Cronica: Relou, Relou, Trump? On Jack Tall O “Máskara’’?

Em meio à reunião que acontecia na Casa Branca, do compadre Washington, o
telefone toca:
_ Relou, Relou!
_ Hello, Hello!
_ Relou, Trump?
_ Yes, é Trump! Quem fala?
_ Trump, aqui é Jair!
_ Jaire? Como você está, Jaire? Olha, em tempos de pandemia, vamos deixar esse
negócio de Hello de lado, pois a ordem é distanciamento e não ficar nessa relação pra
lá e pra cá!
_ Sim, Tramp, vou levando, aliás, não vou levando, melhor dizendo, queria levar! E
você?
_ Como assim, Jaire? Não entendi!
_ É que comprei um material hospitalar da China, para usar na pandemia da Covid-19
e a compra foi cancelada, então, não vou levar nada, entendeu agora?
_ Cancelada, Jaire? Como assim, Jaire?
_ Os chineses falaram que você comprou todo o material hospitalar disponível por lá e
não sobrou para ninguém.
_ Eu? Que isso, Jaire? Eu jamais faria isso. Vocês são meus parceiros, pois ninguém
USA o Brasil, como EEUU! Só comprei o que encontrei. Mandei dez aviões e só
consegui encher sete, pois também não encontrei material para os outros três, que
voltaram vazios!
_ Então, você ainda comprou muita coisa e eu que não consegui comprar ‘’Nada’’.
_Nada, Jaire, nada?
_ Sim Trump, nada, nadinha de nada!
_ Jaire, então faça o seguinte: Já que você não conseguiu ‘’Nada’’, compre então
aquele conjunto de natação, que tem respirador, óculos e pé de pato! Quem ‘’Nada’’
precisa daquilo.
_ Mas aqui está tudo parado, ninguém ‘’Nada’’, nem em clube, nem em praia, tudo
proibido.
_ Mas o conjunto de respirador é bom e pode ser usado também, no dia a dia, como
proteção!
_ Qual respirador você fala, Trump?
_ Aquele, Jaire, que tem um cano plástico, com um bocal de borracha. A pessoa vai
respirar pelo cano e vai ter dificuldades de levar a mão à boca e o cano vai servir de
barreira contra o vírus. Os óculos também servem como proteção dos olhos e nariz, se
usados normalmente pela pessoa, Jaire!
_ E o que eu faço com o Pé de Pato, Trump?
_ Jaire, faz o que você já vem fazendo! ‘’Pé de Pato’’do mundo ir para a rua, pois
estarão protegidos com este kit!
_ Olha, Trump, vou ver esta ideia, quem sabe! Se não tenho material para ser usado
em hospitais, posso comprar material para ser usado nas ruas, diminuindo a
transmissão.
_ Essa doença vai arruinar as economias, Jaire! Precisamos encontrar um remédio,
urgente! Hoje, falei por telefone com Ariel Sharon e ele me disse que os israelenses
estão bem pertos de lançar uma vacina contra este maldito vírus, num prazo de seis
meses.
_ Sim, Trump, mas o prazo ainda é muito longo, para uma doença urgente. Se a coisa
continuar do jeito que está, não dá para esperar esta vacina israelense para daqui a
seis meses. Difícil é saber quem a ‘’Tel Aviv’’, pois está morrendo muita gente!
_ É verdade, tem razão, Jaire! Aqui nós estamos testando um disposto de audição,
que diferencia o som do espirro da pessoa portadora do vírus e da não portadora.
_ É mesmo, Trump? E como funciona este dispositivo?
_ Bem, Jaire, é um dispositivo que o médico conecta ao ouvido. Assim que a pessoa
espirra, ele conecta as ondas sonoras geradas, o aparelho lê a frequência e o
resultado sai na hora. Se a pessoa não for portadora do vírus, ela espirra o tradicional
“Atchim”, mas se ela tiver com o vírus, o espirro dela é “Atchina”.
_ Nossa, que maravilha. Olha, Trump, eu venho contestando algumas teses da ciência
sobre esta pandemia e inclusive montei um grupo de estudos para debater o uso da
cloroquina, no combate da doença.
_ É mesmo, Jaire? E como vai ser o uso da Cloroquina?
_ Bem, Trump, ainda não temos a posologia mas, a princípio, no modo de uso, a
pessoa lava as mãos, as roupas, os calçados e outros produtos de uso diário, numa
solução de água ‘’clorada’’, a conhecida Água Sanitária, depois ela pode ir pra rua
protegida, para jogar na ‘’Quina’’. É por isso que quero reabrir as casas lotéricas,
entendeu?
_ Sim, Jaire! Oh, my Good! Tomara que você esteja certo! Se confirmar a sua
expectativa sobre a Cloroquina, você será um presidente de ‘’sorte’’!
_ Vamos vencer este vírus, Trump! Isso é coisa do Capeta!
_ Sim, Jaire, isso é coisa dele mesmo, você está certo, ‘’Capetão’’, ou melhor
‘’Capitão’’!
_ Aqui no Brasil as grandes religiões estão mobilizadas comigo nesta luta. Editei
decreto liberando do confinamento social, missas e cultos em igrejas e templos, para
agradar as duas correntes de fé. Se depender de mim, vamos começar a escrever
juntos, uma nova história de Adão e Eva Angélica! Só não consegui agregar os
‘’protestantes’’, mas você também é presidente e sabe como é difícil lidar com a
‘’oposição’’.
_ Sim, Jaire, eu sei, como sei! A coisa aqui está tão preta, que na Disneylândia, a
Branca de Neve está só com Seis Anões, pois o Atchim entrou em Quarentena. A
ordem lá é distanciamento e com isso, nem a ‘’Cinde Rela’’ mais. Eu quase
‘’Mickey”mei com a opinião pública, pois se dependesse de mim, aqui também não
haveria confinamento. Teve político da oposição que ficou “Pluto” de raiva comigo!
_ Sabe, Trump, estou achando que esta decisão da China de não vender material
hospitalar ao Brasil, pode ter alguma coisa com a postagem que o Dudu fez em rede
social, acusando o país chinês de ter espalhado o vírus pelo mundo.
_ Será, Jaire? Mas Edward é um bom moço, tem o direito de falar o que pensa!
_ Verdade, meu outro filho disse a mesma coisa. Para ele, o irmão usou a liberdade de
expressão, que está garantida na Declaração dos Direitos ‘’Do Mano’’. E é verdade!
_ Sim, Jaire! Mas o vírus veio de lá sim, isso é verdade!
_ Olha Trump, se fosse uma Endemia eu não saberia dizer ao certo de onde este vírus
podia ter vindo, mas sendo uma ‘’Pandemia’’, vinda da China, você não acha que pode
ter vindo do Urso ‘’Panda’’?
_ Sim , Jaire, sua teoria tem algum fundamento! É provável!
_ Sabe, Trump, foi o meu ministro do Meio Ambiente que levantou esta possibilidade!
Ele é um ótimo ministro, só tem grandes ideias, inclusive sugeriu usar a Acupuntura
também, pelo SUS, como forma de prevenção!
_ É mesmo, Jaire? Acupuntura funciona para isto?
_ Olha, ainda não sei, mas a tese dele pode dar certo, pois ele disse que nunca viu um
Porco Espinho doente!
_Tudo é possível, Jaire. Só sei que está muito difícil e nós aqui, estamos num
momento tão difícil, que não tenho como te ajudar agora, Jaire!
_ Pois é, Trump, eu queria ver se você poderia me ceder pelo menos ‘’Máscara’’.
_ Sim, Jaire, posso ver isso para você, pois vai ajudar a distrair o povo confinado em
casa!
_ Como assim, Trump? Não entendi!
_ Vou te mandar um avião cheio de cópias do filme ‘’O Máskara’’ para você fazer duas
coisas ao mesmo tempo: distrair e proteger a população confinada em casa.
_ Nossa, Trump, você é mesmo um amigão! Se não pode ajudar de um jeito, ajuda de
outro!
_ Ainda bem, Jaire, pelo menos você me entende, pois a Alemanha e a França
também estão insinuando que comprei matérias que eram para eles! Eu não fiz nada
disso com o Brasil, nem com a França, nem com a Alemanha.
_ Realmente, Trump, o que a imprensa mundial vem dizendo, é isso mesmo!
_ Olha, Jaire, eu não dei rasteira em nenhum país, apenas usei uma tática comercial.
Não estou preocupado se a França diz que eu fiz uma ‘’Sak Anagem a Trois”! São
meus parceiros e aliados, mas se continuarem com estas insinuações, vou resolver de
outra maneira. Comigo é assim, se quer ficar “Putin”, vou mandar todos eles “Pra Ohio
Que URSS Parta”.
_ Sim, Trump, aqui também estou tomando outra providência. Vou zerar a cobrança
de impostos da Vitamina D e do Zinco, para ajudar no combate ao Corona Vírus.
Quero ver o povo poder voltar às ruas, aquecer a economia e a vida voltar ao normal.
– É mesmo, Jaire? E como será o uso da Vitamina D e do Zinco?
_ Olha, Trump, ainda estou vendo com a equipe que montei para gerenciar esta crise.
Vou zerar os impostos para o povo poder se proteger, cada vez mais, do Corona
Vírus. Quero ver a população na rua, comprando muita Vitamina D.
_ Isso, Jaire, aqui eu compro todos os equipamentos hospitalares da China, enquanto
no Brasil, vocês vão para as ruas protegidos, tomando no Zinco, Zinco, Zinco, Zinco,
Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco, Zinco…
Por Ricardo da Rocha Vieira

Crônica: 30 dias da tragédia de Brumadinho

Nossa Senhora, a barragem do Feijão rompeu em Brumadinho. Deu no rádio. Notícia que ninguém queria ouvir. Vem a  TV com imagens de  chocar e  chorar. É difícil acreditar.  Ler,  nem pensar.  Até o tempo fechou.  Coisa de louco.  Só cabem orações. A  nossa Gerais  é terra de  minas,  minas sem fim. A atividade minerária  é coisa bruta, pesada, e perigosa.  É preciso cuidado, muito cuidado com o andar da carruagem no segmento. A prevenção e segurança urgem de ser tão ou mais pesada que se possa imaginar.  É,  a barragem do Feijão depois de décadas “vomitou”.  A força da lama que desceu morro abaixo é igual  a  de  um vulcão em erupção, só que sem ronco e fumaça. A lama é escura, lúgubre e poluente. É um maciço que passa sem dó  e compaixão, sem qualquer receio do  que bater de frente.  É de uma força descomunal, capaz de tombar coluna maior que o lendário Colosso de Rhodes.  Tem o poder de arrastar e engolir instalações gigantes, prédios, vagões de ferrovia, veículos de todo porte como se fossem miniaturas de brinquedo.  Uma coisa fora do  comum. O salve-se quem puder é intempestivo, vidas humanas tragadas, sem qualquer chance de se salvarem.  Muito triste.  É gente operária de primeira linha levadas precocemente, e  que  só conseguiram  deixar rastro de um tempo futuro para a lembrança. De um momento para o outro, a vida de muitos sucumbiu, deixando os vivos órfãos agasalhados de saudade. O sentimento de perda e o desastre são sem explicação. Estradas,  pontes, pousadas, sítios, animais, hortas, jardins,  pomares, campos verdejantes, casas e pessoas  deixaram de existir. Viraram lenda.  O rastro legado é desolador, um verdadeiro vale de lágrimas.  Nem efemérides nascem.  Nunca mais o sol  e o orvalho  das  manhãs serão sentidos pelos moradores, o mugido da vaca, o trato dos porquinhos, o relinchar e trote  do animal de montaria, os ovos frescos, o gorjear dos pássaros, o brilho do sol e o silêncio da noite paramentada  pela  lua  e estrelas;  nunca mais.  Felizmente,  no meio de toda a tragédia, surge  uma legião de verdadeiros heróis. Se trata de gente abnegada e corajosa que são os bombeiros, militares, voluntários, religiosos, filantropos, gente de fora e pessoal de apoio em todo norte,  agasalhados de fé, empatia e  tristeza. Muita tristeza.  O lamaçal  da destruição só encontra fim quando desagua no rio e finalmente é diluído deixando marcas profundas. Segredos vão junto.  A causa do desastre é um verdadeiro imbróglio  e  vem lá de trás,  de  priscas  eras.  A formação da barragem é material que cresce imperceptivelmente a cada segundo por anos e anos.  O tempo passa e os que convivem acostumam com uma visão padrão que impede de enxergar o perigo  iminente  submerso.  Silenciam ou mesmo inadmitem  que a natureza move, quando algo inexoravelmente vive e mexe, nem que seja microbiana. As montanhas são eternas, mas, com certeza a solidez aumenta ou diminui com o passar dos séculos. A natureza quando molestada dá o seu grito de dor e depois permanece silenciosa e fria. Mas, algo jamais  padece, e sempre paira a expectativa de a qualquer momento despertar e mostrar a sua fúria.  E quando acontece é  indomável e serve de alerta. Há um ditado que diz: todo alimento ceifa vida. A barragem por décadas  e  décadas foi alimentada  e  permaneceu inerte e acomodada. Mas algo a  fez  despertar.  Talvez pela ausência de cuidados, ou mesmo de ter ocorrido de ficar  nervosa com o sufoco do ínfimo espaço que ocupava e bateu nela a vontade de se ver livre das amarras e encostas, e,  foi quando então surtou, e se auto destruiu.

A tragédia se imortalizou nos anais da história mineira, assim como a dor na alma de cada parente e amigo que perdeu entes queridos, o que, permanecerá por gerações, acalentado no berço da eternidade.  Mas, a vida inapelavelmente desperta para um novo amanhã cheio de  esperanças.  A força  de bravos mineiros forjados de fé e força de trabalho são  o  ponto  de  partida  para seguir adiante, pois, sabem  que o mundo é um lugar que vale à pena lutar.  O sinal de alerta permanece latente de que a natureza necessita de comprometimento e respeito, muito respeito, de toda a humanidade.  A terra, a vida e o homem, são tudo uma coisa só.  Mariana e Feijão mereciam como outras barragens merecem, cuidado especial, muito especial, mesmo porque, um desastre não escolhe mortos e feridos.  E, nesse patamar vem à lume que todos somos iguais, que todos somos mortais.  As tragédias jamais poderiam acontecer, ninguém queria, mas  aconteceram.  Nossa Senhora que ilumine a força de trabalho dos homens  e proteja a todos nós.

Dedicados aos afilhados e amigos de Brumadinho e Conceição do Brumado.

Por: Reuber Lana

Fev/19

Crônica das chuvas: “Se a canoa não virar, olê, olê, olá”…

Se a canoa não virar, olê, olê, olá…

Outra chuva forte e mais uma vez, o caos, com novos estragos e velhos problemas. Como sempre, o escoamento da água pluvial pela avenida Telésforo Cândido continua sendo uma grande dor de cabeça e certeza de prejuízos, para os comerciantes locais.
No Cachorrão, o proprietário, um tal “Lenon” disse que tinha estoque para fazer, durante dois dias, uma promoção de pão “molhado”. Ao entrevistá-lo, ele afirmou: Quando cheguei e vi o que tinha acontecido, só consegui dar um grito: “Mother”. Depois pensei, se isso está acontecendo comigo, “Imagine all the people, living for today”, finalizou ele. 
Na igreja evangélica vizinha, fiéis entraram em êxtase ao ver o pastor “caminhando sobre as águas”. Numa lanchonete, entrou tanta sujeira, que para funcionar não havia outra alternativa: “Lava a York”. 
No rotor, a onda da enxurrada invadiu uma franquia de sanduíches, que um cliente sugeriu a mudança do nome para “Subwayve”, pois a água cobriu quase tudo. Mais abaixo, o dono de outra lanchonete prometia recuperar os prejuízos, aos poucos, “Digão” em grão, disse ele!
Em frente a outra lanchonete, um cidadão ficou de “Bob’s” vendo a enxurrada e teve que se segurar no galho de uma árvore, para não ser arrastado pela força da água. Na loja de peças de veículos, o dono lamentava o acontecido e disse não ter noção dos prejuízos. Em frente à minha loja, parece que se forma um redemoinho e é aqui que a água da enxurrada “Rode Mais”, disse ele.
No varejão, a água invadiu o estabelecimento, batia na parede do fundo e voltava como uma forte onda, arrastando legumes e frutas. O dono disse ter sido a primeira vez que a enxurrada formava as temidas tsu“inhames”. A onda levava tudo e para amenizar o prejuízo vou fazer uma promoção com a pêra d’água, a banana d’água e a abobrinha d’água, que sobraram. Afinal, quem não gosta de uma abobrinha re“afogada”, perguntou ele? Para finalizar, disse estar contabilizando as perdas: o prejuízo foi grande pra “chuchu”, tomei no “jiló” e não sei nem a hora “Quiabo” o varejão, amanhã.
Numa loja de acabamentos para construção, quem comprasse uma banheira, já levava o produto “cheio d’água”. Alguns sacos de cal do estoque foram levados pela enxurrada e foram parar dentro da ótica, mais abaixo. O dono da ótica disse que devido ao fato, todas as lentes em estoque passaram a ser Bifo“cal”. Na lanchonete ao lado, a proprietária garantia que nada invadiu a sua loja, e para provar, mostrava que seu adoçante continuava Zero “Cal” e todos os produtos mantinham a sua baixa “Cal”oria. Ela afirmou que quando chove é o caos, pois são tantas coisas arrastadas na enxurrada, que até está pensando em mudar o nome da lanchonete para “Ava Lanches”. Próximo dali, num consultório médico, um oftalmologista foi obrigado a colocar um aviso na porta do consultório: Devido ao forte temporal e à inundação, hoje só estamos tratando de “cataratas”.
O gerente de uma farmácia lamentava o prejuízo, mas disse que nem tudo estava perdido, pois determinados remédios, poderiam ser tomados “com água”. Do setor de perfumaria, o único que sobrou na prateleira foi o “Kaiak”, que segundo a vendedora é fabricado pelo “Bote”cário. Na loja de roupas, a água que invadiu o local acabou com a “queima” de preços, o que poderia alterar as vendas nos próximos dias. Teve uma Casa de Tintas que iria fazer uma promoção: qualquer tinta à base de “água” comprada, levaria grátis um “Agua”rás.
Cada comerciante tinha uma reação diferente ao fato, pois enquanto uns lamentavam, o dono da pastela“ria”, pois não teve nenhum prejuízo, não sendo necessário pôr a mão na “massa” para contabilizar perdas, somente ganhos. Nas Casas da Bahia, para minimizar o prejuízo e aumentar as vendas, quem comprasse um dormitório, iria ganhar um colchão “d’água”.
A água descia e ia causando problemas, por onde passava. Na rodoviária, teve um ônibus que não conseguiu sair e ficou preso no alagamento. Só depois que água baixou, foi que o motorista seguiu viagem e tinha como destino “Rio Espera”. 
Na loja de empadas, quando a água subiu, as empadas de “camarão” aproveitaram para fugir. Ao lado, numa loja de eletrodomésticos, numa promoção relâmpago, só para quem estivesse “molhado”, dava desconto de 30%, à vista, nas “secadoras”.
Do outro lado, com a subida da água, seguranças de um supermercado tentavam evitar a fuga das latas de “sardinha” e de “atum”, enquanto outros funcionários tentavam impedir que a água molhasse o estoque de carne “seca”. Teve um vigia que viu latas de sardinha sendo arrastadas para uma loja próxima, que vendia produtos de higiene pessoal e gritou: Tem peixe na “Redes”…
Também encontrei pela rua, pessoas que afirmavam que dentro do banco, a água subiu além da “conta”, ficou depositada no “fundo”, “Itau”caos lá dentro. Teve cliente que garantiu que a água chegou a molhar a “poupança”, mas não derrubou os “juros”, que sempre estão lá nas alturas. Em nome da instituição, o gerente admitiu o problema e justificou dizendo que era culpa do dólar, que estava “flutuando”. Nos caixas eletrônicos, tinha tanta água, que algumas pessoas ofereciam ajuda, querendo te dar um “bote”, nos mais bobos.
Próximo ao “Viaduto da Ponte da Amizade”, na divisa de Lafaiete com o Paraguai, a enxurrada virou um rio, que eles chamaram de “Rio Paraná”, pois tudo que a força da água levava ia “Para ná” Marechal Floriano. Teve gente que se achou em Veneza, pois a água invadia as lojas e só se via “gôndolas” boiando.
Já na região do Paraguai, os problemas aumentaram. Teve uma rádio que teve a portaria inundada pela força da enxurrada, sendo obrigada a parar de operar em “ondas curtas”, passando a transmitir em “ondas médias”, e se a água subisse mais, seria obrigada a interromper as transmissões.
Quando a água começou a invadir uma sapataria, a preocupação de todos era salvar os calçados mais frágeis, que eram as “rasteirinhas”, enquanto outros foram salvos depois, pois tinham menos riscos, por serem de “salto alto” ou “cano longo”. Mas teve um tênis que naufragou na enxurrada, e alguém disse que parecia aquele filme chamado “TitaNike”.
Da banca de relógios de um camelô, só ficaram alguns “à prova d’água”. De outro camelô, a enxurrada arrastou uma bola e várias camisas de Brasil e Argentina, que foram parar dentro da farmácia, toda alagada. Lá dentro, mais parecia uma disputa de pólo aquático entre os dois países, e não demorou a se formar uma torcida de remédios nas prateleiras, que torcia euforicamente pelas camisas amarelas, aos gritos entusiasmados de: “Plasil, Plasil, Plasil”. O gerente da farmácia disse que a força da água só não arrastou as prateleiras, porque no meio daquele mundão de água, ele conseguiu jogar a Min“Âncora”, segurando e amarrando.
Na padaria, a enxurrada levou pedras para dentro, que para amenizar os prejuízos, o dono vai fazer durante uma semana, uma promoção de Marta “Rocha”. Ao lado, na papelaria, o dono disse que ia tentar vender o seu estoque de papel para a “Casa da Moeda”, pois todo o papel ficou com “Marca D’água”.
O dono de uma loja de tecidos disse que achou que choveria mais “Seda”, pois o tempo estava fechando. Disse querer ver se as autoridades “Algodão” de solução para eles. Uma chuva assim, leva toda a sua “Renda”, chega a “Tafetá” de um modo, que na hora de você “Lã”çar os prejuízos, vê que ficou na “Lona”. Durante a enchente, ele disse que sentou por cima de uma peça de tecido que boiava, e usando os pés, ele conseguia se mover dentro da loja, como se andasse de Peda“Linho”. Até a fiscalização ambiental esteve na loja, para ver se aconteceu alguma coisa com o “Chitão”. O chão de lá ficou tão sujo, que parecia que “Tricô” todo. Ele me disse ainda, que o que eu via naquele momento não era nada: “Cetim”nha que estar aqui na hora da chuva, para ver o horror. Para ele, as autoridades estão “Brim”cando de resolver os problemas, já que até agora, nada resolveu, pois foi só obra fa“Juta”. 
Da loja de doces, grande parte da mercadoria foi levada para o leito da linha férrea e uma aglomeração de formou por lá, já que a curiosidade da maioria, era ver o Trem “Bala”, pela primeira vez. 
Como em toda chuva forte, uma mistura de água e esgoto descia a escadaria do túnel, formando as famosas Cataratas da “Fossa do Iguasujo”. O fenômeno atraiu tanta gente para o local, que um bicheiro instalou um ponto de jogo, onde os apostadores poderiam fazer uma “fezinha”. Aproveitando a aglomeração de pessoas, uma cartomante também divulgava o seu trabalho, prometendo trazer de volta o amor perdido, e tirar qualquer um da “fossa”.
Diante dos fatos, penso que a solução não é fácil, e da para sair do caos, se a “canoa não virar”. Vamos resolver os problemas, pois é preciso ter “fé”, já que “fezes” não faltam…

Por Ricardo da Rocha Vieira

Obs: Adaptada de outras crônicas já escritas e atualizada a cada dilúvio…

Crônica – Jornal de Domingo

O sol de domingo é diferente.  Deus num dia igual descansou. Por isso mesmo fulgura raios de luz mais intensos para sentirmos em toda plenitude  a sua imortal obra. A vida.  E domingo tem a ver com a família, idade, trabalho,  enfim: com tudo. Há bem alguns dias atrás nos segundos  do tempo, me lembro da leitura obrigatória nos domingos do JB,  O Globo e o Estado de Minas. Chegava com o cheirinho de novo.  Domingo era dia de missa, picolé,  revistinha, jantarado,  e a família reunida. Som ligado em sinal de vida. A cerveja,  ou mesmo um vinho e refresco marcavam presença. Alegria, novidades,  discussões e risos na mesa era tudo de bom. Quando havia visitas melhor ainda. No final da tardinha, missão cumprida da semana. E se descansava. As notícias dos jornais faziam a diferença, tudo visto como novidade. Afinal, era de sete em sete dias que as coisas aconteciam e conhecidas de verdade. A leitura impressa traz a sensação de que os neurônios saem da toca e criam asas no pensamento e por sua vez semeiam o canteiro das letras. É quando uns se divertem, outros ativam a memória, e tem o contingente que luta pela conquista do conhecimento.  O  Jornal de Domingo, no auge, era recheado de suplementos, um calhamaço pra mais de quilo. Trazia notícias e propaganda de todo tipo e para todos os gostos. Vinha até encarte de revistas.  As  notícias  moravam longe. Havia tirinhas de quadrinhos, e tinha serventia depois de lido.  As notícias do rádio e TV  eram tímidas, até porque o mundo era leve e pacato. Os acontecimentos iam de um lugar para o outro sem pressa.  E uma grande notícia perdurava tempos, até aparecer outra de porte,  pois  desde que  mundo é mundo,  ele vive de  acontecimentos, novidades,  e especialmente de bisbilhotices.  O tempo passou e aportou a tecnologia, centenas de canais de televisão surgiram, o telégrafo, fax  e  mesmo  o telefone ficaram superados. O celular chegou e mudou o rumo da história. A  provedora  dona Internet colocou os  filhinhos  aplicativos  para  trabalhar. É incansável no mister.  Serve o celular de a pé, cama, mesa e banho, vinte e quatro horas. Não dá descanso e não deixa ninguém descansar. É até mesma implacável no ano bissexto. É ali hoje que mora o mundo. O mundo virtual. É tanta distração e informações que passam a cem por segundo, e, acaba por quase nada do que se vê e lê subsiste na memória. A velocidade é tanta que só a turma dos neurônios que se divertem é que saem da toca.  Os outros  preferem ficar mudos e surdos, se sentem impotentes em  agregar e mesmo de saber tudo que  existe e que merece ser coletado.  E tudo chega sem pedir licença, e sai sem dar um tchau. Uma total falta de respeito. Ninguém tem mais sossego e tempo, nos tornamos reféns da modernidade. As redes sociais estão no ápice, é tudo e todos contra e a favor de tudo e de todos. Uma loucura de multidão de todo gênero e agrado. O que se criou de verdade foi um ópio cerebral, impossível de deixar de ser consumido. É a fonte inesgotável do alheio, interesse de todos desde que mundo é mundo.  Passamos a dar descaso ao descanso. O alerta que fica é a moderação da companhia e convívio com a dona “Internetiana”.   Enfim: o Jornal de Domingo passou a chegar nas bancas atrasado, consumido apenas pelos fiéis leitores dos finais de semana.  A família passou a ser servida por selfie e redes sociais. Todo mundo na mesa de domingo  finge sem graça de estar feliz. Tem as exceções para tudo, é claro. A semana se tornou simbólica.  Atualmente se consiste no máximo em sete toques de zap zap.  A missa passou a ser assistida pela TV. Sinal dos tempos. É latente e notória a passagem e mudanças de uma geração, e nada será como antes.  Na vida tudo passa.  Ainda  bem. O Jornal de Domingo pode estar fora de moda,  pode até ser considerado um rebelde sem causa, mas,  tem  o  seu  lugar. E, sem dúvida tem a envergadura e eficiência de levar o recado em qualquer lugar e momento para servir, ser visto, e refastelado. O domingo continua com o lindo brilho do sol.  Céu azul.  Lindo como sempre.  E Deus no insondável trono do infinito, rege o misterioso tempo do caminho da humanidade.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  Reuber Lana Antoniazzi                                                                                                                                                 Out/18/2018

Crônica: O valor do dinheiro

 

Provérbio chinês: Se a fortuna sorri, quem não o faz?

    Se a fortuna não sorri, quem o faz?

O dinheiro é uma fantástica criação.  É real e fascinante. Nasceu no berço da riqueza e do poder.   É no mundo o principal  manancial  na  subsistência e sucesso do homem. Tem semelhança  com a roda. Gira em todo o mundo, e faz o mundo girar.  Marca presença onde estiver presente.  É a força motriz capaz de erguer construções magnificas através dos séculos sob a égide do poder da civilização; assim como também de aniquilar. As obras em nome de Deus, da conquista dos homens e reverenciados pela morte  são de beleza e realeza inquestionáveis.  Fonte vital de turismo e cifras. Possui a lâmina do divisor de águas no seara social.   É  forte, viril,  frio e calculista.  Pode  ser insípido, mesquinho, cruel,  mas, preserva o valor.  No triturador do quotidiano,  é necessário  misturar essências essenciais para o salutar convívio com o  semelhante, o que exige  pitadas  de amizade, consideração,  respeito  e outros sais  naturais. Caso contrário vem  o abismo da desigualdade,   inimizade e solidão.  É senhor  de destaque em todos os quatro cantos, e onde chega é bem vindo. Muito bem vindo.  O  rastro que deixa passa pelo céu, terra e mar.   Todo mundo o almeja.  É  mercadoria de linguagem de fino trato universal. Aplaude quem o utiliza comedidamente.   Ardiloso e temerário.  Dever  ele  sem condições  é coisa  aborrecida. Há momentos em que se faz de pobre, de mais ou menos, ou de rico, mas é o dono das cartas.  Quer queira, quer não, merece  respeito, e  quando  chega na hora certa até se respira consideração. Traz conforto,  o que ninguém enjoa ou reclama. Caso haja malcriação,  se torna perigoso. Ao contrário, generoso.  Todo mundo em todo lugar o almeja, independente do  tipo, tamanho, idade e credo.  É árdua a sua conquista no  trabalho, que é a fonte de emancipação e sucesso. Quando chega fácil, pode complicar. Aprecia segurança, conforto e liberdade.  Às vezes prefere ficar acanhado e minguado, até mesmo escondido e  demora a aparecer. Mas, é só acenar  que é aplaudido. Anda pra cima e pra baixo na  espreita e na espera de quem o quer e  merece.    Resolve tudo, ou quase tudo. Gosta de brincar e de jogar.  É  sério e mantém altiva a

aura de majestade.  O cheiro dele novinho agrada gregos e troianos. Quando chega em forma de prêmio, traz também alívio.  Tem a fama de ser a raiz do bem e do mal. É alvo de avareza, cobiça,  inveja e temor.   Rompe barreiras  em todas as camadas sociais.  Causa espanto e indignação. Impõe respeito e marca presença na politica. Opera milagres.  Promove encontros e desencontros.   Faz surpresas e dá coragem. A caridade e os sonhos são seus fãs. Cria exércitos de  lobos e  cordeiros.  Faz os afortunados ser sérios e com calo sensível.   É a senha para abrir portas  em todo lugar.  É grande o seu  prazer  de ser  bem gasto e valorizado.  Detesta ficar preso e parado.  É  leviano, adora passar de mão em mão.  Leva  consigo a máxima de que: dinheiro foi feito pra voar e moeda pra  rolar.  É comprometedor.   Nas transações é solene e respeitado. É um senhor remédio para dor de cabeça e outros males.   No palco da vida  é   dramaturgo de primeira linha na comédia e no drama do dia a dia.   Adorna o amor.  Faz e constrói histórias… belas histórias.  O sol nunca se põe quando há  dinheiro. A beleza  é  latente  e  risos   sonoros de despreocupação desenham na atmosfera e certeza no futuro.  E a vida vem de graça cheia  de mistérios.

Mas, é só nascer  e ele surge empertigado para os cumprimentos e o primeiro abraço. Nunca mais solta, pois, tudo quanto existe tem que pagar.  E vem o tempo. O Senhor absoluto. O dinheiro, aliado fiel  e escudeiro.  A sua  nobreza decola nas asas da serventia em custear o mais caro e primordial da vida: a subsistência.  Se regozija em poder ser o  anfitrião capaz de proporcionar bons  momentos e faz o melhor:  se esbanja de satisfação em  aplaudir e ser imprescindível na comemoração  das grandes passagens de todos na estrada da vida.  É  quando desponta o brilho e o verdadeiro valor pela existência e realidade do homem. Brindar a vida!

ReuberLA/16 (escritor lafaietense)

 

about

Be informed with the hottest news from all over the world! We monitor what is happenning every day and every minute. Read and enjoy our articles and news and explore this world with Powedris!

Instagram
© 2019 – Powedris. Made by Crocoblock.