Vereadores ameaçam CPI, relatam drama de funcionários e cobram solução para o transporte público

A Vereadora Damires Rinarlly (PV) expôs áudio em sessão em que funcionária Viação Presidente chora e pede ajuda a sua família; sindicato pede bloqueio de bens de donos da empresa para garantir débitos trabalhistas

“Estamos no fundo, do fundo, do fundo do poço.”  A expressão foi o desabafo contundente do Vereador André Menezes (PL) ao opinar sobre o caos no transporte público de Lafaiete que se arrasta há várias administrações e seus desdobramentos na solução do imbróglio social, econômico e jurídico.

A sessão desta manhã (25) foi marcada pela emoção e o relato da visita em que vereadores Vado Silva (DC), João Paulo (DEM) e Erivelton Jaime (Patriotas) fizeram a garagem da Viação Presidente. Eles ouviram o drama dos funcionários que estão há 3 meses com salários atrasados e contas vencidas e alguns vivendo de vaquinha de amigos para sustentar suas famílias

Em um requerimento, Vado Silva pediu ação da Secretaria Municipal de Assistência Social no auxílio aos funcionários através de mobilização e atenção, seja psicológica ou alimentícia. “A situação é de desespero e de total covardia com os funcionários que estão desamparados. Não há qualquer apoio da secretaria de assistência social. Eles mendigam salários e fazem vaquinha para fazer o almoço. Vemos que a situação está sem rumo. Eles precisam de solidariedade. Eu sei o que é passar fome”, comentou, já engasgando a fala em tom emocionado.

“Precisamos cobrar uma solução e os culpados por esta situação não acham uma solução. Eles deveriam ser responsabilizados”, completou assinalando que os funcionários estão sendo orientados a pedir conta para receber o seguro desemprego. “Ao ponto que chegamos”.

Paralisação no transporte público segue pelo 3º dia e sem solução a vista/CORREIO DE MINAS

Erivelton Martins classificou a situação como desumana. “É de emocionar o que os funcionários estão passando. São pessoas chorando e clamando por ajuda e por dificuldades financeiras.”.

“É digno de dó e pior, esse tal administrador, vem iludindo os funcionários com falsas promessas. Vendam os ônibus, essas corroças, e paguem os funcionários. Isso não é favor. Onde está a Justiça do Trabalho? Esse cara está brincando com famílias e com vidas”, salientou.

Professor Eustáquio (PV) comentou que a situação é inadmissível. “Só quem passou fome sabe essa dor”.

Já o Pastor Angelino tocou no tema de segurança jurídica e social quando o Município deveria ter antecipada a solução do problema, já sabendo do caos do transporte público e revolta geral da população pelo serviço prestado. “Algo já deveria ter sido feito. Há mais de 30 dias eu cobrei uma posição sobre esse assunto. O povo não precisaria estar passando por este constrangimento e esse sofrimento. Temos que cobrar uma solução com mais intensidade. Temos que encontrar um norte e a situação chegou ao extremo”, comentou.

Responsabilidade

A Vereadora Damires (PV) cobrou, que diante da Lei Orgânica Municipal, por quais motivos a prefeitura não acompanhou ou averiguou a situação trabalhista dos funcionários. “O Município tem a responsabilidade de averiguar a regularidade do cumprimento da legislação como recolhimento de FGTS e contribuições previdenciárias”, assinalou.

Durante a sessão, Damires pediu permissão e expôs um áudio de seu celular quando uma funcionária da Presidente fez um desabafo do desespero por que passam centenas de famílias. “O desespero está batendo. Nos ajudem. Não sabemos o que fazer ou a quem recorrer”, relatou aos prantos a funcionária. (ouça áudio abaixo)

“E vem mais bomba aí. Temos que responsabilizar os culpados por esta situação e que eles assumam a solução do problema”, atacou Vado.

Vans e CPI

O Vereador Sandro José (PROS) solicitou que fosse enviado ao Prefeito documentos em que demonstrasse a preocupação em resguardar os empregados e pediu apuração dos fatos. “Mais uma vez mostramos que não houve fiscalização e o município deveria ter solicitado judicialmente um interventor para resguardar o transporte público da cidade, os direitos dos trabalhadores e o boqueio do patrimônio da empresa para garantir o pagamento aos empregados”, assinalou.

Vereadores consideram complexa a contratação de vans para atuarem no transporte/DIVULGAÇÃO

O Vereador André Menezes (PL) considerou que não se pode criar uma falsa expectativa em torno da complexidade da contratação de vans no transporte público. “Temos uma cidade com 130 mil habitantes, mais de 100 bairros e isso vai ser uma loucura. Como vai ser organizado esse transporte de van? Sou a favor deles atuarem no setor, mas como vai ser fiscalizado diante da pandemia? Como ficarão a gratuidade dos idosos, as rotas e os vales transportes?”, questionou. O Vereador Oswaldo Barbosa (PV) também demonstrou preocupação sobre o tema.

“Já fui motorista de ônibus e sei como é o sacrifício da profissão. Estes trabalhadores estão mendigando seus salários. É um absurdo e covardia”, opinou o Vereador Renato Pelé.

O vereador Giuseppe Laporte (MDB) propôs a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar crime de responsabilidade. “Acho que as conversas se encerraram. Acredito que a Justiça deve bloquear as contas da empresa e confiscar os ônibus para pagar os funcionários. Essa situação passou do limite e precisamos responsabilizar os culpados”.

Há um clima de insatisfação em torno da solução do transporte público em Lafaiete/ARQUIVO

“Nós pedimos em janeiro que a prefeitura, diante da possibilidade da nossa cidade ficar sem transporte público, providenciasse um estudo de viabilidade de contratação das vans. Isso foi bem antes do fim da concessão”, lembrou Damires.

“Em abril do ano passado, já alertávamos sobre o caos e pedimos ao executivo um estudo sobre as vans atuarem no transporte. Até o momento, o requerimento no foi respondido”, finalizou Sandro.

Há um clima de insatisfação geral na Câmara em torno da omissão do Executivo na gestão do transporte público e seus impactos negativos na população.

O Vereador André Menezes lançou dúvida de que em um ano a prefeitura consiga realizar a licitação para a contratação de nova empresa. “Nem sabemos que é o dono da empresa”, salientou Pé Quente.

Bloqueio

Nossa reportagem conversou agora há pouco com o Advogado do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Conselheiro Lafaiete, Antônio Braga, que informou que que a Justiça do do Trabalho, há mais de 2 meses, impediu a venda de os ônibus da Viação Presidente.

Agora o sindicato entrou com ação pedindo o bloqueio de bens dos donos da Presidente.

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