de famílias locais. O Museu Municipal de Arte e História de Nova Era está localizado em uma casa construída no século 18. As peças contam a história da cidade através de objetos tradicionais, como os ligados à liturgia da Igreja Católica, e também itens inusitados, como um gasômetro do século 19 e um antigo projetor cinematográfico a querosene. O espaço também documenta a presença de negros escravizados na região, exibindo objetos utilizados em sessões de tortura. Além disso, possui uma coleção de fotos representativas da evolução da região, suas características e manifestações populares. O local é utilizado para eventos sociais e culturais, recebendo visitantes locais, turistas e alunos de cidades vizinhas. Tombado pelo IPHAN, o espaço conta com mais de 500 peças, incluindo objetos religiosos, peças sacras, uma pinacoteca com destaque para o “Senhor Morto” do século 18, e dois Missais Romanum de 1782 e 1818.

Ponte Benedito Benedito Valadares

 Inaugurada em 1940, Ponte Benedito Valadares teve a presença do presidente Getúlio Vargas na cidade
Inaugurada em 1940, Ponte Benedito Valadares teve a presença do presidente Getúlio Vargas na cidade/ Carlos Altman/EM

Os arcos icônicos da Ponte Benedito Valadares chamam a atenção dos visitantes. Inaugurada em 1940, a cerimônia trouxe para a cidade mineira o presidente Getúlio Vargas e o governador Benedito Valadares. Localizada no Centro da cidade, a construção em concreto armado é de grande utilidade para todos os habitantes de Nova Era. Em 2010, a ponte sofreu alteração em sua estrutura para impedir a passagem de veículos pesados, pois, estudos realizados na construção indicaram que a estrutura não suporta mais que dez toneladas. Já em 2016, foi tombada como Patrimônio Cultural do município.

Gruta de São José da Lagoa

Local de fé e devoção, Gruta de São josé tem poder de cura e relaxamento
Local de fé e devoção, Gruta de São josé tem poder de cura e relaxamento/ Carlos Altman/EM

Para quem tem fé, a pequena gruta é um local de devoção, de pedidos e de cura. Abaixo da Lagoa de São José, o barulho da cascatinha nas pedras é um local de relaxamento. É um portal espiritual que conecta o visitante ao divino. Situada às margens da BR 381, ela foi inaugurada em 19 de março de 1966. Nesse pequeno abrigo natural, que recebeu a imagem de São José Operário, a presença do pai de Jesus conforta os corações em aflito. Um lugar de adoração e contemplação em meio à natureza exuberante. Mesmo em dias quentes, prevalece o frescor proveniente das águas que escorrem pelas pedras. Um recanto de Paz que merece ser visitado.

Cascatinha da Pedra Furada

Entre Nova Era e Bela Vista, próxima à linha férrea e ao Rio Piracicaba, uma cascatinha desponta na paisagem. O local, conhecido como Pedra Furada, já era de conhecimento dos ‘novos tropeiros” – praticantes de trekking e bike –que descobriram o lugar em suas explorações. De acordo com o prefeito Txai Costa, análises feitas na água garantem que elas estão aptas para beber e se refrescar.

 

FONTE ESTADO DE MINAS

Idade média ao morrer varia de 57 a 72 anos a depender da capital

Mapa da Desigualdade tem Porto Alegre e Belo Horizonte no topo

A expectativa de vida em capitais brasileiras varia 15 anos, de 57 a 72 anos. A idade média ao morrer de moradores de Belo Horizonte ou Porto Alegre, por exemplo, gira em torno de 72 anos. No entanto, para quem mora em Boa Vista a idade média ao morrer é bem inferior, em torno de 57 anos.

Os dados constam do primeiro Mapa da Desigualdade entre as capitais brasileiras, lançado nesta terça-feira (26) pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), na capital paulista. O trabalho, inédito, compara 40 indicadores das 26 capitais brasileiras em temas como educação, saúde, renda, habitação e saneamento. O estudo reforça a percepção da distância que separa as várias regiões e estados do país, demonstrando que o Brasil é mesmo um país desigual.

“Esse é um dado que às vezes fica mais escondido, mas que traduz muito a desigualdade. Essa diferença de 15 anos na idade média ao morrer [entre Belo Horizonte/Porto Alegre e Boa Vista], que é uma coisa que chama muito a atenção, traduz muito a desigualdade”, conta o coordenador geral do Instituto, Jorge Abrahão.

Em entrevista à Agência Brasil, Abrahão conta que os índices estão diretamente ligados aos investimentos em políticas públicas:

“As questões de saneamento, de habitação precária, de qualidade de saúde e educação, de mortalidade infantil, de violência, de homicídios contra jovens, em geral, são números muito ruins nessas cidades que tem uma idade média de morrer muito baixa. Portanto, para você conseguir aumentar esse número, significa que você teria que investir em questões centrais para a qualidade de vida das pessoas.”

Outro indicador analisado pela publicação e que reforça a desigualdade existente entre as capitais brasileiras apontou que 100% da população de São Paulo é atendida com esgotamento sanitário, enquanto em Porto Velho, apenas 5,8% da população tem esse acesso. Sobre esse dado, Abrahão faz ainda uma ressalva: embora os dados oficiais indiquem que 100% da população paulistana tem acesso a esgotamento sanitário, o índice não reflete totalmente a realidade.

“É verdade que em uma cidade como São Paulo há algumas áreas de ocupações irregulares, muitas delas que não têm essa questão resolvida. Mas isso acaba não aparecendo nesses dados oficiais”, explicou.

Fontes

O Mapa da Desigualdade entre as capitais é baseado no Mapa da Desigualdade de São Paulo, que é publicado há mais de 10 anos pela Rede Nossa São Paulo e pelo Instituto Cidades Sustentáveis.

As fontes dos dados são órgãos públicos oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

Também foram utilizados dados de organizações não-governamentais em dois temas: emissões de CO2 per capita – com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima (OC) –; e desmatamento – com dados do MapBiomas.

Ranking

Mesmo sabendo que o dado oficial pode não refletir totalmente a realidade brasileira, ele continua demonstrando a grande desigualdade de condições entre os estados brasileiros. Isso é reforçado quando se analisa o desempenho de cada capital brasileira frente aos 40 indicadores.

Curitiba, por exemplo, é o destaque positivo, aparecendo na primeira posição do ranking das capitais, com 677 pontos, seguida por Florianópolis, Belo Horizonte, Palmas e São Paulo.

“Mesmo as cidades melhores colocadas [no ranking] trazem desafios”, destacou Abrahão. “Eu olharia com uma visão positiva esse resultado [de Curitiba], mas entendendo que ele encerra alguns desafios que Curitiba ainda não conseguiu resolver.”

Já na outra ponta do ranking está Porto Velho (RO), a capital com o pior desempenho, com 373 pontos. Além dela, aparecem no outro extremo da tabela as cidades de Recife (PE), Belém (PA), Manaus (AM) e Rio Branco (AC).

“Das seis cidades melhores colocadas na média dos indicadores, cinco são das regiões Sul e Sudeste. E das seis piores colocadas, quatro estão na Região Norte.”

Esse dado demonstra, segundo o coordenador do estudo, que o Brasil precisa de políticas públicas que valorizem as regiões onde a desigualdade é maior.

“O Brasil é muito eficiente em produzir políticas para gerar desigualdade. E é por isso que nós estamos nesse local, eu diria, vergonhoso de ser um dos dez países mais desiguais do mundo. Se a gente foi capaz de chegar nesse ponto, a gente é capaz de reverter isso com políticas que sejam proporcionadas com esse olhar”, afirmou Abrahão.

Ele salienta que essas desigualdades sociais estão intimamente ligadas à questão econômica: “sem a gente resolver as desigualdades, nós não vamos resolver a questão de produtividade no país, que está ligada com a questão econômica. Sem resolver a educação, nós não estamos resolvendo as questões de pobreza ou de eficiência. Sem reduzir os problemas de saneamento, nós vamos continuar com problemas graves de questões sanitárias e de doenças no país. E o caminho é esse: fazer investimentos desiguais para os locais mais desiguais”.

Jorge Abrahão lembra ainda que 2024 é um ano de eleições municipais e que a população deve estar atenta a esses indicadores ao escolher seus candidatos a prefeito e vereador.

“É importante que as cidades se enxerguem para que possam ver onde é que estão suas maiores fragilidades e, a partir daí, discutam esses problemas com os candidatos dos diferentes partidos para verificar como é que esses candidatos estão olhando para os principais problemas das cidades e só então fazerem suas escolhas.”

 

FONTE AGÊNCIA BRASIL

21 tipos de negócio que costumam dar certo em cidade pequena

Existem alguns tipos de negócio que costumam se consolidar melhor em cidades pequenas, gerando lucro e oportunidades

Quando buscamos ideias de negócios para iniciar, muitas vezes não conseguimos identificar boas oportunidades, especialmente quando vivemos em cidades pequenas. Isso ocorre porque essas localidades têm suas peculiaridades, e o que funciona bem em cidades menores pode não ter o mesmo sucesso em grandes centros.

Se você vive distante de capitais e grandes centros urbanos, provavelmente já ouviu que negócios lucrativos são um mito e que apenas pessoas com recursos financeiros já estabelecidos na sua cidade conseguem fazer um negócio prosperar.

Embora essa seja uma percepção comum entre moradores de cidades pequenas, o que você precisa entender é que o desafio não está na impossibilidade de um novo negócio ser lucrativo em uma cidade pequena, mas sim na necessidade de oferecer bons produtos e serviços, além de prestar atenção na qualidade do atendimento e nas necessidades dos consumidores.

Percebemos que muitas vezes as pessoas abrem comércios em cidades pequenas pensando no que gostariam para si, quando, na verdade, não se deve abrir um negócio pensando apenas em si mesmo, mas sim na população em geral da sua cidade e no que eles apreciam ou criticam nos outros negócios existentes.

Lembre-se, começar nunca é fácil, mas é necessário ter estratégia. Não basta simplesmente abrir um negócio; é essencial saber fazer marketing, atender bem e, consequentemente, oferecer produtos e serviços de qualidade.

Para auxiliar no seu primeiro passo rumo à abertura de um novo negócio, vamos oferecer algumas ideias de negócios que tendem a ter mais sucesso em cidades pequenas, além de algumas dicas do que considerar ao abrir sua empresa.

Ideias de negócio lucrativas para cidade pequena

Vamos conhecer algumas ideias de negócio que costumam dar mais resultado em cidades pequenas, seja com relação a se estabelecer em sua cidade, assim como gerar lucro:

1. Mercadinhos locais

Em áreas residenciais afastadas dos grandes centros, um mercadinho se torna essencial. Ele oferece praticidade para compras rápidas ou de última hora. A chave é balancear preços competitivos com uma margem de lucro justa, considerando que o volume de compra menor pode elevar os custos. A localização e a análise da concorrência são cruciais para o sucesso.

2. Serviços de reparos e pequenas reformas

A demanda por serviços de manutenção residencial, como instalações elétricas e hidráulicas, pintura, entre outros, é constante. Um diferencial pode ser oferecer um serviço confiável e de qualidade em um mercado carente de profissionais qualificados. O profissionalismo e um bom atendimento podem transformar esse serviço numa referência local.

3. Salões de beleza e estéticas

Este setor mantém uma clientela fiel e a oportunidade de expandir serviços. Investir em técnicas modernas e tendências, como tratamentos estéticos avançados, pode colocar seu negócio à frente da concorrência. A personalização do atendimento e a diversificação dos serviços são estratégias chave para o crescimento.

4. Pet Shops

O amor pelos animais de estimação e a tendência de tratá-los como membros da família criam uma demanda sólida por produtos e serviços pet. Oferecer uma gama variada de produtos, além de serviços como banho e tosa, pode posicionar seu pet shop como um centro de cuidado animal completo. Parcerias estratégicas e promoções podem atrair e reter clientes.

5. Lojas de roupas

Oferecer uma seleção de vestuário que atenda às necessidades locais, desde moda casual a formal, pode fazer com que sua loja se destaque. Observar as preferências e tendências atuais do público-alvo é fundamental. Além disso, criar um ambiente de compra atraente e oferecer um atendimento personalizado pode fortalecer a fidelidade do cliente.

6. Lojas de calçados

Uma variedade de estilos, do casual ao sofisticado, pode atender às necessidades da comunidade local. Serviços adicionais, como ajustes e personalizações, podem ser um diferencial. A qualidade dos produtos e um bom conhecimento das tendências de moda são essenciais para capturar a atenção dos consumidores.

7. Manutenção de equipamentos domésticos

O serviço de reparo em domicílio para aparelhos como refrigeradores, fogões e máquinas de lavar é uma necessidade em qualquer lugar. Oferecer um serviço rápido, eficiente e de confiança pode garantir uma clientela constante.

8. Produção e venda de produtos caseiros

A culinária local, com itens como pães, bolos, geleias e conservas, pode encontrar um mercado receptivo, especialmente se oferecer produtos de qualidade com um toque caseiro. Estratégias como vendas online, participação em feiras locais e entrega a domicílio podem ampliar o alcance do seu negócio.

9. Comércio de materiais de construção e decoração

Investir em uma loja que oferece tudo para a casa, desde itens de construção até decoração, pode ser um acerto. Oferecer serviços complementares como consultoria para reformas e focar em produtos ecológicos pode diferenciar seu negócio no mercado local.

10. Produtos para jardinagem

Com o espaço e o apreço pela natureza típicos de cidades menores, um negócio focado em jardinagem pode florescer. Além de vender plantas e ferramentas, oferecer cursos e workshops pode criar uma comunidade de entusiastas do verde.

11. Loja especializada em produtos de esportes

A venda de equipamentos esportivos, roupas e suplementos pode atender a uma ampla gama de clientes. Promover eventos como torneios locais e aulas demonstrativas de diferentes esportes pode incrementar o engajamento com a marca e promover um estilo de vida saudável.

12. Loja de produtos usados

Uma loja de produtos usados, com foco na sustentabilidade, pode atrair consumidores conscientes. O controle de qualidade, autenticidade e a oferta de serviços como customização e restauração de itens usados podem elevar o padrão do brechó tradicional.

13. Boutique de presentes e souvenires

Uma loja que oferece uma variedade de opções de presentes, incluindo artesanato local e itens exclusivos, pode encontrar um nicho especial em cidades pequenas. Serviços adicionais como embalagens personalizadas e pedidos sob encomenda podem encantar os clientes.

14. Papelaria

Mesmo na era digital, há espaço para uma papelaria que ofereça desde materiais escolares até itens para hobbies criativos. Realizar workshops e cursos sobre temas como caligrafia artística e scrapbooking pode criar uma comunidade fiel.

15. Academia

Uma academia que ofereça não apenas musculação, mas também classes de ginástica, yoga, pilates, artes marciais e crossfit pode atender a uma ampla gama de interesses, promovendo saúde e bem-estar na comunidade.

16. Farmácia

Além de medicamentos, uma farmácia que disponibilize produtos de beleza e higiene pessoal pode se tornar essencial na comunidade. É importante analisar a concorrência e considerar a possibilidade de uma franquia, que traz reconhecimento da marca e suporte operacional.

17. Serviço de creche e educação infantil

Com a demanda por cuidados infantis, abrir uma creche pode ser uma excelente oportunidade. Oferecer um ambiente seguro, educativo e adaptado às necessidades das crianças pode preencher uma lacuna importante para famílias trabalhadoras.

18. Barbearia

Uma barbearia personalizada, com diversos itens de entretenimento como mesa de sinuca, uma geladeira com cerveja e outras bebidas, além de oferecer um espaço confortável e agradável para encontrar com os amigos é outro tipo de negócio que vem se consolidando em cidade pequena e tem tudo para dar certo.

19. Loja de acessórios e peças para veículos

Com o apego que muitos têm por seus carros e motos, uma loja que ofereça peças, acessórios customizados e sistemas de som pode prosperar. Oferecer também serviços de instalação e manutenção, além de promover encontros para entusiastas de veículos, pode agregar valor ao negócio.

20. Serviços de eletricista

A demanda por serviços elétricos é constante em qualquer lugar, incluindo instalações residenciais e empresariais, reparos e manutenção de eletrodomésticos. Atuar como eletricista pode ser vantajoso, seja de forma independente ou através de uma empresa de serviços. O investimento inicial é relativamente baixo, focando em formação técnica, ferramentas e equipamentos de segurança.

21. Oficina mecânica de automóveis

A mecânica de veículos é outro serviço sempre necessário, com a vantagem de ser menos suscetível a crises econômicas, pois veículos sempre precisarão de manutenção e reparos. Identificar uma localização com pouca ou nenhuma concorrência próxima pode garantir uma clientela regular. Apesar de requerer um investimento inicial em ferramentas e equipamentos especializados, a mecânica de automóveis pode se tornar uma fonte de renda estável e lucrativa.

O que você precisa saber para abrir uma empresa

Abrir um negócio em uma cidade pequena pode ser uma excelente oportunidade, mas requer uma análise cuidadosa para maximizar as chances de sucesso. Aqui estão alguns aspectos importantes a considerar:

Conheça seu público-alvo

Demografia e necessidades locais: Entenda a composição da população local (idade, renda, ocupações) e suas necessidades específicas. Isso pode ajudar a identificar lacunas no mercado que seu negócio pode preencher.

Preferências e comportamentos de consumo: Conheça os hábitos e preferências dos moradores. Em cidades pequenas, essas informações podem ser obtidas através de conversas diretas com a população ou observações no dia a dia.

Análise da concorrência

Concorrentes diretos e indiretos: Identifique outros negócios que ofereçam produtos ou serviços semelhantes aos seus. Considere também negócios que, embora não sejam diretamente concorrentes, possam satisfazer a mesma necessidade dos consumidores de outra forma.

Pontos fortes e fracos: Avalie o que os concorrentes fazem bem e onde há espaço para melhorias. Isso pode ajudar a posicionar seu negócio de forma única.

Legislação e regulamentações locais

Permissões e licenças: Informe-se sobre todas as permissões, licenças e regulamentações específicas da cidade que podem afetar seu negócio. Isso pode variar significativamente de uma localidade para outra.

Incentivos locais: Alguns municípios oferecem incentivos para novos negócios, como reduções fiscais ou auxílio no acesso a financiamentos.

Infraestrutura e localização

Acesso e visibilidade: A localização do seu negócio é crucial em cidades pequenas. Pense em acessibilidade, visibilidade e fluxo de pessoas.

Fornecedores e logística: Considere a proximidade e a facilidade de acesso a fornecedores essenciais. A logística de entrega de produtos também é um aspecto importante.

Plano de marketing

Estratégias de marketing local: Estratégias de boca a boca e marketing comunitário costumam ser eficazes em cidades pequenas. O envolvimento com a comunidade pode fortalecer a presença do seu negócio.

Presença online: Não subestime o poder das mídias sociais e de um website para alcançar clientes, mesmo em uma cidade pequena. A presença online pode expandir seu mercado para além das fronteiras da cidade.

Análise financeira

Custo inicial e capital de giro: Calcule o investimento inicial necessário e o capital de giro para manter o negócio operando até que se torne lucrativo.

Previsão de receitas e despesas: Faça uma estimativa realista de suas receitas e despesas. Considere cenários otimistas e pessimistas.

Plano de negócios

Desenvolva um plano de negócios detalhado, abordando todos os pontos acima e definindo claramente seus objetivos, estratégias e projeções financeiras. Isso servirá como um roteiro para o sucesso do seu negócio e pode ajudar na obtenção de financiamento.

 

FONTE MEU VALOR DIGITAL

Chuva intensa pode atingir BH e outras 626 cidades de MG; veja quais

Contagem, Ibirité, Ribeirão das Neves e outras cidades de Minas estão na lista

Belo Horizonte e outras 626 cidades de Minas Gerais podem ter chuva intensa, de até 50 mm, entre hoje e a manhã desta terça-feira (26). O alerta foi divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) nesta segunda-feira (25).

O alerta amarelo é emitido nos casos de “perigo potencial” ou “risco moderado”, ou seja, uma situação meteorológica que pode se tornar perigosa.

A inclusão no alerta amarelo significa que o município pode registrar chuvas com intensidade entre 20 e 30 milímetros por hora ou até 50 milímetros por dia, além de ventos de 40 a 60 km/h. O alerta amarelo também inclui baixo risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas.

Estão na lista do Inmet cidades da região Central Mineira, Zona da Mata, Vale do Rio Doce, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Oeste, Sul, Sudoeste, Campo das Vertentes, Metropolitana de Belo Horizonte, Jequitinhonha, Noroeste e Norte de Minas.

Veja a lista das cidades:

  • Abaeté
  • Abre Campo
  • Acaiaca
  • Açucena
  • Água Boa
  • Água Comprida
  • Aguanil
  • Aimorés
  • Aiuruoca
  • Alagoa
  • Além Paraíba
  • Alfenas
  • Alfredo Vasconcelos
  • Alpercata
  • Alpinópolis
  • Alterosa
  • Alto Caparaó
  • Alto Jequitibá
  • Alto Rio Doce
  • Alvarenga
  • Alvinópolis
  • Alvorada de Minas
  • Amparo do Serra
  • Andrelândia
  • Antônio Carlos
  • Antônio Dias
  • Antônio Prado de Minas
  • Araçaí
  • Aracitaba
  • Arantina
  • Araponga
  • Arapuá
  • Araújos
  • Araxá
  • Arcos
  • Areado
  • Argirita
  • Aricanduva
  • Arinos
  • Astolfo Dutra
  • Augusto de Lima
  • Baependi
  • Baldim
  • Bambuí
  • Barão de Cocais
  • Barão de Monte Alto
  • Barbacena
  • Barra Longa
  • Barroso
  • Bela Vista de Minas
  • Belmiro Braga
  • Belo Horizonte
  • Belo Oriente
  • Belo Vale
  • Betim
  • Bias Fortes
  • Bicas
  • Biquinhas
  • Boa Esperança
  • Bocaina de Minas
  • Bocaiúva
  • Bom Despacho
  • Bom Jardim de Minas
  • Bom Jesus da Penha
  • Bom Jesus do Amparo
  • Bom Jesus do Galho
  • Bom Sucesso
  • Bonfim
  • Bonfinópolis de Minas
  • Brasilândia de Minas
  • Brás Pires
  • Braúnas
  • Brumadinho
  • Buenópolis
  • Bugre
  • Buritis
  • Buritizeiro
  • Cabeceira Grande
  • Cabo Verde
  • Cachoeira da Prata
  • Caetanópolis
  • Caeté
  • Caiana
  • Cajuri
  • Camacho
  • Cambuquira
  • Campanário
  • Campanha
  • Campestre
  • Campina Verde
  • Campo Azul
  • Campo Belo
  • Campo do Meio
  • Campo Florido
  • Campos Altos
  • Campos Gerais
  • Canaã
  • Cana Verde
  • Candeias
  • Cantagalo
  • Caparaó
  • Capela Nova
  • Capetinga
  • Capim Branco
  • Capitão Andrade
  • Capitólio
  • Caputira
  • Caranaíba
  • Carandaí
  • Carangola
  • Caratinga
  • Carbonita
  • Carmésia
  • Carmo da Cachoeira
  • Carmo da Mata
  • Carmo de Minas
  • Carmo do Cajuru
  • Carmo do Paranaíba
  • Carmo do Rio Claro
  • Carmópolis de Minas
  • Carneirinho
  • Carrancas
  • Carvalhópolis
  • Carvalhos
  • Casa Grande
  • Cássia
  • Cataguases
  • Catas Altas
  • Catas Altas da Noruega
  • Caxambu
  • Cedro do Abaeté
  • Central de Minas
  • Chácara
  • Chalé
  • Chiador
  • Cipotânea
  • Claraval
  • Claro dos Poções
  • Cláudio
  • Coimbra
  • Coluna
  • Comendador Gomes
  • Conceição da Aparecida
  • Conceição da Barra de Minas
  • Conceição das Alagoas
  • Conceição de Ipanema
  • Conceição do Mato Dentro
  • Conceição do Pará
  • Conceição do Rio Verde
  • Confins
  • Congonhas
  • Congonhas do Norte
  • Conquista
  • Conselheiro Lafaiete
  • Conselheiro Pena
  • Contagem
  • Coqueiral
  • Coração de Jesus
  • Cordisburgo
  • Cordislândia
  • Corinto
  • Coroaci
  • Coronel Fabriciano
  • Coronel Pacheco
  • Coronel Xavier Chaves
  • Córrego Danta
  • Córrego Fundo
  • Córrego Novo
  • Couto de Magalhães de Minas
  • Cristais
  • Cristiano Otoni
  • Crucilândia
  • Cruzeiro da Fortaleza
  • Cruzília
  • Cuparaque
  • Curvelo
  • Datas
  • Delfinópolis
  • Delta
  • Descoberto
  • Desterro de Entre Rios
  • Desterro do Melo
  • Diamantina
  • Diogo de Vasconcelos
  • Dionísio
  • Divinésia
  • Divino
  • Divino das Laranjeiras
  • Divinolândia de Minas
  • Divinópolis
  • Divisa Nova
  • Dom Bosco
  • Dom Cavati
  • Dom Joaquim
  • Dom Silvério
  • Dona Eusébia
  • Dores de Campos
  • Dores de Guanhães
  • Dores do Indaiá
  • Dores do Turvo
  • Doresópolis
  • Durandé
  • Elói Mendes
  • Engenheiro Caldas
  • Engenheiro Navarro
  • Entre Folhas
  • Entre Rios de Minas
  • Ervália
  • Esmeraldas
  • Espera Feliz
  • Estrela Dalva
  • Estrela do Indaiá
  • Eugenópolis
  • Ewbank da Câmara
  • Fama
  • Faria Lemos
  • Felício dos Santos
  • Felixlândia
  • Fernandes Tourinho
  • Ferros
  • Fervedouro
  • Florestal
  • Formiga
  • Formoso
  • Fortaleza de Minas
  • Fortuna de Minas
  • Francisco Dumont
  • Frei Inocêncio
  • Frei Lagonegro
  • Fronteira
  • Frutal
  • Funilândia
  • Galiléia
  • Goiabeira
  • Goianá
  • Gonzaga
  • Gouveia
  • Governador Valadares
  • Guanhães
  • Guapé
  • Guaraciaba
  • Guarani
  • Guarará
  • Guaxupé
  • Guidoval
  • Guimarânia
  • Guiricema
  • Iapu
  • Ibertioga
  • Ibiá
  • Ibiaí
  • Ibiraci
  • Ibirité
  • Ibituruna
  • Icaraí de Minas
  • Igarapé
  • Igaratinga
  • Iguatama
  • Ijaci
  • Ilicínea
  • Imbé de Minas
  • Ingaí
  • Inhapim
  • Inhaúma
  • Inimutaba
  • Ipaba
  • Ipanema
  • Ipatinga
  • Itabira
  • Itabirito
  • Itaguara
  • Itamarandiba
  • Itamarati de Minas
  • Itambacuri
  • Itambé do Mato Dentro
  • Itamonte
  • Itanhomi
  • Itapagipe
  • Itapecerica
  • Itatiaiuçu
  • Itaú de Minas
  • Itaúna
  • Itaverava
  • Itueta
  • Itumirim
  • Iturama
  • Itutinga
  • Jaboticatubas
  • Jacuí
  • Jaguaraçu
  • Jampruca
  • Japaraíba
  • Jeceaba
  • Jequeri
  • Jequitaí
  • Jequitibá
  • Jesuânia
  • Joanésia
  • João Monlevade
  • João Pinheiro
  • Joaquim Felício
  • José Raydan
  • Juatuba
  • Juiz de Fora
  • Juruaia
  • Lagamar
  • Lagoa da Prata
  • Lagoa dos Patos
  • Lagoa Dourada
  • Lagoa Formosa
  • Lagoa Grande
  • Lagoa Santa
  • Lajinha
  • Lambari
  • Lamim
  • Laranjal
  • Lassance
  • Lavras
  • Leandro Ferreira
  • Leopoldina
  • Liberdade
  • Lima Duarte
  • Limeira do Oeste
  • Luisburgo
  • Luminárias
  • Luz
  • Machado
  • Madre de Deus de Minas
  • Manhuaçu
  • Manhumirim
  • Mantena
  • Maravilhas
  • Mar de Espanha
  • Mariana
  • Marilac
  • Mário Campos
  • Maripá de Minas
  • Marliéria
  • Martinho Campos
  • Martins Soares
  • Materlândia
  • Mateus Leme
  • Mathias Lobato
  • Matias Barbosa
  • Matipó
  • Matozinhos
  • Matutina
  • Medeiros
  • Mendes Pimentel
  • Mercês
  • Mesquita
  • Minduri
  • Miradouro
  • Miraí
  • Moeda
  • Moema
  • Monjolos
  • Monsenhor Paulo
  • Monte Belo
  • Montes Claros
  • Morada Nova de Minas
  • Morro da Garça
  • Morro do Pilar
  • Muriaé
  • Mutum
  • Muzambinho
  • Nacip Raydan
  • Naque
  • Natalândia
  • Nazareno
  • Nepomuceno
  • Nova Era
  • Nova Lima
  • Nova Módica
  • Nova Ponte
  • Nova Resende
  • Nova Serrana
  • Nova União
  • Olaria
  • Olhos-d’Água
  • Oliveira
  • Oliveira Fortes
  • Onça de Pitangui
  • Oratórios
  • Orizânia
  • Ouro Branco
  • Ouro Preto
  • Paineiras
  • Pains
  • Paiva
  • Palma
  • Papagaios
  • Paracatu
  • Pará de Minas
  • Paraguaçu
  • Paraopeba
  • Passabém
  • Passa Tempo
  • Passa Vinte
  • Passos
  • Patos de Minas
  • Patrocínio
  • Patrocínio do Muriaé
  • Paula Cândido
  • Paulistas
  • Peçanha
  • Pedra Bonita
  • Pedra do Anta
  • Pedra do Indaiá
  • Pedra Dourada
  • Pedro Leopoldo
  • Pedro Teixeira
  • Pequeri
  • Pequi
  • Perdigão
  • Perdizes
  • Perdões
  • Periquito
  • Piau
  • Piedade de Caratinga
  • Piedade de Ponte Nova
  • Piedade do Rio Grande
  • Piedade dos Gerais
  • Pimenta
  • Pingo d’Água
  • Pintópolis
  • Piracema
  • Pirajuba
  • Piranga
  • Pirapetinga
  • Pirapora
  • Piraúba
  • Pitangui
  • Piumhi
  • Planura
  • Pocrane
  • Pompéu
  • Ponte Nova
  • Ponto Chique
  • Porto Firme
  • Pouso Alto
  • Prados
  • Pratápolis
  • Pratinha
  • Presidente Bernardes
  • Presidente Juscelino
  • Presidente Kubitschek
  • Presidente Olegário
  • Prudente de Morais
  • Quartel Geral
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FONTE ITATIAIA

Santana dos Montes (MG): uma joia a ser lapidada na Estrada Real

Viajar está entre as melhores atividades humanas e fica ainda melhor quando se está hospedado em um lugar que oferece aconchego como casa de “vó”, bom papo antes do jantar e um aprendizado substancioso sobre onde se vai explorar. É assim no Solar dos Montes, que fica na pequena e histórica cidade de Santana dos Montes, em Minas Gerais. Em plena Estrada Real, no Caminho Novo, e no Roteiro das Fazendas do Ouro mineiras, o município fica a apenas 140 km de Belo Horizonte.

Uma serrinha de belas paisagens é responsável por levar o visitante até o centro histórico preservado, onde estão a igreja matriz de Santana – de 1749, que apresenta pinturas barrocas de Francisco Xavier Carneiro – e casarios de época. O maior deles é o hotel em questão, que está sempre de portas abertas e com aquela recepção que os mineiros oferecem como ninguém: uma xícara de café, chá se preferir, com sequilhos ou bolo caseiro. Isso se for no final da tarde. Se a chegada é perto do almoço, o cheiro da saborosa e caprichada comida mineira é a recepcionista.

O casarão do século XVIII impressiona por si só. Totalmente restaurado (foram anos e anos para deixá-lo pronto), ele é a alma do hotel, que pertence e é morada do casal de sociólogos Ana e José Maria Medina. Um adorno sem igual para a praça. Aconchegante, tem espaços para curtir o ócio, ler um livro, tomar um drink ou vinho.

Em épocas de frio, as noites contam com lareira acesa, de dia oferecem uma vista arborizada da área de lazer e dos chalés bem montados e confortáveis, construídos nos mesmos padrões da casa principal.Um lugar para ficar dias sem sair, só vivenciando o que tem a oferecer: monitoria para crianças, eventos culturais para adultos, que podem misturar a cultura mineira à argentina (nacionalidade do Medina), curtir um bom filme no Cine Solar, folhear os livros da rica biblioteca pessoal do casal.

Uma das responsáveis por fomentar o turismo local, Ana também desempenha o papel de guia para os que querem explorar a cidade. Explica com maestria os afrescos da igreja de Santana e apresenta aos visitantes o artesanato local, como as encantadoras peças feitas com capim Vertiver, por exemplo.

Toda essa experiência é oferecida aos associados da Afubesp com desconto de 10% em relação às tarifas vigentes. O Solar dos Montes trabalha com pensão completa, possui quartos com varanda e vista para o jardim, piscina, bar e WiFi gratuito. As reservas podem ser feitas pelo telefone (31) 3726-1319/3726-1314. Conheça mais no www.solardosmontes.com.br.

 

FONTE AFUBESP

“Lama invisível” de barragem destruiu projetos de vida em cidade de MG

Moradores temem tragédia como a que aconteceu em Brumadinho

Interior de Minas Gerais. Canções de música clássica tocadas sem plateia. O eco das sirenes e a orientação de que se deve deixar as casas para trás, trancando portas e fechando janelas. O helicóptero em sobrevoo. A instrução de que é preciso ter calma nesse tipo de situação. A denominação “Zona de Autossalvamento”.

Parece um conto de realismo fantástico, mas se trata de uma simulação feita pela mineradora ArcelorMittal, sob a coordenação da Defesa Civil, no município de Itatiaiuçu, onde fica a Mina de Serra Azul. O objetivo do treinamento é orientar a população sobre como agir no caso de uma evacuação de emergência causada pelo eventual rompimento da barragem.

Em Itatiaiuçu, barragem Serra Azul. A estrutura pertence à mineradora ArcelorMittal.
Barragem da Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu (MG), está em processo de descaracterização – Reprodução Google Maps/Direitos reservados

Por conta dos riscos envolvendo a barragem, que está em processo de descaracterização (retirada de todo o rejeito de seu interior), moradores das comunidades de Pinheiros, Samambaia, Curtume, Quintas do Itatiaia, Lagoa das Flores, Retiro Colonial, Capoeira de Dentro e Vieiras tiveram a rotina alterada. Das cerca de 13 mil pessoas que vivem no município, 2 mil podem ser consideradas atingidas pela barragem, que foi construída em 1987.

Uma das pessoas afetadas pelo empreendimento é Luzia Soares de Souza, mulher negra que integra, ao lado de outros 14 membros, a comissão que defende os direitos dos habitantes da região. Ela ainda tenta conseguir selar um acordo que repare as perdas que teve por causa da Mina de Serra Azul.

Em março de 2022, a Agência Nacional de Mineração (ANM) mudou a classificação da barragem, de 2 para 3, em uma escala que varia de 1 a 3. O nível 3 indica que a ruptura da estrutura é iminente ou já está ocorrendo, embora a ArcelorMittal negue a aplicação que a Mina de Serra Azul esteja nessas condições.

A situação das famílias se complicou cerca de três anos antes, em 8 de fevereiro de 2019, quando a ArcelorMittal começou a retirar moradores da comunidade de Pinheiros que se encontravam na chamada Zona de Autossalvamento (ZAS) da Mina de Serra Azul. A providência foi necessária em decorrência do acionamento do Plano de Ação de Emergência (PAEBM) da barragem da Mina Serra Azul, que teve seu nível de emergência elevado para 2. Naquela fase, 56 famílias mudaram de endereço e foram morar em casas alugadas pela empresa.

O que a ArcelorMittal se comprometeu a fazer para tentar barrar a lama de rejeito de minérios foi construir uma Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ). A obra foi iniciada em 2022 e deve ser terminada somente em 2025. Até lá, moradores da região vivem com o temor de que aconteça um desastre como o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, ocorrido na cidade de Brumadinho, também em Minas Gerais, no dia 25 de janeiro de 2019.

Quinze dias após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, 90 famílias de Pinheiros, Lagoa das Flores e Vieiras tiveram de ser retiradas de suas casas.

Barragem da Mina Serra Azul afetou relações familiares e de amizade, conta Luzia Soares de Souza –  Luzia Soares de Souza/Divulgação

Em entrevista à Agência Brasil, Luzia Soares de Souza contou por que escolheu a localidade para criar a filha.  Para ela, atendia ao critério de tranquilidade que buscava.

A barragem, no entanto, corroeu amizades e laços familiares. No caso de Luzia, o elo com seus irmãos foi cortado, pois eles, com receio de a barragem romper-se a qualquer hora, deixaram de visitá-la. O mesmo ocorreu com amigos que tinham pais idosos e que correriam risco se estivessem presentes no momento de uma eventual tragédia, pois, diante das dificuldades de locomoção, talvez não sobreviveriam. Várias pessoas com as quais Luzia convivia se mudaram para a capital mineira ou municípios como Betim e Contagem.

“A minha filha, que estava morando comigo, foi embora, com medo. E eu, no primeiro ato, fiquei meio perdida, porque a ficha demorou para cair. Quando caiu, eu iniciei o tratamento para depressão, comecei a me dar conta de que eu não comia direito, não dormia mais direto. Fiquei uns quatro meses fora de lá e voltei. Fechava os olhos e via a cena de Brumadinho acontecendo, porque lá não tinha propensão nenhuma de a barragem romper e rompeu”, diz ela.

O integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Pablo Dias explica que o perfil dos moradores da região é heterogêneo. Havia pessoas que tinham sítios e passavam neles temporadas, mas há também um número significativo de idosos que decidiram passar ali um período de maior serenidade nessa delicada fase da vida, com a aposentadoria.

Segundo Dias, uma das manobras usadas pela mineradora é considerar os imóveis como parcialmente atingidos, quando a empresa acha brecha para sustentar que somente o acesso a ele foi prejudicado.

“Há aqueles danos que não são individuais. Por exemplo, o agravamento da saúde das famílias sobrecarrega o SUS [Sistema Único de Saúde], os atendimentos psiquiátricos e psicológicos da região. Atingidos que já estão em sofrimento não conseguem ter o atendimento necessário por conta disso”, afirma o integrante do MAB.

“Outra questão é essa perda de perspectiva de vida. Desde que acionou o plano de emergência, a vida das pessoas está em suspenso. As pessoas não sabem se investem dinheiro para construir a casa ali ou não, pois não sabem como vai ser a retomada da vida. Não sabem o que vai acontecer com a comunidade. O pessoal costuma falar: ‘essa lama invisível destruiu nossos projetos de vida'”, completa Pablo Dias.

Imóveis perdidos

Como aponta Luzia, uma das características que marcam as relações entre os membros da comunidade local é a informalidade nos tratos firmados, já que muitas negociações sempre foram marcadas pela confiança. Isso acabou representando um empecilho ao reconhecimento da condição de atingidos para muitas pessoas, pois, na hora de comprovarem vínculos como os existentes entre inquilinos e proprietários de imóveis, a coisa se torna difícil.

“É uma comunidade em que as pessoas alugam para outras e falam: ‘não, é tanto, no final do mês, você me paga, não se preocupe com o recibo’. Tem algumas áreas que não têm luz, algumas que têm luz, mas não têm água. O documento é do dono do imóvel e as contas estão no nome dele. É essa coisa de interior, em que um confia no outro. A ArcelorMittal quer que você tenha um contrato de aluguel, uma conta de água, de luz. E já ouviu falar de casa cedida, que um dá para o outro, deixando para cuidar, tomando conta, na confiança de não ter usucapião, nada? Tem muito isso também”, ressalta a líder.

O imóvel em que Luzia vive foi cedido a ela e já foi anunciado para venda. Como aconteceu com outras casas, nenhum interessado em fazer negócio surgiu. Luzia calcula que alguns imóveis tenham perdido 70% de seu valor de mercado.

O MAB chama a atenção para outras táticas da ArcelorMittal para não reconhecer a condição de atingidos dos habitantes do município. Uma delas é reconhecer somente uma das pessoas que formam um casal, mesmo quando há documentos comprobatórios, como uma certidão de casamento.

Argila tóxica?

Na opinião de Luzia, o desprezo da companhia pelos atingidos alcançou outro patamar quando a empresa ofertou um curso de cerâmica no qual disponibilizou argila feita de rejeitos da barragem. “O pessoal estava modelando argila para fazer as peças. Aí, uma pessoa que estava participando teve alergia e o curso parou. Fomos perguntar por que teve alergia. Ela [alguém relacionado à organização do curso] não sabia o que dizer, mas disse que estava fazendo com rejeito da mineração. A gente pediu para o Ministério Público fiscalizar o que estava acontecendo, porque pode ser que não seja o rejeito, mas tem 90% de [chances de] ser”, diz a moradora, explicando que o laudo ainda não foi finalizado e que o curso não foi retomado.

“A gente achou isso uma falta de respeito aos atingidos, porque a lama que pode derramar nas nossas casas e acabar com a nossa vida é a mesma com que a gente deve trabalhar [manusear, no curso]”, desabafa.

Para ela, a sensação que a ArcelorMittal tenta consolidar é a que está fazendo um favor aos habitantes da comunidade. “É como se os moradores tivessem atingido a mineradora, não o contrário”, resume.

Medidas

Em 19 de junho de 2023, a ArcelorMittal e a Comissão de Pessoas Atingidas de Itatiaiuçu assinaram um termo de acordo preliminar (TAP) para tentar garantir a reparação dos direitos difusos e coletivos das famílias atingidas pela elevação, em 2019, do nível de emergência da barragem Serra Azul. O TAP foi assinado também pelo Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público Federal (MPF) e a prefeitura de Itatiaiuçu.

O acordo previa recursos de R$ 440 milhões da ArcelorMittal para a reparação dos danos transindividuais causados pelo risco de rompimento da barragem. Além do montante, o TAP estabeleceu que as vítimas continuariam tendo direito a uma assessoria técnica independente, além do serviço de auditoria financeira externa. A assessoria deve beneficiar as 655 famílias já cadastradas e outras 540 que foram incluídas no acordo.

De acordo com o MAB, o termo de acordo complementar (TAC) que irá ampliar os direitos dos atingidos e que está sendo construído entre o Ministério Público e a empresa já reúne 65 propostas. Todas foram construídas em conjunto com as vítimas.

Riscos a trabalhadores

O Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a intervir nas atividades da ArcelorMittal, por entender que a circulação de funcionários da companhia na área da Mina de Serra Azul demandava mais cuidados. Em novembro de 2023, foi firmado um acordo judicial entre o órgão e a mineradora, para obrigá-la a incorporar medidas de segurança de empregados próprios e/ou terceirizados que, eventualmente, prestarem serviços no local e na sua respectiva Zona de Autossalvamento (ZAS), incluindo as atividades de construção da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ).

“A ArcelorMittal deverá pagar, ainda, a importância líquida de R$ 10 milhões, a serem revertidos, na forma da Resolução 179/2020 do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho (CSMPT), à promoção de saúde e segurança no ambiente de trabalho e prevenção de acidentes, apoio a órgãos/instituições ou programas/projetos públicos ou privados, que tenham objetivos filantrópicos, culturais, educacionais, científicos, de assistência social ou de desenvolvimento e melhoria das condições de trabalho”, determinou, paralelamente, a procuradora Adriana Augusta Souza.

Outro lado

Na estrutura do Grupo ArcelorMittal, a ArcelorMittal Brasil atua no ramo de produção de aço e é um dos principais nomes da mineração de todo o mundo. Em 2022, sua receita líquida consolidada foi de R$ 71,6 bilhões.

A ArcelorMittal mantém no ar uma página para divulgar informes sobre a Mina de Serra Azul. Na seção, destaca aspectos como o funcionamento de “indicadores que monitoram a barragem 24 horas por dia, sete dias da semana” e que “nenhuma imobiliária ou corretor imobiliário estão autorizados a fazer contato com moradores para tratar de assuntos relativos à compra e venda de imóveis”.

Em resposta à Agência Brasil, a companhia afirmou, em nota, que “está comprometida com a justa reparação social, individual e coletiva aos danos causados pelo acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) da Mina de Serra Azul” e que tem cumprido todas as obrigações estabelecidas no Termo de Acordo Complementar 1 (TAC1).

A empresa confirmou que o reconhecimento da condição de atingido depende da “apresentação de provas” e que a principal delas é o comprovante de residência. “Nas negociações individuais, das 58 famílias que foram realocadas provisoriamente em imóveis alugados pela empresa, 41 já mudaram para suas residências definitivas”, pontuou.

Perguntada sobre a argila do curso de cerâmica, a companhia respondeu que o material não representava risco à saúde. “O rejeito foi objeto de estudos prévios que confirmaram a inexistência de riscos, sendo utilizado como elemento diferenciador do produto final. Não há contato direto com a pele dos alunos, já que são fornecidos EPIs [equipamentos de proteção individual], sendo uma escolha dos alunos trabalhar com massa com ou sem rejeito em sua composição”, argumentou.

“A empresa está construindo a Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), que será uma grande estrutura capaz de reter todo o rejeito no caso de um eventual rompimento da barragem. A conclusão da ECJ, prevista para setembro de 2025, permitirá o início dos trabalhos de descaracterização da barragem, que será a retirada de todo o material em seu interior e o desmonte da estrutura. A construção da ECJ não causou quaisquer danos às casas dos moradores, tampouco ruído acima dos limites legais, fatos demonstrados por laudos técnicos submetidos às autoridades”, acrescentou na nota.

Governo federal

Em nota, a Agência Nacional de Mineração (ANM), que divulga um relatório anual sobre a segurança das barragens, informou à reportagem da Agência Brasil que a barragem, “que vinha sendo reportada com solução de engenharia já finalizada, possui versão preliminar do projeto executivo elaborado com o conhecimento pré-existente da estrutura, conforme verificado em fiscalização in loco recente pela agência”. De acordo com o órgão, as fases de projeto da descaracterização e a execução das obras terão continuidade quando os funcionários puderem trabalhar com segurança.

A ANM ainda destacou que poderá fazer uma nova avaliação das soluções propostas pela empresa à medida que as etapas da ECJ forem cumpridas. A Agência Brasil também entrou em contato com o Ministério de Minas e Energia, que não deu retorno até o fechamento desta reportagem.

 

FONTE AGÊNCIA BRASIL

Cidade mineira é um dos municípios com o ar mais poluído do Brasil; veja lista completa

O relatório World Air Quality de 2023, feito pela IQAir, mostra as cidades e países com pior qualidade de ar do mundo

A cidade mineira de Timóteo, localizada no Vale do Aço, é um dos municípios com o ar mais poluído do Brasil, segundo o relatório World Air Quality de 2023, feito pela IQAir, empresa suíça especializada em tecnologia de qualidade do ar e em proteção contra poluentes. De acordo com a lista, Timóteo possui o nível de material particulado MP 10,1, duas a três vezes superior ao parâmetro recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O município brasileiro que apresentou o pior índice de poluição foi Xapuri, no Acre. Osasco, na região metropolitana de São Paulo, é a segunda cidade com maior poluição do Brasil. Outras cidades paulistas com indicador da qualidade do ar entre três e cinco vezes pior do que o recomendado pela OMS são: Guarulhos, Rio Claro e Cubatão.

Manaus, capital do Amazonas, apresentou piora significativa na qualidade de ar entre 2021 e 2023, segundo o relatório. A quantidade de materiais particulados com diâmetro de até 2,5 micrômetros (MP 2,5) na cidade amazonense ultrapassa em mais de três vezes o que é estabelecido pela OMS. Em 2021, o nível de MP 2,5 na atmosfera manauara era duas vezes maior do que o recomendado pela Organização.

A única cidade do país entre as analisadas que ficou dentro dos parâmetros estabelecidos pela OMS foi Fortaleza.

No país, o nível de MP 2,5 da atmosfera é mais que o dobro do recomendado, o que o coloca na 83º posição entre os mais poluídos. Ainda assim, o número representa uma queda em relação aos primeiros registros do World Air Quality. Em 2018, por exemplo, a presença desses materiais na atmosfera era mais que o triplo.

Materiais particulados foram associados a mortes e doenças provocadas por problemas no coração e no pulmão. Segundo a OMS, o MP 2,5 é um dos que tem maior impacto na saúde é o MP 2,5.

Qualidade do ar nas cidades brasileiras

Baseado na concentração de material particulado (MP 2,5), em micrograma por m³. Abaixo, todas as cidades brasileiras analisadas.

– Xapuri (Acre): 21 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– Osasco (São Paulo): 19,4 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– Manaus (Amazonas): 16,8 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– Camaçari (Bahia): 16,2 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– Guarulhos (São Paulo): 16 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– São Caetano (São Paulo): 15,9 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– Rio Claro (São Paulo): 15,5 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– Cubatão (São Paulo): 15,4 (excede de 3 a 5 vezes o parâmetro da OMS);

– Acrelândia (Acre): 15 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Campinas (São Paulo): 15 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Mauá (São Paulo): 14,6 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Porto Velho (Rondônia): 14,3 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– São Paulo: 14,3 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Senador Guiomard (Acre): 13,4 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Santos (São Paulo): 13,1 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Ribeirão Preto (São Paulo): 13 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Jundiaí (São Paulo): 12,6 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Rio Branco do Sul (Paraná): 11,9 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Curitiba (Paraná): 11,9 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Rio Branco (Acre): 11,8 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Piracicaba (São Paulo): 11,8 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Rio de Janeiro: 11,7 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Manoel Urbano (Acre): 11,5 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– São José dos Campos (São Paulo): 11 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Taubaté (São Paulo): 10,6 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Guaratinguetá (São Paulo): 10,2 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Timóteo (Minas): 10,1 (excede de 2 a 3 vezes o parâmetro da OMS);

– Serra (Espírito Santo): 9,3 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– São José do Rio Preto: 9,3 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Palmas (Tocantins): 9,3 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Macapá (Amapá): 8,5 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Cruzeiro do Sul (Acre): 8,4 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Tarauacá (Acre): 8,2 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Jambeiro (São Paulo): 8 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Boa Vista (Roraima): 7,2 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Guarapari (Espírito Santo): 7 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Brasília: 6,8 (excede de 1 a 2 vezes o parâmetro da OMS);

– Fortaleza: 3,4 (dentro do parâmetro).

Quais os países com pior qualidade de ar do mundo?

De acordo com o relatório, o país com pior qualidade de ar em 2023 foi Bangladesh, seguido por Paquistão e Índia.

Nesses países, o nível de MP 2,5 chegou a ser até dez vezes maior do que o recomendado pela OMS. Na Índia, está localizada a metrópole com maior poluição de MP 2,5, chamada de Begusarai.

Os nove primeiros países a aparecer no ranking estão na Ásia. A República Democrática do Congo é o país de outro continente com maior presença de MP 2,5.

Na Europa, a Bósnia obteve o pior nível de qualidade de ar e ficou em 27º lugar Na América do Norte, o Canadá apresentou o pior nível do material particulado, na 93ª posição. Treze das cidades mais poluídas da região são canadenses.

Apenas sete dos países verificados conseguiram cumprir as orientações da OMS: Austrália, Estônia, Finlândia, Granada, Islândia, Ilhas Maurício e Nova Zelândia.

Para o cientista de Qualidade de Ar do Greenpeace Internacional, Aidan Farrow, os dados da IQAir mostram que, em 2023, a poluição atmosférica foi uma catástrofe global de saúde.

“Esforços locais, nacionais e internacionais são necessários urgentemente para monitorar a qualidade de ar em lugares sem muitos recursos, gerenciar a névoa transfronteiriça e cortar nossa dependência em combustão como uma fonte de energia”, defendeu.

O relatório destacou que o continente africano ainda sofre com a ausência de dados sobre a qualidade do ar. Já na América Latina e no Caribe, 70% dos dados obtidos vieram de sensores de baixo custo.

FONTE TRIBUNA DE MINAS
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