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Garimpando-Mais uma rua de alma encantadora – 3

GARIMPANDO

NO ARQUIVO NO “JAIR NORONHA”

                                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                                               [email protected]

 

Deixa que eu vá contigo pela estrada

Nesta manhã serena, entretecida

De verdes polvilhados de alvorada

 

Estive pensando sobre a Rua Coronel João Gomes antes de escrever este artigo e fiquei maravilhada com a alma que nela enxerguei hoje, pensando no que já tinha visto outro dia e no que visualizei para mais adiante. São tantos poetas bons, como vocês vão ver , em um trecho tão  pequeno da cidade, uma extensão de pouco mais de 200 metros.  A alma desta rua é linda, poética, artística, prodigiosa.

Pensei no último artigo no qual focalizei Dr. Astor Vianna, dando uma pequena amostra de sua obra. Mas o poeta era grande demais! Tenho que colocar outras poesias porque o tempo passa e as pessoas ficam esquecidas. Ele não merece isso, portanto é necessário ampliar o foco sobre ele e mostrar mais outros sonetos de sua lavra para admiração de quem não o conhece pela poesia. Reconheço que ele é uma figura importante na formação da alma desta rua, porque a força da alma vem muito do passado.

Assim, vamos ver um soneto maravilhosamente lírico e romântico por ele oferecido à sua esposa dona Helena, pessoa que foi muito querida pelos que conviviam com ela:

 

PARA HELENA

 

Deixa que eu vá contigo pela estrada

Nesta manhã serena, entretecida

De verdes polvilhados de alvorada,

Antes que o sol desperte a dor e a vida.

 

Seremos dois assim, mas na escalada,

Tendo-te junto ao peito defendida,

Nem sentirás, por certo, a caminhada

Que vai daqui ao pé daquela ermida.

 

Lá ficarei contigo e, ao sol poente,

Enlevados e mudos, certamente

Havemos de sentir essa ternura

 

Que compensando penas e amargores,

Esbate os tons e abranda tanto as dores

Que faz do amor uma verdade pura.

 

E que joia de amor filial neste soneto dedicado à sua mãe, D. Cefisa:

 

                   PARA MAMÃE

 

Quanta meiguice teu olhar cansado

Derrama em minha vida a cada hora!

Vele ou repouse, em tudo, como agora,

De ti me vem o amparo desejado.

 

Não sei se sentes, mãe, quanto te adora

Todo o meu ser, no beijo que, trocado,

Tua bênção querida ele te implora,

A cada dia apenas começado.

 

Basta um olhar, um vinco no semblante,

Para que teu afeto transbordante

Mitigue a chaga do meu sofrimento.

 

Na paz te alegras, mas, num só instante,

Fazendo tua minha mágua hiante

Tornas maior que o meu teu sofrimento.

 

(Continua)

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