19 de abril de 2024 18:45

Viola de Minas é reconhecida como bem cultural imaterial

Lafaietenses e membros das famílias Salgado e Meireles, representantes das “Violas de Queluz” estiveram presentes na cerimônia realizada em BH

Cerimônia contou com presença de autoridades, culturalista e violeiros/Divulgação

O Conselho Estadual do Patrimônio Cultural – Conep aprovou em reunião no dia 14 (quinta-feira) o Registro dos Saberes, Linguagens e Expressões Musicais da Viola em Minas Gerais como patrimônio cultural imaterial. A solenidade aconteceu no Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade (BH). O secretário de Cultura Angelo Oswaldo, enfatizou o trabalho das equipes do Iepha-MG pela contribuição para o reconhecimento e salvaguarda do patrimônio imaterial mineiro. “É empolgante o número de músicos e luthiers envolvidos, cada qual revelando detalhes distintos de um verdadeiro universo de criatividade”, disse. O lançamento deste projeto teve início na cidade de Santana dos Montes e contou com seminários realizados em 2017, em Belo Horizonte, com a participação de vários violeiros, violeiras e luthiers.

Em Minas Gerais, a viola está presente em expressões artísticas como Congado, Folia, Catira, Roda de Viola, Dança de São Gonçalo e o Batuque. Desse modo, o registro passa a integrar o conjunto dos bens culturais reconhecidos como patrimônio imaterial do Estado como o Modo de Fazer o Queijo Artesanal da Região do Serro (2002), Comunidade dos Arturos, de Contagem (2013), Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte (2014) e as Folias de Minas (2017).

 Violas de Queluz

Comitiva lafaietense no Memorial Minas Gerais Vale/Divulgação

Berço das famosas “Violas de Queluz”, a cidade de Conselheiro Lafaiete esteve significativamente representada no evento pelos descendentes das famílias Salgado (Valter Braga de Souza, Leninha Salgado e Jorge) e Meirelles (Alcione Meirelles, Gracia Meirelles, Maria do Carmo, Reinaldo Meirelles e o luthier José Robert), herdeiros da tradição das violas na cidade. No século XIX a viola encantou o Imperador Dom Pedro II, quando de sua passagem por Queluz de Minas, fato narrado em seu diário. O violeiro Rogério de Castro e seus alunos da Escola de Violas, a educadora e escritora Mariângela de Lourdes Silva, Luiz Otávio da Silva, Sônia Maria Cardoso e Claudionor Cerqueira Neto, representaram a Secretaria de Cultura de Lafaiete. Os poetas Osmir Camilo Gomes e Wagner Vieira (Grupo Lesma) e o poeta e compositor Adílson Rodrigues Pereira, de Queluzito completaram as presenças. O evento trouxe ainda comitivas de todo Estado e a cidade de Conselheiro Lafaiete foi saudada pelo secretário Angelo Oswaldo e pela presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, pela sua importância estratégica nesta caminhada.

 História

Osmir Camilo e Reinaldo Meireles com o secretário Angelo Oswaldo/Divulgação

A viola, que chegou ao Brasil no período da colonização, foi tão bem acolhida em Minas que ganhou nomes, formatos, técnicas de fabricação e maneiras de tocar diversas e personalizadas. O pesquisador Carlos Felipe Horta, estudioso da trajetória da viola no país, relata que, com o tempo, ela foi ganhando adeptos em todos os cantos do Estado e, por isso, acabou se transformando em um objeto tão representativo. “Temos a caipira, a nordestina, a viola de cocho, de taquara e muitas outras. Mesmo quando o violão ganhou preponderância, a viola continuou sendo um instrumento ideal para acompanhar o canto e se fazer serenatas, por exemplo”, observou.

Com a popularidade em alta, o instrumento ultrapassou as camadas populares chegando a instância do erudito. A forte presença da viola nas tradições mineiras levou o Iepha-MG a elaborar um amplo e profundo dossiê que foi apresentado ao Conep. Assim, o instrumento entrou para o mesmo hall do Congado, da Folia, Catira, a Roda de Viola, a Dança de São Gonçalo e o Batuque, de modo que este registro passa a integrar o conjunto dos bens culturais reconhecidos como patrimônio de natureza imaterial do Estado junto ao Modo de Fazer o Queijo Artesanal da Região do Serro (2002), Comunidade dos Arturos, de Contagem (2013), Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte (2014) e as Folias de Minas (2017).

Para a presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo está é “uma tradição viva”. “Com a proteção e salvagarda da viola e dos violeiros vai se tornar mais fácil a implementação de novas políticas públicas dirigidas a esta tradição. Parabéns a toda equipe do Iepha-MG que se empenhou valorosamente nesta jornada de resgate cultural”, destacou agradecida.

 Celebração

 Para coroar esta importante conquista, um show foi montado na praça Carlos Drummond de Andrade com os principais nomes da viola em Minas Gerais como Chico Lobo, Pereira da Viola, Wilson Dias e Letícia Leal. Participaram ainda vários músicos, os alunos da “Oficina de Violas de Betim” com destaque mais que especial para o artista e violeiro betinense Seu Honorino, que deu um show de viola, causos e da folclórica Catira. Uma festa sem tamanho e muito luminosa.

 Informações: www.iepha.mg.gov.br

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