Histórias que movem Moinhos, Moinhos que movem a história

Cerca de oito mil anos antes de Cristo, o homem deu início à produção de grãos para se alimentar. Foi então que surgiu o moinho para triturar os grãos. A partir de então, essa invenção foi totalmente incorporada à produção de alimentos. Assim como plantar e cultivar os grãos, os moinhos também passaram a ser incluídos no processo de fabricação de mantimentos através da trituração. Essas engenhosas construções, também são citadas em várias partes das Escrituras. No Brasil, o moinho veio com os colonizadores tão logo a terra por aqui começou a ser cultivada e dado inicio a produção de grão após o “Descobrimento do Brasil”. Certamente, os povos indígenas já tinham por aqui seus conhecimentos próprios de moagem de alimentos.
Modelos de moinhos:

Construir um moinho, embora a estrutura fosse (e ainda é) relativamente simples,
sempre foi necessário possuir conhecimentos significativos e diversos na sua construção

  • além da forma construtiva do casebre que abriga o moinho, é preciso ainda conhecer
    a dinâmica de funcionamento.

Os moinhos sempre tiveram fundamental importância na vida rural. Fosse apenas para a manutenção da subsistência familiar, fosse como elemento de impulsão da economia.
Trazendo os fatos um pouco mais próximos, os moinhos fazem parte da paisagem rural e também constitui-se em uma importante parte construtiva nas pequenas casas e/ou grandes fazendas onde vivem os povos do campo, em quase todo o território mineiro.
Outra grande importância também deve ser atribuída aos moinhos – o seu valor histórico e cultural. Desde 2018, o IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico
e Artístico de Minas Gerais) órgão responsável pelas políticas públicas de preservação do Patrimônio Cultural do Estado, criou e mantém o Cadastro dos Moinhos de Milho e Casas de Farinha, objetivando a identificação desses espaços enquanto Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Lamentavelmente, essa ação do IEPHA ainda na está no leque de visão e entendimento de todos.
Existe em Portugal (País de Primeiro Mundo) um museu dedicado à preservação dos moinhos, é o Museu do Moinho Vitorino Nemésio.

As pedras dos moinhos

Existia na localidade de Esperança, em Itaverava, distrito de Queluz de Minas (atual Conselheiro Lafaiete), uma família de exímios mestres canteiros (a cantaria é o ofício ou arte de trabalhar blocos de rocha bruta em peças como elemento estrutural, ora como ornamentação e, muitas vezes, atende às duas funções. Essa arte veio de Portugal e chegou ao Brasil em 1549 através do arquiteto e militar Luís Dias). Essa família, no entanto, transformava os blocos de pedras brutas em pedras de moinhos, únicas e de qualidade sem igual em toda a região.
O patriarca dessa família de Itaverava era Vicente Ozório da Silva (casado com Ana Félix de Souza), dos oito filhos homens, sete eram mestres canteiros (Sebastião,
José, Jurandir, Euclides, Juraci, João e Antônio), apenas um dos irmãos não desenvolveu a habilidade para trabalhar a pedra. Até os anos de 1950 quase todos os
filhos ainda moravam com pai, alguns mesmo casados não deixaram de lado o gosto em transformar pedra em peça indispensável ao funcionamento de uma engenhosa máquina chamada moinho.
Durantes longos anos Sebastião com seus filhos se dedicavam e sobreviviam, às vezes, da fabricação dessas pedras de moinhos. A fama da qualidade das pedras que a família produzia corria longe. Encomendas chegavam, e muitos, de diversas localidades. Os blocos de pedras eram retirados na pedreira do Pé do Morro, localidade de Itaverava.

Mesmo com ferramentas rudimentares, as pedras eram extraídas em larga escala.
Segundo conta Juraci Marques (popularmente conhecido como Juraci da Sanfona), aos 84 anos (únicos dos irmãos canteiros ainda vivo e residente do Bairro Rezende), o pai, Sebastião Osório e os filhos trabalhavam de forma incessante, ali mesmo, na pedreira, diariamente, muitas vezes até durante a noite, à luz de lamparina para dar conta das encomendas. Muitas dessas pedras estão espalhadas por vários moinhos na região.
Havia quem buscasse as pedras diretamente no local da fabricação, algumas eram entregues nas casas dos compradores. Muitas eram trazidas para Queluz de Minas e eram embarcadas nas locomotivas. Existia ainda, um ponto de venda na saída da cidade em direção à Itaverava, onde hoje nas proximidades é o início da BR 482, na Chapada.
Juraci conta que cada pedra levava em média de dez a quine dias para ficar pronta, e elas eram fabricadas em dois e três tamanhos. Ele diz se lembrar claramente de como era grande a procura pelas pedras que a sua família fabricava. Fala ainda de seu pai ensinando aos filhos as várias técnicas usadas no oficio, mas que tudo começava na escolha certa da pedra e do corte a ser feito. Vicente Ozório explicava sobre a cor, veios, textura e onde deveria ser retirado pedaço de pedra, que, depois de trabalhado se transformaria em um par de mós (mó do latim – mola). Abaixo uma estrutura tradicional de pedras de moinho:

Enquanto alguns se abstêm em reconhecer aquilo que (também) constitui nosso verdadeiro Patrimônio Cultural, cabe à nós, os agentes e donos da história, contá-la
quantas vezes for necessário. Aos demais, cabe qualquer coisa.
“As nossas raízes, cultura, memória e história são fatores fundamentais de preservação, para que não se cometa os mesmos erros do passado.”

Por Luiz Otávio da Silva – Pesquisador e Pós-graduando em História.

Em tempo: Molinologia é uma área de estudo que se dedica ao conhecimento dos moinhos tradicionais nos seus aspetos técnicos, sociais e culturais.

Hospital Cassiano Campolina completa 112 anos com muita história e bons serviços prestados à Entre Rios e região

Quando inaugurado, em 1910, Hospital era o mais importante do interior de estado, pela solidez, beleza arquitetônica e capacidade

O Hospital Cassiano Campolina completa nesta quinta, 15 de setembro, 112 de existência.

Ao ser inaugurado em 1910, era o Hospital Cassiano Campolina o mais importante do interior de estado, pela solidez, beleza arquitetônica e capacidade, dispondo de duas amplas e arejadas enfermarias com 40 leitos, quartos para pensionistas, sala de operações, sala de raio-x, laboratório, farmácia, salão nobre, capela, etc.

 A benemerência da Fundação foi além do que estabelecera o instituidor, Cassiano Antonio da Silva Campolina.

Deu-se ao luxo de financiar ao custoso serviço de abastecimento de água à sede municipal. Água captada da Serra do Gambá, adutora de cerca de 12 kilômetros  de canos de ferro, vindos da França, reservatórios e rede de distribuição. Assim passou a cidade a figurar  entre as poucas que naquele tempo possuíam semelhante recurso.

E o Hospital pôde ser construído na Zona Urbana, em vez de ser, nas adjacências da cidade, onde houvesse água suficiente.

 O Hospital Cassiano Campolina sempre prestou inapreciáveis serviços à região: Jeceba, Resende Costa, Lagoa Dourada, Passa Tempo, Desterro de Entre Rios, Congonhas, São Brás do Suaçuí, Piracema, municípios desprovidos até então, de estabelecimentos hospitalares, ou que os possuíam muito deficientes.

 Hoje, o H.C.C conta com médicos, enfermeiros e funcionários de primeiro nível, e procura, dentro de sua realidade econômica e também da realidade do sistema de saúde do país, prestar assistência idealizada pelo seu instituidor, contando com serviços diversificados dentro do maior campo de abrangência possível, deixando as portas sempre abertas para aqueles que dele necessitam.

A direção do Hospital Cassiano Campolina convida a todos para celebrar esse dia tão especial com uma Missa em Ação de Graças comemorativa aos 112 anos, as 19h em sua Capela.

 Parabéns Hospital Cassiano Campolina!

Fonte: Jornal Edição Comemorativa de Entre Rios de Minas e Entre Rios News

Fé atrai turistas a Minas e rende boas histórias

A devoção católica dos portugueses que colonizaram o Brasil deixou um legado arquitetônico e cultural marcante. Em Minas, quem visita as igrejas históricas, mais do que se encantar com a beleza e a genialidade do barroco mineiro, conhece tradições religiosas seculares e se surpreende com “causos” que são passados de geração a geração.

E muitas histórias estão longe dos roteiros religiosos mais tradicionais, como Ouro Preto, Mariana e São João del-Rei. Um exemplo está em Piranga, na Zona da Mata, localidade escolhida pelo bandeirante João de Siqueira Afonso, junto com um grupo de paulistas, para montar uma base de operações, em busca de minerais preciosos, já que a exploração de ouro era a principal atividade econômica colonial em Minas. 

Um dos tesouros históricos do município é o distrito de Santo Antônio do Pirapetinga, popularmente conhecido como Bacalhau. O nome do lugar é atribuído a José Bacalhau, o primeiro morador.
O acesso, a 11 km da cidade, é por uma estradinha de terra, que serpenteia pela serra, margeando o rio Pirapetinga e corta diversas fazendas antigas. No alto do morro, o visitante se surpreende com um imponente santuário, em estilo bandeirista.

Tombado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1996, o Santuário do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos tem uma história curiosa. Elisa Dias, moradora do vilarejo, é quem costuma receber os turistas para falar dos mistérios que rondam o local. 

Reza a lenda que no alto do morro, certo dia apareceu a imagem do Senhor Bom Jesus, quase em tamanho natural, esculpido em madeira. Os fiéis a levaram para a única igreja do povoado. “Na manhã seguinte, o Cristo havia sumido e reapareceu no mesmo lugar. Levado novamente para a igreja, tornou a sumir e a voltar para a colina”, conta Eliza. 

“Como isso se repetiu por diversas vezes, os moradores entenderam que o Cristo queria ficar lá em cima e decidiram construir uma igreja”. Mas não havia água. A imagem milagrosa teria feito surgir uma nascente no local e o templo pôde ser erguido. Santuário tornou-se local de peregrinação, onde muita gente ia para rezar pelos mortos da Guerra dos Emboabas. Nas laterais da igreja, há duas construções coloniais que recebem romeiros todo mês de agosto, há mais de 300 anos.Réplica da imagem do Senhor Bom Jesus “encara” os fiéis; original fica na sala dos milagres, posicionada atrás da cópia (Divulgação)

Réplica da imagem do Senhor Bom Jesus “encara” os fiéis; original fica na sala dos milagres, posicionada atrás da cópia (Divulgação)

MAIS MISTÉRIOS

Os mistérios não param por aí. Em 1708, conta Luiz Helvécio Silva Araújo, prefeito de Piranga, houve uma violenta batalha da Guerra dos Emboabas, que resultou na morte de muita gente na região conhecida como Cotia, em uma emboscada. 

Conta-se que a imagem do Senhor Bom Jesus foi colocada na parte frontal superior do altar, para que pudesse ser contemplada pelos devotos durante as celebrações. “Mas o Cristo teimava em aparecer de costas para o público, sempre que era desvirada”, afirma o prefeito.

O jeito foi fazer uma réplica da imagem que foi colocada na capela. E a peça original foi disposta em uma sala dos milagres, na parte de trás do altar, voltada para Cotia, de onde pode, até hoje, velar pelos mortos da batalha. Outra curiosidade é que na imagem Jesus é vesgo: o olho direito mira para baixo, vigiando os fiéis, e o esquerdo olha para o Céu.

Santa ‘caiu do céu’ em Catas Altas da Noruega

Catas Altas da Noruega, na região Central, tem pouco mais de 3 mil habitantes e começou a ser povoada por volta de 1690, por bandeirantes que exploravam a Serra de Itaverava. Os aventureiros viviam de balançar na bateia o cascalho de córregos que desciam das serras, à “cata” das pepitas. As catas eram as lavras que não precisavam de escavações profundas.

O arraial ganhou a primeira igreja em 1726, que guarda, até hoje, a imagem portuguesa de São Gonçalo do Amarante, padroeiro da cidade e protetor das prostitutas. A Rua do Lava Pés, diante da matriz, tem o maior conjunto arquitetônico histórico da cidade, com 16 casarios coloniais.

Mas quem domina a devoção religiosa não é o padroeiro. Logo na entrada da cidade, o turista descobre as nuances de uma história inesperada. De braços abertos, uma imagem de Nossa Senhora das Graças recebe os visitantes, protegida pela réplica de um avião. 

O historiador Giovane Neiva explica que em 29 de julho de 1949, véspera do dia do padroeiro, o padre Luiz Gonzaga queria surpreender os fieis com uma imagem de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto. Mas o motorista que ia buscá-la em Conselheiro Lafaiete se esqueceu da encomenda.

O padre apelou à Nossa Senhora para ajudá-lo. Na mesma tarde, um avião da Companhia Itaú de Transportes Aéreos sobrevoou a cidade bem baixinho. A aeronave faria a rota entre o Rio de Janeiro, com escala na Pampulha, de onde seguiria para Belém, no Pará. Mas no caminho, houve uma pane e o jeito foi jogar fora parte da carga, para aliviar o peso e evitar a queda. 

A “chuva” de caixas e pacotes se espalhou pela cidade: geladeiras, rádios, sapatos, tapetes, fardos de tecido e três imagens de santos. No povoado de Lage, a 6 km do centro, dois lavradores encontraram um caixote quebrado, com a imagem intacta de Nossa Senhora das Graças, igual à que o padre tinha encomendado.A igreja católica celebra o dia de Nossa Senhora das Graças em 27 de novembro. Mas, em Catas Altas da Noruega, a festa é em 29 de julho, dia em que a santa caiu do céu.

No dia seguinte, o piloto apareceu. E contou que tinha conseguido se salvar, chegando até a Pampulha com os tanques de combustível vazios. Quando soube da história da santa, fez questão de doá-la à cidade e o padre a consagrou como Nossa Senhora das Graças, a quem são atribuídos muitos milagres.Em Catas Altas da Noruega, no local onde a imagem de Nossa Senhora das Graças caiu, foi construída uma gruta, que se tornou ponto de peregrinação. E há até um museu na cidade com objetos da carga recolhidos.Casario bem preservado é um charme a mais na histórica Santana dos Montes; região reúne várias fazendas do período colonial (Divulgação)

Casario bem preservado é um charme a mais na histórica Santana dos Montes; região reúne várias fazendas do período colonial (Divulgação)

Além Disso

Quem passa pelo Centro Histórico de Santana dos Montes, na região Central, com 3,7 mil habitantes, tem a sensação de que ali o tempo passa devagar. A pracinha em frente à igreja de Santana, guarda um conjunto histórico que lembra uma cidade cenográfica. O local surgiu como um dos primeiros povoados da região, com foco na produção agrícola.

As primeiras referências à Igreja de Santana, padroeira, datam de 1726. O templo é do tipo nave em salão e guarda. Na capela-mor, a imagem de Santana Mestra, ensina a filha Maria, mãe de Jesus, a ler. A imagem portuguesa data da 2ª metade do século XVII, e é ladeada por outras duas do mesmo período: São Joaquim, pai de Maria, e São Sebastião. 

Nas laterais da Matriz e no teto há pinturas de Francisco Xavier Carneiro, que era da oficina de Aleijadinho. A capela-mor é mais lúgubre e lembra o sofrimento e a morte de Jesus; já a nave é mais clara e mostra a redenção do Senhor.

Uma curiosidade no destaque principal no teto da nave é a pintura de Cristo crucificado ao lado dos ladrões. A inscrição SPQR é uma citação romana que, em tradução livre, quer dizer “de acordo com o povo e o senado romano”, explica a historiadora, socióloga e escritora Ana Medina. O divertido é a interpretação que o povo da região deu à inscrição: “São Pedro quer rapadura”, conta Ana Medina.

A presidente da Associação dos Amigos de Santana dos Montes fala sobre outras peculiaridades da igreja. Parte do rico douramento da imagem de São Francisco da Sabedoria desapareceu, porque uma devota responsável pela manutenção da igreja lavava a peça com sabão. E um detalhe que ninguém sabe explicar é porque os olhos do santo têm cores diferentes e a peça nunca foi restaurada.

Medina fala sobre a dificuldade que enfrentou para obter autorização da comunidade para recuperar duas imagens em tamanho natural que estavam cheias de cupim. Na época houve uma grande resistência dos fieis que não queriam que o técnico visse as imagens sem roupas. Só que as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das Dores, usadas em procissões, são santos de roca, ou seja, por baixo das vestimentas não há corpo, apenas uma estrutura de madeira para dar sustentação às peças – não havia nada para ser desnudado.

FONTE HOJE EM DIA

Mistério: exploradores encontram casa em forma de sapato escondida em floresta

Segundo exploradores, a moradia é de difícil acesso e, segundo histórias, foi habitada por uma mulher por volta de 1950

Exploradores de locais abandonados publicaram fotos de uma curiosa casa em formato de bota. Segundo o grupo Abandoned UK, que fez a descoberta, o local foi difícil de encontrar, mas guarda boas histórias.

A tal casa está localizada em uma floresta do Reino Unido (eles não  divulgam a localização exata da maioria das descobertas), perto de um penhasco muito íngreme.

O local foi também a morada de uma mulher nos anos 50, segundo relatos.

Mas o grupo diz que não encontrou sinais de vida ou pistas da identidade da moradora, apenas textos sem muitas informações escritos em outros sites.

Após o sumiço ou morte da única moradora, a casa se tornou um local para diversão.

Nas décadas de 70 e 80, era sede de brincadeiras de crianças que gostavam da floresta.

Mais uma vez, tais histórias são contadas na região, e nunca foram totalmente confirmadas, ressalta o grupo Abandoned UK. Hoje, a casa é apenas um marco na floresta, coberta de musgo e ainda razoavelmente conservada.

Os comentários sobre a descoberta se mostraram conflitantes. Enquanto alguns disseram que têm lembranças de histórias sobre uma mulher que morava em um sapato (o que remete à história popular There was an Old Woman Who Lived in a Shoe, ou Havia uma velha que vivia de sapato, em tradução livre), de Mamãe Gansa.

Já outros comentários disseram que a casa é parte de um parque temático e nunca foi habitada por ninguém, o que desmente os relatos.

FONTE NOTICIAS R7

Entre Rios de Minas ganha obra que sintetiza sua história e origens

O escritor Elson de Oliveira Resende lança nesta noite (10) o livro “De Bromado a Entre Rios de Minas…sua arte…sua história”. O evento será em formato online a partir das 18:00 horas devido as medidas restritivas do Covid-19.

A obra sintetiza os quase 308 da cidade a serem completados no dia 20 de dezembro.

A cultura, as festas, o patrimônio histórico, manifestações artísticas e folclóricas, a formação religiosa, as personalidades, a economia, as igrejas, bandas de músicas, as praças, os logradouros, arqueologia, as bandeiras, Festa da Colheita, o cavalo Campolina, Manoelina dos Coqueiros, a sesmaria fazem parte do livro desde as origens até os dias atuais quando Entre Rios de Minas ser tornou polo regional de serviços, saindo do contexto rural.

O livro tem mais de 360 páginas e levou 20 anos para a sua conclusão após extensa e minuciosa pesquisa do enterriano. A obra foi custeada por recursos do Fundo Municipal de Cultura (FUMPAC) e apoio do Sicoob Credicampo.

Este é o segundo livro de Elson de Oliveira Resende. O primeiro foi “Memorial Hospital Cassiano Campolina”, lançado em 2000, e que retrata a história e saga da construção do nosocômio em 1910, obra construída com herança do mecenas fazendeiro Cassiano Antônio Campolina.

Tida como a Mesopotâmia de Minas, em alusão a um dos berços da civilização ocidental (500a.C.), hoje o Iraque, banhada pelos Rios Tigres e Eufrates, Entre Rios de Minas tem origem de seu nome ligada a Camapuã e Brumado que circundam o território entrerriano.

“Foram 20 anos de pesquisa e garimpando por diversos arquivos particulares e no Arquivo Público Mineiro, como também relatos e documentos. Ao longo deste período fui recolhendo material para que pudesse chegar ao final da obra que sintetiza a história de nossa cidade nas suas mais diversas nuances. Agradeço a todos pela contribuição, pois sem esta colaboração não conseguiria concluir esta vasta obra”, analisou Elson.

Leia mais

De Bromado a Entre Rios de Minas: obra sintetiza 307 anos de fundação da Mesopotâmia de Minas

ROSTOS E HISTÓRIAS QUE VIVEM AO RELENTO

No Brasil, são mais de 220 mil pessoas em situação de rua – população maior que a cidade de Criciúma (SC). Sete mil vivem no Rio de Janeiro em meio à violência e à invisibilidade. Para transformar esses números em nomes, rostos e histórias, o #Colabora lança a série especial “Vozes das Ruas”. Em quatro episódios, a jornalista Luiza Trindade liga a sua câmera durante as rondas do Projeto Ruas para ouvir os relatos fortes de Milena, Roberta, Lorena e do casal Priscila e Leandro. São histórias de luta, injustiças e até mesmo de amor, apesar das adversidades.

Mais de 220 mil brasileiros vivem em situação de rua, num cotidiano de violência, esquecimento e invisibilidade. Sete mil deles estão no Rio de Janeiro, cidade da reportagem especial de Luiza Trindade para o #Colabora. Ela liga sua câmera durante as rondas do Projeto Ruas, para ouvir depoimentos fortes, de luta, injustiças, dificuldades – e, apesar de tudo, amor.

Bibi: nova vida após a perda da visão. Foto Vozes das Ruas

“Tem umas pessoas que enxergam a gente como lixo, como nada”, constata Roberta Kelly, a Bibi, 39 anos. Frequentadora das rondas do Projeto Ruas, em Copacabana, ela participa das atividades da ONG e defende com firmeza suas opiniões. Foi abandonada pela família, mas relata ter encontrada outra, “maravilhosa” na rua.

Milena: “A gente está na rua porque a gente necessita, não tem onde ficar”. Foto Vozes das Ruas

Abusada sexualmente pelo irmão aos 9 anos, Milena aprendeu nas ruas a se defender. Está lá desde criança, mas venceu o ambiente hostil, encontrou o amor e agora luta por respeito e contra a homofobia ao lado da namorada.

Leandro e Priscila descartam abrigos para não se separar. Foto Vozes das Ruas

É de amor também a história de Priscila e Leandro. Os dois vivem juntos, entre beijos, abraços e carinhos, nas ruas do Leblon. Um pelo outro, descartam a ida para abrigos, que obrigaria a uma separação. “Estamos na luta até hoje, mas nossa história é bonita”, atesta ele.

Lorena: “Tem que prestar atenção para não levarem suas coisas”

A busca pela mãe, Elza, levou Lorena para as ruas. Artista, ilustradora, teve uma vida de classe média na infância, até tudo começar a desandar. As pessoas te olham como se você estivesse por conta própria abandonando a sociedade. Sendo que não é verdade, é a sociedade que abandona você.

FONTE PROJETO COLABORA

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – GARIMPANDO NOTÍCIAS 48

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                                     Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                          avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

 

GARIMPANDO NOTÍCIAS 48

                     Em que residência  pernoitou  D. Pedro II em Queluz?

Um ponto controverso da nossa História…

Antes de continuarmos com o Diário de Viagem de D. Pedro II, vou repetir uns conteúdos já colocados no artigo anterior.

Imagem da Internet

Pedro II a cavalo na viagem que fez a Minas

PRIMEIRO vou repetir um trecho do Diário de Viagem de D. Pedro:

“29 (terça-feira) – Dormi bem. Saída às 6 h. (…) Do Alto das Bandeirinhas já se avistam casas de Queluz. Parou-se em algum lugar por causa das liteiras. O tempo das pequenas paradas e o do almoço andariam por menos de duas horas. O coronel Pereira apontou-me suas terras do Ribeirão do Inferno e Queluz.

Já em lugar anterior a revista colocara o seguinte: “Durante a viagem D. Pedro II conversou bastante com o coronel Antônio”. Em outro local fala  sobre  o  “Rodrigues Pereira, futuramente Barão de Pouso Alegre, proprietário de terras na região e na própria Queluz.” A referência é a Antônio Rodrigues Pereira, pai de Conselheiro Washington Rodrigues Pereira e de Conselheiro Lafayette.

 Antônio Rodrigues Pereira

Imagem da Internet

Agora citando outra vez a notícia apresentada pela A Revista Ilustrada. Rio de Janeiro, ano 6, número 245, 1881. P. 4 e 5. 59.

“A cidade de Queluz recebeu SS. MM. II. com o maior júbilo. Entusiasmo indescritível, grandes ovações, fogos, músicas etc. A cidade deu aos Augustos Viajantes as mais solenes provas de contentamento”. 190 Já instalado, o Imperador descansou um pouco e conversou com a família de Washington Rodrigues Pereira, filho do coronel Antônio, saindo logo em seguida para o estabelecimento educacional, onde preferiu a aula de meninos à de meninas. Em seguida esteve na cadeia e apesar de ter considerado o edifício bom, atentou para sua necessidade de melhorias internas, além disso, afirmou que no local “falta quase tudo, não tendo os soldados da polícia nem baionetas nem sabres-baionetas”.191 […] Antes de retornar à residência onde estava hospedado, assistiu a um Te Deum na igreja matriz e afirmou ter sido sofrível. Quando em casa, ouviu moda de viola e elogiou o músico: “O rapaz tocou bem a viola e melhor violão”193.

POR QUE REPETI ESTE TRECHO? Porque até hoje não se esclareceu devidamente um ponto obscuro na presença de D. Pedro em nossa cidade. Hipóteses que existem a respeito de  em qual residência se hospedara e dormira  D. Pedro II:

1) Seria no Solar do Barão de Suassuí? 2) Seria no Solar do Barão de Queluz? Talvez houvesse a resposta exata no LIVRO DO TOMBO ANTIGO DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, porém este livro, pelo que concluí nos meus estudos e, de acordo com  informação antiga que encontrei no Museu Perdigão, estaria, na década de 40, em Ouro Preto,  naturalmente no Instituto Histórico de Ouro Preto, que fora dissolvido e seus documentos espalhados por vários lugares. Procurei muito descobrir onde estaria este Livro tão importante para nossa História, mas foi em vão.

OBSERVANDO a notícia da Revista Ilustrada, VEJAM O QUE PENSEI: Se o pai do WASHINGTON RODRIGUES PEREIRA FOI COMPANHEIRO DE VIAGEM DE D. PEDRO, NO ALTO DAS BANDEIRINHAS, ANTES DE ENTRAR EM QUELUZ, MOSTROU SUAS TERRAS, AO CHEGAR EM QUELUZ AONDE LEVARIA D. PEDRO PARA SE HOSPEDAR? NÃO PODERIA SER NA CASA DE SEU FILHO WASHINGTON, QUE FICAVA ONDE É HOJE A PRAÇA TIRADENTES, EM FRENTE À ANTIGA CADEIA, HOJE MUSEU PERDIGÃO? E REVEJAM ESTE TRECHO: “Já instalado, o Imperador descansou um pouco e conversou com a família de Washington Rodrigues Pereira, filho do coronel Antônio, saindo logo em seguida para o estabelecimento educacional, onde preferiu a aula de meninos à de meninas.” Se ELE JÁ ESTAVA INSTALADO, ESTRANHO CONVERSAR COM A FAMÍLIA DO WASHINGTON SE ESTIVESSE INSTALADO EM OUTRO LUGAR, CUJA FAMÍLIA NÃO CITOU…

No Diário ele ainda diz do que aconteceu depois do Te Deum na Igreja: “Conversei com a mulher de Washington Pereira, filha de Luiz Antônio Barbosa, que lembrou-me tê-la eu interrogado num colégio de Niteroi. Parece-me excelente senhora e muito inteligente. Recolhi-me depois das 9.” OBSERVEM QUE ELE NÃO DIZ TER SAÍDO, APÓS A CONVERSA, PARA OUTRO LUGAR, MAS SIM QUE SE RECOLHEU.

FIZ ESTA INTERRUPÇÃO NO DIÁRIO PORQUE ESTE PONTO SEMPRE FOI POLÊMICO SEM UMA EXPLICAÇÃO CONVINCENTE. ALGUMAS PISTAS, ALGUMAS INTERPRETAÇÕES E ALGUMAS DÚVIDAS… ESTA É APENAS MAIS UMA OPÇÃO QUE ESTOU APRESENTANDO.  SE ALGUÉM QUISER PODE COLOCAR SUA OPINIÃO, CONTESTANDO OU APOIANDO ESTAS OBSERVAÇÕES APRESENTADAS NO ARTIGO.

FICA PARA O PRÓXIMO ARTIGO a visita de  D. PEDRO II à estalagem da Varginha.

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 34

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 34

 

Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano.

Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para

o povoamento da Província de Minas Gerais.

 

LIBERAIS EM QUELUZ NA ÉPOCA DO MOVIMENTO DE 1842

 

Antônio Raphael Martins de Freitas

Antônio Vieira da Silva

Antônio Rodrigues Pereira

Antônio Costa Carvalho

Antônio de Ornellas Coimbra

Antônio José Bernardino

Antônio Pereira dos Santos

Antônio Joaquim da Silva

Abeilard Rodrigues Pereira

Alcides Rodrigues Pereira

Benjamin Constant Rodrigues Pereira

Benedicto Tavares Coimbra

Casemiro Carlos Pereira

Candido Thadeo Pereira Brandão

Domingos José Ferreira

Domingos Lopes a Cunha

Donato Francisco de Meirelles

Francisco da Costa Carvalho

Francisco José Neto

Francisco das Chagas de Jesus

Francisco Vieira da Silva Pinto

Francisco Rodrigues dos Santos

Francisco Pereira de Assis

Francisco da Costa Pereira

Francisco de Paula Silva

Francisco da Costa Campos

Francisco Rodrigues Pereira

Felisberto Nemésio de Pádua

Francisco Vieira da Silva

Francisco Antônio Pereira Ferraz

Faustino Juvita da Costa

Gonçalo Ferreira da Fonseca

Gaspar Lourenço Baeta

  1. Joanna Moreira da Silva Gandra

José Torquato Fernandes Leão

João Gonçalves Dutra

João Vital Bezerra

José Gonçalves Dutra

José Marcellino de Almeida

José Antônio Pinto

João Rodrigues Carneiro

José Rodrigues Pereira

João José Dutra

José de Souza Teixeira

Jacob de Ornellas Coimbra

José Narciso de Almeida Cardoso

José de Souza Teixeira

Joaquim Albino de Almeida

Lafayette Rodrigues Pereira

Manoel Francisco de Araújo Teixeira

Manoel Antônio Pereira Caixeta

Miguel Francisco Vieira

Marciano Pereira Brandão

Manoel Martins Pereira Brandão

Serafim José da Cunha

Tito Francisco de Medeiros

Washington Rodrigues Pereira

HISTÓRIA DE MINAS GERAIS

Porém não está apenas na inteligente estratégia o mérito de Marciano. Sua prodigiosa atuação trouxe consequências importantes para o povoamento da Província de Minas Gerais. Existe uma versão muito propalada da evasão em Carijós e Queluz nos séculos XVIII e XIX dando como causa o empobrecimento da região pela diminuição do ouro. Essa situação não pode ser caracterizada somente de forma tão simplista.

Devido à Inconfidência Mineira, muitas famílias já haviam abandonado nossa terra fugindo das retaliações que vieram para os parentes dos nela envolvidos.

Em meados do século XIX, houve também grande migração populacional para outras regiões devido ao Movimento Liberal de 1842, no qual o povo de Queluz teve forte atuação. Mas o movimento acabou com a vitória dos legalistas em Santa Luzia. E Queluz foi o único lugar em que o exército legalista foi derrotado. É claro que nessa época também haveria retaliações para os envolvidos e seus familiares. No livro “Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão”, já citado, encontra-se uma versão importante dos acontecimentos feita pelo historiador José da Silva Brandão, confirmando o êxodo da família Pereira Brandão para a Serra do Salitre e onde fica claro que foi a figura ímpar de Marciano Pereira Brandão a razão principal da migração que levou a força da raça e da cultura queluziana para outros lugares.

Região da Serra do Salitre – Imagem da Internet

SEGUIRAM O QUE ACONSELHARA O DUQUE DE CAXIAS.

“Naquele mesmo dia retiraram-se para lugar seguro e organizaram a mudança para o sertão. Aconteceu que o capitão Marciano Pereira Brandão morava em Queluz; dentro de duas semanas saíram 47 carros de boi, 356 animais de tropa; 647 reses e animais de pequeno e grande porte, com um séquito de 38 famílias, compostas de 127 mulheres,158 homens; 49 crianças de 0 a 18 anos; e 59 escravos.

Viajaram abrindo caminhos, atravessando rios. À frente seguiram grupos que roçavam matos, faziam plantações e ficavam abarracados durante o tempo das chuvas, para sair e andar nos meses secos.

De Queluz até onde está hoje a Serra do Salitre foram oito anos de marcha […] – ficaram, defintivamente nas proximidades da povoação de Nossa Senhora Sant’Anna da Barra do Espírito Santo, então município da vila de Patrocínio.”

Mais outro trecho significativo do mesmo autor, que acrescenta valor ao espírito liberal dos queluzianos que, mesmo tendo que sofrer consequências em suas vidas e nas vidas de suas famílias, deram sua contribuição para a colonização e progresso da Província:

“A região Campo das Vertentes contribuiu para a colonização da Zona da Mata no século XIX. Para lá migraram as experientes e abastadas famílias Junqueira, Ribeiro e Resende. O major Joaquim Vieira da Silva Pinto, nascido em Conselheiro Lafaiete, em 1804, chegou a Cataguases em 1842 onde é hoje o distrito de Sereno e fundou ai a Fazenda da Glória.”

 PARA TERMINAR POR HOJE, VOU TRANSCREVER UM TRECHO DE UMA PUBLICAÇÃO QUE HENRIQUECE O ARTIGO, DE AUTORIA DO ILUSTRE SECRETÁRIO DA CULTURA DE MINAS GERAIS ÂNGELO OSWALDO DE ARAÚJO SANTOS.

 

“Glória cataguasense, o marco plantado pelo Major Joaquim Vieira da

Silva Pinto e pelo filho, Coronel José Vieira de Rezende e Silva, se fez emblema

civilizatório. À margem da Leopoldina Railway, no auge do império do

café, e a pequena distância da cidade nascente, o Rochedo inaugurou uma era.

Renovou sempre essa referência a cada reviravolta da história. Refulgiu, desde

os primórdios, como o brilhante que faltava ao antigo Porto dos Diamantes.

Ancorado no Pomba, na aurora da independência, o porto fundado

pelo francês Guy Thomas Marlière de l’Age, bandeirante oitocentista, não

deu diamantes, mas a meia pataca que pagou para ver a poesia verde, o nascimento

do cinema brasileiro e o primeiro Niemeyer. Major Joaquim Vieira

veio da Cachoeira de Santana dos Montes, da tradição das fazendas de abastecimento

plantadas ao redor das vilas do ouro. José Vieira, o coronel, do

Bom Retiro de Lagoa Dourada, origem da família. De lá, ele trouxe o topônimo para batizar a nova cidade. Sob as bênçãos de Santa Rita, na lembrança

do ancestral Engenho Velho dos Cataguás, deu-lhe o nome do Ribeirão dos

Cataguases, paisagem inesquecível da infância. Pai e filho se tornaram a rocha

sobre a qual se levantou a polis, com sua legenda sem igual.

Casa de Afonso Henrique, que como o primeiro rei português reconquistou

a terra, do historiador e latinista Artur e do poeta verde Enrique de

Resende, a Fazenda do Rochedo não se mantém íntegra apenas nas alvenarias

e talhas, nos gradis e alfaias, no ambiente que magicamente guarda o tempo

suspenso diante do surpreso olhar do visitante. O Rochedo encontra em

José Rezende Reis o guardião do memorial do presente e do passado. Graças

a ele, o arquiteto e escritor Helio Brasil se incorporou ao desafio, e ambos

compuseram, em harmônico duo, esta obra admirável sobre o Rochedo e

Cataguases, Minas e o Brasil. O patrimônio imaterial também se resgata, por

inteiro, nestas linhas e imagens essenciais ao conhecimento de toda a saga.

Filho de Christino Teixeira Santos, cataguasense da Rua do Pomba,

e sobrinho-neto do maestro e compositor Rogério Teixeira, desde a infância

frequentei Cataguases, aprendendo a admirar-lhe o pioneirismo, as transgressões

inovadoras e a contribuição à cultura. “Les jeunes gens de Catacazes”,

tal como escreveu Blaise Cendrars, “os ases de Cataguases”, conforme

Mário e Oswald de Andrade, ontem como agora, constroem uma “história

sentimental” (Enrique de Resende), porque enredada na dimensão do espírito

e na fruição da arte, rebelde aos limites.

Ao realizar recentemente um livro, para a Cemig, sobre as fazendas mineiras,

tive a alegria de incluir na relação o Rochedo. Amplio esse prazer ao

saudar o lançamento do trabalho de Helio Brasil e José Rezende Reis. A obra

enriquece a bibliografia mineiriana e o acervo cataguasense, oferecendo ao

leitor a oportunidade única de viajar pela história e interpretar a linha evolutiva

que une a gloriosa casa grande de Vieira de Rezende à bela cidade modernista

– a Ouro Preto do século XX, que nela teve o criador do município

e presidente da primeira Câmara.

 

Ângelo Oswaldo de Araújo Santos

                                                          (Continua)

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE 33

 

 “Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano

Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens

como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores

 e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca. ’”

Do livro: Caminhos do Cerrado, a Trajetória da Família Brandão

 

Continuamos a focalizar o MOVIMENTO LIBERAL DE 1842.

O principal vulto a ser focalizado neste evento é o estrategista MARCIANO PEREIRA BRANDÃO, assim, eis um pouco de sua história familiar, a partir do varão Manoel Pereira de Brandão ou Azevedo (meu septavô), um fazendeiro de São Gonçalo, da localidade de Queluz, casado com Jerônima do Pinho.

Igreja de São Gonçalo do Brandão, do século XVIII,construída por      Manoel de Azevedo Pereira Brandão, restaurada pela Gerdau

 

Marciano teve o nome inscrito na história de Minas Gerais pela sua brilhante atuação no Movimento Liberal de 1842, cujo cenário foram as províncias de São Paulo e Minas Gerais.

Conta o livro do CÕNEGO MARINHO, que participara do conflito, que o capitão MARCIANO BRANDÃO “aderiu cordialmente ao Movimento e que, com lealdade e zelo, serviu até o último instante”.

Em 1842, participou do MOVIMENTO LIBERAL, sobre o qual,  refugiado na fazenda do padre Gonçalo no município de Queluz. Escreveu.

Imagens da Internet

 

Estando Queluz sob o domínio dos Legalistas, e parecendo a situação impossível de reverter para um resultado positivo que premiasse os liberais, o CAPITÃO MARCIANO deu o seu parecer sobre a situação, dizendo que poderia tomar a vila de Queluz. Assim relata o Cônego Marinho:

“Propôs ele, então, que se lhe confiassem duzentos homens (talvez tenham tido dúvida sobre a eficiência do plano porque lhe confiaram apenas 150), com os quais iria, naquela mesma noite, sem que o pressentissem os Legalistas, ocupar as estradas de Ouro Preto, Congonhas e Suaçuí; que no dia seguinte (25 [de julho]) fosse uma das colunas acampar defronte a Vila, na Estrada do Rio de Janeiro, e outra na de Itaverava, as quais deviam ir sucessivamente apertando o cerco até que os Legalistas se concentrassem todos na povoação, caso em que lhes seriam tomadas as fontes e eles, obrigados pela sede, entregar-se-iam à discrição).”

 Assim foi feito. Marciano Pereira Brandão, excelente estrategista, com sua proposta, levou os liberais à vitória. Aliás, QUELUZ foi o único lugar em que as tropas Legalistas foram vencidas, para se ver a importância do fato. Ao amanhecer do dia 26 de julho (data que deve ser sempre comemorada em nossa cidade), a tropa legalista, com lenços brancos na ponta das baionetas, entregou-se.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.

Assim terminou o MOVIMENTO:

“[…] os revoltosos perderam a batalha e a guerra, e foram presos em Santa Luzia o vigário Joaquim Camillo de Brito, capitão Pedro Teixeira de Carvalho, padre Manoel Dias do Couto Guimarães, Francisco Ferreira Paes, coronel João Teixeira de Carvalho, Theófilo Benedito Otoni, Dr. Joaquim Antônio Fernandes de Leão, Mariano José Bernardes e centenas de outros insurretos.

 Levados à presença do Barão de Caxias, o capitão Marciano Pereira Brandão e o capitão Bento Leite, dele ouviram: ‘Homens como os senhores não devem, não vão e não os prenderei. São vencedores e a Pátria reclama por homens valorosos. Como a lei tem de ser obedecida, ordeno que os senhores embrenhem pelo mato, mas presos nunca.’”

 

(Continua)

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 32

 

COMO QUELUZ ENTROU NO MOVIMENTO DE 1842

 

Estamos focalizando a primeira metade do século XIX. E um episódio glorioso aconteceu em nossa História: o MOVIMENTO LIBERAL.

Pintura de Elba Seabra do Carmo, em azulejo, em parede do Banco do Brasil de Conselheiro Lafaiete

.A adesão de Queluz no Movimento Liberal foi por intermédio de um ofício enviado pela Câmara Municipal da Vila de Queluz ao Governo Interino dos insurgentes, instaurado na cidade de Barbacena, na pessoa de José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, Presidente Interino da Província de Minas Gerais, comunicando a ele que a nossa Câmara, no dia 14 de junho daquele ano, reconhecia o Governo Liberal.

Foram cinco os Membros da Câmara que assinaram o ofício, dos quais cito alguns dados e, nas pessoas deles, quero homenagear, neste momento, os políticos liberais daquela época em Queluz: Joaquim Rodrigues Pereira, Joaquim Ferreira da Silva, Gonçalo Ferreira da Fonseca, Joaquim Albino de Almeida e Felisberto Nemésio Nery de Pádua.

Joaquim Rodrigues Pereira nasceu em Queluz em 1798. Era filho do Tenente Felisberto da Costa Ferreira e de sua esposa Dona Eufrásia Maria de Jesus (da família Rodrigues Milagres) e era irmão do Barão de Pouso Alegre, tio do Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira e casado com Dona Inês Ferreira de Azevedo. Era não só vereador como também Major da Guarda Nacional em Queluz.

Joaquim Ferreira da Silva era um português que se casou com Anna Joaquina de Rezende, filha de José de Rezende Costa e Helena Maria de Jesus e morava na Fazenda da Ressaca, em Lagoa Dourada.

Gonçalo Ferreira da Fonseca era sacerdote. Natural de Prados, nasceu em 1982. Foi Padre Capelão de Olhos D’Água, Município de Prados. Herdou a Fazenda Olhos D’Água, onde, em 1842, o Cônego José Antônio Marinho se refugiou, após o fracasso do Movimento Liberal, e onde escreveu o seu célebre livro sobre esse movimento.

Joaquim Albino de Almeida, meu trisavô, era filho de criação do Guarda-mor Manuel Albino de Almeida, meu tetravô.  Nasceu em Queluz, em 29 de setembro de 1810, e casou-se com Joana Felizberta de Jesus, filha de Theodósio Alves Cyrino, meu tetravô.

Felisberto Nemésio Nery de Pádua, meu tetravô, era um rábula. Como na época havia poucos advogados formados, pessoas que, não possuindo formação acadêmica mas portadoras de grande cultura, podiam fazer um Exame de Suficiência em órgão competente do Poder Judiciário. Com a provisão expedida pelo órgão, tinham autorização para exercerem a profissão de advogados. Felisberto era famoso pela sua inteligência.

Estendo a homenagem à única mulher que figura na lista dos que fizeram compra antecipada do livro do Cônego Marinho para ajudar na sua publicação: minha tetravó Joana Moreira da Silva Gandra, filha de João Moreira da Silva Gandra e Anna Francisca de Jesus, que se casou com o médico e fazendeiro Doutor Francisco José Pereira Zebral, da Fazenda de Três Barras, próxima a Gagé.

Foi assim que Marciano Pereira Brandão inscreveu seu nome nas páginas da HISTÓRIA DE MINAS GERAIS.

Nos tempos do Império havia duas grandes agremiações: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Este último defendia ideias renovadoras e pleiteava maior autonomia das províncias, contrariamente às ideias conservadoras do outro partido.

Imagem da Internet

Os conservadores estavam dominando o Ministério com medidas centralizadoras, com as quais não concordavam os liberais. O Partido Liberal venceu as eleições em 1842, porém estas foram contestadas e o governo imperial dissolveu a Assembléia. Foi organizado um movimento armado em São Paulo e Minas Gerais.

Queluz aderiu ao movimento por intermédio de um documento assinado por vereadores da Câmara, como já foi relatado.

As tropas queluzianas eram comandadas pelo Coronel Antônio Nunes Galvão sobre o qual há um episódio emocionante.

No calor da batalha, foi chamado porque seu filho, que atirava da sacada de um casarão no princípio da rua Direita, hoje comendador Baêta Neves, havia sido mortalmente ferido. Tomou o filho nos braços, mas o jovem pediu-lhe que voltasse a seu posto na batalha. O pai entregou o filho ao médico pedindo a ele que cuidasse do filho e, enxugando as lágrimas, antes de voltar ao seu posto de comando, exclamou: “Tenho mais três filhos para sacrificá-los à causa da liberdade”.

O poeta Mário Lima colocou este emocionante fato em um belo soneto em seu livro “Medalhas e Brasões”:

QUELUZ

Mário de Lima

Velho arraial dos Carijós, tens no passado,

– jazida de valor, mina de intrepidez,

um tesouro maior, mais belo e sublimado

que as jazidas do teu precioso manganês.

Baluarte liberal, destemeroso e ousado,

em dias de quarenta e dois, mais de uma vez,

afirmaste o valor do mineiro soldado

e o denodo marcial do povo montanhês.

Do valente Galvão, em teu seio, à bravura

num lance a paternal angústia se mistura:

morre-lhe o filho em luta e ele, sem dar um ai,

entre o dever de chefe e a dor que a alma lhe rói

não vacila – comanda o fogo como herói,

furtivas enxugando as lágrimas de pai.

Imagem da Internet – Mário de Lima

 

(Continua)

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