Por que vacinados ainda podem pegar covid (e não é falha do imunizante)

O cantor Caetano Veloso, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, a apresentadora Maísa, o ator Marcelo Serrado, o influenciador Casimiro Miguel… Várias personalidades divulgaram que receberam um diagnóstico positivo para covid-19 nos últimos dias.

A maioria absoluta já estava vacinada com duas ou três doses da vacina e alguns estão infectados pela segunda vez.

Os anúncios serviram de combustível para a criação (ou a reciclagem) de notícias falsas, que acusam os imunizantes de não funcionarem como o esperado.

As notícias também levantaram algumas dúvidas na cabeça das pessoas: se as vacinas são efetivas, como é que tanta gente pegou covid?

Antes de mais nada, é preciso esclarecer que os dados oficiais e os estudos científicos são bem claros e oferecem respostas para esse e outros questionamentos. Mesmo com o avanço da variante ômicron, os imunizantes contra a covid-19 continuam a funcionar para aquilo que eles foram desenvolvidos: a prevenção de casos mais graves da doença, que causam hospitalização e morte.

Entenda a seguir como cientistas, médicos e instituições de saúde seguem confiando no poderio das vacinas testadas e aprovadas em várias partes do mundo — e como elas estão ajudando a conter a pandemia.

A falsa controvérsia ganha terreno

Diante das notícias das celebridades infectadas e dos recordes diários de novos casos de covid-19 em países como Estados Unidos, França e Reino Unido, a efetividade das vacinas voltou a virar motivo de discussão nas redes sociais.

No Brasil, uma das postagens que geraram mais polêmica foi um tuíte da advogada Janaina Paschoal, deputada estadual em São Paulo pelo Partido Social Liberal (PSL).

Ela escreveu: “Vivemos um momento tão intrigante, que pessoas vacinadas, com todas as doses, pegam covid-19 e recomendam a vacinação. Parece piada. Ninguém acha, no mínimo, curioso?”

Até o fechamento desta reportagem, a publicação já contava com mais de 14 mil curtidas e 6 mil compartilhamentos.

Janaína Paschoal
Legenda da foto,A deputada Janaina Paschoal disse que já incentivou a vacinação em vários momentos

A BBC News Brasil entrou em contato com a deputada Janaina Paschoal, que enviou uma nota de esclarecimentos a respeito da polêmica após a postagem no Twitter:

“Nunca neguei a doença, sempre estimulei comportamentos responsáveis e, em vários momentos, incentivei a vacinação. Não obstante, penso que a dinâmica preponderante no Brasil não é saudável”, escreve.

A deputada acredita que “existe uma vedação em se debater a eficácia e os efeitos adversos das vacinas”.

“Querem impor a vacinação, mediante a vedação de direitos básicos, como saúde, educação e trabalho, como se os vacinados não pegassem ou não transmitissem a covid. Não sou contrária à vacinação. Sou contrária à imposição e à obstrução do debate”, finalizou.

Sobre os eventos adversos das vacinas mencionados por Paschoal, as agências regulatórias e diversas entidades científicas nacionais e internacionais são unânimes em afirmar que as doses contra a covid são seguras para pessoas com mais de 5 anos.

Até o momento, os principais efeitos colaterais observados são leves e passam naturalmente após alguns dias. Entre os principais incômodos listados, destacam-se: dor e vermelhidão no local da picada, febre, dor de cabeça, cansaço, dor muscular, calafrios e náuseas.

Os eventos mais graves, como anafilaxia, trombose, pericardite e miocardite (inflamações no coração), são consideradas raros pelas autoridades — e os benefícios de tomar as doses superam, de longe, os riscos observados, asseguram as agências.

Já a respeito da discussão sobre a eficácia e o fato de indivíduos vacinados pegarem e transmitirem o coronavírus, o pediatra e infectologista Renato Kfouri esclarece que a primeira leva de vacinas contra a covid-19, da qual fazem parte CoronaVac e os produtos desenvolvidos por Pfizer, AstraZeneca, Janssen, entre outras, tem como objetivo principal reduzir o risco desenvolver as formas mais graves da doença, que estão relacionados a hospitalizações e mortes.

“As vacinas protegem muito melhor contra as formas mais graves do que contra as formas moderadas, leves ou assintomáticas da covid. Quanto mais grave o desfecho, maior a eficácia delas”, resume Renato Kfouri, que é diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A meta principal desses imunizantes, portanto, nunca foi barrar a infecção em si, mas tornar essa invasão do coronavírus menos danosa ao organismo.

Esse mesmo racional se aplica à vacina contra a gripe, disponível há décadas. A dose, oferecida todos os anos, não previne necessariamente a infecção pelo vírus influenza, mas evita as complicações frequentes nos grupos mais vulneráveis, como crianças, gestantes e idosos.

Analisando o cenário mais amplo, essa proteção contra as formas mais severas têm um impacto direto em todo o sistema de saúde: diminuir a gravidade das infecções respiratórias é sinônimo de prontos-socorros menos lotados, maior disponibilidade de leitos de enfermaria ou UTI e, claro, mais tempo para a equipe de saúde tratar os pacientes de forma adequada.

E os dados mostram que as vacinas estão cumprindo muito bem esse papel: de acordo com o Fundo Commonwealth, a aplicação das doses contra o coronavírus evitou, até novembro de 2021, um total de 1,1 milhão de mortes e 10,3 milhões de hospitalizações só nos Estados Unidos.

Já o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Europa (ECDC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) calculam que 470 mil indivíduos com mais de 60 anos tiveram as vidas salvas em 33 países do continente desde que a vacinação contra a covid começou por lá.

O que explica a situação atual?

Mesmo diante das informações sobre o papel principal dos imunizantes, é inegável que a frequência de reinfecções ou de diagnósticos positivos entre vacinados aumentou nos últimos tempos. E isso pode ser explicado por três fatores.

O primeiro deles é simples: acabamos de sair do período de Natal e Réveillon, em que as pessoas se aglomeram e fazem festas. Isso, por si só, já aumenta o risco de transmissão do coronavírus.

Segundo, passado praticamente um ano desde que as doses começaram a ficar disponíveis em algumas partes do mundo (inclusive no Brasil), os especialistas aprenderam que a imunidade contra a covid pós-vacinação não dura para sempre.

“Com o passar do tempo, vimos que o nível de proteção cai. Essa queda vai ser maior ou menor dependendo do tipo de vacina e da idade de cada indivíduo”, explica Kfouri.

“Isso deixou evidente a necessidade da aplicação de uma terceira dose, primeiro para os idosos e imunossuprimidos, depois para toda a população adulta”, complementa o médico.

Profissional de saúde cuida de paciente intubada
Legenda da foto,Vacinas protegem (e continuam a proteger) contra as formas mais graves de covid, relacionadas à hospitalização e morte

O terceiro fator tem a ver com a chegada da variante ômicron, que é mais transmissível e tem capacidade de “driblar” a imunidade obtida com as vacinas ou com um quadro prévio de covid.

“Diante disso, a infecção em indivíduos vacinados deve ser vista como algo absolutamente comum e vamos precisar aprender a conviver com essa situação”, acredita Kfouri.

“Felizmente, esse aumento recente de casos de covid tem se traduzido numa menor taxa de hospitalização e mortes, especialmente entre indivíduos que já foram vacinados”, observa o diretor da SBIm.

“Ou seja: a vacina continua protegendo contra as formas mais graves, como esperado”, conclui.

Os gráficos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostram claramente esse efeito das vacinas na prática.

Como você confere abaixo, a taxa de hospitalizações por covid-19 entre os não vacinados (linha azul) é muito superior quando comparada aos indivíduos que haviam recebido suas doses (linha verde) até novembro.

Gráfico da taxa de hospitalizações por covid nos EUA entre vacinados e não vacinados

Ainda de acordo com o CDC, algo parecido acontece com o risco de infecção e de morte pelo coronavírus.

Até outubro, indivíduos não vacinados (linha preta) tinham um risco 10 vezes maior de testar positivo e um risco 20 vezes superior de morrer por covid na comparação com quem já havia recebido a dose de reforço (linha azul escuro).

Gráfico da taxa de casos de covid nos EUA entre vacinados e não vacinados

Mas o que aconteceu mais recentemente, a partir de dezembro, com a chegada da variante ômicron? Mais atualizados, os gráficos do sistema de saúde de Nova York, também nos EUA, mostram uma diferença gritante.

A partir do início de dezembro, a curva de casos, hospitalizações e mortes na cidade sobe vertiginosamente entre os não vacinados (linha roxa), e se mantém estável, ou com um ligeiro aumento, entre quem tomou as doses (linha laranja), como você pode conferir nas três imagens a seguir:

Gráfico da taxa de casos de covid em Nova York entre vacinados (linha laranja) e não vacinados (linha roxa)
Legenda da foto,Gráfico da taxa de casos de covid em Nova York entre vacinados (linha laranja) e não vacinados (linha roxa)
Gráfico da taxa de hospitalizações por covid em Nova York entre vacinados (linha laranja) e não vacinados (linha roxa)
Legenda da foto,Gráfico da taxa de hospitalizações por covid em Nova York entre vacinados (linha laranja) e não vacinados (linha roxa)
Gráfico da taxa de mortes por covid em Nova York entre vacinados (linha laranja) e não vacinados (linha roxa)
Legenda da foto,Gráfico da taxa de mortes por covid em Nova York entre vacinados (linha laranja) e não vacinados (linha roxa)

Num relatório recente, a Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido chegou a uma conclusão parecida.

Uma das análises incluída no artigo foi feita na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, e mostra que, caso o indivíduo seja infectado com a ômicron, o risco de hospitalização é 81% menor se ele tiver tomado as três doses do imunizante.

Já uma segunda pesquisa, feita pela própria agência, demonstra que as três aplicações de vacinas têm uma efetividade de 88%, embora ainda não se saiba quanto tempo dura essa proteção e se haverá necessidade de reforços nos próximos meses.

Infelizmente, não existem dados semelhantes sobre a realidade brasileira — os ataques aos sistemas de informática do Ministério da Saúde no início de dezembro ainda não foram 100% resolvidos e impossibilitam o acesso aos números de hospitalizações e mortes por infecções respiratórias das últimas semanas.

Para Kfouri, todas essas evidências só reforçam a importância da vacinação num contexto de circulação da ômicron e aumento de casos.

“É absolutamente errado pensar que não adianta tomar as doses porque todos vão ficar doentes mesmo assim. A vacina consegue transformar a covid numa enfermidade mais simples, que pode ser tratada em casa na maioria das vezes”, afirma.

“Só vamos sair da pandemia com uma alta cobertura vacinal da população, incluindo as crianças, e o respeito aos cuidados básicos, como o uso de máscaras, a prevenção de aglomerações e a lavagem das mãos”, completa o especialista.

FONTE BBC NEWS

Ômicron está se espalhando e infectando vacinados, diz OMS

GENEBRA (Reuters) – A variante Ômicron do coronavírus está se espalhando mais rápido do que a variante Delta e causando infecções em pessoas já vacinadas ou que se recuperaram da Covid-19, disse o chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta segunda-feira.

“Agora há evidências consistentes de que a Ômicron está se espalhando significativamente mais rápido do que a variante Delta”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa para jornalistas em Genebra, realizada em sua nova sede.

A cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, disse que a variante está evitando com sucesso certas respostas imunológicas, o que significa que as campanhas de reforço que estão sendo lançadas em muitos países devem ser direcionadas a pessoas com sistemas imunológicos mais fracos.

A Ômicron parece ser melhor em evitar anticorpos gerados por algumas vacinas contra Covid-19, mas existem outras formas de imunidade que podem prevenir infecções e doenças, disseram autoridades da OMS.

“Não acreditamos que todas as vacinas se tornarão completamente ineficazes”, disse Swaminathan.

O especialista da OMS, Abdi Mahamud, acrescentou: “Embora estejamos vendo uma redução nos anticorpos de neutralização, quase todos os dados mostram que as células T permanecem intactas, isso é o que realmente precisamos”.

Embora a defesa por anticorpos de alguns esquemas vacinais tenha sido prejudicada, há esperança de que as células T, o segundo pilar de uma resposta imune, possam prevenir casos graves da doença, atacando células humanas infectadas.

Swaminathan, referindo-se a um tratamento para pessoas com a doença, disse: “Claro que há um desafio, muitos dos monoclonais não funcionam com a Ômicron.” Ela não deu detalhes.

Mas a equipe da OMS também ofereceu alguma esperança de que 2022 será o ano em que a pandemia, que já matou mais de 5,6 milhões de pessoas em todo o mundo, terminará.

“(Nós) esperamos transformar esta doença em uma doença relativamente leve que é facilmente prevenida, que é facilmente tratada… e capaz de lidar facilmente com esta doença no futuro”, disse Mike Ryan, o principal especialista em emergências da OMS durante o briefing.

“Se pudermos manter a transmissão do vírus ao (patamar) mínimo, poderemos acabar com a pandemia.”

No entanto, Tedros também disse que a China, região onde o coronavírus SARS-CoV-2 foi detectado pela primeira vez no final de 2019, tem de fornecer dados e informações relacionadas a sua origem para ajudar na resposta à doença no futuro.

“Precisamos continuar até sabermos as origens, precisamos nos esforçar mais porque devemos aprender com o que aconteceu desta vez para (fazer) melhor no futuro”, disse Tedros.

FONTE ISTO É

NOVO auxílio de R$100 apenas para quem se vacinar contra a Covid-19

De acordo com informações do Governo do estado do Pará, apenas as pessoas que se vacinaram é que poderão pegar o auxílio

O Governo anunciou que vai pagar mais uma parcela para os cidadãos. Para quem não sabe, esse é o auxílio estadual que está atendendo cerca de 1 milhão de pessoas. O programa vai fazer um pagamento extra de R$ 100 neste mês de dezembro.

De acordo com ele, desta vez as regras para o recebimento serão diferentes. Ele disse que para pegar o dinheiro do programa, os usuários precisam estar recebendo o Auxílio Brasil do Governo Federal. Além disso, o cidadão também vai ter que comprovar que recebeu o esquema vacinal completo contra a Covid-19.

Isso varia de acordo com a vacina em questão. Quem tomou a Pfizer, por exemplo, vai precisar comprovar que tomou as duas doses do imunizante. Quem tomou a Jansen vai ter que comprovar que tomou a dose única. Não há previsão de exigência neste primeiro momento de uma vacina de reforço, visto que ela não está disponível para todo mundo ainda.

“Dessa vez, nós estamos fazendo o Renda Pará Vacinado. Ira receber o recurso todos os usuários do Bolsa Família eu estejam vacinados, em dia com sua vacina. Aqueles que não estiverem, não serão contemplados com esse benefício. Por isso, estamos prestigiando quem se vacinou”, disse ele.

Em entrevista recente, o Governador do Pará demonstrou preocupação com a situação da vacinação no estado. De acordo com ele, quase 400 mil doses de imunizantes estão para vencer e boa parte da população não está indo procurar por essas vacinas. Há um temor de que a situação passe a piorar por lá.

Chegada da variante

A decisão do Governo do estado do Pará é polêmica. Nas redes sociais, muita gente se dividiu entre apoiar e criticar essa ideia. Internautas ainda discutem se essa seria uma decisão correta neste momento.

“É um absurdo. Parabéns para quem votou neste homem. Quem não quiser tomar a vacina, vai ter que passar fome no estado do Pará. Isso não pode ser normal”, disse um usuário em seu perfil oficial do Twitter.

“Quem sabe agora mais gente não passa a procurar a vacina. A chegada de uma variante costuma começar a atingir primeiro os estados do Norte. Correta a decisão do Governador”, disse outra internauta na mesma rede social.

Auxílio Brasil não exige

E o Auxílio Brasil do Governo Federal? Pelo que se tem até aqui, o Palácio do Planalto não vai exigir nenhum tipo de comprovante de vacinação para as pessoas que estão recebendo o dinheiro do novo benefício.

Desde o início do processo de vacinação, o Governo do Presidente Jair Bolsonaro tem se negado a exigir a vacinação dos brasileiros. Neste momento, aliás, quem não vacinar os seus filhos não vai perder o direito de receber o programa.

A decisão também é polêmica e costuma causar muita discussão entre os cidadãos brasileiros. E pelo que parece até aqui, essa batalha de visões deverá seguir por muito mais tempo. Agora é esperar para ver o que vai acontecer nas próximas semanas.

FONTE NOTICIAS CONCURSOS

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