Pousada velha que me aconchegas,Cheirando a pó e a jasmim.
Elizabeth Coutens de Menezes
Continuando a falar de Professor José Ignacio: embora o poema iniciado no artigo anterior seja muito grande, sou tão encantada com ele que não resisto, tenho de colocá-lo até o final. Além da técnica impecável de versificação, com um ritmo harmonioso, originalidade e leveza de estilo, muitas rimas ricas bem ao gosto dos clássicos, de domínio escorreito da língua, em escrita e vocabulários cultos, além de tudo isto ressalto que os versos enaltecem, com justiça, a Sociedade São Vicente de Paulo, que é uma força beneficente forte em nossa cidade e sempre funcionou na Rua Coronel João Gomes. Assim, continuando:
São Pedro ia falar… Mas não lhe foi possível
Pois um rumor enorme, um alarido incrível,
Por todo o Azul ecoou, contínuo, sem cessar!
Eram preces liriais, numa súplica imensa,
Pedindo, com calor e afervorada crença,
Que aquela alma de escol no Céu pudesse entrar!
Surpreso, o Santo olhou e viu, então, aos lados,
Fremente multidão de bem-aventurados,
De joelhos, a implorar, com os braços estendidos…
Aqueles que no mundo, à luz da caridade,
Foram, do Vicentino, os pobres socorridos.
São Pedro disse ao fim: – De injusto rejeito a pecha!
Para a alma vicentina o Céu jamais se fecha!
Dileto amigo, entrar aqui podeis, um momento!
Mas daí-me o vosso nome, é para o registro.
E aquela alma falou, falou apenas isto:
Eu me chamo MANOEL LINO DO NASCIMENTO.
Nessa hora, todo o Céu fremiu festivamente!
Arcanjos, serafins, em ronda exul, fremente,
Puseram-se a cantar: HOSANAS AO SENHOR!
Tudo era luz e som no páramo divino!
Em honra ao bom, ao justo, ao Vicentino
Que fora, em Romaria, aos pés do Criador!
19/07/1951
Como viram os leitores, o antigo morador da rua encantada era mesmo iluminado.
Tenho focalizado apenas os moradores mais antigos, já sedimentados na alma da rua. E ainda há mais outros ilustres na rua pequena, mas tão grande de significação. Aguardem! Mas vou abrir parênteses, exceção, na característica antiguidade, para colocar uma pessoa da geração atual, que pertence à casa já focalizada de D. Áurea, da família Cabanellas. Pois onde citei a pintora existe, também, de geração nova, uma poetisa muito talentosa: Elizabeth Coutens de Menezes, filha do Sr. Armando e D. Áurea. Amostra da sensibilidade de Elizabeth está na antologia “Poetas Queluzianos e Lafaietenses”, que organizei no ano de 1991:
POUSADA VELHA
Elizabeth Coutens de Menezes
Pousada velha que me aconchegas,
Cheirando a pó e a jasmim.
Nem te descubro nem desconheço
E não vejo quando chegar aí.
(O poema continua no próximo artigo)
A nudez eu vesti, apaziguei conflitos!
Fome e sede matei! Senhor, fui Vicentino!
(Continua)