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Garimpando – Mais Uma Rua de Alma Encantadora 15

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

O Sr. Olympio era um eficientíssimo guarda-livros. Alguns podem

 perguntar: que profissão é essa?

            Que delícia pisar naquele calçamento de paralepípedo… e voltar a uma aonde já havia ido, mas das quais não colocara detalhes importantes: lar de Manoel Lino Júnior e Maria Meirelles Lino, na Rua Coronel João Gomes. Gravada na memória do passado, uma cena muito bonita. Vinda de outros tempos, uma imagem: sentadas na sala estão duas jovens bordando: Léa, filha do casal, e Dudute, sobrinha. São verdadeiras fadas, especialistas em bordados à mão, como ponto cheio, crivo e outros pontos de bordado nobres, atividade não muito comum nos dias de hoje, pois tudo é mecanizado.

Um dia aprenderam com D. Zeca Flores, mãe do construtor renomado de nossa cidade, João Flores, que era vizinha delas, a arte do broia e, tempos depois, do macramé (por ser uma palavra francesa pronuncia-se “macramê), arte de amarrar cordas em nós, criando formatos decorativos. Originado no Oriente Médio e levado para a Europa pelos navegantes que faziam esse trabalho para passar o tempo nas longas viagens, o macramê é feito com os dedos, usando linhas grossas ou barbantes que se vão cruzando e ficam presos por nós, formando figuras geométricas, franjas e outras formas decorativas. Em Portugal passaram a desfiar o próprio tecido para fazer a franja, passando a ser chamada de broia ou abrolho. A palavra macramé significa “nó” e é um tipo de tecelagem manual, sem uso de ferramentas ou maquinaria.
Vamos deixar as jovens em seu belo trabalho e, andando mais um pouco chegamos a uma residência onde entro com verdadeira unção porque ali está a marca da passagem de uma artífice das festas religiosas em nossa rua: D. Lili Píramo (Amélia). É a residência do Sr. Olympio Gualberto Pinto de Figueiredo e de D. Anita, com suas três filhas. Também residiram ali duas netas, um neto e D. Lili, irmã de D. Anita.

O Sr. Olympio era um eficientíssimo guarda-livros. Alguns podem perguntar: que profissão é essa? Hoje está em desuso, não a profissão, mas o termo que, no passado, a designava. Pois “guarda-livro” hoje se chama “contador”.  Sr. Olympio era assim denominado profissionalmente porque tinha a função de escriturar e manter em boa ordem os livros mercantis das seguintes empresas comerciais: Casa Nova, Casa do Rádio e Loja João Gualberto.

  1. Lili, em tempos passados, cooperou muito nas atividades da Paróquia de São Sebastião de nossa cidade. Quando passou a residir na Rua Coronel João Gomes, transferiu essa cooperação para a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, passando praticamente a se responsabilizar pelas atividades artísticas e festividades religiosas da mesma. Para lembrar as artes da bondosa D. Lili, ajudaram-me as amigas Dalila, filha de D. Anita, e Terezinha, sobrinha de D. Lili e de D. Anita.Coroação

No mês de Maria, D. Lili e D. Iria Biagioni ensaiavam as crianças, enfeitavam os altares. D. Lili confeccionava as maravilhosas asas, as lindíssimas vestimentas de anjo (que eram bordadas lindamente por sua irmã D. Anita) e as mimosas coroas de florzinhas. Eram, as duas irmãs, grandiosas artistas.

Para confeccionar as asas (não havia mais belas na região), D. Lili saía pelas fazendas para comprar penas, as quais colocava em um balde com água e sabão para ficarem bem limpinhas, enxaguava e punha dentro de um pedaço grande de filó colocando-as ao sol, que as fazia branquinhas e soltas.

Na foto que acompanha o artigo, acervo de sua sobrinha Dalila, uma coroação dos tempos antigos; as crianças que nela aparecem trazem vestimentas costuradas por D. Lili, bordadas por D. Anita e as asas, as palmas e os enfeites do altar saídos das abençoadas mãos de D. Lili. Vejam como as asas têm uma beleza especial!

   Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                              [email protected]

                                                                       (Continua)

 

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