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Mais Uma Alma Encantadora -10

Voltando à nossa querida  Coronel João Gomes: era muito boa,

uma Vila familiar! Éramos todos amigos!”  Beatriz Lopes

 

  Antes de visitarmos outra casa, quero contar um fato interessante. Falei, no início, que a Rua Coronel João Gomes era chamada de Chapada. Isso vi num documento, o testamento de um padre, o qual agora não está à mão, mas vou  localizá-lo e, no próximo artigo, coloco a informação completa.

Por coincidência, justamente quando estou focalizando a Rua Coronel João Gomes, enviaram-me uma caixa com papeis de uma prima falecida. E imaginem só: achei uma caderneta de minha tia Doca, irmã de meu pai, Jair Noronha, que certa vez me dissera que morara nesta rua. Nela estava escrito:

1921 e dia 19 (Observação minha: não colocou o mês) passamos a residir na Rua da Piedade.”

Observem que a palavra Rua está em maiúscula. Eu penso que, quando a igrejinha foi feita, talvez no princípio do século XX, deram à rua aquele nome.

Vamos recordar uma casa onde, como na moradia do Sr. Geraldo Otoni Costa, havia muitos filhos: a casa do Sr. Ismael. Como as minhas lembranças estavam poucas, pedi auxílio à excelente e renomada pintora Beatriz Lopes Vieira, reconhecida até internacionalmente. Achei tão lindamente escritas as palavras que me enviou que, em vez de elaborar a informação com minhas palavras, resolvi pedir licença a ela para transcrever o seu texto de informação. Aqui vai:

 “Quando alguém perguntava:

– Onde mora a Maria do Ismael?

–  É naquela casa cheia de crianças!!!

 Era muito engraçado! A casa n° 189 da Rua Coronel João Gomes era mais ou menos de 1902, pau a pique, um porão misterioso que só víamos pelas gretas do assoalho, tínhamos medo de escorpião!!! Meu avô comprou-a do Sr João Franco. Mudaram para lá antes de eu chegar e ele nem pode aproveitar a nova moradia, pois faleceu quando minha irmã Dorinha completou um ano. E ali  passamos nossa infância com tia Zilda, tia Lili, os irmãos ,filhos do primeiro casamento de meu pai e Dona Leopoldina,uma fada que nos adotou e chamávamos de dindinha ou vó. Era uma pessoa encantadora, casada com meu avô e madrinha de minha irmã mais velha.

E além disso, ainda falou sobre a vizinhança com a mesma graciosidade:

 Éramos vizinhos de Dona Zeca à esquerda e de Dona Lídia,à direita. Na esquina de nossa casa, no passeio de Dona Zeca, havia um passeio de pedras onde treinávamos mentalmente um voo até o morro do Cabo Verde, Capela de Nossa Senhora da Paz, hoje Basílica do Sagrado Coração de Jesus. Sempre sonhávamos com esses voos! Meu pai, homem bom, íntegro, trabalhador, religioso, nos criou para o bem! Foi construtor, depois Oficial de Justiça  e faleceu em 1976. Eu já estava casada com João Vieira e morava em São Paulo. Hoje tenho dois irmãos morando em São Paulo, dois em Lafaiete e os outros em Belo Horizonte. Minha mãe está com 89 anos e mora em Belo Horizonte. Todos os meus irmãos fizeram suas escolhas, seguiram suas vidas e, graças a Deus, temos uma convivência frequente e muito boa!!! Desde menina, dediquei-me à arte! Sempre gostei dos lápis, das tintas, dos pincéis e é o meu prazeroso trabalho até hoje. Bem nova, recebi a difícil e maravilhosa incumbência de desenhar a coroa de Nossa Senhora da Conceição que seria executada com o ouro doado pelos fiéis. Meu desenho foi escolhido e fui abençoada! Nunca mais deixei a arte, cursos, aulas, intercâmbios, trabalhos, viagens, exposições e muitas glórias! Em 2013, a Coroação da Imaculada Conceição completou meio século e tive a honra de coroá-la nessa comemoração! Foi maravilhoso! Em São Paulo tive a felicidade de conviver com pessoas maravilhosas! E uma delas, era de Lafaiete: Dona Maria Auxiliadora Albino, que me deu um grande incentivo, me ensinou a usar os pigmentos da porcelana e me apresentou a várias pessoas apreciadoras da arte, ótimos professores e me abriu caminhos promissores! Voltando à nossa querida  Coronel João Gomes: era muito boa, uma Vila familiar! Éramos todos amigos!”

 

                                                                      (Continua)

                                       Por:  Avelina Maria Noronha de Almeida   [email protected]

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