Mais uma barragem de rejeitos é descaracterizada em Minas Gerais

Processo de eliminação de barragens, como a que se rompeu em Itabira, é de responsabilidade da Vale e acontece desde 2019

A Vale concluiu as obras de descaracterização do Dique 2 do Sistema Pontal, na Mina Cauê, em Itabira, na Região Central de Minas Gerais, neste mês. O processo faz parte do programa da mineradora de desativação de barragens de rejeitos, como a que se rompeu em Brumadinho em 2019.

De acordo com a mineradora, o Dique 2 não recebia rejeitos desde 2019. Essa é a 13ª estrutura que pertence a empresa que passa pelo processo, e a sexta localizada no município. 

Das 13 barragens a montante já eliminadas, dez ficavam em Minas Gerais (barragem 8B, Dique Rio do Peixe, barragem Fernandinho, Diques 2, 3, 4 e 5 da barragem Pontal, Dique Auxiliar da barragem 5 e as barragens Ipoema e Baixo João Pereira) e três no Estado do Pará (Diques 2 e 3 Kalunga e barragem Pondes de Rejeitos).

O Dique 2 foi a sexta estrutura a montante eliminada em Itabira, do total de dez barragens incluídas no Programa de Descaracterização. Já haviam sido eliminadas, em setembro de 2022, a barragem Ipoema, na Mina do Meio, e do Dique 3, também do Sistema Pontal. Anteriormente, foram descaracterizados os Diques 4 e 5 do Sistema Pontal e o Dique Rio do Peixe.

Além disso, para aumentar a segurança e reduzir impactos em caso de emergência, foi construída preventivamente uma Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ) para a realização das obras de eliminação dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, da barragem do Pontal. Para sua construção foi utilizada tecnologia de tubos metálicos por um método que reduz a vibração, geração de poeira e ruído.

As estruturas de disposição de rejeitos da empresa no município são monitoradas permanentemente pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG).

Descaracterização de barragens 

O processo de descaracterização de barragens de disposição de rejeitos da Vale tem sido feito desde janeiro de 2019, depois que a estrutura de mesmo formato se rompeu em Brumadinho e matou 267 pessoas. 

As ações fazem parte de Termo de Compromisso firmado com os Ministérios Públicos Estadual e Federal e com o Estado de Minas Gerais, representado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). 

FONTE ESTADO DE MINAS

Mais uma barragem de rejeitos é descaracterizada em Minas Gerais

Processo de eliminação de barragens, como a que se rompeu em Itabira, é de responsabilidade da Vale e acontece desde 2019

A Vale concluiu as obras de descaracterização do Dique 2 do Sistema Pontal, na Mina Cauê, em Itabira, na Região Central de Minas Gerais, neste mês. O processo faz parte do programa da mineradora de desativação de barragens de rejeitos, como a que se rompeu em Brumadinho em 2019.

De acordo com a mineradora, o Dique 2 não recebia rejeitos desde 2019. Essa é a 13ª estrutura que pertence a empresa que passa pelo processo, e a sexta localizada no município. 

Das 13 barragens a montante já eliminadas, dez ficavam em Minas Gerais (barragem 8B, Dique Rio do Peixe, barragem Fernandinho, Diques 2, 3, 4 e 5 da barragem Pontal, Dique Auxiliar da barragem 5 e as barragens Ipoema e Baixo João Pereira) e três no Estado do Pará (Diques 2 e 3 Kalunga e barragem Pondes de Rejeitos).

O Dique 2 foi a sexta estrutura a montante eliminada em Itabira, do total de dez barragens incluídas no Programa de Descaracterização. Já haviam sido eliminadas, em setembro de 2022, a barragem Ipoema, na Mina do Meio, e do Dique 3, também do Sistema Pontal. Anteriormente, foram descaracterizados os Diques 4 e 5 do Sistema Pontal e o Dique Rio do Peixe.

Além disso, para aumentar a segurança e reduzir impactos em caso de emergência, foi construída preventivamente uma Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ) para a realização das obras de eliminação dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, da barragem do Pontal. Para sua construção foi utilizada tecnologia de tubos metálicos por um método que reduz a vibração, geração de poeira e ruído.

As estruturas de disposição de rejeitos da empresa no município são monitoradas permanentemente pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG).

Descaracterização de barragens 

O processo de descaracterização de barragens de disposição de rejeitos da Vale tem sido feito desde janeiro de 2019, depois que a estrutura de mesmo formato se rompeu em Brumadinho e matou 267 pessoas. 

As ações fazem parte de Termo de Compromisso firmado com os Ministérios Públicos Estadual e Federal e com o Estado de Minas Gerais, representado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD). 

FONTE ESTADO DE MINAS

Vale lança empresa para comercializar areia proveniente de rejeitos da mineração

Agera, a nova empresa, espera faturar R$ 18 milhões ainda esse ano

A Vale apresentou nesta terça-feira, 17, uma nova empresa, batizada de Agera, para comercializar e distribuir a sua “areia sustentável”, proveniente de rejeitos do minério de ferro produzido em Minas Gerais. A expectativa para este ano é comercializar um milhão de toneladas e faturar R$ 18 milhões. Para o ano que vem, a projeção é de vendas de 2,1 milhões de toneladas. O volume ainda é pequeno em relação ao total de rejeitos produzidos pela Vale – 47 milhões de toneladas em 2022 -, mas a expectativa é ampliar a fabricação nos próximos anos.

A nova empresa, com sede em Nova Lima (MG), foi estabelecida há cerca de um ano com o nome provisório de Co-Log. Hoje, atende mais de 80 unidades fabris de sete segmentos – concreteiras, pré-moldados, argamassa, artefatos, cimenteiras, tintas texturizadas e pavimentos – e está investindo em pesquisa para expandir as aplicações do produto.

A “areia sustentável” começou a ser produzida pela Vale em 2021, na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, após sete anos de pesquisa. Desde então, foram destinadas à construção civil e à pavimentação rodoviária cerca de 900 mil toneladas do produto, contabiliza a mineradora. No ano passado, a Agera começou a produzir em pequena escala na mina de Viga, em Congonhas, e nos próximos meses pretende iniciar a produção na mina de Cauê, em Itabira.

“Estamos estruturados para acelerar o desenvolvimento de produtos e materiais sustentáveis, atendendo às especificidades que o mercado exige. Além disso, nossas soluções logísticas permitem uma eficiência de ponta a ponta para garantir a agilidade no fornecimento da areia sustentável”, explica Fábio Cerqueira, CEO da Agera.

A Agera tem sete pontos de atendimento ao cliente e estoque de material em Minas Gerais e no Espírito Santo. Para a operação logística, tem contrato com sete transportadoras rodoviárias e três fornecedores de frete ferroviário.

Cerca de 330 milhões de toneladas de areia são usadas anualmente na construção civil e em processos industriais no Brasil, de acordo com a Vale. A extração de areia natural dos leitos de rios, frisa a mineradora, frequentemente ultrapassa a taxa de reposição natural.

“Criamos a Agera com o objetivo de escalar um negócio que está nos ajudando a reduzir o uso de barragens e pilhas em Minas Gerais, além de contribuir para substituir a areia natural, que muitas vezes é extraída de forma predatória do leito dos rios”, disse em nota Fabiano Carvalho Filho, diretor de Negócios da Vale. “A criação da Agera está fortemente ligada à nossa estratégia de promover a mineração circular.”

Destinação de rejeitos

O processamento a úmido do minério de ferro, usado em menos de 30% da produção da Vale, gera rejeitos, que podem ser dispostos em barragens ou em pilhas. Esses rejeitos são compostos basicamente de sílica, principal componente da areia, e óxidos de ferro. É um material não tóxico, que em seu processamento é submetido apenas a processos físicos.

A Vale informa que, desde 2014, investe em pesquisas para encontrar soluções para o reaproveitamento da areia proveniente do processamento do minério de ferro com o objetivo de reduzir a geração de rejeitos. A “areia sustentável” tem alto teor de sílica e baixo teor de ferro, além de alta uniformidade química e granulométrica.

A Universidade de Queensland e a Universidade de Genebra divulgaram estudo, em 2022, que confirma que a areia proveniente da produção do minério pode contribuir para atenuar a extração predatória de areia e reduzir a geração de rejeitos de mineração, de acordo com a Vale. O estudo teve participação da mineradora brasileira, que cedeu amostras da sua “areia sustentável” e doou US$ 1 milhão para apoiar o trabalho dos pesquisadores.

No ano passado, a Vale inaugurou a primeira estrada do Brasil que usa a “areia sustentável” nas quatro camadas do pavimento. Testes em laboratório apontaram que o aumento da vida útil do pavimento é da ordem de 50% e a redução de custos de 20% quando comparado com materiais mais usados em estradas. Além disso, cada quilômetro de pavimento pode consumir até 7 mil toneladas de rejeito. Os testes são realizados em uma estrada de 425 metros em Itabira. A pista será monitorada até o ano que vem, com 96 sensores. O estudo tem parceria da Universidade Federal de Itajubá (campus Itabira) e da Coppe-UFRJ.

Ainda em Minas Gerais, a Vale mantém a Fábrica de Blocos do Pico, primeira planta industrial de produtos para a construção civil cuja matéria-prima principal é o rejeito da mineração. Instalada em 2020 na Mina do Pico, em Itabirito, a fábrica tem capacidade de produção de 3,8 milhões de produtos pré-moldados. Nos dois primeiros anos, ela funcionou em regime de pesquisa e desenvolvimento e contou com a cooperação técnica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) para o desenvolvimento de produtos pré-moldados de larga aplicação na indústria da construção civil, como pisos intertravados, blocos de alvenaria e vedação.

FONTE REVISTA PEQUENAS EMPRESAS E GRANDES NEGÓCIOS

Vale lança empresa para comercializar areia proveniente de rejeitos da mineração

Agera, a nova empresa, espera faturar R$ 18 milhões ainda esse ano

A Vale apresentou nesta terça-feira, 17, uma nova empresa, batizada de Agera, para comercializar e distribuir a sua “areia sustentável”, proveniente de rejeitos do minério de ferro produzido em Minas Gerais. A expectativa para este ano é comercializar um milhão de toneladas e faturar R$ 18 milhões. Para o ano que vem, a projeção é de vendas de 2,1 milhões de toneladas. O volume ainda é pequeno em relação ao total de rejeitos produzidos pela Vale – 47 milhões de toneladas em 2022 -, mas a expectativa é ampliar a fabricação nos próximos anos.

A nova empresa, com sede em Nova Lima (MG), foi estabelecida há cerca de um ano com o nome provisório de Co-Log. Hoje, atende mais de 80 unidades fabris de sete segmentos – concreteiras, pré-moldados, argamassa, artefatos, cimenteiras, tintas texturizadas e pavimentos – e está investindo em pesquisa para expandir as aplicações do produto.

A “areia sustentável” começou a ser produzida pela Vale em 2021, na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, após sete anos de pesquisa. Desde então, foram destinadas à construção civil e à pavimentação rodoviária cerca de 900 mil toneladas do produto, contabiliza a mineradora. No ano passado, a Agera começou a produzir em pequena escala na mina de Viga, em Congonhas, e nos próximos meses pretende iniciar a produção na mina de Cauê, em Itabira.

“Estamos estruturados para acelerar o desenvolvimento de produtos e materiais sustentáveis, atendendo às especificidades que o mercado exige. Além disso, nossas soluções logísticas permitem uma eficiência de ponta a ponta para garantir a agilidade no fornecimento da areia sustentável”, explica Fábio Cerqueira, CEO da Agera.

A Agera tem sete pontos de atendimento ao cliente e estoque de material em Minas Gerais e no Espírito Santo. Para a operação logística, tem contrato com sete transportadoras rodoviárias e três fornecedores de frete ferroviário.

Cerca de 330 milhões de toneladas de areia são usadas anualmente na construção civil e em processos industriais no Brasil, de acordo com a Vale. A extração de areia natural dos leitos de rios, frisa a mineradora, frequentemente ultrapassa a taxa de reposição natural.

“Criamos a Agera com o objetivo de escalar um negócio que está nos ajudando a reduzir o uso de barragens e pilhas em Minas Gerais, além de contribuir para substituir a areia natural, que muitas vezes é extraída de forma predatória do leito dos rios”, disse em nota Fabiano Carvalho Filho, diretor de Negócios da Vale. “A criação da Agera está fortemente ligada à nossa estratégia de promover a mineração circular.”

Destinação de rejeitos

O processamento a úmido do minério de ferro, usado em menos de 30% da produção da Vale, gera rejeitos, que podem ser dispostos em barragens ou em pilhas. Esses rejeitos são compostos basicamente de sílica, principal componente da areia, e óxidos de ferro. É um material não tóxico, que em seu processamento é submetido apenas a processos físicos.

A Vale informa que, desde 2014, investe em pesquisas para encontrar soluções para o reaproveitamento da areia proveniente do processamento do minério de ferro com o objetivo de reduzir a geração de rejeitos. A “areia sustentável” tem alto teor de sílica e baixo teor de ferro, além de alta uniformidade química e granulométrica.

A Universidade de Queensland e a Universidade de Genebra divulgaram estudo, em 2022, que confirma que a areia proveniente da produção do minério pode contribuir para atenuar a extração predatória de areia e reduzir a geração de rejeitos de mineração, de acordo com a Vale. O estudo teve participação da mineradora brasileira, que cedeu amostras da sua “areia sustentável” e doou US$ 1 milhão para apoiar o trabalho dos pesquisadores.

No ano passado, a Vale inaugurou a primeira estrada do Brasil que usa a “areia sustentável” nas quatro camadas do pavimento. Testes em laboratório apontaram que o aumento da vida útil do pavimento é da ordem de 50% e a redução de custos de 20% quando comparado com materiais mais usados em estradas. Além disso, cada quilômetro de pavimento pode consumir até 7 mil toneladas de rejeito. Os testes são realizados em uma estrada de 425 metros em Itabira. A pista será monitorada até o ano que vem, com 96 sensores. O estudo tem parceria da Universidade Federal de Itajubá (campus Itabira) e da Coppe-UFRJ.

Ainda em Minas Gerais, a Vale mantém a Fábrica de Blocos do Pico, primeira planta industrial de produtos para a construção civil cuja matéria-prima principal é o rejeito da mineração. Instalada em 2020 na Mina do Pico, em Itabirito, a fábrica tem capacidade de produção de 3,8 milhões de produtos pré-moldados. Nos dois primeiros anos, ela funcionou em regime de pesquisa e desenvolvimento e contou com a cooperação técnica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) para o desenvolvimento de produtos pré-moldados de larga aplicação na indústria da construção civil, como pisos intertravados, blocos de alvenaria e vedação.

FONTE REVISTA PEQUENAS EMPRESAS E GRANDES NEGÓCIOS

Poeira e rejeitos atormentam vizinhos da CSN

Além da névoa cinza que a fábrica de cimento espalha, produtores rurais denunciam contaminação da água, que inviabiliza atividades de cachaçaria. Empresa nega

As marcas da extração de calcário e da produção de cimento são o cartão de visitas para quem passa pela comunidade de Boca da Mata, em Arcos, Centro-Oeste de Minas. Seja pelo ar coberto por uma névoa acinzentada ou pela poluição da água que afeta a população, a presença da indústria na região significa um estorvo para os moradores da área. Uma família que se instalou no local há 70 anos e implantou uma cachaçaria tradicional na cidade se vê obrigada a paralisar a produção e cogitar deixar a terra por conta da contaminação da água captada no terreno após a instalação de fábrica de cimento da CSN na vizinhança.

A história da “Cachaçaria do Criolo” começou em 1975, criada por Wilmar Arantes. Ele já morava no local desde a década de 1950, quando começou a produção da bebida, feita com cana-de-açúcar plantada no próprio terreno. À época, a região tinha um desenho bastante diferente, sem a exploração mineral e a fábrica de cimento.

No mesmo ano em que Wilmar iniciou a produção de cachaça, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) se instalou na região para extrair calcário e, em 2010, a implantação de uma fábrica de cimento ampliou significativamente os impactos na região. Foi quando a relação entre a empresa e a Cachaçaria do Criolo ficou insustentável.

Partículas lançadas no ar cobrem o entorno da comunidade de Boca da Mata, que ainda sofre com o barulho dos caminhões usados no transporte do cimento

  “Começamos a ter problemas com a nossa água. Na cisterna, de onde a gente tirava água para a casa e para a fábrica de cachaça, começou a aparecer uma nata e uma ferrugem muito concentrada. Então, fui até o responsável da CSN e disse pra ele que a represa estava contaminando nossa água, mas me disseram que eu estava equivocado”, contou Wilmar Arantes Junior, filho do fundador da cachaçaria e atualmente à frente do negócio familiar.

A suspeita da família era de que uma represa utilizada para lavagem de material e produção da indústria, localizada alguns metros acima do terreno da cachaçaria, estivesse afetando a água da casa, que ficou imprópria para consumo. “Eu não tomava mais a água, porque a gente estava tendo muito problema de pedras nos rins e infecção urinária. Começamos a comprar água mineral para tomar, ficamos quatro anos comprando direto”, conta Edilse Rodrigues, que também trabalha na produção da bebida e é esposa de Wilmar Junior.

Represa utilizada pela CSN apontada como fonte de contaminação da água captada pela família Arantes no subsolo

ÁGUA CONTAMINADA Após denúncias protocoladas no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e na Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), a família conseguiu que a CSN realizasse um estudo para averiguar a situação da água usada pela família. O resultado apontou que há relação entre a atividade da empresa e a contaminação da água utilizada tanto para consumo doméstico quanto na cachaçaria. Cobalto, ferro, manganês e níquel, todos eles em concentrações acima da considerada aceitável para consumo humano, foram detectados na amostra da água que abastecia a casa e a unidade de produção da família havia quatro décadas.

A solução encontrada foi oferecer água à família por meio de caminhões-pipa. A CSN entrega 4 mil litros por dia, mas a saída não foi de todo conciliatória. Além de a quantidade ser suficiente apenas para o consumo dos seis moradores da propriedade, eliminando a possibilidade de continuar a fabricação da cachaça, a empresa começou oferecendo água de má qualidade.

“A Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) intimou a CSN a ceder água num caminhão-pipa. São obrigados a oferecer 4 mil litros de água por dia e a água não era boa. Não era água potável, vinha um caminhão sujo. Só depois que arrumaram um caminhão com água limpa, mas antes não era. Até disso, a gente teve que reclamar, estava vindo barro. Era uma humilhação”, conta Edilse.

Além da poluição do lençol freático, os moradores também apontam para a contaminação do Rio Candonga, que é responsável por parte do abastecimento da cidade de Arcos. “Aqui na frente tem uma lavação de caminhão. Eles lavam os caminhões todos sujos da cal e do cimento e não tem uma contenção dessa água. A sujeira escorre diretamente para o rio. Tem gente que precisa da água desse rio. É um estado de calamidade pública. A gente chama a Polícia de Meio Ambiente, faz o B.O. (boletim de ocorrência), mas não adianta nada”, protesta Wilmar Junior.

OUTRO LADO Em nota, a CSN Cimentos informa que, mesmo considerando não ser possível tecnicamente correlacionar tais alterações aos rejeitos presentes na barragem ou mesmo às demais operações da companhia, iniciou uma série de estudos e investigações para tentar determinar a fonte da contaminação. A empresa afirma que possui outros três poços de água num raio de 500 metros do ponto de coleta de água na propriedade da cachaçaria, que não apresentam quaisquer alterações em seus parâmetros.

No texto, a CSN ainda informa que apresentou um Plano de Recuperação de Área Contaminada (Prac) no ano passado para avaliar e monitorar a qualidade da água na região. Segundo a empresa, “os estudos realizados até o momento indicam que as concentrações de ferro e manganês não têm relação com as operações da Companhia ou com a antiga barragem, podendo estar, inclusive, relacionadas a fatores naturais como, por exemplo, a composição mineralógica das rochas e dos solos presentes na região”.

Até que haja uma solução definitiva, informa a CSN, a empresa segue suprindo a propriedade com 4 mil litros diários de água potável, além de ter perfurado um novo poço na área. A empresa afirma que não foi constatada alteração na água retirada desse poço.

Wilmar Arantes e o filho tiveram que suspender a produção dda cachaça Acaciana: a família agora vive do estoque, cada vez menor, da bebida

Projeto de vida interrompido

Desde 2019, após 44 anos de produção ininterrupta, a cachaça Acaciana parou de ser produzida. Sem água para a receita e para o sistema de produção da bebida, Wilmar Arantes viu o projeto de sua vida ser interrompido. Hoje, a família vende o estoque armazenado, mas sabe que o produto está com os dias contados.

“Esses 4 mil litros diários não são suficientes para fazer a pinga. A CSN já perguntou quanto a gente precisa para a fabricação e acha muito, mas (os representantes da empresa) não sabem nada sobre o processo. Estão oferecendo o suficiente pra gente sobreviver, mas não para manter o trabalho. A gente vive disso aqui. A fábrica é de 1975”, explica Edilse.

Como se não bastasse perder a fonte de renda, a família havia feito investimentos recentes na cachaçaria. Em 2009, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) fez uma vistoria na fábrica e demandou que toda a estrutura fosse trocada por materiais de aço inoxidável. A adequação foi finalizada em 2011 e mexeu nos cofres da empresa familiar.

Além de a contaminação da água ter interrompido a produção, Edilse acrescenta que os metais presentes nela acabaram por avariar os materiais recém-instalados. “Como a água estava contaminada, a caldeira apodreceu, o encanamento apodreceu. Foi um grande prejuízo”.

“A vida do meu pai está aqui, até chorar ele chora. A gente perdeu o entusiasmo. Meu pai não quer vender, mas é o que falei pra ele: ‘Pai, infelizmente, neste nosso país, as mineradoras que mandam. Mesmo você estando aqui antes, a lei está cega’. As empresas aqui ficam contra a gente, falam que a gente está contra o emprego, jogam  a gente contra as pessoas”, desabafa Wilmar Junior.

O pai, Wilmar Arantes, tem 88 anos, a esposa dele, Maria Ferreira, 86. Duas histórias construídas na região da Boca da Mata e viradas de ponta-cabeça após a chegada das mineradoras. Em meio ao imbróglio com a CSN, uma das soluções apresentadas foi sair da região e vender a propriedade à empresa. Novamente, a discussão está longe de ser amigável.

“Em 2019, um representante da empresa veio aqui e se ofereceu para comprar a propriedade. Mostrei pra ele todo o terreno. Aí disseram que eu poderia buscar um corretor para avaliar o terreno. Nossa área aqui está em perímetro industrial, então é um terreno valioso e temos uma fábrica que faz uma cachaça premiada como uma das melhores de Minas Gerais. Temos também a fábrica de rapadura. Eles acharam que pedimos muito pela propriedade e não quiseram nem fazer uma contraproposta”, afirma Wilmar Junior.

O produtor rural complementa dizendo que pretende sair do local, pois as condições de vida são muito precárias com a poluição sonora, do ar e da água, mas que a ordem da transação com a CSN não está correta. “A empresa tinha que pagar o que a gente decidisse que é o valor da propriedade e também tirar as pessoas antes de causar o dano”.

Poluição generalizada e sem trégua

As janelas da casa onde moram Wilmar Arantes e Maria Ferreira são lacradas. Idosos, eles sofrem com problemas respiratórios causados pela poeira constante no ar do entorno da CSN. Durante a estação seca, a situação fica ainda pior. Em medição realizada por empresa de gestão ambiental em setembro de 2021, foi constatado que a concentração de partículas no ar da região da cachaçaria foi de 1.172,06 microgramas por metro cúbico. É quase cinco vezes maior que o limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

O barulho intenso da fábrica de cimento e do incessante trânsito de caminhões na região também é uma reclamação de quem mora próximo à CSN. “Eles estavam carecas de saber que a gente seria prejudicado. Tem uma correia que passa o dia inteiro fazendo barulho, é caminhão passando 24 horas. Você já ouviu falar de colocar brita no asfalto? Os caminhões destruíram o asfalto e eles jogaram brita para tapar os buracos. Aqui está podendo fazer tudo. Aqui não tem lei, infelizmente”, reclama Wilmar Junior.

FONTE ESTADO DE MINAS

Laudo aponta esterilidade em solo por contaminação de rejeitos da Vale

Pelo estudo, 247 hectares ao longo de 30 km do rio Paraopeba em Betim estão totalmente comprometidos

Os resultados de um laudo pericial da Prefeitura de Betim, feito com base em análises químicas e de sondagem da lama densa que veio à tona do rio Paraopeba durante as chuvas intensas de janeiro deste ano, mostram que esse sedimento contém índices de metais em concentrações muito acima das encontradas no solo natural da região, o que viola as diretrizes ambientais do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), já que alteraram a qualidade do solo, deixando o terreno estéril e contaminado. 

Entre os elementos químicos identificados na análise, realizada por um laboratório contratado pelo município, estão manganês, ferro, alumínio, boro, antimônio e arsênio – as amostras foram coletadas por uma empresa de sondagem em seis pontos ao longo de 30 km de extensão do rio Paraopeba onde a lama foi depositada em Betim.

A maior violação ao limite de classe dos metais foi observada no ponto de sondagem quatro, em que as substâncias alumínio, arsênio, boro, ferro e manganês foram encontradas em variações de 100% até 1.150% maiores do que a encontrada no solo natural da região.

Relação com a tragédia

O laudo aponta ainda que a lama coletada possui elementos químicos semelhantes aos que foram despejados na tragédia ambiental provocada pelo vazamento de rejeitos da barragem da mina de Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, em 2019, classificado pela própria mineradora como classe IIA – não inerte. Materiais com essa classificação podem apresentar propriedades solúveis e de carreamento (que escorre em enxurradas quando chove de forma intensa) na água, que podem poluir o solo, os rios e a atmosfera. 

“O laudo atesta cientificamente o que é possível enxergar a olho nu, ou seja, a lama trazida pelas chuvas promoveu a degradação do solo, o que impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas. Não sabemos os efeitos disso, visto que as amostras apontam que a lama é um resíduo classe IIA – não inerte, que pode causar reação química. Isso demonstra que esse material que ficou sedimentado no leito do rio e que invadiu as casas próximas ao Paraopeba precisa ser retirado de lá e destinado corretamente para um aterro”, cobra o secretário de Meio Ambiente de Betim, Ednard Tolomeu. 

O gestor salienta também que “esses metais causaram danos ambientais irreparáveis ao meio ambiente em Betim e pontua que, se entrarem em contato com os seres humanos, podem ser reativos, ou seja, prejudicar e trazer riscos à saúde humana”, afirma Tolomeu.

Panorama da destruição

Para mensurar o tamanho da destruição causada pelo mar de lama, os agentes ambientais da Divisão de Fiscalização Ambiental de Betim fizeram 7.594 registros fotográficos aéreos em alta resolução, por meio de um drone, que mostraram que 2,475 milhões de m² de área (o que equivale a 247 campos de futebol oficiais iguais ao do Estádio do Mineirão) ao longo dos 30 km da calha do rio Paraopeba foram impactados. Já o volume total de lama encontrada na região foi de 2,144 milhões de m³.

Ação reparatória

Especialistas ouvidos pela reportagem estimam um valor de R$ 13, 6 bilhões a ser cobrado da Vale por danos ambientais, conforme resultados apontados por laudo pericial elaborado por servidores efetivos, que, como tal, possuem fé pública e são habilitados para esse tipo de estudo. Para chegar a esse montante, os especialistas usaram a metodologia adotada pelo Ministério Público de Defesa do Meio Ambiente.

Diante disso, o município pretende ajuizar uma ação de reparações ambiental, moral e material contra a Vale, mas ainda estuda o valor mais adequado para propor como ressarcimento. “O laudo comprova que a lama potencializou as enchentes, contaminou o solo e gerou danos morais e materiais aos moradores. Estamos analisando os número para chegar a um consenso”, diz o procurador-geral de Betim, Bruno Cypriano. 

Por meio de nota, a Vale esclarece que, até o momento, pelas análises técnicas realizadas, não é possível constatar vinculação entre o rompimento da barragem B1, em Brumadinho, e os impactos dos alagamentos na bacia do Paraopeba, causados pelo extraordinário volume de chuvas.

“Em caráter humanitário, logo após as enchentes, a empresa atendeu a diversas solicitações de prefeituras da bacia do Paraopeba, além de entregar mais de 480 mil litros de água, além de cestas básicas, produtos de limpeza, higiene pessoal, colchões e EPIs”, declara na nota.

FONTE O TEMPO

“A população de Congonhas pode ficar tranquila”, garante CSN sobre suas barragens

“A população de Congonhas pode ficar tranquila”, garante CSN sobre sua barragens/Reprodução

Desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, há 11 dias, a CSN é alo de intensos questionamentos em torno de segurança e estabilidade de seus empreendimentos em Congonhas. Hoje a empresa, pela primeira vez, se manifestou a respeito da polêmica na qual moradores defendem a desativação da barragem Casa de Pedra.

“A CSN Mineração lamenta profundamente o ocorrido em Brumadinho e gostaria de salientar que a Barragem de Casa de Pedra, com método de construção a jusante, é segura. A empresa está na vanguarda do tratamento de rejeitos, com investimento de 250 milhões de reais na tecnologia de empilhamento a seco, que já cobre 40% do volume de seus rejeitos, o maior empreendimento do tipo já feito no Brasil. Até o fim de 2019, a empresa estará processando 100% do seu minério a seco, descartando a utilização de barragens para o processo produtivo. A população de Congonhas pode ficar tranquila”.

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