Com quatro portarias, Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira promete fomentar ecoturismo na região

Unidade foi criada em 2018 e, atualmente, prepara o plano de manejo para que possa ser aberta ao público

Por muito tempo, o turismo em Minas Gerais foi associado às cidades históricas, palco da era da mineração. No entanto, o estado tem sido cada vez mais procurado por suas belezas naturais, algumas ainda escondidas do grande público, como o caso da Serra Negra da Mantiqueira. Localizada entre os municípios de Lima Duarte, Olaria, Rio Preto e Santa Bárbara do Monte Verde, parte da região foi transformada em parque estadual em 2018.

A Serra Negra é marcada pela vegetação típica de ambientes de altitude, com campos rupestres e matas nebulares, mesclando espécies características da Mata Atlântica e do Cerrado. Com diversas cachoeiras, trilhas e grutas, o grande potencial turístico da região já vem sendo explorado pelos municípios que a compõem. A abertura oficial do parque ainda não aconteceu, no momento está sendo feito o plano de manejo, documento que vai estabelecer as regras para o uso sustentável dos recursos. O plano está sendo financiado pelo Sebrae junto a Prefeitura de Olaria, que também tem feito trabalhos educativos para preparar a comunidade local para intensificação do turismo.

A responsável por esse estudo técnico é a ONG juiz-forana Prea (Programa de Educação Ambiental), que começou os trabalhos em novembro de 2023. Conforme o diretor da ONG, Leonardo Alcântara, a expectativa é que o plano seja entregue ainda em outubro. “O plano é um passo para que o parque seja aberto, mas não necessariamente é a partir dele que será aberto. Ainda requer uma infraestrutura do Estado que torne apta a visita de estudantes, turistas e pesquisadores no local.”

Até maio, o grupo se ocupa do reconhecimento da unidade de conservação e elaboração de um documento com a caracterização da área. A etapa seguinte é a confecção de um guia do participante, que será feito em formato de vídeo e também em roteiros metodológicos por escrito. Isso possibilitará a organização de oficinas participativas onde, de fato, serão elaboradas as regras definidas no zoneamento. “Tudo o que está sendo previamente construído será referendado, modificado e referenciado nessas oficinas”, afirma Leonardo. Depois disso, ainda será preciso aprovação do documento por Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da Câmara de Proteção à Biodiversidade e de Áreas Protegidas.

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Na imagem, equipe técnica que está envolvida na confecção do plano de manejo do parque (Foto: Gabriel Fortes)

Quatro portarias

Um ponto já acordado é a construção de quatro portarias de acesso ao parque, que ficarão distribuídas em cada um dos municípios que integram a unidade. Essa é uma forma de democratizar o uso dos mais de 4.200 hectares de preservação da Serra Negra da Mantiqueira. “Nos foi sugerido que, para atender de forma mais equitativa essas regiões, não houvesse apenas uma forma de ingresso ao parque. Caso contrário, a unidade ficaria de costas para as demais comunidades, sem trazer benefícios reais a elas”, explica Leonardo. Com base nessa prerrogativa, a equipe agora identifica possíveis áreas nesses municípios onde as portarias poderão ser abertas futuramente.

Em algumas regiões, estruturas já estão sendo criadas para facilitar o acesso às possíveis portarias. Como o caso do município de Olaria, que está investindo R$ 11 milhões para construção de uma estrada de 14 quilômetros que vai ligar a BR-267 ao parque. De acordo com o prefeito da cidade, Luiz Eneias de Oliveira, conhecido como Luizinho, a obra segue para segunda etapa de execução, com a pavimentação dos oito quilômetros finais, com verba já garantida pelo Estado de Minas Gerais. “A sede do parque ficará em Olaria, portanto o Município saiu na frente nas obras de infraestrutura para receber o turismo que vai vir junto com o parque.” Conforme Luizinho, um Centro de Informações ao Turista também está sendo construído às margens da BR-267, bem na entrada da estrada que dará acesso à unidade de conservação.

No município de Lima Duarte, a Secretaria de Turismo informou que ainda não há definição de onde a portaria será instalada e que cabe aos estudos do plano de manejo e ao IEF definirem esse local. Em nota, a pasta afirmou que, por enquanto, não há construção de nenhuma infraestrutura diretamente ligada ao Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira. No entanto, melhorias já estão sendo realizadas no povoado de São Sebastião do Monte Verde, como a instalação de iluminação de led e, em breve, calçamento da vila. “O Município tem consciência do grande potencial para o turismo que esta nova unidade de conservação trará para a cidade e a região. Entretanto, não podemos deixar de ressaltar que a atividade turística deve ser trabalhada de forma ordenada e organizada, para que os impactos positivos transponham os impactos negativos.”

Em Rio Preto, conforme o secretário municipal de Turismo, Esporte, Lazer e Cultura, Paulo Sérgio de Oliveira, a região que será mais beneficiada com o parque é a Vila do Funil, que fica a 18 quilômetros de Rio Preto. Na região também não está definido o local da portaria. “Já existe estrada até a comunidade do Funil, assim como para outros lugares que têm potencial para serem eleitos para portaria.” Paulo afirma que a Prefeitura tem trabalhado na pavimentação e na captação de águas pluviais nos pontos mais críticos da estrada que liga a sede do município ao vilarejo do Funil e vem buscando recursos para dar mais infraestrutura à comunidade. Um exemplo é a busca de investimento para estabelecer uma estação de tratamento de esgoto e água no local.

A Prefeitura de Santa Bárbara do Monte Verde afirmou que a região mais beneficiada deve ser a comunidade de Três Cruzes. Conforme o município, o parque funcionará como uma mola propulsora de desenvolvimento, devido ao imenso acervo de atrativos naturais com fácil acesso pela rodovia MG 353. “Foram feitos alguns trabalhos de infraestrutura como sinalização turística, folder com mapa turístico identificando a área do Parque, manutenção das estradas de acesso, além de participação efetiva nos trabalhos de construção do plano de manejo.”

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Em Olaria, Prefeitura investiu R$ 1 milhão para construção de estrada que liga BR-267 ao parque (Foto: Divulgação/Prefeitura de Olaria)

Braço da serra que chora

A Serra Negra da Mantiqueira é berço de importantes mananciais como os rios do Peixe e Preto e de ribeirões como do Funil, Conceição e do Rio Monte Verde. Conforme o gerente da Unidade de Conservação, Tales Fonseca, um estudo recente catalogou 209 nascentes no parque. “Um número surpreendente, que prova que a Serra Negra é de fato um braço da Mantiqueira, que é conhecida como a serra que chora. Uma região altamente produtora de água que, só por esse quesito, já justificaria a criação de um parque no local.”

A região sofreu ao longo dos anos com diversos impactos extrativistas, como queimadas, pecuária, desmatamento da vegetação florestal, caça de animais silvestres, mineração de areia nas encostas da serra, bem como a extração de cascalho, causando impactos no solo e assoreamento de rios e córregos. “A criação do parque estadual, além de ajudar na preservação, é importante motor na educação ambiental e ressalta a importância dessa região na história e na biodiversidade em Minas Gerais.”

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Estudo apontou 209 nascentes no parque (Foto: Gabriel Fortes)

Atrativos

Em Rio Preto, Tales destaca como um dos principais atrativos a cachoeira do Totoca. Em Santa Bárbara do Monte Verde ele chama atenção para a Ponte de Pedra e a cachoeira do Angelim. Em Olaria, os atrativos de maior sucesso são as cachoeiras do Complexo do Marciano. Já na divisa de Olaria com Rio Preto existe a Cruz do Negro, representante do turismo histórico da região, visto que foi construída na época do caminho do ouro.

Outro fator de destaque, segundo Tales, é a quantidade de cavernas dentro do parque, algo que, segundo o gerente, tem o potencial para atrair a atenção do mundo inteiro. “Já existe um grupo de espeleologia fazendo o descobrimento e mapeamento dessas cavernas dentro do parque e catalogando quais serão possíveis de visitação. São tantas e tão diversas cavernas que tenho certeza que espeleologistas do mundo todo vão se interessar em explicar o parque assim que possível.”

Tales afirma que, mesmo antes da sua inauguração, o parque já recebe ecoturistas para visitação. Como a unidade de conservação ainda não foi oficialmente inaugurada, para visitar é preciso entrar em contato com a gerência e agendar uma visita. É aconselhado que os passeios sejam feitos na companhia de guias locais, que vão poder mostrar os atrativos respeitando os limites da intervenção humana no espaço. Os interessados podem entrar em contato através do e-mail pesnm@meioambiente.mg.gov.br ou tales.fonseca@meioambiente.mg.gov.br.

Aprendendo com os erros

O Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira fica a cerca de 90 quilômetros do Distrito de Conceição do Ibitipoca, onde está situado o Parque Estadual do Ibitipoca, um dos destinos mais procurados do estado. Conforme explica o guia turístico Gabriel Fortes, geologicamente, a nova unidade de conservação é bem parecida com o que se vê em Lima Duarte, com formação rochosa de quartzito, espécies de plantas que também são encontradas lá e cor da água acobreada. “Mas morfologicamente é diferente. Ibitipoca é uma maquete de fácil acesso, o diferencial é a grande quantidade de atrativos e a biodiversidade em pouco espaço. Já a Serra Negra é uma coisa mais grandiosa, quase quatro vezes maior que Ibitipoca. É mais parecido com o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, que tem possibilidade de travessias também.”

Gabriel é natural de Conceição do Ibitipoca e trabalhou por muitos anos com o turismo no local. Atualmente ele mora em Olaria e faz parte do corpo técnico que está construindo o plano de manejo do Parque Serra Negra da Mantiqueira. Por ter visto o Distrito de Conceição de Ibitipoca crescer e se modificar com a chegada do parque estadual, Gabriel entende a necessidade de um desenvolvimento planejado e da interação com a comunidade local. “O que está acontecendo na Serra Negra eu vejo que é bem diferente do que ocorreu em Ibitipoca. Em Ibitipoca, para construção do parque não houve comunicação com a comunidade. Acredito que, na época, nem o IEF tinha noção da potencialidade que seria a abertura de uma unidade de conservação do local.”

Conforme explica, para abertura do parque todas as decisões estão sendo tomadas junto à comunidade, inclusive as conversas sobre em quais locais as portarias serão abertas. Outro ponto primordial é a busca por investimento em infraestrutura, tanto de estradas, quanto de captação e tratamento de esgoto – verbas que já estão sendo pleiteadas junto aos municípios integrantes do parque. Tais movimentos, para Gabriel, são uma estratégia para “calçar o terreno” antes que o turismo chegue com força na região. “Eu vejo que a abertura do parque vai trazer uma mudança radical na vida das pessoas que moram no entorno da unidade de conservação. Inúmeras oportunidades de renda vão aparecer. O ideal é que o morador tenha a possibilidade de ser um empreendedor também, não ser só um funcionário.”

Para que a comunidade tenha participação efetiva nesse desenvolvimento, Gabriel afirma que é necessário um trabalho de conscientização e formação que elucide sobre a grandiosidade das oportunidades que vão aparecer. Um dos pontos que precisam de atenção é a venda de terras. Conforme o guia, é necessário conversar com os proprietários locais para que eles pensem bem antes de venderem seus terrenos. “São terras que vão valorizar muito daqui um tempo. Às vezes, a família fica iludida com uma quantia de dinheiro muito grande que oferecem em um pedaço de terra que não estava nem sendo utilizado e vendem por qualquer coisa.”

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Visitas guiadas podem ser agendadas com gerência do parque (Foto: Gabriel Fortes)

Investimento de R$ 2 bilhões

O potencial turístico e econômico do local já atraiu atenção de grandes empreendimentos, como o Projeto Serra Negra da Mantiqueira. Em 2022, o empreendimento foi anunciado como o maior projeto turístico sustentável do país com a pretensão de investimento de R$ 2 bilhões ao longo de 20 anos. Em cerca de 2,6 mil hectares, o projeto pretende trabalhar com uma cadeia de negócios que abarca desde a produção agroecológica até o setor imobiliário, com implantação de eco resort, condomínios ecológicos, centro gastronômico e comercial.

Segundo o coordenador Jackson Fernandes, o valor será aplicado para implementar a estrutura necessária para tornar o projeto viável. “Nós temos uma grande oportunidade de desenvolver um turismo qualificado, trazendo como referência todos os aspectos do turismo mineiro. A mineiridade na história da região, que surge a partir da exploração de ouro e pedras preciosas, e cultural, no modo de vida da própria população.” Conforme aponta, o Governo do Estado tem investido no circuito das serras como um grande destino turístico em Minas Gerais. Dele participam as serras de Ibitipoca, Serra Negra da Mantiqueira, Funil, Taboão e Serra das Flores. “Um pouquinho depois temos o circuito das águas, Cambuquira, Caxambu e São Lourenço. A região é um polo que tem papel importante dentro da matriz econômica estadual e reduz um pouco a mono dependência econômica da mineração.”

No momento, o projeto encontra-se na fase de desenvolvimento, com a construção de um marco regulatório para saber onde poderão ser instalados os empreendimentos imobiliários. “Temos um pequeno plano diretor de ocupação para seguir, já definindo o zoneamento e as áreas que podem ser ocupadas respeitando a questão do meio ambiente. Nós sabemos que um crescimento sem planejamento pode trazer algumas dificuldades, até mesmo para você qualificar o turismo. Sabendo disso, o projeto nasce com o apoio da comunidade, ele só funciona se a comunidade estiver inserida.”

Conforme Jackson, em todo processo de abertura do Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira, seja no investimento privado, seja na construção do plano de manejo, é possível observar um esforço coletivo para fazer as coisas da maneira certa. “Nós esperamos que todas as decisões levem em consideração os interesses dos grupos que estão envolvidos, seja na esfera estadual, municipal e da sociedade civil também.”

FONTE TRIBUNA DE MINAS

 

Reconhecida em 2020 pelo Governo de Minas, Mantiqueira foi a maior medalhista no Concurso Internacional da ExpoQueijo 2023

Região, caracterizada como produtora de queijo artesanal pelo Estado há apenas três anos, foi vencedora com mais de 30% das medalhas de ouro de Minas e quase 15% do total

A Mantiqueira de Minas, caracterizada em 2020 pelo Governo de Minas como produtora de Queijo Artesanal, foi a região de maior destaque no Concurso Internacional da ExpoQueijo Brasil 2023, realizado em Araxá, no Alto Paranaíba, em agosto.

Conforme levantamento divulgado neste domingo (3/12), das 22 medalhas de ouro que o estado conquistou em 50 categorias da disputa, os produtores da região alcançaram sete. Esses números representam 14% do total de primeiras colocações e 31% dos mineiros no topo.

Os dados foram levantados por técnicos da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) nos meses seguintes à competição, que avaliou 1,3 mil amostras de dez países.
 

André Cruz / Imprensa MG

Entre os medalhistas de Minas Gerais, considerando as primeiras, segundas e terceiras posições, 20% são das montanhas da Mantiqueira, o que corresponde a 14 entre 70 premiações.

As estatísticas surpreenderam os produtores da região, identificada de forma oficial há relativamente pouco tempo. Muitos deles estiveram no concurso pela primeira vez, como aconteceu com o casal Bianca Lamenha e Gustavo Pitta, do município de Itamonte. Eles levaram um ouro e um bronze na ExpoQueijo deste ano com a marca Velho Pitta.

Tão jovem quanto a caracterização da Mantiqueira como produtora de Queijo Artesanal é a produção da família, que saiu do Rio de Janeiro para realizar um sonho antigo de viver da terra no interior de Minas Gerais.

Desde que nasceu, o negócio conta com o apoio da Seapa e suas vinculadas, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), além de instituições parceiras.

“Logo antes da pandemia, a gente foi convidado pela prefeitura a receber o Ministério de Agricultura, a Emater-MG e a Epamig no sítio. Daí para a frente, a gente começou a querer mexer na queijaria, a melhorar a produção e a melhorar a técnica”, lembra Bianca.

“Eu vejo o Governo de Minas como um facilitador e incentivador dos produtores pequenos, médios e grandes, mas principalmente dos pequenos, através desses representantes. Eles conseguem estar mais presentes na propriedade, conversar, demonstrar o trabalho e motivar a gente a iniciar um projeto”, completa.

Vitórias

Antes de se aventurarem na disputa internacional, os produtores do Velho Pitta foram orientados a competir localmente. “A gente começou a participar de concursos neste ano, e o primeiro foi o municipal daqui de Itamonte. Depois vieram o Concurso Estadual dos Queijos Artesanais de Minas Gerais, o Prêmio Queijo Brasil e a ExpoQueijo, em Araxá”, relata a queijeira.

Mesmo assim, durante o anúncio do resultado do Concurso Internacional de Queijos Artesanais da ExpoQueijo Brasil 2023, Bianca e Gustavo mal podiam acreditar.

“Quando a gente escutou o nome Velho Pitta anunciado, veio uma emoção muito grande, a felicidade. A gente conseguiu conquistar um espaço no mercado, que é uma das coisas mais difíceis para o pequeno produtor”, explica a produtora.

Porém, medalhas e novos mercados não foram as únicas vitórias recentes da marca. “Neste ano, a gente conseguiu certificar a propriedade como livre de tuberculose e brucelose e isso foi uma grande conquista, porque é um trabalho feito pelo IMA, demorado, trabalhoso, muito específico e vigiado. Então, foi um ano extremamente gratificante para a gente em termos de reconhecimento”, comemora Bianca.

 

André Cruz / Imprensa MG

Queijo Artesanal da Mantiqueira

A região foi caracterizada como produtora de Queijo Artesanal da Mantiqueira de Minas em 2020, por meio de uma portaria do IMA.

A estimativa da Emater-MG é de que a produção anual seja de aproximadamente 830 toneladas, gerando mais de R$ 40 milhões por ano, que complementam ou são a principal fonte de renda de aproximadamente 150 famílias.

“Trata-se de um queijo cuja herança cultural remete ao modo de fazer do queijo Parmigiano Reggiano, tradicional em povos de origem italiana, conforme demonstra estudo realizado pela Emater-MG. As suas características são a cor amarelo-palha, a casca lisa e a massa compacta com pequenas olhaduras. O sabor forte e salgado fica mais acentuado quando maturado”, descreve o diretor de Agroindústria e Cooperativismo, Ranier Chaves Figueiredo.

No total, nove municípios compõem a região caracterizada: Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Itanhandu, Liberdade, Passa-Quatro e Pouso Alto. Desde que identificado, o produto da Mantiqueira obteve diversas vantagens competitivas nas prateleiras.

“A partir do momento em que foi caracterizado, o queijo passou a ter uma visibilidade maior, passou a participar de concursos e a ganhar muitos prêmios, foi uma grande diferença em questão de valorização do produto regional. Mas mais do que isso, com a criação da legislação, os produtos puderam se enquadrar em um sistema de habilitação sanitária, municipal, estadual ou federal, sendo comercializados e transportados com segurança”, diz o extensionista da Emater-MG Julio Cesar Fleming, que atua na região.

Além da caracterização

Não só de Queijo Artesanal da Mantiqueira de Minas vivem as queijarias regionais. Na ExpoQueijo Brasil 2023, foram condecorados com o ouro produtos à base de leite de cabra, búfala e ovelha.

É o caso da produção do casal Iracema Lopes da Silva e Julio Cesar Cunha de Sousa, do município de Itanhandu, que mantém a marca Di Capri, também estreante na disputa de Araxá.

Na propriedade da família, Iracema e Julio produzem desde o milho que serve de alimento às cabras até o produto final, o queijo. “Nós mandamos dois queijos e os dois vieram com medalhas. O Boursin Tradicional, que é o nosso carro-chefe, hoje está com três medalhas e também foi ouro em Araxá”, comenta Iracema.

“Quando vem um reconhecimento tão especial, em um concurso como esse, realizado por pessoas entendidas do assunto, pessoas que estão no meio e que estão lá aprovando o nosso queijo, é emocionante, ficamos sem palavras”, destaca.

Após as premiações, a meta do casal de produtores para um futuro próximo é conquistar o Selo Arte, que permite a comercialização do queijo em todo o território nacional, para os demais produtos da marca. Em um horizonte mais amplo, o plano de vida é que os filhos, atualmente crianças, sejam sucessores na atividade familiar.

ExpoQueijo

O Concurso Internacional de Queijos Artesanais da ExpoQueijo Brasil acontece desde 2021. De forma inédita no país, a curadoria em 2023 foi totalmente brasileira, feita pelo Instituto de Laticínios Cândido Tostes, vinculado à Epamig.

Mais de 200 jurados foram treinados pela instituição para avaliarem as 1,3 mil amostras concorrentes. Na edição, distribuíram-se 150 medalhas, das quais os mineiros conquistaram 70, sendo 22 primeiros lugares.

Em 2022, os produtores de queijo de Minas alcançaram 54 das 96 premiações na disputa mundial. Das vitórias do estado, 19 foram ouro. E, no primeiro ano da competição, foram contabilizados 111 medalhistas no total, com 63 mineiros ganhadores, dez deles na dianteira das categorias em que competiram.

O evento é realizado pela Bonare Eventos e pelo Governo do Estado, com diversos parceiros. Neste ano, estiveram entre os realizadores a Superintendência Federal de Agricultura de Minas Gerais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Sistema Faemg, o Sistema Ocemg, a Prefeitura de Araxá, associações de produtores de queijos e instituições de fomento ao agronegócio.

FONTE AGÊNCIA MINAS

Reconhecida em 2020 pelo Governo de Minas, Mantiqueira foi a maior medalhista no Concurso Internacional da ExpoQueijo 2023

Região, caracterizada como produtora de queijo artesanal pelo Estado há apenas três anos, foi vencedora com mais de 30% das medalhas de ouro de Minas e quase 15% do total

A Mantiqueira de Minas, caracterizada em 2020 pelo Governo de Minas como produtora de Queijo Artesanal, foi a região de maior destaque no Concurso Internacional da ExpoQueijo Brasil 2023, realizado em Araxá, no Alto Paranaíba, em agosto.

Conforme levantamento divulgado neste domingo (3/12), das 22 medalhas de ouro que o estado conquistou em 50 categorias da disputa, os produtores da região alcançaram sete. Esses números representam 14% do total de primeiras colocações e 31% dos mineiros no topo.

Os dados foram levantados por técnicos da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) nos meses seguintes à competição, que avaliou 1,3 mil amostras de dez países.
 

André Cruz / Imprensa MG

Entre os medalhistas de Minas Gerais, considerando as primeiras, segundas e terceiras posições, 20% são das montanhas da Mantiqueira, o que corresponde a 14 entre 70 premiações.

As estatísticas surpreenderam os produtores da região, identificada de forma oficial há relativamente pouco tempo. Muitos deles estiveram no concurso pela primeira vez, como aconteceu com o casal Bianca Lamenha e Gustavo Pitta, do município de Itamonte. Eles levaram um ouro e um bronze na ExpoQueijo deste ano com a marca Velho Pitta.

Tão jovem quanto a caracterização da Mantiqueira como produtora de Queijo Artesanal é a produção da família, que saiu do Rio de Janeiro para realizar um sonho antigo de viver da terra no interior de Minas Gerais.

Desde que nasceu, o negócio conta com o apoio da Seapa e suas vinculadas, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), além de instituições parceiras.

“Logo antes da pandemia, a gente foi convidado pela prefeitura a receber o Ministério de Agricultura, a Emater-MG e a Epamig no sítio. Daí para a frente, a gente começou a querer mexer na queijaria, a melhorar a produção e a melhorar a técnica”, lembra Bianca.

“Eu vejo o Governo de Minas como um facilitador e incentivador dos produtores pequenos, médios e grandes, mas principalmente dos pequenos, através desses representantes. Eles conseguem estar mais presentes na propriedade, conversar, demonstrar o trabalho e motivar a gente a iniciar um projeto”, completa.

Vitórias

Antes de se aventurarem na disputa internacional, os produtores do Velho Pitta foram orientados a competir localmente. “A gente começou a participar de concursos neste ano, e o primeiro foi o municipal daqui de Itamonte. Depois vieram o Concurso Estadual dos Queijos Artesanais de Minas Gerais, o Prêmio Queijo Brasil e a ExpoQueijo, em Araxá”, relata a queijeira.

Mesmo assim, durante o anúncio do resultado do Concurso Internacional de Queijos Artesanais da ExpoQueijo Brasil 2023, Bianca e Gustavo mal podiam acreditar.

“Quando a gente escutou o nome Velho Pitta anunciado, veio uma emoção muito grande, a felicidade. A gente conseguiu conquistar um espaço no mercado, que é uma das coisas mais difíceis para o pequeno produtor”, explica a produtora.

Porém, medalhas e novos mercados não foram as únicas vitórias recentes da marca. “Neste ano, a gente conseguiu certificar a propriedade como livre de tuberculose e brucelose e isso foi uma grande conquista, porque é um trabalho feito pelo IMA, demorado, trabalhoso, muito específico e vigiado. Então, foi um ano extremamente gratificante para a gente em termos de reconhecimento”, comemora Bianca.

 

André Cruz / Imprensa MG

Queijo Artesanal da Mantiqueira

A região foi caracterizada como produtora de Queijo Artesanal da Mantiqueira de Minas em 2020, por meio de uma portaria do IMA.

A estimativa da Emater-MG é de que a produção anual seja de aproximadamente 830 toneladas, gerando mais de R$ 40 milhões por ano, que complementam ou são a principal fonte de renda de aproximadamente 150 famílias.

“Trata-se de um queijo cuja herança cultural remete ao modo de fazer do queijo Parmigiano Reggiano, tradicional em povos de origem italiana, conforme demonstra estudo realizado pela Emater-MG. As suas características são a cor amarelo-palha, a casca lisa e a massa compacta com pequenas olhaduras. O sabor forte e salgado fica mais acentuado quando maturado”, descreve o diretor de Agroindústria e Cooperativismo, Ranier Chaves Figueiredo.

No total, nove municípios compõem a região caracterizada: Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Itanhandu, Liberdade, Passa-Quatro e Pouso Alto. Desde que identificado, o produto da Mantiqueira obteve diversas vantagens competitivas nas prateleiras.

“A partir do momento em que foi caracterizado, o queijo passou a ter uma visibilidade maior, passou a participar de concursos e a ganhar muitos prêmios, foi uma grande diferença em questão de valorização do produto regional. Mas mais do que isso, com a criação da legislação, os produtos puderam se enquadrar em um sistema de habilitação sanitária, municipal, estadual ou federal, sendo comercializados e transportados com segurança”, diz o extensionista da Emater-MG Julio Cesar Fleming, que atua na região.

Além da caracterização

Não só de Queijo Artesanal da Mantiqueira de Minas vivem as queijarias regionais. Na ExpoQueijo Brasil 2023, foram condecorados com o ouro produtos à base de leite de cabra, búfala e ovelha.

É o caso da produção do casal Iracema Lopes da Silva e Julio Cesar Cunha de Sousa, do município de Itanhandu, que mantém a marca Di Capri, também estreante na disputa de Araxá.

Na propriedade da família, Iracema e Julio produzem desde o milho que serve de alimento às cabras até o produto final, o queijo. “Nós mandamos dois queijos e os dois vieram com medalhas. O Boursin Tradicional, que é o nosso carro-chefe, hoje está com três medalhas e também foi ouro em Araxá”, comenta Iracema.

“Quando vem um reconhecimento tão especial, em um concurso como esse, realizado por pessoas entendidas do assunto, pessoas que estão no meio e que estão lá aprovando o nosso queijo, é emocionante, ficamos sem palavras”, destaca.

Após as premiações, a meta do casal de produtores para um futuro próximo é conquistar o Selo Arte, que permite a comercialização do queijo em todo o território nacional, para os demais produtos da marca. Em um horizonte mais amplo, o plano de vida é que os filhos, atualmente crianças, sejam sucessores na atividade familiar.

ExpoQueijo

O Concurso Internacional de Queijos Artesanais da ExpoQueijo Brasil acontece desde 2021. De forma inédita no país, a curadoria em 2023 foi totalmente brasileira, feita pelo Instituto de Laticínios Cândido Tostes, vinculado à Epamig.

Mais de 200 jurados foram treinados pela instituição para avaliarem as 1,3 mil amostras concorrentes. Na edição, distribuíram-se 150 medalhas, das quais os mineiros conquistaram 70, sendo 22 primeiros lugares.

Em 2022, os produtores de queijo de Minas alcançaram 54 das 96 premiações na disputa mundial. Das vitórias do estado, 19 foram ouro. E, no primeiro ano da competição, foram contabilizados 111 medalhistas no total, com 63 mineiros ganhadores, dez deles na dianteira das categorias em que competiram.

O evento é realizado pela Bonare Eventos e pelo Governo do Estado, com diversos parceiros. Neste ano, estiveram entre os realizadores a Superintendência Federal de Agricultura de Minas Gerais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Sistema Faemg, o Sistema Ocemg, a Prefeitura de Araxá, associações de produtores de queijos e instituições de fomento ao agronegócio.

FONTE AGÊNCIA MINAS

Concurso dos queijos ocorrem em clima de festa e reconhecimento internacional

A novidade em 2023 é disputa em duas categorias conforme a maturação dos queijos

BELO HORIZONTE (6/6/23) – No próximo sábado (dia 10) será realizado o Concurso “O Melhor Queijo de Alagoa”, em Alagoa, no Sul de Minas. O evento faz parte da programação do XII Festival do Queijo e do Azeite, que vai acontecer nos dias 8 a 11 de Junho, no Parque de Exposições da cidade. O Queijo Artesanal Alagoa é uma tradição passada de geração em geração na cidade e, atualmente, é reconhecido internacionalmente, inclusive tendo conquistado prêmio na França.

A coordenadora estadual de Queijo Minas Artesanal da Emater-MG, Maria Edinice Rodrigues, explica que o concurso será uma etapa regional classificatória para o Concurso Estadual dos Queijos Artesanais de Alagoa e Mantiqueira de Minas, previsto para ocorrer em Coromandel, em setembro. “Este ano, a novidade é que o concurso regional terá duas categorias. A categoria 1 será para os queijos com maturação entre 14 e 30 dias. Já a categoria 2 é para queijos com maturação acima de 60 dias. A mudança é porque os produtores da região estão priorizando os queijos mais maturados, que têm maior valor agregado por apresentar sabor e textura diferenciados”, explica a coordenadora.

O júri é composto de estudiosos da produção queijeira e por profissionais de gastronomia. Serão avaliados aspectos como apresentação (formato e acabamento) e cor (uniforme ou manchada), na parte externa. Após partidos, são analisadas a textura (olhaduras e granulação), a consistência (dureza e untuosidade) e o paladar e o olfato (sabor e aroma) dos queijos. Os dez primeiros colocados em cada categoria serão classificados para o concurso estadual.

O XII Festival do Queijo e do Azeite é uma realização da Prefeitura Municipal de Alagoa e, além do concurso de queijos artesanais, terá shows abertos ao público com entrada franca, estandes com degustação de queijos artesanais e praça de alimentação. Está previsto ainda o lançamento de um livro, que conta a história da filha de Paschoal Poppa, o italiano que começou a fazer o queijo típico de Alagoa há mais de um século.

Queijos da Mantiqueira

A região produtora da Mantiqueira de Minas (composta pelos municípios Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Itanhandu, Liberdade, Passa-Quatro e Pouso Alto) também se prepara para realizar seu concurso regional. O I Concurso Regional de Queijo Artesanal Mantiqueira vai acontecer no dia 8 de julho, em Passa Quatro, no Sul de Minas.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas até o dia 10 de junho no escritório local da Emater-MG ou Associação de Produtores da Mantiqueira de Minas (Aproman). O concurso também terá duas categorias de maturação, sendo que os dez primeiros colocados de cada categoria serão classificados para o concurso estadual. “O concurso da Mantiqueira também vai ocorrer num clima de festa, com a realização do Passo Quatro Gastronomia. Isso mostra o potencial da produção queijeira também como um atrativo turístico local”, salienta Maria Edinice.

O Passo Quatro Gastronomia vai acontecer, de 7 a 16 julho, na Praça de Eventos da cidade. O evento, promovido pela prefeitura local, terá apresentações artísticas, oficinas gastronômicas e exposição de produtos típicos e artesanais. Toda programação é gratuita.

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