Na primeira sessão de 2022, ocorrida na noite de ontem (1º), o clima dos discursos foi de troca de farpas já antecipando o crescente acirramento político de 2 grupos no Legislativo de Lafaiete (MG). Eram nítidas as posições distintas e antagônicas dos dois lados e de críticas veladas de ambas as partes, apesar de certa “cordialidade” disfarçada entre as palavras.
Assim se resume a votação e a discussão da denúncia apresentada pelo ativista político, Tallyson Amarílio Zebral, de abertura de comissão processante após dos desdobramentos finais da CPI da Covid-19 que apurou em mais de 6 meses irregularidades e má gestão dos recursos para enfrentamento da pandemia em Lafaiete (MG).
A tese da situação, mesmo reconhecendo a qualidade do relatório final, era de que não houve responsabilidade por parte do prefeito nos desvios apontados no relatório da CPI. Já a oposição, imputava ao prefeito os crimes de responsabilidade e de omissão.
Ao final, por 6 votos contrários ( Renato Pelé, Damires Rinarly, Professor Eustáquio, João Paulo Pé Quente, Fernando Bandeira e Sandro José) e 5 favoráveis (Giuseppe Laporte, Vado Silva, Erivelton Jayme, Pastor Angelino e Pedro Américo), a Câmara sepultou de vez e afastou o prosseguimento da denúncia que poderia desembocar em uma possível cassação do Prefeito Mário Marcus (DEM). O Vereador André Menezes, Presidente da Comissão, não participou da sessão. Já o Presidente do Legislativo, o Vereador Oswaldo Barbosa, em sua estreia no cargo, somente vota em caso de empate.
A favor da Comissão
Uma das vozes mais contundentes da oposição, o Vereador Giuseppe Laporte (MDB) criticou seus colegas pelo arquivamento da denúncia. “É um absurdo. Quando o povo precisa de uma resposta a tantos erros nada se resolve. Quando chega a para apuração a esta Casa o processo é arquivado”, protestou.
O Vereador Vado Silva (DC) criticou a falta de gestão e capacidade administrativa das autoridades sanitárias em Lafaiete na pandemia. “Estou votando pela realidade que vi e vivi e fundamentado nas reclamações constantes que chegavam a mim e a meu gabinete. Não é questão pessoal, mas pagar pelo erro. Eu não vou ficar aqui calado sabendo dos erros e me omitir”, assinalou.
O Vice Presidente da Câmara, o Vereador Erivelton Jayme (Patriotas) elogiou o teor do relatório que apontou falta de transparência, médicos recebendo acima do teto e as “mazelas da saúde”. “Vou votar pelo prosseguimento da denúncia por tantos pacientes que morreram por falta de atendimento adequado e pela bagunça no planejamento do Covid-19”.
O Vereador petista, Pedro Américo, cobrou o prosseguimento da denúncia como forma de apurar a responsabilidade na falta de equipamento e medicamentos. “Quantas mortes poderiam ter sido evitadas. Com a falta de equipamento de intubação, o médico tinha que escolher o paciente. Isso é gravíssimo. Nós estivemos no gabinete do prefeito e ele disse quem estivesse do seu lado teria tudo. Ficar com o rei é fácil quero ver defender o povo. Cada um escolhe qual lado que ele fica. Talvez ficando com o rei é a melhor opção”.
Contra a comissão
O Vereador Sandro (PRTB) pontou que as decisões não podem ter o viés pessoal ou político. “Não podemos votar aqui de olho nas eleições ou no voto. Ao contrário, temos que ser justos e corretos em nossas interpretações. Não podemos afirmar que esta Casa não fez nada, isso é uma inverdade. Esse discurso populista de jogar o povo contra a gente em busca de voto não é correto”, criticou.
O Líder do Governo na Câmara, o Vereador João Paulo Pé Quente (DEM) reconheceu erros na gestão da pandemia, mas ponderou que não houve omissão do gestor que caracterizasse crime. “Cassar é coisa séria. Isso não é brincadeira. Não vi no relatório nada que justifique má fé. Os erros administrativos acontecem. Houve uma falha nítida da secretária e assessores. Durmo tranquilo pelo meu voto, agora partir para apelação é sacanagem”, afirmou.
Já Vereadora Damires Rinarlly (PT) desclassificou a denúncia pela falta de provas robustas e fundamentadas e salientou que a insatisfação popular não poder sobrepor ao ordenamento jurídico ou ao direito público. “Meu voto é técnico”, resumiu.
Ao final, o Prefeito Mário Marcus (DEM) que tem maioria, mesmo apertada, na Câmara Municipal.