Associação quilombola aciona Comissão Interamericana contra o Brasil por tragédia de Mariana

Associação pleiteia convocação de audiência junto ao Estado brasileiro

A Associação Quilombola da Comunidade Santa Efigênia e Adjacentes, que representa povos tradicionais situados no entorno de Mariana (MG), acionou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pedindo a convocação de uma audiência junto ao Estado brasileiro.

A entidade diz querer denunciar a “gravíssima situação de violação de direitos humanos” vivida pelos habitantes de comunidades afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em 2015. A estrutura pertencia à Samarco, joint-venture formada entre a Vale e a australiana BHP.

Passados quase nove anos desde a tragédia, os povos tradicionais da região se queixam de que o Estado “tem falhado reiteradamente” em sua obrigação de responsabilizar as empresas envolvidas, deixando de prestar assistência à população afetada e de garantir proteção contra danos ambientais persistentes.

“É possível observar um descompasso entre as ações do Brasil, as medidas a serem tomadas pelas empresas responsáveis e o estado atual de degradação que as tradições, crenças e movimentações culturais das vítimas dos desastres se encontram”, diz o ofício enviado à CIDH.

“A maioria das vítimas ainda não foi reparada de forma satisfatória e algumas nem chegaram a receber qualquer indenização. Além disso, a utilização de meios negociados para a solução de soluções de conflitos é controversa”, segue.

A entidade afirma que tradições, práticas e modos de vida dos quilombolas foram diretamente afetados pelo deslocamento de pessoas ocorrido após o rompimento, e que a contaminação dos rios pela lama tóxica prejudicou a manutenção de roças que serviam à subsistência, além de atividades como criação de animais, pesca e mineração por faiscagem.

Ainda segundo a associação, outras comunidades atingidas passaram a habitar terras dentro do território quilombola, e embora uma estação de tratamento de água tenha sido construída na área em que vivem, eles ainda não têm acesso ao saneamento básico.

“Essa falta de reparação adequada apenas agrava as desigualdades e a discriminação enfrentadas pela comunidade, colocando-a em uma situação de violência estrutural e racismo ambiental”, afirma o pedido de audiência feito à CIDH.

“As vítimas se sentem abandonadas pelo sistema que deveria protegê-las. A necessidade de uma ação mais assertiva e abrangente por parte do Estado e das empresas é crucial para restaurar a confiança e garantir uma reparação justa para a comunidade afetada”, diz ainda.

O pedido de audiência chega à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em meio a uma nova fase do processo movido contra a Vale e a BHP na Justiça da Inglaterra. Estão previstas, para esta quinta (18) e para a próxima sexta (19), a realização das chamadas audiências de gerenciamento de caso.

A associação é representada pelos escritórios Hotta Advocacia e Pogust Goodhead. “A comunidade quilombola é um exemplo concreto dos efeitos devastadores que os desastres causam nas populações tradicionais”, afirma o advogado Gabriel Mantelli.

“Mesmo após oito anos desde a ocorrência do desastre, eles ainda enfrentam os danos ambientais, socioeconômicos e culturais que não apenas violaram o modo de vida e as tradições historicamente presentes na comunidade, mas também agravaram as desigualdades sociais, a invisibilidade e o racismo institucional”, segue ele, que é especializado em direito ambiental.

Mais de 720 mil brasileiros estão processando a BHP, a maior mineradora do mundo em valor de mercado, pelo colapso da barragem de Fundão. O julgamento está marcado para 7 de outubro deste ano, com previsão de duração de 14 semanas.

A BHP, que nega responsabilidade, argumenta que a Vale deveria compartilhar qualquer responsabilidade potencial, uma vez que as duas detinham 50% da Samarco. A Vale chegou a apresentar contestação, argumentando que qualquer disputa entre a empresa e a BHP deveria ser julgada no Brasil. O apelo, porém, foi rejeitado.

 

FONTE FOLHA DE SÃO PAULO

Justiça Inglesa se prepara para julgar ação da Tragédia de Mariana (MG)

Corte britânica vai realizar reuniões, nesta semana, para organizar o processo; julgamento deve começar em outubro deste ano

A Justiça inglesa se prepara para julgar a ação que pede R$ 230 bilhões em indenizações para atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, a 110 km de Belo Horizonte.

Uma das fases de preparação acontece nesta quinta-feira (18) e na sexta-feira (19), quando ocorrem as audiências de gerenciamento de caso. As reuniões servem para discutir detalhes do processo, como cronograma, documentos que serão utilizados e data para depoimento de testemunhas.

O encontro deve ter a participação de advogados das mineradoras e o escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa as vítimas. O julgamento corte inglesa está previsto para começar no dia 7 de outubro deste ano. O procedimento deve durar 14 semanas.

A ação foi movida contra a mineradora anglo-australiana BHP Billiton, dona da Samarco ao lado da Vale. A companhia brasileira também foi citada para ser corresponsável pelo pagamento de eventual indenização.

O procedimento representa 700 mil brasileiros, empresas e prefeituras. O grupo recorreu à ação inglesa, em 2018, na busca de uma condenação mais ágil. Pouco mais de 8 anos após o caso, nenhum réu foi julgado.

Tragédia de Mariana

A barragem da Samarco rompeu no dia 05 de novembro de 2015, na cidade de Mariana, a 110 km de Belo Horizonte. Dezenove pessoas morreram. Centenas ficaram desabrigadas. A lama de rejeito caiu nos rios Carmo, Gualaxo do norte e Doce, percorrendo mais de 600 km, até chegar ao oceano Atlântico, pelo Espírito Santo.

 

FONTE R7

ASSASSINATOS E TRAGÉDIAS: PCMG abre inquérito para apurar assassinatos de mulher e seu filho por ex-companheiro

A Polícia Civil de Minas Gerais informa que já foi instaurado inquérito policial para apurar o duplo homicídio ocorrido no município de Antônio Carlos, perto de Barbacena (MG).

De acordo com as investigações, as vítimas (uma mulher de 32 anos e um adolescente de 14 anos) foram mortas pelo ex-companheiro da mulher.
A vítima, que possui outros três filhos com o suspeito, teria se separado do companheiro no início do ano e ido morar em outra localidade com o adolescente, que era seu filho de outro relacionamento. O homem fugiu após cometer o crime e segue foragido até o momento.

A equipe de policiais civis responsável pelo caso está realizando todas as diligências com objetivo de localizar o responsável pelos homicídios. Ao mesmo tempo, estão sendo colhidos depoimentos de todas as testemunhas do fato, bem como sendo realizadas as perícias no local do crime e as necropsias das vítimas.

Tragédia: acidente tira vida de jovem lafaietense na MG 383

Um grave acidente ocorrido na tarde deste domingo (07), por volta das 13:00 horas, na MGC 3838, em São Brás do Suaçuí (MG), tirou a vida de Juliano Andrade Aguilar, de 35 anos. A vítima estava em moto quando perdeu o controle e caiu ao solo. Um veículo que vinha sentido ao contrário atropelou frontalmente Juliano que faleceu no local.

Bombeiros, SAMU E PM estiveram no local. A vítima fatal foi liberada pela Funeária Resende.

Tragédia: morte na rodovia entre carreta e carro

Na madrugada deste sábado (9/3), por volta da 1h30, no km 60 da BR-356, um acidente envolvendo uma carreta e Chevrolet Monza matou o motorista do carro.

O fato se deu entre as cidades de Itabirito e Ouro Preto (Região Central de Minas).

“Durante policiamento ostensivo de trânsito, a guarnição da Polícia Militar Rodoviária se deparou com o sinistro, estando o condutor da carreta em estado de choque, e o condutor do Monza preso às ferragens. Testemunhas que presenciaram o fato relataram que o carro invadiu a contramão, estando com todo o sistema de iluminação e sinalização apagados, e que o condutor da carreta ainda tentou evitar a colisão frontal, porém sem êxito. Com a chegada da Samu, foi então comprovado o óbito do condutor do automóvel”, informou a PMRv.

As iniciais do motorista que morreu são J.L. Informações dão conta de que ele seria morador da localidade dos Coelhos (região de Amarantina, Ouro Preto).

Vale x Vale – Empresa entra em guerra consigo mesma por danos da tragédia de Mariana

Sócia de hidrelétrica no rio Doce e da mineradora Samarco, Vale se vê em guerra interna por danos causados pela lama

BRASÍLIA – A lista de milhares de vítimas que, ainda hoje, cobram indenizações da Vale e da BHP pela tragédia que causaram em Mariana (MG) passou a incluir o nome nada trivial de uma empresa indignada com o comportamento dos donos da barragem de rejeito que rompeu em Minas Gerais em 2015: a própria Vale.

O que faz a Vale sentir hoje o peso dos 56 milhões de metros cúbicos de lama de minério de ferro e sílica que ela própria despejou sobre a região e o curso do rio Doce, matando 19 pessoas, é reflexo direto dos negócios que a companhia possui na região. 

Reconhecida como uma das maiores mineradoras do mundo, a Vale é dona de metade da Samarco – a empresa que controlava a barragem que rompeu em Mariana – em sociedade com a anglo-australiana BHP Billiton. Paralelamente, a Vale também é sócia majoritária da usina hidrelétrica Risoleta Neves, erguida no rio Doce em 2004 e também atingida pela lama. Por trás do nome fantasia de “Consórcio Candonga” está a Vale, que controla 77,5% da hidrelétrica, em sociedade com a Cemig, que detém 22,5% do negócio.

Passados mais de oito anos desde aquele fatídico 5 de novembro de 2015 – quando se deu o rompimento da barragem de rejeitos do Fundão, a Vale se vê, hoje, dragada por um processo judicial que, na prática, ela mesma moveu, uma vez que está dos dois lados do balcão, como causadora e vítima da tragédia. E, na Justiça, a batalha é pesada.

A Agência Pública teve acesso exclusivo a detalhes do processo judicial e das acusações que o Consórcio Candonga (Vale e Cemig) impõe à Samarco (Vale e BHP), uma disputa que envolve desde a cobrança de multas milionárias até medidas impositivas contra os donos da barragem de rejeitos.

POR QUE ISSO IMPORTA?
Rompimento da barragem do Fundão, em 2015, despejou 56 milhões de metros cúbicos de lama de minério de ferro na região, matou 19 pessoas e atingiu o rio Doce, chegando até o oceano Atlântico
No meio do rio, há uma usina hidrelétrica que também foi atingida e teve suas atividades paralisadas. Tanto a usina quanto a mineradora têm como sócia a Vale, que agora briga consigo mesma
Nos processos judicial e administrativo – pilhas de papéis que correm na Justiça Federal de Minas Gerais e na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) –, os donos da hidrelétrica expõem sua indignação contra a Samarco e acusam a empresa de ser omissa.

“A verdadeira causadora do dano se furta a cumprir com suas obrigações”, dispara a dona da hidrelétrica contra a Samarco, por causa do descumprimento de vários compromissos. “Por diversas vezes, a Samarco demonstrou seu descontentamento com a obrigação que assumiu”, continua.

Os desentendimentos remontam a novembro de 2015, quando a hidrelétrica Risoleta Neves, com suas três turbinas e potência de 140 megawatts, teve sua operação completamente inviabilizada ao ter seu reservatório invadido pela lama que varreu 40 municípios entre Minas e o Espírito Santo, até chegar ao oceano Atlântico. A energia gerada pela usina é capaz de abastecer cerca de 180 mil residências.

Local atingido pelo rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco
Em março de 2016 – há exatamente oito anos –, a Samarco assinou um Termo de Transação e de Ajuste de Conduta (TTAC), assumindo uma série de compromissos, reparações e indenizações às vítimas do desastre. Entre os contemplados estava a usina Risoleta Neves, com a promessa de ver retirado cada metro cúbico de lama que entupia seu reservatório. Nada disso, porém, foi feito e, com a usina paralisada, o plano de recuperação passou a ser alvo de disputa na Justiça.

Em dezembro de 2022, uma decisão judicial determinou que o Consórcio Candonga tinha que religar a usina, visto que continuava recebendo pagamento mensal pela geração de energia que não existia – uma conta salgada que foi bancada por anos pelos consumidores, por meio da conta de luz. A determinação foi atendida e, em maio de 2023, a hidrelétrica voltou a funcionar. Ocorre que a retirada de lama pela Samarco simplesmente não aconteceu como previsto. E a mineradora lavou as mãos.

“Desde a data do rompimento da barragem de Fundão [5 de novembro de 2015], ela [Samarco] só conseguiu retirar cerca de 5% do montante total de rejeitos do reservatório. Ou seja, no reservatório da usina permanecem mais de 9,2 milhões de m³ de rejeitos”, acusa o consórcio da Vale e da Cemig.

Sem meias palavras, as sócias afirmam que há “absoluta falta de compromisso da Samarco com o efetivo retorno operacional e com a continuidade da operação, uma vez que estão fechando os olhos para os impactos que a presença de rejeitos no reservatório causa”.

Em junho de 2023, um relatório técnico elaborado logo após a retomada das operações comprovou que a lama já estava causando estragos nos equipamentos da hidrelétrica, com efeito abrasivo acelerado nos metais e redução da capacidade de carga da usina.

Tentativas para fazer com que a Vale e a BHP cumprissem seus deveres não faltaram. O Consórcio Candonga menciona pelo menos 19 ocasiões, entre junho de 2020 e setembro de 2023 – todas registradas em documentos –, em que buscou formas de fazer a Samarco cumprir a obrigação de retirar a lama. Não teve jeito.

“A Samarco se comprometeu a retirar mais de 9,6 milhões de metros cúbicos de rejeito do reservatório da usina. Até o momento, tirou aproximadamente 500 mil metros cúbicos”, declarou o Consórcio Candonga, em documento de novembro do ano passado. “É patente que o concessionário não mediu esforços para que as condições originais do empreendimento fossem retomadas. Não obstante, em vista da desídia [comportamento negligente] da Samarco, tem-se que, até o momento, isto não foi possível.”

A concessionária formada por Vale e Cemig acentuou as queixas contra a mineradora, que se limitou a retirar o mínimo necessário de sua lama. “A Samarco, enquanto responsável pelo desastre, vem se furtando ao cumprimento de suas obrigações, sustentando a tese de que, com o retorno da operação comercial da usina, a sua obrigação já restaria cumprida. Nada mais errático”, afirma o Consórcio Candonga.

Briga na Justiça
A lama dos sócios foi parar na Justiça e a confusão se intensificou ainda mais. Enquanto donas da barragem de rejeitos, a Vale e a BHP não apenas deixaram de fazer a retirada integral dos rejeitos como buscaram os tribunais para tentar escapar dessa obrigação que elas próprias haviam assumido de fazer a dragagem e desassoreamento integral dos 9,6 milhões de metros cúbicos de lama parados no reservatório da usina.

Logo depois de ser emitida a licença ambiental que autorizava a remoção, a Samarco informou no âmbito judicial que a Fundação Renova, organização criada para reparar os danos da tragédia, apresentou um recurso administrativo para rever a exigência. A partir daquele momento, os planos da Vale e BHP passaram a definir que a remoção de rejeitos só seria feita na “hipótese de ser futuramente constatada, sob o aspecto técnico, a necessidade de adoção de tal medida”.

A postura revoltou os donos da hidrelétrica. “A Samarco tem tratado a continuidade da retirada de rejeitos do reservatório da usina como se fosse uma medida [obrigação] ainda duvidosa, hipotética, não obrigatória, restrita à manutenção do status atual do reservatório”, acusou o Candonga. “Com base unicamente na retomada da operação em um cenário precário e experimental, [a Samarco] busca induzir, de forma açodada, o entendimento de que cumpriu integralmente com sua obrigação.”

Hidrelétrica Risoleta Neves teve sua operação completamente inviabilizada ao ter seu reservatório invadido pela lama do desastre em Mariana

Hidrelétrica Risoleta Neves teve sua operação completamente inviabilizada ao ter seu reservatório invadido pela lama do desastre em Mariana

Hidrelétrica Risoleta Neves teve sua operação completamente inviabilizada ao ter seu reservatório invadido pela lama do desastre em Mariana

Hidrelétrica Risoleta Neves teve sua operação completamente inviabilizada ao ter seu reservatório invadido pela lama do desastre em Mariana

Hidrelétrica Risoleta Neves teve sua operação completamente inviabilizada ao ter seu reservatório invadido pela lama do desastre em Mariana
Ato contínuo, o consórcio da Vale e Cemig acionou a 4ª Vara Federal de Belo Horizonte pela “recalcitrante postura da Samarco”. Na Justiça, o Candonga cobrou providências para a retirada integral dos resíduos e pediu, ainda, que fosse arbitrada uma multa diária de R$ 1 milhão contra a Samarco até que atendesse o cumprimento integral da decisão judicial.

O caso segue em aberto. Em 2022, os donos da hidrelétrica já perderam um primeiro round, quando a Aneel e a Justiça decidiram que o Consórcio Candonga é o responsável imediato pela operação da usina e que deveria não só retomar as operações da hidrelétrica, como também buscar seus direitos diretamente com a Samarco. É Vale contra a Vale.

A hidrelétrica não aceita o argumento e chega a comparar a tragédia de Mariana com a pandemia de covid-19, sob a justificativa de que foi vítima de algo de que não tinha controle. Logo, não poderia ter responsabilidade por isso. 

“O desastre de Mariana, sob o aspecto do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão, deve ser tratado sob a ótica da teoria da imprevisão, tal como se operou com a pandemia provocada pelo novo coronavírus”, afirmou, no processo que tramita na Aneel. “A própria pandemia do covid-19 foi considerada pela Aneel como causa hábil para isentar o concessionário de penalidades por descumprimento contratual.”

A bronca sobrou também para o poder público. “Quem autorizou a Samarco a construir a barragem de Fundão e nela depositar rejeitos foi o poder público, que também sempre foi o responsável pela fiscalização da segurança do barramento”, argumentou o consórcio. “Não há como se imputar a responsabilidade à concessionária, sendo que o próprio poder público autorizou a construção da barragem.”

A Pública questionou cada um dos envolvidos na celeuma jurídica a respeito das informações contidas nesta reportagem. O Consórcio Candonga limitou-se a declarar que “não se manifesta a respeito de assuntos sobre os quais haja ações judiciais em andamento”.

A Aneel não se posicionou até o fechamento desta reportagem. A Samarco se esquivou de detalhar as razões de não cumprir o acordo de retirada integral da lama. Por meio de nota, informou que “está totalmente comprometida com a retomada das operações e com a segurança da usina”.

Da mesma forma como fez na Justiça, disse que tem cumprido sua parte no acordo. “A empresa retirou rejeitos por meio de dragagem para o retorno da usina, realizou reforços na estrutura do barramento, bem como executou as manutenções necessárias para a sua retomada, realizada no primeiro semestre de 2023.”

A Vale, sócia da hidrelétrica e da mineradora, não quis se manifestar. “A Vale não comenta ações judiciais em curso”, declarou.

A participação majoritária da Vale no Consórcio Candonga deve-se ao arranjo societário da empresa. A mineradora é dona de 50% da concessionária, enquanto a empresa Aliança Energia detém os demais 50%. Ocorre que a Vale também detém 55% da Aliança, em parceria com a Cemig, dona de 45%. Na prática, portanto, a fatia real da Vale dentro da hidrelétrica Risoleta Neves chega a 77,5%, com os demais 22,5% da Cemig. No ano passado, houve movimentação de mercado da Vale para comprar a fatia da companhia mineira na Aliança Energia.

Se o cronograma original de retirada da lama for levado adiante, tudo indica que a guerra judicial ainda está longe do fim. A Samarco, conforme plano oficial, admitiu a obrigação de retirada integral dos rejeitos em um prazo de 27 anos. Hoje, o cenário é de incógnita.

Os alertas foram feitos. “Há também o iminente risco da necessidade de interrupção da operação da usina, em vista do acúmulo de rejeitos atingir a tomada d’água da usina”, reclamou a hidrelétrica à agência reguladora. “É viável a continuidade da operação, desde que a Samarco cumpra efetivamente com sua obrigação de remoção dos rejeitos do reservatório da usina.”

Dentro do Consórcio Candonga, a Vale renova sua indignação e aguarda os próximos passos da Justiça. Dentro da Samarco, a Vale silencia. 

Edição: Giovana Girardi

FONTE: A PUBLICA

Nova ação internacional busca levar Vale a julgamento por rompimento da barragem de Mariana

Moradores de Minas Gerais e Espírito Santo atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana em 2015 podem participar de uma nova ação internacional contra a Vale.

Em outubro de 2024, um tribunal inglês julgará a BHP e a Vale por causa do rompimento. A ação foi movida por mais de 600 mil pessoas, incluindo 200 mil de Governador Valadares.

A nova ação, coordenada pela Ações do Rio Doce, visa levar a Vale a julgamento de forma individual. A organização se diz independente do governo brasileiro e representará os interesses dos atingidos pelo desastre.

A justificativa para tal ação se dá após a Justiça inglesa acolher o pedido da BHP de incluir a Vale no processo que será julgado ainda este ano na Inglaterra. A partir disso, se viu a abertura de precedente para criar uma nova ação, entretanto, com foco na Vale.

A iniciativa deste novo processo é da Ações do Rio Doce. A proposta é representar os interesses (coletivos) das partes afetadas pelo impacto do rompimento da barragem ao entrar com uma ação contra a Vale e a Samarco. O Pogust Goodhead, escritório de advocacia inglês que já representa os atingidos na ação contra a BHP, também será responsável por coordenar e aconselhar a Ações do Rio Doce.

“A Ações do Rio Doce convidou o escritório inglês para representar nesta ação que acontecerá contra a Vale, só a Vale. Porque lá [no julgamento da Inglaterra] quem chamou a Vale para compor a lide* foi a BHP. Então a ideia é que a Vale responda sozinha nesse processo”, explicou Adilson Domiciano, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Governador Valadares.

Os interessados em entrar nesta nova ação têm até o dia 1º de março para se inscrever. “Nossa orientação da OAB é que os interessados procurem o seu advogado de confiança para explicar sobre essa possibilidade. Se você não está na ação da Inglaterra você pode ingressar nesta ação que vai acontecer em um tribunal do exterior. A Ações Rio Doce ainda não definiu onde, mas o processo será no exterior, provavelmente em algum país da Europa”, informou Adilson Domiciano.

Julgamento na Inglaterra

O processo na Inglaterra contra a Vale e a BHP por causa do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015 – a maior tragédia socioambiental do Brasil – tem previsão para o início do julgamento em outubro deste ano. De acordo com Adilson Domiciano, a Corte inglesa decidiu em dezembro do ano passado como será o procedimento da audiência. A partir disso, é esperado que a decisão final da Justiça inglesa sobre o processo envolvendo as empresas de mineração aconteça até dezembro de 2024. Serão, ao menos, 14 audiências até o resultado da sentença.

Segundo o presidente da OAB em Valadares, ao todo mais de 600 mil pessoas ingressaram na ação que será julgada pelo tribunal inglês. Destas, aproximadamente 200 mil são de Governador Valadares.

Por que o caso está sendo julgado na Inglaterra?

A ação foi levada à Inglaterra por causa da BHP ser uma empresa anglo-australiana. A lei inglesa permite que réus ingleses sejam julgados em seus tribunais, mesmo em relação a acusações feitas no exterior. Em 2022, a corte inglesa confirmou que o caso poderia ser julgado na Inglaterra, e a BHP pediu para que a Vale também fosse incluída no processo.
As duas empresas eram as controladoras da Samarco, responsável pela operação da barragem de Mariana. O julgamento na Inglaterra está previsto para começar em outubro de 2024 e a decisão final deve sair até dezembro.

Rompimento da barragem

O rompimento da barragem do Fundão em 5 de novembro de 2015 causou a morte de 19 pessoas e é considerado a maior tragédia ambiental da história do Brasil. O Rio Doce foi contaminado por lama tóxica, afetando 230 cidades em Minas Gerais e Espírito Santo.

*É o termo jurídico que se refere ao motivo da existência do processo, a razão pela qual a parte autora decide acionar o Judiciário

FONTE DRD

Reparação Brumadinho: sete projetos para fortalecer saúde e infraestrutura são iniciados na região atingida

Nas iniciativas estão previstas a entrega de máquinas e veículos, elaboração de projetos para obras em comunidade e melhorias de vias

Governo de Minas, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública de Minas Gerais autorizaram o início de sete projetos para o fortalecimento do serviço público em sete municípios atingidos pelo rompimento das barragens da Vale, ocorrido em Brumadinho. As iniciativas envolvem entregas nas áreas da saúde, infraestrutura e mobilidade.

Estão previstas entregas de máquinas e veículos, elaboração de projeto para implementação de estrutura sanitária, melhorias de vias e acessos. Os projetos englobam cada um deles um município específico: Caetanópolis, Esmeraldas, Mário Campos, Paineiras, Pequi, Pompéu e Três Marias.

Estas sete iniciativas correspondem a um investimento de aproximadamente R$ 114 milhões. Os recursos são referentes ao Anexo I.3 do Acordo de Reparação, que destinou R$ 2,5 bilhões para a execução de projetos de fortalecimento do serviço público definidos após a Consulta Popular em 25 municípios atingidos da Bacia do Paraopeba. Até o momento, o Anexo I.3 conta com 97 projetos em execução, quatro foram concluídos.

Os projetos de fortalecimento do serviço público destinados a Brumadinho contemplam o Anexo I.4 e contam com R$ 1,5 bilhão para investimentos. Dentro desta parte do Acordo, no município, são 20 iniciativas em execução e duas concluídas.

O rompimento em Brumadinho tirou a vida de 272 pessoas e gerou uma série de danos sociais, econômicos e ambientais.  

Conheça os novos projetos iniciados 

  • Caetanópolis  

Projeto: construção de módulos sanitários com sistema de tratamento e destinação final do esgoto para atendimento à comunidade do Shopping da Minhoca.

Objetivo: apresentar um projeto de engenharia para avaliação dos compromitentes para a construção de três banheiros públicos na Comunidade Shopping da Minhoca e encaminhar licenciamentos. Assim que esse projeto for finalizado e avaliado, é autorizada a realização da obra em questão, que pretende melhorar a infraestrutura de saneamento básico e acesso à rede de esgoto.

A previsão é que cada módulo vai contar com área total construída de 21,77 m², com instalações sanitárias masculinas e femininas e adaptadas para pessoas com deficiência, vestiários e sistema de tratamento e destinação final de esgoto, em terreno que tem área total de aproximadamente 6.600 m².  

Execução: Vale

Valor: R$ 807.745,58  

Prazo estimado: 1 ano e 11 meses

  • Esmeraldas

Projeto: recapeamento de pavimentação asfáltica de bairros e calçamento de vias locais

Objetivo: recapear vias em pavimento asfáltico e sobre pavimento poliédrico em áreas urbanas e rurais do município de Esmeraldas (MG), totalizando 59,17 quilômetros de vias.

Execução: Prefeitura municipal

Valor: R$ 53.825.726,07

Prazo estimado:  1 ano e 7 meses

  • Mário Campos

Projeto: melhoria das vias públicas urbanas e rurais e estradas de acesso às comunidades, e restauração de bairros urbanos e rurais e seus entornos

Objetivo: realizar atividades para a melhoria de vias ou estradas públicas urbanas e rurais no município de Mário Campos. Contempla limpeza, recapeamento e pavimentação de vias, totalizando uma extensão aproximada de 20,45 quilômetros, além da reforma de três praças e da implantação de duas rotatórias e de uma interseção (acesso secundário). A iniciativa também contempla a implantação/revitalização de dispositivos de drenagem e a sinalização horizontal e vertical.

Execução: Prefeitura municipal

Valor*: R$ 33.665.896,68

Prazo estimado*: 2 anos e 10 meses

*Conforme previsão realizada pela Fundação Getúlio Vargas com base nas práticas de mercado.

  • Paineiras

Projeto:  compra de frota de maquinário pesado

Objetivo: compra e entrega de equipamentos para melhoria das atividades do município de Paineiras, visando melhoria da mobilidade e da segurança para os moradores do município e seus visitantes. Estão previstas as entrega de oito equipamentos, sendo: varredeira com caçamba de detritos, rolo compactador pé de carneiro vibratório, caminhão truck basculante, caminhão toco brook, caminhão toco basculante, caminhão 3×4, retroescavadeira e caminhão toco basculante 4×2.

Execução: Prefeitura municipal

Valor: R$   6.321.329,37

Prazo estimado:  1 ano e 5 meses  

  • Pequi  

Projeto: drenagem e pavimentação do bairro Chácara Vale Verde

Objetivo: realizar intervenções em vias urbanas do município, no bairro Chácara Vale Verde, incluindo a implantação de drenagem profunda, drenagem superficial e pavimentação asfáltica.  

Execução: Prefeitura Municipal

Valor: R$ 15.080.090,88

Prazo estimado: 1 ano e 7 meses  

  • Pompéu

Projeto: compra de equipamentos para recuperação de estradas vicinais para o município de Pompéu

Objetivo: aquisição e entrega de uma escavadeira hidráulica, uma motoniveladora e uma carregadeira para o município. Os equipamentos vão fortalecer a capacidade de a Prefeitura realizar a visando a recuperação de estradas vicinais.  

Execução: Vale

Valor: R$ 3.278.363,31

Prazo estimado: 1 ano e 4 meses

  • Três Marias

Projeto: aquisição de veículos para fortalecimento à saúde  

Objetivo:  o projeto visa melhorar o acesso da população aos serviços de saúde. Estão previstas a entrega de uma ambulância tipo UTI e de um micro-ônibus, para transporte de pacientes de urgência, bem como, transporte sanitário para tratamento fora do domicílio.

Execução: Vale

Valor: R$ 1.338.750,00

Prazo estimado:  1 ano e 2 meses   

FONTE AGÊNCIA MINAS

Buracos na MG 383 se transformam em martírio e risco de tragédias anunciadas

Dois buracos, que anualmente surgem no mesmo local, perturbam a vida dos motoristas na MG 383, em Entre Rios de Minas, perto da entrada da Fazenda Rima, local onde próximo ocorreu um acidente que vitimou 3 jovens há menos de 15 dias. Ainda ontem (18), a noite nossa reportagem recebeu imagens que 5 carros tiveram seus pneus furados ao passar por uma das crateras.

Além do medo, muitos arriscam desviar dos buracos e invadir a pista contrária, aumentando o risco de acidentes e tragédias anunciadas. Alô Zema, olhem pelas estradas de nossa região!

Mariana: Justiça inglesa mantém julgamento em outubro de 2024 e amplia duração em 3 semanas

Ação na Inglaterra é movida por cerca de 700 mil atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, que pedem indenização de aproximadamente R$ 230 bilhões.

A Justiça inglesa negou o pedido de Vale e BHP e manteve em 7 de outubro de 2024 o início do julgamento da ação contra as mineradoras pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.

Segundo o escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os autores do processo, as empresas tinham solicitado o adiamento da data.

A juíza do caso, Finola O’Farrell, concordou com a ampliação do julgamento em três semanas – agora, serão 14, no total, e a conclusão está prevista para 2025.

Ainda de acordo com o escritório, a magistrada requisitou a apresentação de documentos relativos à participação da BHP no Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado em 2016, que levou à criação da Fundação Renova, responsável pela reparação dos danos.

Além disso, cobrou da mineradora a revisão e a divulgação de mais de 2,3 milhões de documentos até 29 de fevereiro.

g1 entrou em contato com Vale e BHP e aguarda retorno.

Entenda

A ação na Inglaterra é movida por cerca de 700 mil atingidos pelo rompimento da barragem, incluindo moradores, municípios, empresas e instituições religiosas, que pedem indenização de aproximadamente R$ 230 bilhões.

O processo foi movido inicialmente apenas contra a BHP. No entanto, em agosto do ano passado, a Vale foi incluída na ação, após a anglo-australiana reivindicar que, em caso de condenação, a mineradora brasileira contribua com no mínimo 50% do valor a ser pago às vítimas.

As duas empresas são controladoras da Samarco, responsável pela barragem de Fundão, que rompeu em novembro de 2015. A tragédia causou 19 mortes, destruiu comunidades e contaminou o Rio Doce.

FONTE G1

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