Abram as cortinas que o festival de teatro chegou! Desde ontem, dia 20, e até domingo, dia 23, Lafaiete respira cultura e se torna a capital nacional do teatro amador, título simbólico e emblemático para o mais antigo e tradicional festival do gênero em Minas e no Brasil.
Na noite de quarta feira aconteceu a abertura da segunda fase do XVI Festival de Artes Cênicas (FACE), no Teatro da Escola Narciso de Queiróz, evento que reúne nada menos que 26 grupos, de várias estados, como RJ, ES, PE e BA, em 36 espetáculos teatrais que trazem um colorido diferenciado às ruas e praças da cidade. E olha que tem grupos de Rondônia e de Pernambuco, o que significa que o FACE já alcançou status, importância e credibilidade nacionais. Quem acompanha de perto o festival é o Secretário Ajunto de Cultura de Minas Gerais João Miguel.
Até domingo os mais diversos públicos podem assistir os espetáculos. Por falta de espaços, as peças acontecem apenas no Clube Carijós e no Teatro da Escola Narciso de Queirós. “Infelizmente a cidade oferece muito pouco em termos de espaços para o teatro e muitas vezes improvisamos. Mas isso faz parte do nosso metiê de artista”, contou Geraldo Lafayette, um dos ícones e um dos maiores representantes em Minas do teatro amador.
Nos 53 espetáculos (17 de Lafaiete, na fase regional, mais 36 da fase nacional) são esperados mais de 20 mil espectadores.
Pela cidade já se percebe gente diferente e uma energia que só a arte pode oferecer. Alguns “bichos grilos” ou outros descolados, mas todos com o teatro na veia. Geraldo calcula que pelo menos 400 integrantes dos grupos estão perambulando e se apresentando em Lafaiete. Sem contar as caravanas e excursões regionais. “O FACE tem este lado de impulsionar a economia da cidade, trazer cultura e proporcionar o intercâmbio”, resumiu o teatrólogo.
Mas com garra e determinação na alma e no sangue, Geraldo Lafayette inova no FACE com novos elementos na programação. Este ano as oficinas voltaram a acontecer e todas lotadas. Elas são oportunidades em que iniciantes e até mesmo artistas e grupos busquem capacitação, novos conhecimentos e tecnologias com profissionais do teatro, nas áreas de musicalização, direção, maquiagem e questão corporal. “Estas oficinas são momentos para profissionalizar os grupos”, disse Lafayette.
Este ano uma das novidades será a distribuição dos prêmios em dinheiro, além das premiações. Os 6 melhores espetáculos, selecionados pelo júri, receberam R$1,5 mil. “È uma forma de ajudar os grupos que vivem as duras penas para se manterem, colocarem a trupe na estrada e participarem dos festivais”, contou Geraldo.
Emprego e renda
Nem só de arte vive do FACE. Por trás de todo evento está o outro lado do festival. Ao todo são 77 voluntários que trabalham na organização. São oferecidos a todos participantes alimentação e hospedagem. Toda a estrutura do festival é contratada em empresas de Lafaiete. O festival movimenta parte da economia como de serviços, como bares e restaurantes. Durante o dia e noite acontecem os eventos que movimentam a cidade e envolve.
Para manter a estrutura do festival, a Casa de Teatro, organizadora do FACE, buscou parceiros no comércio local. Grande parte dos recursos vem do FEC (Fundo Estadual de Cultura). Segundo Geraldo Lafayette, o custo final do FACE chega a R$148 mil. “São meses de trabalho e organização para se chegar a este ápice do acontecimento. È o envolvimento de pessoas, voluntários e parceiros. Tudo isso é capaz de fazer do FACE o melhor e mais completo festival de teatro de Minas. A cada ano o festival expande suas fronteiras para ser a vitrine do teatro. Nós carregamos Lafaiete neste movimento todo”, resumiu Geraldo.
Então junte seus amigos e a família e venha curtir os espetáculos do FACE. Mas tem de levar um kg de alimento na ação solidária que faz parte do festival.
Fotos:Divulgação/Reprodução