Acho, no mínimo, muito interessante o crescimento incessante de meu país. Tudo muda tudo cresce a todo o momento. A cidade de nossa infância em nada se parece com o visual urbano do presente na grande maioria dos casos. Como mudam o visual das ruas, demolindo casas, dando lugar muitas vezes a frios prédios e trânsito caótico.
Nos Estados Unidos já é diferente. A primeira impressão é a de que já está tudo pronto. Grande, moderno, funcional.
Na Europa em geral, a impressão que se tem é que eles pararam no tempo. Construções antigas e belíssimas, castelos, becos, praças, muitas praças, parques, monumentos, rios e canais criam um clima que nos faz buscar a história para entender como viviam nossos bisavós. Afinal, em nossa mistura racial somos descendentes de muitos povos europeus também. Lá se convive em pretensa harmonia, o antigo e o moderno. E tudo limpo e arrumado.
Aliás, uma coisa que chama a atenção é a limpeza em geral dos países do primeiro mundo. Não consigo entender como eles eliminaram a poeira e o barro, constante na maioria de nossas cidades.
Mas é fácil deduzir. Primeiro, lá não se corta terrenos a torto e à direito, livremente, como a legislação tupiniquim permite. Toda rua e estrada são pavimentadas, de um jeito ou de outro. Parece que os caminhos rurais com pó de pedra, com vegetação imediatamente após. Não se vê terra nua. Apesar da ausência de grandes florestas, a vegetação é respeitada e incentivada, corrigindo erros de um passado milenar. Em Pindorama qualquer um pode contratar um trator e fazer seu desmate, aterro ou desaterro, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Bem, existe uma legislação, mas…
… deixa prá lá.
Dia desses não consegui resistir e entrei num sebo em Belo Horizonte e não teve jeito! Comprei um livro sem pestanejar: “Resumo Histórico de Belo Horizonte”, de Abilio Barreto. Edição da Imprensa Oficial, de 1947. Livro raro, preço caro. É a regra do jogo.
Fechando o círculo que me fez iniciar essas mal traçadas linhas, me detive na leitura do saboroso texto em que o autor fala de como era a vida no arraial e do inicio da construção da nova capital de Minas Gerais, na ultima década do séc. XIX. Impressiona a velocidade com que se fez aquela bonita cidade. Desde Pedro Alvares Cabral que o Brasil cresce incansavelmente, com todos os prós e contras deste desassossego.
Vira e mexe devo voltar a citar essa obra literária, pois tem relatos interessantes ali. Por exemplo, a tristeza, a angústia e a revolta dos cidadãos de Ouro Preto, então capital de Minas, com o esvaziamento de sua urbe. Quebradeira dos comércios e prestação de serviços em geral são algumas das graves consequências. A mudança radical cobra seu preço. Garantia de um dos prazeres que uma leitura proporciona, “viajo” no tempo e me coloco no lugar dessas pessoas. Chego o ver minha Vó, criança ainda, embarcando com sua familia num trem de ferro para explorar um novo mundo. Novo, mas com um Belo Horizonte….
Por: Paulo Samento