Vivemos duas epidemias: coronavírus e fake news

As informações sobre o coronavírus em Congonhas são publicadas nos veículos oficiais da Prefeitura (portal, Facebook, Instagram e Youtube). Além das medidas adotadas para conter a disseminação do vírus, o Governo Municipal, por meio da Secretaria de Saúde, procura manter os cidadãos bem informados sobre a situação em nosso Município.

O compartilhamento de informações incorretas, imprecisas e não oficiais a respeito dos serviços prestados pelo Município, ou seja, que não partam da própria Prefeitura e do Comitê Municipal de Combate à Crise, pode impactar e trazer consequências às ações de enfrentamento ao coronavírus.

Por isso, a partir de agora, a Secretaria de Comunicação e Eventos assina seus releases e publicações com a seguinte marca: “Informação oficial da Prefeitura de Congonhas”.

O Governo Municipal tem tomado diversas medidas, entre elas a criação de um call center para relatos de sintomas; aferição de temperatura de pessoas que passam pelo Terminal Rodoviário; alteração dos atendimentos nos serviços públicos; e fechamento de alguns estabelecimentos comerciais. A Secretaria Municipal de Saúde orienta que todos permaneçam em suas residências, para evitar o contágio do vírus.

 

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA – NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 42

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

Avelina Maria Noronha de Almeida

avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 42

 

O motivo dessa presença ornamental era uma lembrança

da realeza, da Real Villa de Queluz, cujo nome, dado pela rainha

Maria I, era do suntuoso palácio em que ela vivia.

 

CONTINUANDO A FALAR SOBRE O CHAFARIZ: lá no alto, no capitel, isto é, a extremidade superior da coluna, uma fruteira com muitos tipos de flores e frutas, tão belos ornatos encimados por um abacaxi.

No meu tempo de menina, ouvia pessoas ironizarem, principalmente quando havia crise de água ou de luz, ou outra deficiência de serviços: “Esta cidade é mesmo um abacaxi!”, referindo-se depreciativamente à fruta da família das bromeliáceas, talvez porque, tão linda, saborosa e nutritiva, fosse difícil de descascar. Seu visual é espinhoso e ressequido, por isso a gíria.

Mas o abacaxi, também chamado ananás, tinha seu simbolismo importante. Podemos vê-lo como ornamento nas belas sacadas da Casa de Cultura Gabriela Mendonça, das igualmente belas sacadas do Solar do Barão de Suassuhy.

Imagem da Internet

 

Na foto do Solar do Barão de Suassuhy podem ser vistos os efeites de ananás em todas as sacadas, de um lado e de outro.

Certamente, isso acontecia também nos sobrados antigos que embelezavam a cidade em tempos antigos e que – e ó pena! – foram derrubados.

O motivo dessa presença ornamental era uma lembrança da realeza, da Real Villa de Queluz, cujo nome, dado pela rainha D. Maria I, era do suntuoso palácio em que ela vivia.

E por que o abacaxi recordava o palácio? Porque em seu Jardim Botânico, pertencente à antiga residência da família real, há 22 canteiros dessa fruta, lá  chamada  “ananás” que era considerada a mais exótica das frutas do século XVIII. Ali foram cultivados os primeiros ananases de Portugal, que eram motivo de grande orgulho da Casa Real Portuguesa, sendo elementos decorativos da cantaria e do revestimento de azulejos do interior do palácio, por isso o seu uso em nossa Queluz na decoração do monumento do antigo Jardim de Areia e dos casarões. Lembranças daquele dia que nos trouxe a independência e o prestígio de vila.

Pouco tempo atrás realizou-se a reabilitação do jardim português, um dos mais interessantes jardins europeus e importante patrimônio paisagístico. Os canteiros, cheios de coroas de ananás, estão dentro de estufas brancas. Por ter uma coroa, logo depois do descobrimento do Brasil apelidaram-no de “rei dos frutos”, símbolo de regiões tropicais e subtropicais, e que agrada ao mesmo tempo aos olhos, ao paladar e ao olfato.

Imagem da Internet:                                                 Palácio de Queluz

Imagem da Internet                             Ananazes no Jardim Botânico do Palácio de Queluz

Outra relação interessante é ser o abacaxi o símbolo da hospitalidade. Os antigos o plantavam do lado de fora da casa para significar que os visitantes eram bem-vindos.

E não é que o povo de nossa terra, em todos os tempos, foi hospitaleiro? Prova disso a maravilhosa miscigenação de nossa gente desde o Arraial do Campo Alegre dos Carijós…

O conhecimento de significados belos ou importantes torna mais poderosa a nossa auto-estima em relação ao lugar onde nascemos ou vivemos. Quando passarem pela praça em frente à Matriz de Nossa Senhora da Conceição, dediquem um olhar de admiração aos abacaxis do simbólico chafariz, cheguem perto, se possível, observem seus belos detalhes.

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 30

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Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 30

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Sobre os primeiros tempos da Real Villa de Queluz, em fins do século XVIII e primeira metade do século XIX, e princípio da segunda metade, tem sido nosso informante FRANCISCO DE PAULA FERREIRA REZENDE, em seu excelente livro MINHAS RECORDAÇÕES, sendo que o autor foi juiz municipal de órfãos do termo de Queluz, para onde veio em 1857, sendo, portanto, uma testemunha ocular daqueles tempos em nossa terra.

Imagem da Internet

 

Imagem da Internet

Vou trazer mais um pouco das memórias do ilustre escritor e, assim, conhecer melhor a nossa história.

De acordo com Ferreira Rezende, quando ele chegou aqui, encontrou um lugar com considerável criação de animais, principalmente muares, boa cultura de cana e de posição excelente quanto a mantimentos, constituindo-se num dos melhores celeiros de Ouro Preto. Quanto à cidade, porém, achou-a pobre, devido, naturalmente à decadência do ouro na região.

Interessante é a sua declaração de que a vila parecia constituir uma só família, eram quase todos os habitantes aparentados. Mas passemos a palavra para o senhor juiz:

“Apesar da riqueza que lhe faltava, era Queluz uma povoação que nada tinha de desagradável ou de enfadonha; mas era, pelo contrário, uma povoação alegre, onde as festas eram freqüentes, variadas, bonitas e todas elas muito baratas; porque todos concorriam para elas com as suas pessoas ou com aquilo que podiam dar e muito pouco era o dinheiro que realmente se gastava.”

Seria essa alegria da Real Villa de Queluz uma herança vinda dos tempos do Arraial do Campo Alegre dos Carijós?

Vejamos uma importante atividade artística, naquele tempo, que havia nas terras de São Gonçalo do Brandão, povoado da Real Villa de Queluz.

AS COLCHAS DE SÃO GONÇALO… NA EUROPA!

Entre vários relatos interessantes, que encontramos, em sua obra, o seguintetrecho sobre nossa terra:

“Composto de campo e mato, a indústria do município em 1857 consistia: primeiro na criação de animais, sobretudo muares, cujo preço era de 50$000 mais ou menos na idade de um a dois anos; segundo, na cultura da cana em ponto maior ou menor; e terceiro, finalmente, na de mantimentos, para a qual a mata era boa e oscapões ainda melhores.

(…) Além dos tecidos de algodão para uso doméstico e que se encontravam por toda parte, havia na freguezia da vila uma fazenda ou um lugar chamado São  Gonçalo onde se faziam umas colchas ou antes cobertores de lã, alguns dos quais tinham no centro as armas imperiais, obra tão bonita e tão perfeita que apesar de ser o seu custo de 50$000, não era fácil de obtê-los; visto que, além de serem muito procurados, sobretudo para presentes, na Corte e na província, até para a Europa, segundo depois vim a saber, alguns foram, por intermédio de minha sogra, para as nossas princesas que ali residiam ou para encomendas destas.”

Há dessas colchas, com o bordado das armas imperiais, expostas na parede, no Museu Inconfidência de Ouro Preto. Achei linda a que estava exposta, quando fui lá.

A foto abaixo faz parte de uma colcha,  que  um historiador viu estendida em uma cama, em uma fazenda antiga, e a fotografou, passando-me uma cópia. Vejam os desenhos que lindos, semelhantes aos das famosas colchas da freguesia de Castelo Branco, em Portugal.

A referida colcha tem duas letras bordadas, B.P., as iniciais de seu dono, o Barão de Piratininga.

 

 

Viram como São Gonçalo do Brandão é importante na História do Século XIX

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 24

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 24

 

 … vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras,

por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota

era tio do Barão. 

Como vimos no artigo anterior, a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira DEVIDO À ESTALAGEM DAS BANANEIRAS. Vimos isso em artigo anterior, comprovamos que a estalagem que existia na Fazenda das Bananeiras era de João Dias da Motta.

Em documento do Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

Antes quero dar informações exatas sobre a localização da estalagem. Ela ficava localizada na Avenida Santa Matilde, em frente à Escola Estadual Luiz de Mello Vianna Sobrinho, onde hoje há construções modernas.

Localização da Avenida Santa Matilde no bairro do mesmo nome/ Imagem da Internet

 

O historiador Luiz Fernando  passou para mim depoimentos que ele conseguiu de pessoas que conheceram o local enquanto a fazenda ainda existia e ajudaram na sua localização exata. De acordo com uma dessas informações, havia umas gameleiras na frente.

A fazenda chegou até o Barão por herança. Vou fazer um pequeno esboço genealógico o qual pode, até, levar algum leitor que se interesse por genealogia a verificar-se é parente do Inconfidente.

Barão e Baronesa de Suassuhy / Imagem da Internet 

Agora começa a ligação do Barão com o Inconfidente. Embora eu possua muitos dados, apenas farei um esboço para não ocupar demasiado espaço. O que vou apresentar foi feito fundamentado em estudos minuciosos do grande historiador e genealogista Joaquim Rodrigues de Almeida, Quincas de Almeida, como o chamavam.

João Dias da Mota, casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira, não teve filhos. Seus pais eram Tomás Dias da Mota e Antônia Mariana do Sacramento.

Vou transcrever um documento para, depois, fazer os comentários e mostrar como acontece a ligação entre o João Dias da Mota, Inconfidente, com o Barão de Suassuhí.

“Em 1792, o vigário de Queluz, Padre Fortunato Gomes Carneiro, deu certidão dizendo que: No livro 3º de casamentos da Matriz encontra-se o registro do casamento, em 1777, na fazenda do Engenho, na capela particular da fazenda, o reverendo doutor Francisco Pereira de Santa Apolônia casou a Martinho Pacheco Lima, filho legítimo da Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Castro, natural da Ilha Terceira, da freguesia de S. Antônio, do bispado de Angra; com Joaquina Rosa de Jesus, filha legítima de Tomás Dias da Mota, defunto e de Antônia Maria do Sacramento 1848. Faleceu deixando os filhos: José Tomaz de Lima; Antônia Francisca de Paula, casada com Joaquim José Vieira; Maria Inácia Rodrigues; Ana Quirubina dos Anjos; Martinho Pacheco de Lima; Leocádia Felisberta de S. José, Fazenda da Rocinha.

Esse Martinho Pacheco de Lima (1) filho me Manuel Pacheco de Faria e de Francisca de Crasto (em alguns lugares Castro), neto pelo lado paterno de Antônio Pacheco Machado e de Anna Ferreira, neto pelo lado paterno de Manoel Correia Gomes e de Ursula de Crasto.”

Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por  conseguinte da estalagem: João Dias da Mota era tio do Barão.

A ligação de parentesco do Inconfidente João Dias da Mota com o Barão de Suassuí, explica do motivo de o Barão ser citado com dono da Fazenda das Bananeiras no registro de fazendas de Queluz em meados do século XIX, de acordo o Índice das Terras de Queluz, que está no Arquivo Mineiro, e que também pode ser encontrado no Museu Antônio Perdigão.

Tomás Dias da Mota casou-se com Antônia Maria do Sacramento, filha de Martinho Pacheco de Lima (nascido no Porto Judeu, Ilha Terceira, Açores e Joaquina Rosa de Jesus). Moravam na Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na Freguesia de Carijós (nossa Conselheiro Lafaiete). Eram os pais do Inconfidente João Dias da Mota. O historiador Joaquim Rodrigues de Almeida descobriu, em suas pesquisas, que a Fazenda do Engenho Novo era a mesma Fazenda das Bananeiras, assim também o Barão de Suassuí deve ter nascido onde tinha sido a Estalagem das Bananeiras. Agora vejamos o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio-avô do Barão.

Uma das irmãs de João, Maria Joaquina de Lima, moradora na Fazenda da Rocinha, em São Caetano da Paraopeba, era viúva, sem filhos, quando se casou com o Comendador e Capitão Mor José Ignácio Gomes Barbosa (pai do Barão de Suassuí), nascido no Rio de Janeiro, filho de Ignácio Gomes Barbosa e Maria do Rosário de Jesus. O Comendador e Maria Joaquina de Lima tiveram um filho, o Barão de Suassuí.

Aqui fica explicado o caminho da posse da fazenda das Bananeiras, por conseguinte da estalagem, porque João Dias da Mota era tio do Barão. O Inconfidente não teve filhos (se os teve por acaso, a família de alguma maneira ocultou o fato, senão as terras dele seriam confiscadas pela Coroa).

Assim, na divisão de heranças, do espólio onde estava inserida  a Fazenda das Bananeiras, teria ficado para seus pais e depois para o Barão. Está explicada a ligação acontecida através dos tempos.

Em 1823, o CAPITÃO JOSÉ IGNÁCIO GOMES BARBOSA, como vimos filho do capitão-mor José IgnÁcio Gomes Barbosa, casou-se com ANTÔNIA JESUINA DE MELLO, filha do alferes José Tavares de Melo e de d. Joana Marcelina de Magalhães. José Ignacio e Antônia Jesuína não tiveram filhos e, assim, a Fazenda das Bananeiras e outros bens passaram para o Capitão Antônio Furtado de Mendonça, casado com Maria José, irmã de Antônia Jesuína.

No próximo artigo vamos, então, ver o ramo da Família Furtado de Mendonça que faz parte da história da Avenida Santa Matilde, segundo informações no blog do grande genealogista Marcos José Machado Coelho, que tem várias raízes enterradas aqui em tempos de Carijós e Queluz. (blogger:maccoe.blogspot.com/2012/07/familia-furtado-de-mendonca.html.

(Continua)

 

 

 

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 23

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 23

 

É muito importante saber ,do modo mais amplo possível, o que

aconteceu no passado no passado em relação à Estalagem das Bananeiras, existente

onde atualmente é a Avenida Santa Matilde.

 

Ficou bem comprovado no artigo anterior que a Avenida Santa Matilde é um dos espaços importantes da história da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras, como se vê no artigo n° 3, em “Apostilas de História do Brasil/15 40   –   Fragmentos georreferenciados” …wikiurbs.info/mediawiki”:

 

Imagem da Internet

 

 “Pelo caminho, nos sítios por onde ia passando, em Varginha, perto de Queluz, na estalagem de João da Costa Rodrigues; em Bananeiras, no sítio de João Dias da Motta, vinha o alferes revoltoso fazendo a propaganda às escancaras, sem o menor disfarce ou cuidado.”

No mesmo artigo anterior há outras evidências do local e de seu dono. É muito importante que os habitantes desta avenida que está sendo focalizada saibam, de modo mais amplo possível, o que aconteceu nela no passado e que pessoas foram envolvidas nos eventos. Tiradentes, que pregava na Estalagem das Bananeiras, já é conhecido de todos. O que não parece acontecer mais detalhadamente como sobre o inconfidente estudado neste artigo, que era fazendeiro e amigo de Tiradentes.

Vou usar dados colhidos no site Genealogia Brasileira, do grande genealogista brasileiro Lênio Luiz Richa (lenioricha@yahoo.com.br).

Ouro Preto

 

Cacheu – África /Imagens da Internet

JOÃO DIAS DA MOTA, dono da ESTALAGEM DAS BANANEIRAS, que era localizada onde é hoje a Avenida Santa Matilde,  nasceu em Ouro Preto em 1743 e faleceu em Cabo Verde/África em 1793. Filho de Tomás Dias da Mota e de Antônia Mariana do Sacramento, Capitão do regimento de Cavalaria Auxiliar de SJ de El-Rei, no lugar denominado Glória. Em 1789, com 46 anos, era casado com Maria Angélica Rodrigues de Oliveira e residia em sua Fazenda do Engenho do Caminho Novo do Campo, na freguesia de Carijós.

“Foi denunciado por Basílio de Brito Malheiro do Lago, por estar entre os ouvintes das palestras na Estalagem da Varginha, no final de 1788.” (A.5.519 e “A Inconfidência Mineira”, de Márcio Jardim, fls. 195).

João Dias da Mota, no dia 24 de junho de 1792 foi embarcado para Lisboa, na fragata Golfinho, por condenação devido ao envolvimento com a Inconfidência Mineira.

Morreu em 1793 de uma epidemia que atingiu a vila de Cacheu, nove meses depois de ali ter chegado.

Imagem do Panteão / Imagem da Internet

Em 21 de abril de 2011, seus restos mortais foram repatriados da África para o Brasil em 1932, juntamente com os de José de Resende Costa e Domingos Vidal Barbosa, mas só em 21 de abril de 2011 foram colocados no Panteão do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, ao lado dos outros 13 inconfidentes que já repousavam lá desde quando o Panteão foi criado pelo Presidente Getúlio Dorneles Vargas.

Não terem sido colocados seus despojos lá na mesma época que os restos dos outros Inconfidentes deveu-se ao fato de haver dúvida nas identificações. Só há alguns anos, os estudos da Unicamp comprovaram que as ossadas eram mesmo dos três inconfidentes degredados e assim procedeu-se à sua incorporação ao Panteão. Rui Mourão, diretor do Museu da Inconfidência, falando sobre a colocação dos despojos desses três Inconfidentes no Panteão da Inconfidência, declarou:

“Tudo o que pudermos acrescentar à história da Inconfidência Mineira é importante, até porque esses personagens (José de Resende Costa, Domingos Vidal Barbosa e João Dias da Mota) deram contribuição efetiva ao movimento”.

Assim a Avenida Santa Matilde tem um passado muito importante porque foi um dos berços da Inconfidência Mineira por causa da Estalagem das Bananeiras.

 

No Arquivo Mineiro, consta que a fazenda das Bananeiras pertencia ao Barão de Suassuhí (forma do sobrenome assim grafada no documento). Esse documento é sobre as fazendas de Queluz, realizado a partir de 1856, por ordem do Presidente da Província.

Qual teria sido o caminho que levou a fazenda das mãos do Inconfidente até o Barão?

                                                                                  (Continua)

 

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 19

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 19

FOI ASSIM QUE UM ALUNO E UMA ALUNA INTERPRETARAM

E TRADUZIRAM DA MADEIRA PARA AS PALAVRAS, NOS ALTARES DA MATRIZ DE NOSSA  SENHORA DA CONCEIÇÃO, A INSPIRAÇÃO QUE MOVEU

 O ARTISTA DOS TEMPOS PASSADOS. 

Continuando a apresentação da História de nossa Cidade, na estrada do tempo estamos no…

Período próximo à Criação da Real Villa de Queluz:

 Neste artigo de hoje vou falar sobre um fato muito interessante de nosso patrimônio artístico e contar como tudo aconteceu.

Por que vou abordar este assunto na sequência cronológica das notícias da cidade? Porque, quando aqui se tornou Real Villa de Queluz, o desenrolar dos acontecimentos da Inconfidência Mineira estavam em efervescência e em nossa terra onde o movimento libertário foi muito mais forte e grandioso do que contam os livros históricos.  Muitos episódios foram abafados, muita gente conseguiu ficar escondida…

Um vestígio muito forte, na minha opinião, está na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, realizado na madeira que já atravessou mais de dois séculos. Revelei este fato em escritos meus anteriores, já contei para muita gente e vi até reproduzido na Internet. Fico feliz que esteja sendo divulgado, porém quero, neste artigo, mostrar a história completa.

Nos últimos tempos do século XX eu dava aulas de Redação para os alunos do Segundo Grau no Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”. Nas salas de terceiro ano, eu tinha aulas semanais geminadas. Eram duas classes: uma num dia e outra, no outro.

As aulas geminadas permitiam atividades maiores, como o que aconteceu um dia. Nas duas classes, desenvolvi o seguinte projeto para duas semanas: a escrita de um conto. Na primeira semana, levei as turmas, uma em cada dia, para a Praça Barão de Queluz. Sentaram-se alunos e alunas nos bancos e em degraus do chafariz. Tinham levado os cadernos e deveriam escrever a primeira parte do conto  em que um jovem ou uma jovem, enquanto aguardavam alguém sentado(a) num dos bancos, observasse o jardim e a movimentação da praça no começo do dia (eram as duas primeiras aulas da manhã). Uma manhã linda, clima perfeito para atividade literária que eles desenvolveriam. Tanto em um dia como no outro as classes, que eram muito brilhantes, escreveram textos muito criativos, muito bonitos.

Na semana seguinte, antes de sair da sala, informei à turma que o texto deveria ter o seguinte seguimento: a pessoa que prometera ir àquele encontro da semana passada não aparecera. Eles deveriam então contar que o personagem ou a personagem se dirigira à igreja cujo interior ainda não conhecia. No tempo da primeira aula, eles sentados nos bancos da nave da igreja, eu daria uma explicação sobre os elementos artísticos e, no segundo horário, ali nos bancos mesmo eles fariam a dissertação, encaixando a descrição do que estavam escrevendo no enredo do conto.

FOI AÍ QUE ACONTECEU O QUE EU ACHEI IMPORTANTÍSSIMO!

Quando fui descrever os altares laterais, barrocos da segunda fase, entre a capela-mor e a nave, comecei falando sobre a carranca, que existe nos dois altares, semelhantes mas com pequenas diferenças, como é o comum no barroco, nos dois altares, e expliquei que aquelas figuras de feio aspecto na parte superior deles eram explicadas pelos estudiosos da Arte como representantes do POVO. De sua boca saíam belos cortinados, representantes da REALEZA. Estes cortinados, chamados dosséis, são características do Barroco Joanino, referente à fase do Barroco português que floresceu no período do reinado de dom João V, no século XVIII. Nessa época, os altares tinham que trazer o símbolo da realeza, tinham que ter os cortinados ou dosséis. Naquele altar, de uma maneira não comum nos altares de outras igrejas, os DOSSÉIS  saíam da boca da CARRANCA.

Quando expliquei esses simbolismos, diante do altar do lado esquerdo da Matriz, explicando que a CARRANCA ERA O POVO e  OS DOSSÉIS ERAM O O REI, a aluna Talulah Franco disse logo:

– Veja, D. Avelina: O REI ESTÁ TIRANDO O ALIMENTO DA BOCA DO POVO!

Imagem de Mauro Dutra

AQUELA ALUNA FEZ UMA INTERPRETAÇÃO NUNCA FEITA SOBRE AQUELE ALTAR! IMPORTANTE DESCOBERTA INTERPRETATIVA!

Eu mesma, que mostrei o altar aos alunos, não havia percebido isto! ENTÃO PENSEI: ESTE ESCULTOR ESCREVEU UMA MENSAGEM, COM A ESCULTURA,  NA MADEIRA, NESTE ALTAR, TRADUZINDO O PENSAMENTO E O SENTIMENTO DO POVO DAQUELA ÉPOCA. A MENSAGEM ATRAVESSOU MAIS DE DOIS SÉCULOS E FOI TRADUZIDA EM PALAVRAS PELA ALUNA!  Incrível!

E muito importante: meses depois, fazendo uns estudos em livros escritos no século XIX, achei um comentário em um deles dizendo que o povo de Carijós falava:

“O rei está tirando a comida da nossa boca.”

AS MESMAS PALAVRAS TRADUZIDAS PELA ALUNA! UM VERDADEIRO MILAGRE DA COMUNICAÇÃO!

Foto de Mauro Dutra

No dia seguinte, levei a outra turma. Diante dos altares, falei com eles que, no dia anterior, uma aluna tinha descoberto alguma relação da carranca com os dosséis e um aluno – já fiz tudo para lembrar seu nome e não consegui, mas tenho a esperança de um dia descobrir – falou assim, noutra interpretação importante: “O POVO ESTÁ VOMITANDO A REALEZA!” Não era  a tradução da REVOLTA DO POVO NO TEMPO DA INCONFIDÊNCIA???

FOI ASSIM QUE UM ALUNO E UMA ALUNA INTERPRETARAM E TRADUZIRAM DA MADEIRA PARA AS PALAVRAS, NOS ALTARES DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, A INSPIRAÇÃO QUE MOVEU O ARTISTA DOS TEMPOS PASSADOS.

Até hoje não se conseguiu saber o escultor que fez as talhas do altar, mas ou ele era um INCONFIDENTE ou soube interpretar muito bem o  sentimento que levou ao episódio histórico da Inconfidência Mineira.

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete 16

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                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 16

 

O governador prometeu fazer com que os credores esperassem

até o fim da obra mas que “se as coisas não saíssem como dizia,

 era com ele, governador, que teria de haver-se.

 Continuo a história do homem empreendedor que vivia, no século XVIII, na localidade de PASSAGEM,  próxima a Gagé, e que embrenhou-se na mata para desviar um córrego que descia para o Piranga, trazendo-o para a vertente oposta, a do Rio Paraopeba. Nas anotações de Joaquim Rodrigues de Almeida descobri, num documentos de perfilhação, que esse homem é meu sexto avô. Mas isto é outra história…  O motivo de tal empreendimento era a necessidade de águas para explorar o ouro abundante nas minas de Passagem, por ele descobertas. Em sua visão arrojada e espírito aventureiro, lembra – respeitadas as devidas proporções – o grande Barão de Mauá.

Ainda recordando o que escrevi anteriormente, completou suas posses com dinheiro emprestado de amigos e conhecidos. Como o tempo fosse passando (pois a empreitada era difícil e o referido córrego estava a algumas léguas de distância) e o homem não aparecesse, justamente fugindo de assédio dos credores, estes resolveram tomar providências. Mas passo a palavra escrita para Francisco de Paula Ferreira Rezende (em Minhas Recordações) que sabe contar os fatos com seu estilo literário sugestivo e agradável:

 “Diante de um tal desaparecimento, os credores trataram de acioná-lo à revelia; prepararam as suas execuções; e quando o misterioso fujão de novo apareceu no campo, nas imediações de Ouro Branco e à frente do rego que vinha agora trazendo, sem mais demora começaram a cair sobre ele as citações para a  penhora, e ele, pelo seu  lado e com a maior impassibilidade, a pedir vista  para embargos”.

 Em sua teimosa atividade, foi ajudado pela sorte. O governador e capitão-geral, sabendo do fato ou devido a denúncias, chamou o homem para saber “se era exato que ele havia pedido vista para embargo de todas aquelas execuções e se era possível que em tão grande número de credores e de dívidas não houvesse um só que não fosse um velhaco ou uma só que não fosse filha da fraude”.

O homem foi muito seguro e correto em suas explicações ao governador, dizendo, de seus credores, que eram homens  “muito de bem” e que realmente devia tudo o que cobravam; que pedira vista às execuções para ganhar tempo e “não ter o desprazer de naufragar quando já estava quase que entrando no porto”. Logo que chegasse com as águas à mina, pagaria os seus credores e “se julgaria bastante rico para dar disso prova à Sua Majestade e ao seu representante na colônia”.

O governador prometeu fazer com que os credores esperassem até o fim da obra mas que “se as coisas não saíssem como dizia, era com ele, governador, que teria de haver-se”.

Pois o homem conseguiu levar as águas aonde desejava e pagou generosamente todos os seus credores, naturalmente com bons juros. O relato do livro não fala sobre a recompensa à Sua Majestade e ao governador, mas é de se supor que tenha sido também generosa.

Águas trazidas pelo personagem da história verdadeira

Foi quando, com esta transposição do regato,  tornou-se um verdadeiro nababo. Voltando ao livro: “.. e a sua riqueza tornou-se tal que, sendo uso naquele tempo pulverizarem as mulheres os seus cabelos com uma espécie de pós brancos, as suas filhas (se não há em tudo isto no meu espírito alguma confusão de fatos e pessoas) quando iam à igreja, pulverizavam os seus com ouro em pó”.

Verdadeiramente é um final de feliz sucesso. Um happy end depois de tanta luta.

Ruínas que seriam da casa do personagem desta história verdadeira

FRANCISCO DE PAULA FERREIRA DE REZENDE é patrono de uma cadeira da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette. Merecidamente, porque ele abre, em vários momentos de seu livro,  uma janela ampla para o passado de nossa terra, onde viveu alguns anos, tendo sido juiz, na qual se pode debruçar e vislumbrar, como se fossem episódios de um filme, cenário, personagens e fatos da gente de Carijós e de Queluz.

NOTA COMPLEMENTAR:

De acordo com documento feito por Pe. Américo  Adolpho Taitson, pároco de Queluz, sobre as terras de Passagem e da Igreja da Passagem, onde ele cita João José, irmão de Pe. José Silvestre Araújo, que construiu a igreja que foi restaurada pela Gerdau e é usada para as cerimônias religiosas, e com estudos sobre este documento de perfilhação transcrito nos Cadernos de Joaquim Rodrigues de Almeida, este João José abaixo é o personagem da história que foi narrada.

1847 – João José Silvestre da Silva Araújo, capitão, morador na Passagem de Ouro Branco (hoje é de Conselheiro Lafaiete) em escritura de perfilhação, passada no sítio Cruz das Almas, residência de Luiz Lobo Leite Pereira, reconheceu como seus filhos, havidos no tempo de solteiro, com Joana Batista, mulher solteira, seguintes filhos: Bárbara, casada com  Joaquim José Carlos; Ana, casada com Francisco Ribeiro; João Custódio; e com Joaquina Rosa do Espírito Santo, também mulher solteira, tivera: José Augusto da Silveira, Silvéria Maria de Jesus, Carolina Maria de Jesus; Maria, casada com Joaquim José Lobo, Joaquim José da Silva e Antônio José da Silva.

(Livro de Joaquim Rodrigues de Almeida)

Bárbara e Joaquim José Carlos são meus pentavós, antepassado das pessoas do meu Ramo Gegealógico Batista.

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