Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 31

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

                               NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 31

            As colchas bordadas de Castelo Branco são famosas além  das fronteiras portuguesas. Elas têm características que as tornam especiais na encantadora arte de bordar.

 

No artigo anterior, FRANCISCO DE PAULA FERREIRA REZENDE, que foi juiz municipal de órfãos do termo de Queluz, para onde veio em 1857, em seu excelente livro MINHAS RECORDAÇÕES fala sobre as Colchas feitas em São Gonçalo.  De acordo com um historiador queluziano, essas colchas de São Gonçalo eram semelhantes às famosa colchas de Castelo Branco, uma freguesia portuguesa. Achei interessante, assim, mostrar alguma coisa sobre as colchas de Castelo Branco.

Há muitas pessoas de Carujós que vieram de Castelo Branco, Viseu ou de freguesinhas vizinhas e devem ter trazido  de lá esta maravilhosa arte.

OBSERVAÇÃO: Todas as imagens deste artigo são da Internet.

 

 

Castelo Branco

Castelo Branco, de acordo com a tradição, foi fundada pelos Templários,  que teriam erigido o castelo e as muralhas entre 1214 e 1230. Os Templários eram uma ordem formada por monges cavaleiros para proteger Jerusalém depois que conquistaram a cidade, no século XII, pelas Cruzadas. Em Castelo Branco havia muita riqueza dos mercadores que lá habitaram.

Templários

As Cruzadas eram expedições que as potências cristãs europeias organizaram  para tirar a região do domínio muçulmano.

As Cruzadas

As colchas bordadas de Castelo Branco são famosas além  das fronteiras portuguesas. Elas têm características que as tornam especiais na encantadora arte de bordar.

Os bordados são feitos com fio de seda sobre linho. Diversos os pontos são usados, porém o mais característico é o “ponto largo” “ponto a frouxo”, também conhecido por ”ponto de Castelo Branco”. É mais econômico porque é um ponto mais comprido. Na imagem abaixo está um trabalho em que predomina o ponto frouxo.

É interessante que existem as colchas populares ou rústicas, que eram feitas pelas mulheres do povo, geralmente as mulheres do meio rural, de desenho mais ingênuo,  e as colchas eruditas, mais elaboradas para a classe social nobre e mais culta. Os desenhos destas últimas têm motivos trazidos do Oriente pelos portugueses durante a época dos Descobrimentos, mas também podemos encontrar muitas referências ao quotidiano, à fauna e flora locais.

Geralmente as mais populares,”tinham um destino curto, eram usadas no dia do noivado na cama dos noivos (…), eram as colchas de noivar se devem considerar por isso.” (Chaves, 1974:17). “Daqui podemos depreender que estas colchas eram uma importante peça do enxoval da noiva. As colchas de noivar são mais estreitas que as colchas eruditas, sendo também mais pobres quer na qualidade do linho, quer no seu desenho, o qual era mais ingénuo e menos elaborado. Quanto às colchas eruditas, estas foram inspiradas em colchas vindas do oriente (India e China), podendo ser classificadas como obras-primas da arte do bordado.”

Ainda sobre as colchas populares, em algumas localidades continuam a fazer parte do enxoval da noiva, apresentadas no dia do casamento, quando as casas dos noivos  são mostradas por eles aos convidados.

Para concluir, algumas fotos de belas Colchas de Castelo Branco:


Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 30

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Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 30

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Sobre os primeiros tempos da Real Villa de Queluz, em fins do século XVIII e primeira metade do século XIX, e princípio da segunda metade, tem sido nosso informante FRANCISCO DE PAULA FERREIRA REZENDE, em seu excelente livro MINHAS RECORDAÇÕES, sendo que o autor foi juiz municipal de órfãos do termo de Queluz, para onde veio em 1857, sendo, portanto, uma testemunha ocular daqueles tempos em nossa terra.

Imagem da Internet

 

Imagem da Internet

Vou trazer mais um pouco das memórias do ilustre escritor e, assim, conhecer melhor a nossa história.

De acordo com Ferreira Rezende, quando ele chegou aqui, encontrou um lugar com considerável criação de animais, principalmente muares, boa cultura de cana e de posição excelente quanto a mantimentos, constituindo-se num dos melhores celeiros de Ouro Preto. Quanto à cidade, porém, achou-a pobre, devido, naturalmente à decadência do ouro na região.

Interessante é a sua declaração de que a vila parecia constituir uma só família, eram quase todos os habitantes aparentados. Mas passemos a palavra para o senhor juiz:

“Apesar da riqueza que lhe faltava, era Queluz uma povoação que nada tinha de desagradável ou de enfadonha; mas era, pelo contrário, uma povoação alegre, onde as festas eram freqüentes, variadas, bonitas e todas elas muito baratas; porque todos concorriam para elas com as suas pessoas ou com aquilo que podiam dar e muito pouco era o dinheiro que realmente se gastava.”

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Vejamos uma importante atividade artística, naquele tempo, que havia nas terras de São Gonçalo do Brandão, povoado da Real Villa de Queluz.

AS COLCHAS DE SÃO GONÇALO… NA EUROPA!

Entre vários relatos interessantes, que encontramos, em sua obra, o seguintetrecho sobre nossa terra:

“Composto de campo e mato, a indústria do município em 1857 consistia: primeiro na criação de animais, sobretudo muares, cujo preço era de 50$000 mais ou menos na idade de um a dois anos; segundo, na cultura da cana em ponto maior ou menor; e terceiro, finalmente, na de mantimentos, para a qual a mata era boa e oscapões ainda melhores.

(…) Além dos tecidos de algodão para uso doméstico e que se encontravam por toda parte, havia na freguezia da vila uma fazenda ou um lugar chamado São  Gonçalo onde se faziam umas colchas ou antes cobertores de lã, alguns dos quais tinham no centro as armas imperiais, obra tão bonita e tão perfeita que apesar de ser o seu custo de 50$000, não era fácil de obtê-los; visto que, além de serem muito procurados, sobretudo para presentes, na Corte e na província, até para a Europa, segundo depois vim a saber, alguns foram, por intermédio de minha sogra, para as nossas princesas que ali residiam ou para encomendas destas.”

Há dessas colchas, com o bordado das armas imperiais, expostas na parede, no Museu Inconfidência de Ouro Preto. Achei linda a que estava exposta, quando fui lá.

A foto abaixo faz parte de uma colcha,  que  um historiador viu estendida em uma cama, em uma fazenda antiga, e a fotografou, passando-me uma cópia. Vejam os desenhos que lindos, semelhantes aos das famosas colchas da freguesia de Castelo Branco, em Portugal.

A referida colcha tem duas letras bordadas, B.P., as iniciais de seu dono, o Barão de Piratininga.

 

 

Viram como São Gonçalo do Brandão é importante na História do Século XIX

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 27

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 27 

 

“De calvo Laim louvado

e da grã Dona Tereja

nasceu  forte Furtado

de Mendonça, afortunado

na paz, e mais na peleja”

D. João Ribeiro Gaio

 

Continuando a focalizar a Avenida Furtado e as famílias que ocuparam a antiga Fazenda das Bananeiras, começo citando os versos de D. João Ribeiro Gaio,  bispo católico português de Malaca entre 1578 e 1601.

Complementando o apresentado no artigo anterior, vou transcrever um texto do renomado genealogista Marcos José Machado Coelho, que pertence a esta genealogia e tem raízes em nossa terra.

Os descendentes dos casais Deusaldino José da Silva c.c Judith Lima de Oliveira e de José Antônio Machado c.c Maria José de Jesus, são descedentes da familia Furtado de Mendonça. Nossa familia Furtado de Mendonça se radicou na região onde hoje se encontram as cidades de Descoberto e São João Nepomuceno, no estado de Minas, em Descoberto nasceram os irmãos Domingos José da Silva “Mingote de Souza” e Maria José de Jesus “Maricota”, filhos do casal Joaquim Dias de Souza e Joaquina de Salles Xavier de Assis. Joaquina de Salles Xavier de Assis, era filha de José Joaquim do Nascimento e Francisca de Salles Xavier de Assis, neta materna de Domingos José da Silva e Anna Maria de Assunção (Furtado de Mendonça). Anna Maria de Assunção nasceu em 1804 em Itaverava-MG, era filha de Antônio Furtado de Mendonça, irmão de José Antônio de Mendonça, conhecido por Guarda-Mor Furtado, considerado um dos fundadores da cidade de São João Nepomuceno. Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijos, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” Furtado de Mendonça, natural da Ilha do Faial e de André Gonçalves […] Os Furtados de Mendonça tambem descendentes das familias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendentes de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, desembarcou na Ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha,  a forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra, o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra, […]  A familia Silveira da Ilha do Faial teve como patriarca Willem van der Haegen, nobre flamengo, que desembarcou na ilha a convite de Joss Van Hurtere em 1470, Willem teve seu nome aportuguesado para Guilherme da Silveira, sobrenome que foi passado aos descendentes […]

 

Imagem de Internet

 

Na sequência da linha genealógica da família Furtado de Mendonça desde a família do Inconfidente João Dias da Mota, chegamos ao Barão de Suassuí, em alguns lugares grafado Suaçuí.

No registro de terras de Queluz, realizado em meados do século XIX, consta:

24.01.1856: “Fazendas Bananeiras de Barão de Suaçuí – Ponte – Amaro Ribeiro, Sam Gonçalo e Maciel, confrontando com diversas, entre elas a de José Dias de Souza, Francisco José de Souza Penna, Francisco Teixeira de Siqueira, Antônio Tavares de Mendonça, Antônio Ferreira Albino de Almeida, Francisco Cândido Pereira da Silva Brandão, Manoel Francisco Teixeira, Francisco Antônio da Costa; com as Fazendas Bandeirinhas, Barroso e Dona Gertrudes. Assim mais, Fazenda Patrimonio da mesma freguezia que limitam com a fazenda Casa Branca, Manoel de Queiroz e Joaquim Lourenço Baêta Neves; e assim, mais um pasto no fundo do quintal de sua casa nesta Villa, 2 alqueires, confrontando com a mesma villa, Antônio Joaquim da Silva, Joaquim de Souza, Antônio Ferreira Albino de Almeida. Queluz, 24 de janeiro de 1856 – Barão de Suaçuí – Vigrº. Domiciano Teixeira Campos”.

Antônio Furtado de Mendonça, que era filho de um outro Antônio Furtado  de Mendonça e de Antônia Maria da Assunção, casou-se com Maria José Praxedes de Mello, irmã da Baronesa Antônia Jesuína de Mello.

Um dos filhos desse casal, Antônio Tavares Furtado de Mendonça, casou-se com Maria José de Jesus, tendo os seguintes filhos: Maria Antônia de Mendonça; Francisca de Paula de Medonça; Amélia Augusta de Mendonça, casada com Ignacio Bhering; Maria José Furtado, nascida em 1859 e falecida a 31 de março de 1829, casada com João Evangelista do Amaral; Antônia Honorina Furtado de Mendonça, casada com Joaquim Martins Pereira Brandão.

Maria José Furtado de Mendonça Amaral e João Evangelista do Amaral herdaram a propriedade quando o capitão Antônio Furtado de Mendonça veio a falecer. Foram criados na fazenda: Maria Etelvina, Maria Amélia, Ana, Antônio, Ercília, Olga, José, Rubens, Izabel, Maria Augusta e João, filhos do casal.

 

      .

Neste mapa de um trecho do Bairro Santa Matilde podemos ver a Avenida Santa Matilde, onde se localizava a fazenda, com ruas próximas a ela com nomes da família de que estamos falando: Rua Capitão Furtado, Avenida João Evangelista, Rua Maria Amélia, Rua Etelvina Lima, Rua Maria José, Rua Olga Bhering, Rua Rubens Amaral, Rua Maria Augusta, Rua Adelina do Amaral. Existe, também, a Rua Bananeiras.

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 25

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 25

 

Dei uma volta no Bairro de Santa Matilde e fiquei pensando: é uma verdadeira cidade! Um bairro muito importante. E sua história deve ser conhecida, porque também é muito interessante.

Ilha de Fayol (Reprodução/Internet)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Brasão da Família Mota
Imagem da Internet (Jornal “A Janela” de Fátima Noronha, de Brasópolis)

De acordo com o genealogista Marcos José Machado Coelho, esta é a origem dos Furtado de Mendonça. Vou transcrever partes do trabalho de Marcos José:

“Antônio Furtado de Mendonça era filho de outro do mesmo nome e de Thereza Maria de Jesus, estes radicados na Vila de Carijós, hoje Conselheiro Lafaiete-MG, neto pela parte paterna de Joana “Furtada” de Mendonça, natural da Ilha de Fayal, e de André Gonçalves. Os Furtados de Mendonça também são descendentes das Famílias Dutra e Silveira, radicadas na Ilha do Faial. Os Dutras descendem de Joss van Hurtere, nascido na Bélgica por volta de 1430, que desembarcou na ilha do Faial em 1465, onde foi o primeiro povoador da ilha. A forma aportuguesada de seu nome era Joss de Utra; o sobrenome “de Utra” sofreu contração passando a ser Dutra.”

Já vimos a quem pertenceram os terrenos onde se ergueu o bairro Santa Matilde: uma pessoa muito importante, o Barão de Suassuí, que recebeu os títulos de Comendador da Imperial Ordem de Cristo, Cavaleiro da Imperial Ordem de Cruzeiro e da Imperial Ordem da Rosa, os quais conquistou pelo valor demonstrado em sua vida. Como vimos, era sobrinho do Inconfidente João Dias da Mota e teve esse terreno, onde o inconfidente teve sua estalagem, por herança de sua família Mota.

Mas como teria passado, depois de sua morte e da baronesa, para as mãos dos Furtado de Mendonça? O que aconteceu foi o seguinte:

O Barão de Suassuí casou-se com Antônia Jesuína de Mello, filha do Alferes José Tavares de Mello e Joana Marcelina de Magalhaens. E aí começa outra história que traz dois sobrenomes importantes para a Santa Matilde: Tavares de Melo e Furtado de Mendonça, por intermédio da baronesa porque, com o falecimento do Barão e da Baronesa, que não tiveram filhos, a herança ficou para os parentes dela.

Brasão da Família Tavares de Mello

Vamos começar com José Tavares de Mello, filho de Manoel Affonso Correia e Guiomar Cabral de Mello, batizado na freguesia de Bom Jesus do Rabo do Peixe, Ilha de São Miguel, bispado de Angra, e falecido na fazenda da ‘Pedra dos Cataguases’, em Santo Amaro, a 17/11/1791, onde era morador. Casou-se, em primeiras núpcias, em Portugal, com Maria da Conceição.

De trabalho de Allex Assis Milagre recolhi informações. Ele se casou, em segundas núpcias, no Brasil, com Antônia Tavares Diniz, falecida em abril de 1809. Entre seus filhos está José Tavares de Mello (o filho), alferes da Guarda Nacional, nascido na ‘Fazenda da Pedra”, freguesia de Queluz que, em primeiras núpcias, casou-se com Thereza Josefa de Jesus e, em segundas núpcias, com   Joanna Marcelina de Magalhaens, filha de Francisco de Vaz Dias  e de Anna Joaquina Magalhaens.

 

(continua)

 

 

 

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 23

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 23

 

É muito importante saber ,do modo mais amplo possível, o que

aconteceu no passado no passado em relação à Estalagem das Bananeiras, existente

onde atualmente é a Avenida Santa Matilde.

 

Ficou bem comprovado no artigo anterior que a Avenida Santa Matilde é um dos espaços importantes da história da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras, como se vê no artigo n° 3, em “Apostilas de História do Brasil/15 40   –   Fragmentos georreferenciados” …wikiurbs.info/mediawiki”:

 

Imagem da Internet

 

 “Pelo caminho, nos sítios por onde ia passando, em Varginha, perto de Queluz, na estalagem de João da Costa Rodrigues; em Bananeiras, no sítio de João Dias da Motta, vinha o alferes revoltoso fazendo a propaganda às escancaras, sem o menor disfarce ou cuidado.”

No mesmo artigo anterior há outras evidências do local e de seu dono. É muito importante que os habitantes desta avenida que está sendo focalizada saibam, de modo mais amplo possível, o que aconteceu nela no passado e que pessoas foram envolvidas nos eventos. Tiradentes, que pregava na Estalagem das Bananeiras, já é conhecido de todos. O que não parece acontecer mais detalhadamente como sobre o inconfidente estudado neste artigo, que era fazendeiro e amigo de Tiradentes.

Vou usar dados colhidos no site Genealogia Brasileira, do grande genealogista brasileiro Lênio Luiz Richa (lenioricha@yahoo.com.br).

Ouro Preto

 

Cacheu – África /Imagens da Internet

JOÃO DIAS DA MOTA, dono da ESTALAGEM DAS BANANEIRAS, que era localizada onde é hoje a Avenida Santa Matilde,  nasceu em Ouro Preto em 1743 e faleceu em Cabo Verde/África em 1793. Filho de Tomás Dias da Mota e de Antônia Mariana do Sacramento, Capitão do regimento de Cavalaria Auxiliar de SJ de El-Rei, no lugar denominado Glória. Em 1789, com 46 anos, era casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira e residia em sua Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na freguesia de Carijós.

“Foi denunciado por Basílio de Brito Malheiro do Lago, por estar entre os ouvintes das palestras na Estalagem da Varginha, no final de 1788.” (A.5.519 e “A Inconfidência Mineira”, de Márcio Jardim, fls. 195).

João Dias da Mota, no dia 24 de junho de 1792 foi embarcado para Lisboa, na fragata Golfinho, por condenação devido ao envolvimento com a Inconfidência Mineira.

Morreu em 1793 de uma epidemia que atingiu a vila de Cacheu, nove meses depois de ali ter chegado.

Imagem do Panteão / Imagem da Internet

Em 21 de abril de 2011, seus restos mortais foram repatriados da África para o Brasil em 1932, juntamente com os de José de Resende Costa e Domingos Vidal Barbosa, mas só em 21 de abril de 2011 foram colocados no Panteão do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, ao lado dos outros 13 inconfidentes que já repousavam lá desde quando o Panteão foi criado pelo Presidente Getúlio Dorneles Vargas.

Não terem sido colocados seus despojos lá na mesma época que os restos dos outros Inconfidentes deveu-se ao fato de haver dúvida nas identificações. Só há alguns anos, os estudos da Unicamp comprovaram que as ossadas eram mesmo dos três inconfidentes degredados e assim procedeu-se à sua incorporação ao Panteão. Rui Mourão, diretor do Museu da Inconfidência, falando sobre a colocação dos despojos desses três Inconfidentes no Panteão da Inconfidência, declarou:

“Tudo o que pudermos acrescentar à história da Inconfidência Mineira é importante, até porque esses personagens (José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias da Mota) deram contribuição efetiva ao movimento”.

Assim a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras.

 

No Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

                                                                                  (Continua)

 

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 21

 

O sal que a salgou

também salgou auroras e crepúsculos

salgou a Liberdade

Avelina

A Rua Direita, atualmente denominada Rua Comendador Baeta Neves, traz muitas cicatrizes relacionadas à Inconfidência Mineira em sua memória. Nela passaram os despojos de Tiradentes que pernoitaram em um arranchamento ali existênte , onde foi salgada a sua cabeça antes de seguirem a viagem para Vila Rica.

Foto de Carla Moreira dos Santos

 

Foto da Rua Direita (atual Comendador Baeta Neves) com a placa em um poste localizado na frente do local em que, em 1792, havia um arranchamento onde a cabeça foi salgada e pernoitou. Salmoura é uma solução de água saturada de sal. ABAIXO A FOTO SEPARADA DA PLACA DIZENDO QUE AQUI SE RENOVOU A SALMORA DA CABEÇA DE TIRADENTES

Foto de Valéria Higino da Silva

Em nossa cidade foram colocadas em postes duas pernas de Tiradentes, uma delas na Varginha do Lourenço, perto da divisa com Ouro Branco, à margem da Estrada Real. Nessa estalagem Tiradentes pernoitava e fazia reuniões secretas, contando com a simpatia do dono da hospedaria.

Estalagem da Varginha Imagem de acervo pessoal

Na estalagem se fecha com chave de ouro o percurso do Caminho Novo em  terras de Conselheiro Lafaiete.

Estalagem da Varginha – Pintura a óleo de Cidinha Dutra

Do Diário de D. Pedro, quando de sua visita a Minas Gerais em 1881:

“Varginha − Casa onde se reuniram os inconfidentes. Pertencia, então, a um hospedeiro de nome João da Costa. Vi a mesa e bancos corridos, de encosto, onde se assentavam. São de maçaranduba e estão colocados na varanda. Reparando que não houvessem conversado no interior da casa, disse-me o dono dela, que havia vedetas* (*vigias) para avisá-los.”

 

— Assinando José Códea, Angelo Agostini como enviado da “Revista Illustrada”, desenhou os móveis citados e escreveu: “Na casa de Manoel Alves Dutra, na Varginha, existem dois bancos e uma mesa, feitos de maçaranduba, que serviram nas conferências dos Inconfidentes, sob a direção do grande cidadão Tiradentes. Hoje, serve para comer-se boas feijoadas com cabeça de porco (tempora mutantur!)”

Li, certa vez, que meninos ficavam no caminho próximo à estalagem e, quando vinham soldados, soltavam papagaios.

Esse lugar histórico ocupa um  lugar especial nas minhas memórias de professora pois, em fins do século XX, com uma turma de alunos do 2º Grau do Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”, ali realizei uma atividade pedagógica. Sentados à sombra da Gameleira da Varginha, ainda em todo o seu esplendor, à semelhança de Tiradentes e os inconfidentes, fizemos uma reunião para falar também sobre Liberdade.

Depois, como o fizera Tiradentes, um aluno levantou-se, estendeu o braço em determinada direção, dizendo que ali construiriam uma grande indústria. Prodigiosamente, naquele lugar indicado por Tiradentes, ergue-se hoje, imponente e poderosa, a Açominas.

Pouco tempo depois, a gameleira caiu, mas o testemunho das fotos tiradas por Alexandre, que nos acompanhou com a orientadora Maria do Carmo, deixaram as cenas gravadas como lembrança de uma atividade cívica.

As ruínas da estalagem, o que resta da gameleira e o belo monumento são marcas que o lafaietense muito preza.

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 20

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 20

Imagem da Internet

            AS NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE CHEGAM AGORA AO FINAL DO SÉCULO XVIII, quando aconteceu o martírio de Joaquim José da Silva Xavier.

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  EU,  TIRADENTES

Avelina Maria Noronha de Almeida

 

Mais uma vez percorro estes caminhos

já  agora sem a sofreguidão da carne

Nas trevas o matagal faísca

Na longa caminhada

foram ficando

pedaços mutilados

enrijecidos

Chego ao destino final

a Praça da Ignomínia

Do Palácio me contemplam

cheios de ódio?

de escárnio?

de glória?

E nas frestas das janelas

olhos espiam

curiosos

temerosos

– compadecidos? –

o que resta do meu corpo

A vida foi expulsa

pelo fervilhar do ódio

na força da prepotência

Soprai forte, todos os ventos

sobre minha cabeça

– não a corrompida pela morte –

mas a que paira no ar

incorruptível

soberana

O sal que a salgou

também salgou auroras e crepúsculos

salgou a Liberdade

Arrancai dela, todos os ventos

sonhos e ideais

Levai-os a cada estrada

ou caminho

a cada monte

ou colina

a cada rio

ou riacho

para ficarem à espera

da alma forte e predestinada

que atiçará a fagulha

Na morte ainda serei chama!

           CHEGAMOS, À NOSSA RECORDAÇÕES DOS TRISTES MOMENTOS DA PASSAGEM DOS RESTOS MORTAIS DE TIRADENTES.

 

Maio de 1792 – Os despojos de Tiradentes passaram pela vila, sendo renovada a salmoura de sua cabeça no patamar de um rancho na Rua Direita, atual Rua Comendador Baeta Neves, onde pernoitou. Este rancho se localizava logo acima da Farmácia Droganova, em frente à extremidade inferior do Colégio Nossa Senhora de Nazaré.

Minha mãe dizia  que uma perna teria ficado em um poste que ficava em frente à entrada da Rua Francisco Lobo. Também o historiador queluziano Vicente Racioppi um dia, da sacada da casa de D. Gabriella Mendonça, hoje Casa da Cultura, disse também que a perna esquerda de Tiradentes, ficava numa lata com querozene, em um poste que ficava em frente à atual Rua Francisco Lobo.

SOBRE A PASSAGEM DOS RESTOS MORTAIS DE TIRADENTES temos um trecho do belíssimo poema da queluziana RITA DE CÁSSIA DE ANDRADE NETTO, nascida em Itaverava, A HISTÓRIA LÍRICA DE CONSELHEIRO LAFAIETE.

 

RUA DIREITA, atual Comendador Baêta Neves

Imagem da Internet

 Este é o trecho do poema de RITA DE CÁSSIA:

“Ó Rua Direita, estremece,

Pasma de estupor.

Cerrem as casas tristemente

A pálpebra das janelas

E as enferrujadas aldravas

Silenciosas e quedas permaneçam.

O anjo da Liberdade passará

Nessa grande noite,

E todas as portas hão de ser marcadas

Com sangue do Primogênito.

 

Ó estigmatizada Rua Direita,

Deixa escorrer um rio de sal

Por entre as pedras testemunhas.

Esconde a vergonha no véu de tuas janelas:

A cabeça do Alferes repousa no sonho impossível.

Os olhos vidrados do Alferes

Voltam-se para os lados da Varginha,

Que a boca intumescida do Alferes

Parou nas sílabas proibidas

Da palavra – Liberdade.”

                                                                                         (Continua)

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 19

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 19

FOI ASSIM QUE UM ALUNO E UMA ALUNA INTERPRETARAM

E TRADUZIRAM DA MADEIRA PARA AS PALAVRAS, NOS ALTARES DA MATRIZ DE NOSSA  SENHORA DA CONCEIÇÃO, A INSPIRAÇÃO QUE MOVEU

 O ARTISTA DOS TEMPOS PASSADOS. 

Continuando a apresentação da História de nossa Cidade, na estrada do tempo estamos no…

Período próximo à Criação da Real Villa de Queluz:

 Neste artigo de hoje vou falar sobre um fato muito interessante de nosso patrimônio artístico e contar como tudo aconteceu.

Por que vou abordar este assunto na sequência cronológica das notícias da cidade? Porque, quando aqui se tornou Real Villa de Queluz, o desenrolar dos acontecimentos da Inconfidência Mineira estavam em efervescência e em nossa terra onde o movimento libertário foi muito mais forte e grandioso do que contam os livros históricos.  Muitos episódios foram abafados, muita gente conseguiu ficar escondida…

Um vestígio muito forte, na minha opinião, está na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, realizado na madeira que já atravessou mais de dois séculos. Revelei este fato em escritos meus anteriores, já contei para muita gente e vi até reproduzido na Internet. Fico feliz que esteja sendo divulgado, porém quero, neste artigo, mostrar a história completa.

Nos últimos tempos do século XX eu dava aulas de Redação para os alunos do Segundo Grau no Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”. Nas salas de terceiro ano, eu tinha aulas semanais geminadas. Eram duas classes: uma num dia e outra, no outro.

As aulas geminadas permitiam atividades maiores, como o que aconteceu um dia. Nas duas classes, desenvolvi o seguinte projeto para duas semanas: a escrita de um conto. Na primeira semana, levei as turmas, uma em cada dia, para a Praça Barão de Queluz. Sentaram-se alunos e alunas nos bancos e em degraus do chafariz. Tinham levado os cadernos e deveriam escrever a primeira parte do conto  em que um jovem ou uma jovem, enquanto aguardavam alguém sentado(a) num dos bancos, observasse o jardim e a movimentação da praça no começo do dia (eram as duas primeiras aulas da manhã). Uma manhã linda, clima perfeito para atividade literária que eles desenvolveriam. Tanto em um dia como no outro as classes, que eram muito brilhantes, escreveram textos muito criativos, muito bonitos.

Na semana seguinte, antes de sair da sala, informei à turma que o texto deveria ter o seguinte seguimento: a pessoa que prometera ir àquele encontro da semana passada não aparecera. Eles deveriam então contar que o personagem ou a personagem se dirigira à igreja cujo interior ainda não conhecia. No tempo da primeira aula, eles sentados nos bancos da nave da igreja, eu daria uma explicação sobre os elementos artísticos e, no segundo horário, ali nos bancos mesmo eles fariam a dissertação, encaixando a descrição do que estavam escrevendo no enredo do conto.

FOI AÍ QUE ACONTECEU O QUE EU ACHEI IMPORTANTÍSSIMO!

Quando fui descrever os altares laterais, barrocos da segunda fase, entre a capela-mor e a nave, comecei falando sobre a carranca, que existe nos dois altares, semelhantes mas com pequenas diferenças, como é o comum no barroco, nos dois altares, e expliquei que aquelas figuras de feio aspecto na parte superior deles eram explicadas pelos estudiosos da Arte como representantes do POVO. De sua boca saíam belos cortinados, representantes da REALEZA. Estes cortinados, chamados dosséis, são características do Barroco Joanino, referente à fase do Barroco português que floresceu no período do reinado de dom João V, no século XVIII. Nessa época, os altares tinham que trazer o símbolo da realeza, tinham que ter os cortinados ou dosséis. Naquele altar, de uma maneira não comum nos altares de outras igrejas, os DOSSÉIS  saíam da boca da CARRANCA.

Quando expliquei esses simbolismos, diante do altar do lado esquerdo da Matriz, explicando que a CARRANCA ERA O POVO e  OS DOSSÉIS ERAM O O REI, a aluna Talulah Franco disse logo:

– Veja, D. Avelina: O REI ESTÁ TIRANDO O ALIMENTO DA BOCA DO POVO!

Imagem de Mauro Dutra

AQUELA ALUNA FEZ UMA INTERPRETAÇÃO NUNCA FEITA SOBRE AQUELE ALTAR! IMPORTANTE DESCOBERTA INTERPRETATIVA!

Eu mesma, que mostrei o altar aos alunos, não havia percebido isto! ENTÃO PENSEI: ESTE ESCULTOR ESCREVEU UMA MENSAGEM, COM A ESCULTURA,  NA MADEIRA, NESTE ALTAR, TRADUZINDO O PENSAMENTO E O SENTIMENTO DO POVO DAQUELA ÉPOCA. A MENSAGEM ATRAVESSOU MAIS DE DOIS SÉCULOS E FOI TRADUZIDA EM PALAVRAS PELA ALUNA!  Incrível!

E muito importante: meses depois, fazendo uns estudos em livros escritos no século XIX, achei um comentário em um deles dizendo que o povo de Carijós falava:

“O rei está tirando a comida da nossa boca.”

AS MESMAS PALAVRAS TRADUZIDAS PELA ALUNA! UM VERDADEIRO MILAGRE DA COMUNICAÇÃO!

Foto de Mauro Dutra

No dia seguinte, levei a outra turma. Diante dos altares, falei com eles que, no dia anterior, uma aluna tinha descoberto alguma relação da carranca com os dosséis e um aluno – já fiz tudo para lembrar seu nome e não consegui, mas tenho a esperança de um dia descobrir – falou assim, noutra interpretação importante: “O POVO ESTÁ VOMITANDO A REALEZA!” Não era  a tradução da REVOLTA DO POVO NO TEMPO DA INCONFIDÊNCIA???

FOI ASSIM QUE UM ALUNO E UMA ALUNA INTERPRETARAM E TRADUZIRAM DA MADEIRA PARA AS PALAVRAS, NOS ALTARES DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, A INSPIRAÇÃO QUE MOVEU O ARTISTA DOS TEMPOS PASSADOS.

Até hoje não se conseguiu saber o escultor que fez as talhas do altar, mas ou ele era um INCONFIDENTE ou soube interpretar muito bem o  sentimento que levou ao episódio histórico da Inconfidência Mineira.

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete 18

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 18

 

O tempo foi passando…

A Irmandade do Santíssimo, sempre ajudada pelo povo, continuava a realizar obras e a preservar o templo de Nossa Senhora da Conceição.

O povo começou a ser explorado pela coroa, através da cobrança do quinto (era um tipo de imposto) e a revolta era grande. Muitos diziam: “O rei está tirando o alimento de nossa boca”.

Até que um dia…

19 de setembro 1790 Aconteceu o que tanto sonhara o povo de Carijós: a criação da vila. Uma petição fora feita ao Senhor Visconde  de Barbacena e enviada a D. Maria I, rainha de Portugal. Entre outras coisas, dizia:

“Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena. A Vossa Exa. expõem, reverentemente os Moradores das Freguezias de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, e de Congonhas do Campo, e de Santo Antonio da Itaberava, quê, formando todos huma povoação conjunta de quasi vinte mil pessoas, com suficientes fundos, propriedades e terras incultas, e distando das vilas de São Joze, São João, Villa Rica e Mariana por onde são demandados mais de quinze, vinte e trinta legoas, por asperas Serras, caminhos Solitarios e passagens de Rios, sem que a justiça possa amparar prontamente os orfaons e Viuvas pobres, nem defender a tranquilidade publica de alguns facinoras e Saltiadores; Desejão os suplicantes merecer a Sua Magestade Fidelissima, o Foral e criação da nova Villa com Corpo de Camara, Juiz Ordinario e de Orfaons, Vereadores, Tabelliaens, e mais Offeciais competentes, no Campo Alegre de Carijós;” e prosseguia o documento com mais considerações.

Visconde de Barbacena /Imagem da Internet

No dia tão esperado, o povo, dominado pela alegria, reuniu-se na Praça Nova. O Senhor Visconde de Barbacena chegou acompanhado de luzida comitiva e, lá no prédio da Câmara, assinou o Auto de Criação da vila. No termo lavrado em um livro especial, estavam arrolados o dia da inauguração, o nome da vila, os limites e confrontações de seu território, os nomes do ouvidor, do capitão-mor da vila e das outras autoridades.

ESTAVA CRIADA A REAL VILLA DE QUELUZ!

Em seguida, como narra o Auto de Levantamento, “sendo presente o Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena do Conselho de Sua Magestade, Governador e Capitão General desta Capitania de Minas-Gerais, e o Doutor General, e Corregedor desta Comarca, com os Moradores, Nobreza e Povo tanto da dita Real Villa novamente erecta como dos Arrayaes convezinhos; pello mesmo Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde General foy mandado levantar o Pilorinho da referida Villa, o qual, com efeito se levantou, com a solenidade do estilo, no lugar que para isso se considerou mais proprio e acomodado, e vem a ser a Praça Nova, que fica no meyo da Villa, entre as Cazas destinadas para a Camara, e a Igreja Matriz, cujo acto se fez, e concluhio repetindo todos em altas vozes, e sucessivas aclamaçoens – Viva a Rainha Nossa Senhora Dona Maria primeira…”

Rainha D. Maria Primeira /Imagem da Internet

Enquanto isso, os sinos das igrejas (Matriz, Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo) badalavam alegremente, a força miliciana deu uma descarga de seus mosquetes, alguns moradores davam salvas de suas roqueiras (peça de artilharia que atirava pelouros, que eram balas de metal com que se carregavam muitas das antigas armas de fogo) e todos gritavam vivas.

Casa da Câmara – Pintura de Lygia Seabra

A Câmara foi instalada no casarão de Manoel Albino de Almeida, que alugou um pedaço de sua grande casa para ser a Sede da Câmara. Ficava na atual Avenida Prefeito Mário Rodrigues Pereira, em frente ao Pronto Socorro. A primeira foto é de uma pintura de Lygia Seabra.

Casa da Câmara de Queluz – década de 30 /Imagem da Internet

A Câmara foi instalada no casarão do Guarda-mor Manoel Albino de Almeida. Ficava na atual Avenida Prefeito Mário Rodrigues Pereira, em frente ao Pronto Socorro. A primeira foto é de uma pintura de Lygia Seabra.

FOI ASSIM, DESSA MANEIRA TÃO BELA, TÃO ALEGRE, TÃO FELIZ QUE NOSSA CONSELHEIRO LAFAIETE VIVEU O PRIMEIRO DIA DE SUA VIDA INDEPENDENTE.

MAIS ALGUMAS INFORMAÇÕES

O Pelourinho, distintivo das vilas, ficava mais ou menos em frente ao local onde termina a Rua Afonso Pena. Não temos fotos dele, mas qualquer pessoa pode ver os degraus dele, que, quando ele foi destruído, foram levados para serem base do chafariz da Praça Barão de Queluz. Eram quatro, mas apenas são vistos três porque um deless, numa época muito antiga em que aterraram a praça, ficou debaixo da terra. No degrau do meio do chafariz, numa das pedras do pelourinho, fica o nosso POLO GEODÉSICO, que participa da indicação de localizações do Mundo e serve, inclusive, para marcar rotas para os aviões.

Chafariz /Imagem da Internet

Estes degraus que estão no chafariz e o prédio em que foi instalada a Câmara em 1790 até tempos atrás eram os vestígios que havia daquele dia do passado.      Porém no sobrado que foi onde se instalou naquele dia a Câmara, aconteceu um incêndio, não tenho certeza se foi em 1957 ou 1958. Foi queimada a parte de cima. Há tempos o resto foi jogado ao chão. Observem a beleza do portão de entrada da casa.

Incêndio no casarão no final da década de 50 /Imagem de acervo pessoal

Se o leitor quiser ter um contato material com o passado, sente-se nos degraus do chafariz, pois, a não ser os documentos, só eles RESTARAM EM NOSSA CIDADE COMO AS ÚNICAS MARCAS, LEMBRANÇAS materiais locais do que aconteceu no momento em que nossa terra adquiriu sua AUTONOMIA e se tornou a REAL VILLA DE QUELUZ.

 

Congonhas celebra em seus sítios históricos a paixão, morte e ressurreição de Cristo

De 14 a 21 de Abril, os fieis são convidados a vivenciar todo o clima de fé e devoção, revivendo o caminho de Cristo, da chegada a Jerusalém até o Calvário e a Ressurreição. Uma das mais tradicionais do Brasil, a Semana Santa de Congonhas é realizada pela Igreja Católica com apoio da Prefeitura de Congonhas. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Matriz de São José Operário, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, onde Aleijadinho expõe sua obra prima aos olhos da humanidade, as ladeiras são o palco dos sermões, celebrações e procissões, e o cenário único para encenações de Passagens Bíblicas, do Novo ao Velho Testamento.

Clima de fé e devoção invade a cidade de Congonhas na semana santa/DIVULGAÇÃO

Os ensaios das encenações acontecem desde janeiro. Este ano, foram resgatadas as apresentações em frente à Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Atores dos diversos grupos de teatro da cidade, preparados pelo Dez Pras Oito, irão introduzir no espetáculo o tema da Campanha da Fraternidade, que este ano está relacionado às políticas públicas.

A Semana Santa de Congonhas possui tradição secular e grande importância cultural. Ela envolve a população e fomenta o turismo. Por isso, a Prefeitura prepara uma grande infraestrutura, com palcos, iluminação, som e banheiros químicos. Mais de mil pessoas entre religiosos, servidores e voluntários se envolvem nos preparativos.

As demais comunidades destas paróquias como as da Mãe da Igreja, do Jardim Profeta, igualmente, também participam deste período especial para os católicos.

 Sermão da Montanha

Este ano, os evangélicos celebram o 22º Sermão da Montanha no Sábado da Aleluia, na praça JK, a partir das 19h. A programação será divulgada em breve.

Programação da Semana Santa 2019

Sábado (13/04)

  • 10h – Missa da Unidade em Mariana com a recepção dos Santos Óleos (Transmissão pela rádio Congonhas)

 Domingo de Ramos (14/04)

  • “O Senhor Jesus Cristo nos introduz na comunidade com seus direitos e deveres em favor do Reino de Deus”.
  • 7h – Bênção dos ramos na Praça da Basílica e, em seguida, procissão para a Matriz de N. Sra. da Conceição e Santa Missa
  • 19h – Santa Missa na Matriz de N. Sra. da Conceição, em seguida, encenação bíblica

 Segunda–feira Santa (15/04)

  • “O Pretório é a condenação da justiça e dos direitos inalienáveis à dignidade humana”.
  • 6h20 – Santa Missa na Basílica do Senhor Bom Jesus
  • 19h – Santa Missa na Matriz de N. Sra. da Conceição, e em seguida, procissão com a imagem do Cristo Flagelado até a Matriz São José Operário, com o Sermão do Pretório
  • Confissões: Matriz de N. Sra. da Conceição, das 8h às 11h e das 14h às 17h. No Alvorada, às 18h.

 Terça–feira Santa (16/04)

  • “Com Jesus e Maria, somos chamados a encontrar as Políticas Públicas como expressão dos direitos humanos”.
  • 6h20 – Santa Missa na Basílica do Senhor Bom Jesus
  • 18h30 – Santa Missa na Basílica do Senhor Bom Jesus. Em seguida, procissão com a imagem do Senhor dos Passos até a Matriz de N. Sra. da Conceição. Apresentação das figuras bíblicas e o Sermão do Encontro
  • 18h45 – Santa Missa na Igreja N. Sra. do Rosário, seguida de procissão com a imagem de Nossa Senhora das Dores até a Matriz de N. Sra. da Conceição
  • Confissões: Matriz de N. Sra. da Conceição, das 8h às 11h e das 14h às 17h. No Pires, às 17h.

 Quarta–feira Santa (17/04)

  • “A Senhora das Dores, modelo da mulher, expressa os direitos femininos negados pela mentalidade machista e injusta do ser humano”.
  • 6h20 – Missa na Basílica do Senhor Bom Jesus e na Matriz de São José
  • 15h – Santa Missa na Basílica do Senhor Bom Jesus
  • 18h30 – Santa Missa na Matriz de São José Operário
  • 19h – Santa Missa na Matriz de N. Sra. da Conceição. Em seguida, procissão para a Matriz de São José Operário com a imagem de N. Sra. das Dores e sermão das Sete Dores de Maria
  • Confissões: Matriz de N. Sra. da Conceição, das 8h às 11h e das 14h às 17h. No Alvorada, às 18h.
  • Tríduo Pascal: Centro da Semana Santa

 Quinta–Feira Santa – Eucaristia e Sacerdócio (18/04)

  • “Na Eucaristia celebramos o dom da vida e o dom do sacerdócio na comunidade, que louva o Senhor pelos direitos da criação”.
  • 16h – Santa Missa na Basílica do Senhor Bom Jesus
  • 17h – Santa Missa na Matriz de São José
  • 19h – Encenação Bíblica
  • 20h – Santa Missa do Lava-pés e Instituição da Eucaristia na escadaria da Matriz de N. Sra. da Conceição. Logo após a Santa Missa, vigília até à meia noite. Encenação bíblica na Praça da Matriz de N. Sra. da Conceição
  • Confissões: Matriz de São José, das 8h às 11h; Matriz de N. Sra. da Conceição, das 15h às 17h; Pires, às 17h.

 Sexta–feira – Dia da Paixão Cristo (19/04)

  • “Jesus é profeta da justiça que leva à cruz os direitos fundamentais da vida humana”.
  • 7h – Caminhada da Via Sacra saindo da Matriz São José em direção à Matriz de N. Sra. da Conceição
  • 15h – Celebração Litúrgica e Adoração da Santa Cruz: Matriz de N. Sra. da Conceição e Matriz de São José Operário
  • 19h – Encenação da Condenação, Paixão e Morte de Cristo na Basílica do Senhor Bom Jesus
  • 20h – Sermão do Descendimento da Cruz. Em seguida, Procissão do Enterro até à Matriz de N. Sra. da Conceição

 Sábado Santo – Dia da Vigília Pascal (20/04)

  • “Aprendamos com Jesus a compaixão dos sofredores e daqueles aos quais foram negados os direitos humanos”.
  • 19h – Vigília Pascal na Matriz de São José Operário
  • 20h – Vigília Pascal: na à Matriz de N. Sra. da Conceição com a Bênção do Fogo Novo do Círio Pascal, Leituras Bíblicas, Canto da Aleluia, Bênção da Água Batismal, Renovação das Promessas Batismais e Celebração da Páscoa
  • Confissões: à Matriz de N. Sra. da Conceição, das 8h às 11h.

 Domingo da Páscoa (21/04)

  • “É a vitória da vida sobre a morte. Que as Políticas Públicas sejam responsabilidade governamental de todos nós”.
  • 2h30 – Caminhada saindo da comunidade Santa Quitéria até à Matriz de N. Sra. da Conceição
  • 5h30 – Solene Missa da Ressurreição na Praça da à Matriz de N. Sra. da Conceição e, em seguida, procissão para a Basílica do Senhor Bom Jesus, com a bênção do Santíssimo Sacramento
  • 9h30 – Santa Missa na Matriz de São José
  • 10h – Santa Missa na Basílica do Senhor Bom Jesus e Encenação Bíblica da Ressurreição de Cristo. Celebração na comunidade do Pires
  • 18h – Procissão do Triunfo de Nossa Senhora, saindo da Basílica do Senhor Bom Jesus e rumo à Matriz de N. Sra. da Conceição. Em seguida, Santa Missa

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