População poderá acompanhar barragens de MG em tempo real

MP vai lançar plataforma para detalhar descaracterizações de estruturas a montante no Estado. Três barramentos são classificados como de alto risco em Minas Gerais

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) vai lançar uma plataforma para detalhar a fase atual das descaracterizações das barragens de rejeitos de mineração construídas no modelo a montante – considerado por especialistas o de maior risco de colapso. A informação foi dada pelo procurador geral de Justiça e chefe do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Jarbas Soares Júnior, em entrevista exclusiva a O TEMPO, e pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, do Patrimônio Cultural e da Habitação e Urbanismo (Caoma).

“É um sistema no qual a sociedade vai acompanhar, pelo portal do Ministério Público, o estado real das (descaracterizações das) barragens. Hoje, nós temos um sistema que foi doado pelo governo da Grã-Bretanha, que é a única instituição do Brasil que tem esse sistema. Acompanhamos diariamente, minuto a minuto, a situação das (descaracterizações das) barragens com todos os órgãos de segurança do Estado. Estamos concluindo esse processo, que dará a oportunidade para todos acompanharem”, afirmou Jarbas. 

Segundo ele, apesar dos avanços, ainda há, em Minas, o risco de ocorrerem novos desastres. Em Brumadinho, foram 272 vidas perdidas em janeiro de 2019, com o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale. Poucos anos antes, em 2015, a barragem do Fundão se rompeu em Mariana, matando 19 pessoas e sendo considerada a maior tragédia ambiental do país. Essa barragem era de propriedade da mineradora Samarco e controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton.

“O risco existe. Se tiver uma chuva, se tiver uma trinca, se as empresas não tomarem as providências… O que nós temos hoje é a consciência. Talvez não a consciência social e ambiental, mas a econômica, de que não vale a pena deixar essas atividades em risco”, disse o procurador geral.

Atualmente, Minas Gerais tem três barragens no nível 3 da escala de risco – o mais elevado, que aponta para um colapso iminente das estruturas, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (AMN). Duas delas estão localizadas na região Central do Estado: Forquilha III, operada pela Vale em Ouro Preto; e Sul Superior, administrada pela mesma empresa na mina do Gongo Soco em Barão de Cocais. Já na região metropolitana de BH, está situada uma represa da ArcelorMittal na mesma condição. Todas elas têm um dano potencial associado alto.

O procurador geral também comentou sobre os reflexos da Lei Mar de Lama Nunca Mais, que obrigava, entre outras medidas, a descaracterização das barragens construídas a montante no Estado. Esse tipo de represa é o de maior risco, segundo especialistas. As estruturas que se romperam em Brumadinho e Mariana tinham exatamente esse tipo de engenharia. 

Segundo o procurador, as empresas de mineração tentaram ampliar o prazo para a descaracterização. Pela lei, as companhias tinham até 25 de janeiro de 2022 para cumprir essa regra. Até mesmo um projeto, de autoria do ex-deputado estadual Virgílio Guimarães (PT), chegou a tramitar na Assembleia para flexibilizar esse prazo, mas o texto foi retirado de tramitação após pressões de entidades ligadas aos atingidos e ao meio ambiente.

Por conta do descumprimento do prazo, a Vale, por exemplo, teve que pagar R$ 236,7 milhões ao governo de Minas por multas. Segundo o Executivo, o recurso pago a título de dano coletivo pela gigante da mineração foi investido em políticas ambientais e no aprimoramento da fiscalização e segurança das barragens.

“Nós tínhamos um prazo, que já venceu há dois anos, e muitas empresas ainda não concluíram esse processo. Não houve anistia. Tentaram na Assembleia, tentaram no Tribunal (de Justiça), mas não conseguiram. Agora, o Ministério Público foi inteligente e firmou termos de compromisso com as empresas, que estão sendo executados. Várias delas já foram descomissionadas, mas elas (as mineradoras) tiveram que pagar juntas cerca de meio bilhão de reais. Nós vamos viver com isso por algum tempo, mas as empresas já descobriram as suas responsabilidades”, garante o procurador geral Jarbas Soares Júnior. 

Empresas dizem que cumprem prazos

A Vale, mineradora responsável por duas das três barragens classificadas como de alto risco, informou que “emite relatórios periódicos sobre o andamento das obras de descaracterização, conforme estipulado no Termo de Compromisso firmado em fevereiro de 2022” e que está cumprindo todos os cronogramas firmados.

No caso da barragem Sul Superior, a mineradora afirma que a estrutura está em fase de remoção de rejeitos e a conclusão é prevista para 2029. No caso da Forquilhas III, a barragem “está em fase de desenvolvimento de projeto de engenharia, com obras previstas para serem finalizadas em 2035”.

Já a ArcelorMittal, responsável pela terceira estrutura com mais risco em Minas, informa que a barragem da mina de Serra Azul está desativada, não recebe rejeitos desde 2012 e é monitorada automaticamente, 24h por dia, desde 2019. A mineradora diz que atualiza a Agência Nacional de Mineração (ANM) quinzenalmente sobre o processo de descaracterização da estrutura. 

Segundo a mineradora, “as obras da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), que é uma grande barreira com capacidade para reter todo o rejeito na hipótese de rompimento da barragem da mina de Serra Azul, estão em curso e têm previsão de conclusão em setembro de 2025”. “Essa estrutura permitirá o início dos trabalhos de descaracterização da barragem, que será a retirada de todo o material e seu desmonte”, afirma. (leia as notas das empresas, na íntegra, abaixo)

Expectativa por nova repactuação

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e outras autoridades do Estado e do Espírito Santo vivem a expectativa da oficialização do novo acordo pela catástrofe da Samarco, em Mariana. A repactuação permanece em discussão, por meio de uma intermediação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6). 

A questão principal que impede a assinatura no momento é o valor oferecido pelas empresas. Segundo apurou a reportagem, as empresas ofereceram R$ 42 bilhões, cerca de R$ 5 bilhões acima do acordo de Brumadinho. A quantia, no entanto, ficou bem longe do esperado pelas autoridades, que projetam uma repactuação em torno dos R$ 100 bilhões. 

“Nós estamos trabalhando para fechar esse acordo. Eu acredito que, agora, no retorno da Justiça Federal em março, há grande possibilidade de esse acordo ser fechado. As cláusulas estão definidas. Falta o valor”, diz Jarbas Soares Júnior, procurador geral do MPMG. 

Em 19 de dezembro, o desembargador federal Ricardo Machado Rabelo, responsável pelas negociações, recebeu deputados estaduais e federais para discutir a repactuação. O deputado federal Helder Salomão (PT-ES) apresentou um relatório temático, ao qual O TEMPO teve acesso, com 43 sugestões para serem incluídas no acordo.

Balanço 

As informações relativas ao Cadastro de Barragens de Mineração da Agência Nacional de Mineração (ANM) são levantadas desde o ano de 2019, quando havia 74 estruturas cadastradas como alteadas pelo método construtivo a montante. Atualmente existem 56 barragens de mineração construídas por esse método e enquadradas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), o que representa cerca de 12% do universo total de barramentos. Dentre os estados brasileiros, Minas Gerais engloba o maior quantitativo dessas estruturas, totalizando 37 barragens. Em seguida estão os estados de Rondônia e Bahia com 4 cada, Pará e Goiás, cada um com três; Rio Grande do Sul e São Paulo com 2 estruturas e, por fim, Mato Grosso do Sul com uma.

Quando a lei entrou em vigor, o Brasil tinha 74 barragens a montante, portanto 18 foram descomissionadas desde que a Lei Mar de Lama Nunca Mais entrou em vigor. Dessas, estão em Minas Gerais 10 estruturas, localizadas nas seguintes cidades: Nova Lima (8B, da Vale, e Pilha Barragem, da Extrativa Mineral); Conselheiro Lafaiete (B2, da CSN); Itatiaiuçu (José Jaime, da Minerita Minérios, e Central e Pilha Mina Oeste, ambas da Usiminas); Nazareno (Volta Grande 1, da AMG Brasil); e Ouro Preto (Auxiliar do Vigia, da CSN, e Bocaína, da Gerdau). Ainda no Estado, há três represas descaracterizadas conforme o empreendedor, ainda sem atestado da Agência Nacional de Mineração (ANM). Elas estão em Congonhas (Baixo João Pereira, da Vale); Ouro Preto (Alemães, da Gerdau) e Sabará (Pilha 1, da AVG Empreendimentos Minerários).

Leia as notas das mineradoras

Vale

A Vale emite relatórios periódicos sobre o andamento das obras de descaracterização, conforme estipulado no Termo de Compromisso firmado em fevereiro de 2022 com os Ministérios Públicos Estadual e Federal e o Estado de Minas Gerais, representado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) ), uma vez que o prazo definido na Lei Estadual 23.291/2019 (25/02/2022) seria tecnicamente inviável, especialmente devido às ações necessárias para aumentar a segurança durante as obras. No Termo de Compromisso foi apresentado o cronograma das obras e o fluxo de informações sobre o seu andamento.  A empresa vem cumprindo com os cronogramas apresentados, além de atualizar os órgãos fiscalizadores, rotineiramente, por meio dos relatórios periódicos, enviados aos compromitentes e inseridos no portal www.vale.com/esg.
Sobre as barragens Sul Superior e Forquilhas III, que estão em nível 3 de emergência, ambas seguem avançando no processo de descaraterização. A barragem Sul Superior está em obras, em fase de remoção dos rejeitos do reservatório. A conclusão da descaracterização da estrutura está prevista para 2029. A Barragem Forquilhas III está em fase de desenvolvimento de projeto de engenharia, com obras previstas para serem finalizadas em 2035. Todas as barragens de rejeito a montante estão inativas e as estruturas estão sendo eliminadas, conforme prevê a legislação.

ArcelorMittal

A barragem da Mina de Serra Azul está desativada e não recebe rejeitos desde 2012. Todos os indicadores de segurança da barragem permanecem inalterados desde o acionamento do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), em fevereiro de 2019. Estes indicadores, de leitura automatizada, são acompanhados por técnicos no Centro de Monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, com atualizações quinzenais à Agência Nacional de Mineração (ANM) e trimestrais e semestrais à FEAM sobre a descaracterização.

A empresa informa que as obras da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), que é uma grande barreira com capacidade para reter todo o rejeito na hipótese de rompimento da barragem da Mina de Serra Azul, em Itatiaiuçu (MG), estão em curso e tem previsão de conclusão em setembro de 2025. Essa estrutura permitirá o início dos trabalhos de descaracterização da barragem, que será a retirada de todo o material contido em seu interior e seu desmonte.

A ECJ da ArcelorMittal está sendo construída com tubos de aços cravados no solo juntamente com enrocamento (pedra de mão). Esse modelo foi escolhido com base em rigorosas normas, melhores práticas na área e pensando na mitigação de impactos ambientais, redução do número de empregados na obra e garantia de segurança de todos os envolvidos. A evolução das obras é reportada mensalmente à auditoria independente que assessora a ANM e o Ministério Público.

O prazo para descaracterização da barragem foi prorrogado com a assinatura de termo de acordo entre ArcelorMittal, os Ministérios Públicos Federal e Estadual, o Estado de Minas Gerais e a ANM, em fevereiro de 2022). O acordo celebrado fixou uma compensação de R$ 6,1 milhões.

FONTE O TEMPO

Retomada das atividades da Samarco agrava problemas estruturais em casas de Mariana, denunciam moradores

População que mora às margens da MG-129 relata que trincas em paredes estão aumentando em ritmo acelerado por causa do tráfego de caminhões de grande porte.

Moradores do bairro São Cristóvão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, denunciam que o intenso tráfego de caminhões de mineração na MG-129 está agravando problemas estruturais de casas e imóveis próximos à rodovia. Eles relatam que a situação se agravou desde que a Samarco retomou as operações.

A rodovia corta a cidade de Mariana e, no trecho em questão, dá acesso a áreas de exploração de mineradoras — como a Samarco, que voltou a operar na cidade em dezembro de 2020, cinco anos após o rompimento da barragem do Fundão. Os moradores estimam que centenas de caminhões de grande porte passam diariamente pelo local.

“Desde que liberaram a Samarco a voltar a funcionar, mais de 400 caminhões de grande porte estão passando na porta de casa todos os dias. E [os imóveis] não estão aguentando, destruiu um monte de casa”, relatou Luzia de Oliveira, moradora da região.

Os moradores relatam que o aparecimento de trincas nas paredes está aumentando em ritmo acelerado. Eles dizem que buscaram soluções junto à mineradora e à prefeitura, mas sem sucesso.

“Orientaram a gente a buscar advogado para tratar dessa situação, mas o pessoal que mora aqui na rua não tem condições de pagar. E também não tem condições de sair e pagar aluguel em outro lugar”, completou Luzia.

Os afetados pelo problema chegaram a fazer uma manifestação fechando a rodovia para chamar a atenção para a situação, mas foram desmobilizados pela polícia, que alegou que o ato desrespeitava uma decisão judicial.

Laudo da Defesa Civil de Mariana mostra trincas e rachaduras em casa do bairro, mas não atesta a motivação. — Foto: Acervo pessoal

Laudo da Defesa Civil de Mariana mostra trincas e rachaduras em casa do bairro, mas não atesta a motivação. — Foto: Acervo pessoal

Visita da Samarco

Os moradores relatam que receberam uma visita de representantes da empresa há alguns meses, mas que não chegaram a soluções para o problema. Pelas redes sociais, receberam retorno da mineradora, que afirma estar participando de “fóruns e discussões” com autoridades competentes.

Em nota, a Samarco disse que “mantém diálogo permanente com lideranças locais e entidades representativas” e reafirmou que participa de reuniões conduzidas pelo poder público para melhorias na MG-129.

Falou, ainda, que adotou medidas para contribuir para a diminuição do volume de tráfego. “Reduziu o número de carros próprios e de contratadas e promoveu alteração de horários dos ônibus que saem do Complexo de Germano, em Mariana, em horário de pico”.

Por fim, disse que realizou um estudo de tráfego na rodovia em 2020 e que está o atualizando para permitir a proposição de “outras ações que poderão ser discutidas com as partes interessadas”.

Imagem Acervo pessoal
Rachaduras estão aumentando por causa do tráfego intenso e constante de caminhões, relatam moradores — Foto 1: Acervo pessoal — Foto 2: Acervo pessoal

O que diz o poder público

A Prefeitura de Mariana informou, em nota, que não há registros de interdições de residências às margens da rodovia e que as últimas ações nesse sentido aconteceram em 2019, por causa de um deslizamento de encostas.

O município admite o fluxo intenso de veículos na MG-129, estratégica para a cidade, disse que “busca atender os cidadãos em suas demandas” e que possui “programas que atendem a população em situação de risco, como por exemplo, o auxílio social”.

Já a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), do governo de Minas, responsável pela autorização da retomada das atividades da Samarco, afirmou que “o licenciamento ambiental estabelece medidas de controle e mitigação de impactos no tráfego em geral”.

Disse, ainda, que os impactos na rodovia envolvem outros empreendimentos do entorno, mas que irá fiscalizar as atividades da Samarco para monitoramento das condicionantes fixadas no licenciamento da empresa, em vigor até outubro de 2029.

FONTE G1

Retomada das atividades da Samarco agrava problemas estruturais em casas de Mariana, denunciam moradores

População que mora às margens da MG-129 relata que trincas em paredes estão aumentando em ritmo acelerado por causa do tráfego de caminhões de grande porte.

Moradores do bairro São Cristóvão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, denunciam que o intenso tráfego de caminhões de mineração na MG-129 está agravando problemas estruturais de casas e imóveis próximos à rodovia. Eles relatam que a situação se agravou desde que a Samarco retomou as operações.

A rodovia corta a cidade de Mariana e, no trecho em questão, dá acesso a áreas de exploração de mineradoras — como a Samarco, que voltou a operar na cidade em dezembro de 2020, cinco anos após o rompimento da barragem do Fundão. Os moradores estimam que centenas de caminhões de grande porte passam diariamente pelo local.

“Desde que liberaram a Samarco a voltar a funcionar, mais de 400 caminhões de grande porte estão passando na porta de casa todos os dias. E [os imóveis] não estão aguentando, destruiu um monte de casa”, relatou Luzia de Oliveira, moradora da região.

Os moradores relatam que o aparecimento de trincas nas paredes está aumentando em ritmo acelerado. Eles dizem que buscaram soluções junto à mineradora e à prefeitura, mas sem sucesso.

“Orientaram a gente a buscar advogado para tratar dessa situação, mas o pessoal que mora aqui na rua não tem condições de pagar. E também não tem condições de sair e pagar aluguel em outro lugar”, completou Luzia.

Os afetados pelo problema chegaram a fazer uma manifestação fechando a rodovia para chamar a atenção para a situação, mas foram desmobilizados pela polícia, que alegou que o ato desrespeitava uma decisão judicial.

Laudo da Defesa Civil de Mariana mostra trincas e rachaduras em casa do bairro, mas não atesta a motivação. — Foto: Acervo pessoal

Laudo da Defesa Civil de Mariana mostra trincas e rachaduras em casa do bairro, mas não atesta a motivação. — Foto: Acervo pessoal

Visita da Samarco

Os moradores relatam que receberam uma visita de representantes da empresa há alguns meses, mas que não chegaram a soluções para o problema. Pelas redes sociais, receberam retorno da mineradora, que afirma estar participando de “fóruns e discussões” com autoridades competentes.

Em nota, a Samarco disse que “mantém diálogo permanente com lideranças locais e entidades representativas” e reafirmou que participa de reuniões conduzidas pelo poder público para melhorias na MG-129.

Falou, ainda, que adotou medidas para contribuir para a diminuição do volume de tráfego. “Reduziu o número de carros próprios e de contratadas e promoveu alteração de horários dos ônibus que saem do Complexo de Germano, em Mariana, em horário de pico”.

Por fim, disse que realizou um estudo de tráfego na rodovia em 2020 e que está o atualizando para permitir a proposição de “outras ações que poderão ser discutidas com as partes interessadas”.

Imagem Acervo pessoal
Rachaduras estão aumentando por causa do tráfego intenso e constante de caminhões, relatam moradores — Foto 1: Acervo pessoal — Foto 2: Acervo pessoal

O que diz o poder público

A Prefeitura de Mariana informou, em nota, que não há registros de interdições de residências às margens da rodovia e que as últimas ações nesse sentido aconteceram em 2019, por causa de um deslizamento de encostas.

O município admite o fluxo intenso de veículos na MG-129, estratégica para a cidade, disse que “busca atender os cidadãos em suas demandas” e que possui “programas que atendem a população em situação de risco, como por exemplo, o auxílio social”.

Já a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), do governo de Minas, responsável pela autorização da retomada das atividades da Samarco, afirmou que “o licenciamento ambiental estabelece medidas de controle e mitigação de impactos no tráfego em geral”.

Disse, ainda, que os impactos na rodovia envolvem outros empreendimentos do entorno, mas que irá fiscalizar as atividades da Samarco para monitoramento das condicionantes fixadas no licenciamento da empresa, em vigor até outubro de 2029.

FONTE G1

O profundo e acelerado envelhecimento populacional do Brasil

Além de ficar mais idoso, o Brasil está ficando mais feminino e isto pode ser um trunfo para alavancar o desenvolvimento nacional

O IBGE divulgou as informações da população brasileira para todos os municípios do país, detalhando os dados por sexo e idade, apurados pelo censo demográfico de 2022. O censo demográfico é a única pesquisa planejada para visitar todos os domicílios brasileiros, possibilitando traçar um panorama detalhado das características sociodemográficas e espaciais de todo o território nacional. Estes dados são fundamentais para a formulação das políticas públicas e para as decisões de investimento da iniciativa privada.

Como já era sabido e esperado, os dados do censo demográfico de 2022 mostraram que a estrutura etária brasileira está em rápida transformação, com a diminuição do número de crianças, adolescentes e jovens, uma desaceleração do crescimento da população adulta em idade considerada ativa (15-59 anos) e uma aceleração do aumento da população idosa de 60 anos e mais de idade.

A população brasileira total era de 93,1 milhões de habitantes em 1970 e passou para 203,08 milhões em 2022, aumentando 2,2 vezes no período. A população de crianças e adolescentes, de 0 a 14 anos, passou de 39,1 milhões em 1970 para 40,1 milhões em 2022, ficando praticamente do mesmo tamanho. Mas a população idosa deu um salto.

O gráfico abaixo mostra que a população idosa (60 anos e +) no Brasil era de 4,8 milhões de pessoas em 1970, passou de 10 milhões em 1991, ultrapassou 20 milhões em 2010 e chegou a 32,1 milhões de pessoas em 2022. Houve um aumento de 6,6 vezes entre 1970 e 2022. Portanto, o Brasil está envelhecendo e envelhecendo de forma inexorável e em ritmo acelerado.

número de pessoas com 60 anos ou mais no brasil

O gráfico abaixo mostra o número de idosos brasileiros de 80 anos e mais de idade, que era de 451 mil indivíduos, passou para 2,9 milhões em 2010 e chegou a 4,6 milhões de indivíduos em 2022, decuplicando entre 1970 e 2022. O crescimento mais rápido do topo da pirâmide etária mostra que o Brasil não só está envelhecendo, como está tendo um processo de envelhecimento do envelhecimento, como mostrei no artigo “O envelhecimento do envelhecimento no Brasil e no mundo” (Alves, 30/08/2022).

número de pessoas com 80 anos ou mais no brasil

O gráfico abaixo mostra a percentagem da população brasileira a partir de 3 grupos: jovens (0-14 anos), adultos (15-59 anos) e idosos (60 anos e mais de idade), com base nos dados dos censos demográficos do IBGE. Nota-se que o percentual de jovens diminui aproximadamente pela metade, passando de 42% em 1970 para 19,8% em 2022. O grupo considerado em idade produtiva (15-59 anos) aumentou de 52,7% em 1970 para 65,1% em 2010 e diminuiu para 64,4% em 2022. Já o grupo de idosos (60 anos e +) passou de 5,1% em 1970 para 15,8% em 2022. Portanto, os idosos foram o único grupo que aumentou sua participação na população total no último período intercensitário.

percentagem da população brasileira por grandes grupos etários

A redução relativa do grupo etário 15 a 59 anos nos últimos 12 anos, indica que o 1º bônus demográfico já ultrapassou o auge do momento mais favorável da transição demográfica e que a janela de oportunidade já começou a se fechar e a proporção de “produtores efetivos” deve diminuir em relação aos “consumidores efetivos”. Mas o fim do 1º bônus demográfico não é o fim do mundo.

Evidentemente, é preciso estar atento para a possibilidade de o Brasil envelhecer antes de enriquecer e ficar eternamente preso na armadilha da renda média. Sem dúvida, o país precisa dobrar a renda per capita e galgar melhores posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

De fato, o envelhecimento populacional traz desafios, mas também traz oportunidades. O Brasil ainda pode contar com o 2º bônus demográfico (bônus da produtividade), uma vez que a redução do volume de trabalhadores pode ser compensada por trabalhadores mais produtivos se houver investimentos adequados na saúde, educação, infraestrutura, comunicação, ciência e tecnologia, etc.

O Brasil pode contar ainda com o 3º bônus demográfico (bônus da longevidade). O aumento do volume e da proporção de idosos pode ter efeitos benéficos para a economia se o país contar com o envelhecimento saudável e ativo, uma vez que o grande contingente de pessoas da terceira idade deve ser encarado como um ativo e não com um passivo, como mostrei no artigo “O 3o bônus demográfico e o direito ao trabalho da população idosa” (Alves, 25/07/2023).

Os países ricos e com elevado IDH possuem uma estrutura etária envelhecida, como mostrei no artigo “Como os países podem enriquecer e envelhecer ao mesmo tempo” (Alves, 18/10/2023). Maturidade econômica e demográfica andam juntas. Os países que apresentaram avanço do IDH fizeram isto juntamente ao avanço da transição demográfica e, conjuntamente, ao processo de envelhecimento populacional.

Além de ficar mais idoso, o Brasil está ficando mais feminino e isto pode ser um trunfo para alavancar o desenvolvimento nacional. O Brasil teve maioria de homens na população durante a maior parte de sua história. O gráfico abaixo mostra que havia 317,3 mil homens a mais que mulheres no primeiro censo realizado em 1872. Este superávit permaneceu nas décadas seguintes e era de 252 mil homens em 1920. Em 1930 não houve censo. Em 1940 houve virtualmente um empate.

Mas partir de 1950 o superávit feminino aumentou e ultrapassou 6 milhões de pessoas em 2022. As mulheres possuem maiores níveis de escolaridade em relação aos homens e foram fundamentais para o bônus demográfico, que é fundamentalmente feminino no Brasil.

superavit de homens e mulheres no brasil

O Brasil está ficando mais idoso e mais feminino. Não cabe demonizar a dinâmica demográfica brasileira. O Brasil ficou cerca de 500 anos com uma estrutura etária jovem. Nos anos 2000, a história será diferente, pois serão “outros quinhentos”.

O Brasil vai continuar envelhecendo no século XXI e continuará envelhecido nos séculos seguintes. O que precisa mudar é a mentalidade daquelas pessoas que enxergam os idosos como um óbice ao invés de reconhecer as potencialidades da população da terceira idade.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. O envelhecimento do envelhecimento no Brasil e no mundo, Portal do Envelhecimento, 30/08/2022 https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/o-envelhecimento-do-envelhecimento-no-brasil-e-no-mundo/

ALVES, JED. O 3o bônus demográfico e o direito ao trabalho da população idosa, Portal do Envelhecimento, 25/07/2023 https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/o-3o-bonus-demografico-e-o-direito-ao-trabalho-da-populacao-idosa/

ALVES, JED. Como os países podem enriquecer e envelhecer ao mesmo tempo, Portal do Envelhecimento, 18/10/2023 https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/como-os-paises-podem-enriquecer-e-envelhecer-ao-mesmo-tempo/

FONTE ECO DEBATE

O profundo e acelerado envelhecimento populacional do Brasil

Além de ficar mais idoso, o Brasil está ficando mais feminino e isto pode ser um trunfo para alavancar o desenvolvimento nacional

O IBGE divulgou as informações da população brasileira para todos os municípios do país, detalhando os dados por sexo e idade, apurados pelo censo demográfico de 2022. O censo demográfico é a única pesquisa planejada para visitar todos os domicílios brasileiros, possibilitando traçar um panorama detalhado das características sociodemográficas e espaciais de todo o território nacional. Estes dados são fundamentais para a formulação das políticas públicas e para as decisões de investimento da iniciativa privada.

Como já era sabido e esperado, os dados do censo demográfico de 2022 mostraram que a estrutura etária brasileira está em rápida transformação, com a diminuição do número de crianças, adolescentes e jovens, uma desaceleração do crescimento da população adulta em idade considerada ativa (15-59 anos) e uma aceleração do aumento da população idosa de 60 anos e mais de idade.

A população brasileira total era de 93,1 milhões de habitantes em 1970 e passou para 203,08 milhões em 2022, aumentando 2,2 vezes no período. A população de crianças e adolescentes, de 0 a 14 anos, passou de 39,1 milhões em 1970 para 40,1 milhões em 2022, ficando praticamente do mesmo tamanho. Mas a população idosa deu um salto.

O gráfico abaixo mostra que a população idosa (60 anos e +) no Brasil era de 4,8 milhões de pessoas em 1970, passou de 10 milhões em 1991, ultrapassou 20 milhões em 2010 e chegou a 32,1 milhões de pessoas em 2022. Houve um aumento de 6,6 vezes entre 1970 e 2022. Portanto, o Brasil está envelhecendo e envelhecendo de forma inexorável e em ritmo acelerado.

número de pessoas com 60 anos ou mais no brasil

O gráfico abaixo mostra o número de idosos brasileiros de 80 anos e mais de idade, que era de 451 mil indivíduos, passou para 2,9 milhões em 2010 e chegou a 4,6 milhões de indivíduos em 2022, decuplicando entre 1970 e 2022. O crescimento mais rápido do topo da pirâmide etária mostra que o Brasil não só está envelhecendo, como está tendo um processo de envelhecimento do envelhecimento, como mostrei no artigo “O envelhecimento do envelhecimento no Brasil e no mundo” (Alves, 30/08/2022).

número de pessoas com 80 anos ou mais no brasil

O gráfico abaixo mostra a percentagem da população brasileira a partir de 3 grupos: jovens (0-14 anos), adultos (15-59 anos) e idosos (60 anos e mais de idade), com base nos dados dos censos demográficos do IBGE. Nota-se que o percentual de jovens diminui aproximadamente pela metade, passando de 42% em 1970 para 19,8% em 2022. O grupo considerado em idade produtiva (15-59 anos) aumentou de 52,7% em 1970 para 65,1% em 2010 e diminuiu para 64,4% em 2022. Já o grupo de idosos (60 anos e +) passou de 5,1% em 1970 para 15,8% em 2022. Portanto, os idosos foram o único grupo que aumentou sua participação na população total no último período intercensitário.

percentagem da população brasileira por grandes grupos etários

A redução relativa do grupo etário 15 a 59 anos nos últimos 12 anos, indica que o 1º bônus demográfico já ultrapassou o auge do momento mais favorável da transição demográfica e que a janela de oportunidade já começou a se fechar e a proporção de “produtores efetivos” deve diminuir em relação aos “consumidores efetivos”. Mas o fim do 1º bônus demográfico não é o fim do mundo.

Evidentemente, é preciso estar atento para a possibilidade de o Brasil envelhecer antes de enriquecer e ficar eternamente preso na armadilha da renda média. Sem dúvida, o país precisa dobrar a renda per capita e galgar melhores posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

De fato, o envelhecimento populacional traz desafios, mas também traz oportunidades. O Brasil ainda pode contar com o 2º bônus demográfico (bônus da produtividade), uma vez que a redução do volume de trabalhadores pode ser compensada por trabalhadores mais produtivos se houver investimentos adequados na saúde, educação, infraestrutura, comunicação, ciência e tecnologia, etc.

O Brasil pode contar ainda com o 3º bônus demográfico (bônus da longevidade). O aumento do volume e da proporção de idosos pode ter efeitos benéficos para a economia se o país contar com o envelhecimento saudável e ativo, uma vez que o grande contingente de pessoas da terceira idade deve ser encarado como um ativo e não com um passivo, como mostrei no artigo “O 3o bônus demográfico e o direito ao trabalho da população idosa” (Alves, 25/07/2023).

Os países ricos e com elevado IDH possuem uma estrutura etária envelhecida, como mostrei no artigo “Como os países podem enriquecer e envelhecer ao mesmo tempo” (Alves, 18/10/2023). Maturidade econômica e demográfica andam juntas. Os países que apresentaram avanço do IDH fizeram isto juntamente ao avanço da transição demográfica e, conjuntamente, ao processo de envelhecimento populacional.

Além de ficar mais idoso, o Brasil está ficando mais feminino e isto pode ser um trunfo para alavancar o desenvolvimento nacional. O Brasil teve maioria de homens na população durante a maior parte de sua história. O gráfico abaixo mostra que havia 317,3 mil homens a mais que mulheres no primeiro censo realizado em 1872. Este superávit permaneceu nas décadas seguintes e era de 252 mil homens em 1920. Em 1930 não houve censo. Em 1940 houve virtualmente um empate.

Mas partir de 1950 o superávit feminino aumentou e ultrapassou 6 milhões de pessoas em 2022. As mulheres possuem maiores níveis de escolaridade em relação aos homens e foram fundamentais para o bônus demográfico, que é fundamentalmente feminino no Brasil.

superavit de homens e mulheres no brasil

O Brasil está ficando mais idoso e mais feminino. Não cabe demonizar a dinâmica demográfica brasileira. O Brasil ficou cerca de 500 anos com uma estrutura etária jovem. Nos anos 2000, a história será diferente, pois serão “outros quinhentos”.

O Brasil vai continuar envelhecendo no século XXI e continuará envelhecido nos séculos seguintes. O que precisa mudar é a mentalidade daquelas pessoas que enxergam os idosos como um óbice ao invés de reconhecer as potencialidades da população da terceira idade.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. O envelhecimento do envelhecimento no Brasil e no mundo, Portal do Envelhecimento, 30/08/2022 https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/o-envelhecimento-do-envelhecimento-no-brasil-e-no-mundo/

ALVES, JED. O 3o bônus demográfico e o direito ao trabalho da população idosa, Portal do Envelhecimento, 25/07/2023 https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/o-3o-bonus-demografico-e-o-direito-ao-trabalho-da-populacao-idosa/

ALVES, JED. Como os países podem enriquecer e envelhecer ao mesmo tempo, Portal do Envelhecimento, 18/10/2023 https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/como-os-paises-podem-enriquecer-e-envelhecer-ao-mesmo-tempo/

FONTE ECO DEBATE

Prefeitura de Ouro Branco entrega à população a reforma do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO)

O Centro de Especialidades Odontálgicas de Ouro Branco (CEO) passou por uma ampla reforma e recebeu novos equipamentos e estrutura que já estão a disposição da comunidade.

A inauguração da reforma foi realizada na tarde dessa quarta-feira, dia 01/11, no Hospital Raymundo Campos e contou com a participação do prefeito Hélio Campos, vice-prefeito Dr Celso Vaz, secretário de Saúde, Dr. Eduardo Sérgio Guimarães, secretária de Educação, Edvânia Pereira, coordenadora do Centro de Especialidades Odontológicas, Jussara Motta e o vereador Warley Higino Pereira, servidores da Secretaria de Saúde, servidores do setor de Odontologia e comunidade.

Foram homenageados pelo apoio e colaboração com o setor de Odontologia e Saúde, Hélio Campos, Fernanda Viana, Jussara Motta e Marcos Barbosa, o popular Marquinhos, além de agradecimentos a servidora Rosângela que está em tratamento de saúde. Foram feitas menções e agradecimentos póstumos aos saudosos profissionais dentistas Dr Pedro Bertozzi Mesquita de Oliveira e Dr Dalmo Ferreira Cachapuz.

Prefeitura de Ouro Branco entrega à população a reforma do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO)

O Centro de Especialidades Odontálgicas de Ouro Branco (CEO) passou por uma ampla reforma e recebeu novos equipamentos e estrutura que já estão a disposição da comunidade.

A inauguração da reforma foi realizada na tarde dessa quarta-feira, dia 01/11, no Hospital Raymundo Campos e contou com a participação do prefeito Hélio Campos, vice-prefeito Dr Celso Vaz, secretário de Saúde, Dr. Eduardo Sérgio Guimarães, secretária de Educação, Edvânia Pereira, coordenadora do Centro de Especialidades Odontológicas, Jussara Motta e o vereador Warley Higino Pereira, servidores da Secretaria de Saúde, servidores do setor de Odontologia e comunidade.

Foram homenageados pelo apoio e colaboração com o setor de Odontologia e Saúde, Hélio Campos, Fernanda Viana, Jussara Motta e Marcos Barbosa, o popular Marquinhos, além de agradecimentos a servidora Rosângela que está em tratamento de saúde. Foram feitas menções e agradecimentos póstumos aos saudosos profissionais dentistas Dr Pedro Bertozzi Mesquita de Oliveira e Dr Dalmo Ferreira Cachapuz.

Conheça a “cidade da cachaça”, que tem mais idosos do que crianças

Município é um dos cinco em que a população de idosos supera a de crianças de até 14 anos

Sabe aquela frase que diz que os pais criam os filhos para o mundo? Em Abaíra, cidade baiana de pouco mais de 7,3 mil habitantes, o ditado é levado a sério. Jovens adultos que não querem trabalhar no comércio, prefeitura ou na zona rural deixam o município em busca de oportunidades de emprego e renda. O resultado disso é uma população envelhecida, que coloca Abaíra como uma das cinco cidades da Bahia em que o número de idosos é maior do que a quantidade de crianças.

Os dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ilustraram o que especialistas avisavam: o país está envelhecendo. Com menos crianças nascendo e as pessoas vivendo mais, o Brasil possui 55,2 idosos para cada 100 crianças até 14 anos. Na Bahia, são 56,2 para cada 100. O fenômeno é ainda mais acelerado em municípios do centro- sul do estado, onde a proporção de idosos chega a ser o dobro da média nacional.

Esse é o caso da pequena Abaíra, cidade que possui a maior proporção de pessoas acima de 65 anos do estado. São 137 idosos para cada 100 crianças. “A gente conhece bem essa realidade, é só andar na rua para ver que são mais idosos”, diz Ana, de 40 anos. Na loja em que trabalha, em frente a Praça Francisco Pereira, ela acompanha o ritmo lento da cidade onde nasceu.

O município localizado no centro da Chapada Diamantina só se tornou independente em 1962, quando foi separado oficialmente de Piatã. A economia de Abaíra gira em torno da produção artesanal da cachaça, que é realizada em associações espalhadas pela cidade. Na praça onde Ana trabalha, a Igreja e a prefeitura são vizinhas de grandes monumentos que homenageiam a atividade econômica: um barril e uma grande garrafa de aguardente fazem jus ao título de “cidade da cachaça”. 

Além de Abaíra, as cidades Jussiape, Jacaraci, Guajeru e Ibiassucê são as que o número de idosos já supera a quantidade de crianças. Apesar de nunca ter saído de Abaíra, a cada dia que passa Ana se acostuma com a ideia de ver o único filho, de 16 anos, partir em busca de melhores oportunidades de trabalho.

O adolescente quer estudar computação e não há faculdades na cidade. O campus da Universidade Estadual do Sudeste da Bahia (UESB), em Vitória da Conquista, atrai jovens de Abaíra que desejam entrar na universidade. A distância entre as duas cidades é de 260 quilômetros. Ana, que também já quis deixar a cidade, espera ver no filho a realização de um sonho que já lhe foi próprio. “Ele provavelmente vai fazer o que os outros jovens fazem, que é sair da cidade para estudar”, afirma.

Para o geógrafo e professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Clímaco Dias, os dados do Censo 2022 retratam a fraca produtividade econômica de parte do centro-sul baiano, onde as cinco cidades estão localizadas. “É uma característica regional de estagnação econômica estrutural que se perpetua”, ressalta. O índice de envelhecimento (proporção de idosos em relação ao número de crianças) é superior à média da Bahia em 6 a cada dez cidades baianas, segundo o IBGE. 

Sem a criação de novos postos de trabalhos, os jovens migram para outras cidades, o que perpetua o ciclo de desigualdades regionais dentro da Bahia. De um lado, municípios viram polos atrativos e, do outro, as cidades envelhecem em ritmo acelerado. “Existem cidades italianas, por exemplo, em que o governo oferece dinheiro para quem tem filho, mas o que resolve a questão é um dinamismo econômico gerador de emprego”, completa o geógrafo.

Em Jussiape, onde a proporção é de 117,2 idosos para cada 100 crianças, a população da cidade diminuiu quase 9% entre 2010 e 2022, chegando a 7.379 pessoas. Nilzete Lisboa, 36, tem dois filhos e espera que o mais velho, de 17 anos, busque oportunidades fora do município. “Eu não sei se o que eu quero é a mesma coisa que ele deseja, mas para mim não seria um problema se ele fosse para outra cidade porque aqui não tem muita opção”, comenta.

Envelhecimento na capital

Em Salvador, o processo de envelhecimento também é mais acelerado do que a média estadual. Em 12 anos, o índice de envelhecimento saltou de 29,7 idosos para cada 100 crianças para 66,4. O aumento de 123% foi o segundo mais intenso entre as capitais do Brasil, abaixo apenas do registrado em Palmas (TO). A capital baiana é a nona mais envelhecida do país.

No estado como um todo, o índice de envelhecimento aumentou 86%, passando de 28,3 para 52,6 idosos a cada 100 crianças de até 14 anos, de acordo com os dados do Censo.

FONTE CORREIO 24 HORAS

Conheça a “cidade da cachaça”, que tem mais idosos do que crianças

Município é um dos cinco em que a população de idosos supera a de crianças de até 14 anos

Sabe aquela frase que diz que os pais criam os filhos para o mundo? Em Abaíra, cidade baiana de pouco mais de 7,3 mil habitantes, o ditado é levado a sério. Jovens adultos que não querem trabalhar no comércio, prefeitura ou na zona rural deixam o município em busca de oportunidades de emprego e renda. O resultado disso é uma população envelhecida, que coloca Abaíra como uma das cinco cidades da Bahia em que o número de idosos é maior do que a quantidade de crianças.

Os dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ilustraram o que especialistas avisavam: o país está envelhecendo. Com menos crianças nascendo e as pessoas vivendo mais, o Brasil possui 55,2 idosos para cada 100 crianças até 14 anos. Na Bahia, são 56,2 para cada 100. O fenômeno é ainda mais acelerado em municípios do centro- sul do estado, onde a proporção de idosos chega a ser o dobro da média nacional.

Esse é o caso da pequena Abaíra, cidade que possui a maior proporção de pessoas acima de 65 anos do estado. São 137 idosos para cada 100 crianças. “A gente conhece bem essa realidade, é só andar na rua para ver que são mais idosos”, diz Ana, de 40 anos. Na loja em que trabalha, em frente a Praça Francisco Pereira, ela acompanha o ritmo lento da cidade onde nasceu.

O município localizado no centro da Chapada Diamantina só se tornou independente em 1962, quando foi separado oficialmente de Piatã. A economia de Abaíra gira em torno da produção artesanal da cachaça, que é realizada em associações espalhadas pela cidade. Na praça onde Ana trabalha, a Igreja e a prefeitura são vizinhas de grandes monumentos que homenageiam a atividade econômica: um barril e uma grande garrafa de aguardente fazem jus ao título de “cidade da cachaça”. 

Além de Abaíra, as cidades Jussiape, Jacaraci, Guajeru e Ibiassucê são as que o número de idosos já supera a quantidade de crianças. Apesar de nunca ter saído de Abaíra, a cada dia que passa Ana se acostuma com a ideia de ver o único filho, de 16 anos, partir em busca de melhores oportunidades de trabalho.

O adolescente quer estudar computação e não há faculdades na cidade. O campus da Universidade Estadual do Sudeste da Bahia (UESB), em Vitória da Conquista, atrai jovens de Abaíra que desejam entrar na universidade. A distância entre as duas cidades é de 260 quilômetros. Ana, que também já quis deixar a cidade, espera ver no filho a realização de um sonho que já lhe foi próprio. “Ele provavelmente vai fazer o que os outros jovens fazem, que é sair da cidade para estudar”, afirma.

Para o geógrafo e professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Clímaco Dias, os dados do Censo 2022 retratam a fraca produtividade econômica de parte do centro-sul baiano, onde as cinco cidades estão localizadas. “É uma característica regional de estagnação econômica estrutural que se perpetua”, ressalta. O índice de envelhecimento (proporção de idosos em relação ao número de crianças) é superior à média da Bahia em 6 a cada dez cidades baianas, segundo o IBGE. 

Sem a criação de novos postos de trabalhos, os jovens migram para outras cidades, o que perpetua o ciclo de desigualdades regionais dentro da Bahia. De um lado, municípios viram polos atrativos e, do outro, as cidades envelhecem em ritmo acelerado. “Existem cidades italianas, por exemplo, em que o governo oferece dinheiro para quem tem filho, mas o que resolve a questão é um dinamismo econômico gerador de emprego”, completa o geógrafo.

Em Jussiape, onde a proporção é de 117,2 idosos para cada 100 crianças, a população da cidade diminuiu quase 9% entre 2010 e 2022, chegando a 7.379 pessoas. Nilzete Lisboa, 36, tem dois filhos e espera que o mais velho, de 17 anos, busque oportunidades fora do município. “Eu não sei se o que eu quero é a mesma coisa que ele deseja, mas para mim não seria um problema se ele fosse para outra cidade porque aqui não tem muita opção”, comenta.

Envelhecimento na capital

Em Salvador, o processo de envelhecimento também é mais acelerado do que a média estadual. Em 12 anos, o índice de envelhecimento saltou de 29,7 idosos para cada 100 crianças para 66,4. O aumento de 123% foi o segundo mais intenso entre as capitais do Brasil, abaixo apenas do registrado em Palmas (TO). A capital baiana é a nona mais envelhecida do país.

No estado como um todo, o índice de envelhecimento aumentou 86%, passando de 28,3 para 52,6 idosos a cada 100 crianças de até 14 anos, de acordo com os dados do Censo.

FONTE CORREIO 24 HORAS

Abertura da I Semana do Conhecimento em Belo Vale!

Prepare-se para uma semana repleta de aprendizado, insights e descobertas imperdíveis. Não deixe de conferir a programação completa em nossas redes sociais, pois esta é a sua chance de ampliar seus horizontes e conectar-se com mentes brilhantes.

Além disso, trazemos para você uma programação especial que vai encantar alunos, professores e toda a comunidade: a visita ao Museu Itinerante da UFMG e o acesso a um rico conteúdo por meio de palestras estimulantes.

O Museu Itinerante é uma experiência única, composta por uma carreta repleta de salas interativas, exposições ao ar livre e experimentos científicos. Não perca a tenda do conhecimento, onde diversas palestras incríveis ocorrerão ao longo da semana.

O evento é gratuito e acontecerá do dia 02 ao dia 06 de outubro, das 08h às 17h, na Praça da Prefeitura. Não perca essa oportunidade de aprender de forma divertida. Fique ligado(a) e participe!

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