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Lavação de roupa suja: suposto acordo para manutenção do 13º vira bate boca, provocação e tumulto em Lafaiete

Divino Pereira contradiz versão dos reeleitos e afirma que foi enganado ao pedir vista do projeto abrindo uma discussão sem fim na Casa

 

Divino Pereira disse que foi enganado pelos colegas reeleitos ao pedir pedido de vistas
Divino Pereira disse que foi enganado pelos colegas reeleitos ao pedir pedido de vistas

O clima era de paz reinante, harmonia e troca de amabilidades na última sessão da legislatura, ocorrida ontem dia 20.  Os 13 vereadores discursaram em meio a emoção de despedida e até houve distribuição de presentes entre os parlamentares municipais, tal o momento de cercado de fartos elogios entre os edis.

Mas o que se presenciou em seguida foram momentos de insultos, quando o vereador Divino Pereira (PSL) pediu vistas ao projeto que revogava o 13º salário.  O vereador Carlos Magno (PT) questionou que seu colega, que segundo ele, havia feito o pedido quando a votação já estava encerrada. Em seguida o Presidente Pedro Loureiro (DEM) pediu a verificação do sistema de áudio para confirmar veracidade da suspeição.

A partir deste instante a sessão virou um grande tumulto, confusão generalizada e bate boca. “Isso é lamentável para esta Casa e para Lafaiete. A cidade não merece isso. Esta atitude do vereador Divino na última hora, no apagar das luzes, suja a história de forma lamentável deste legislativo”, protestou Gildo Dutra (PV). A revolta é que com pedido de vistas naquela hora o suspenderia a votação da revogação do projeto e o 13º salário valeria para a próxima legislatura, inclusive para prefeito, vice e secretários. João Paulo Pé Quente justificou o pedido já que queria incluir os secretários municipais como beneficiários do 13º, discussão que na semana anterior os vereadores foram favoráveis como incentivo pela falta de profissionais qualificados.

 

“È uma vergonha e armação”, protestou Benito Laporte

Tarciano Franco conversa com Divino para retirar pedido de vistas
Tarciano Franco conversa com Divino para retirar pedido de vistas

No plenário o vereador Benito Laporte (POS) bradava que tudo não passava de uma armação dos vereadores reeleitos. “Isso é uma vergonha o que acontece com esta Câmara. Se o pedido de vistas for aprovado vou levar a questão ao Ministério Público”, ameaçou.

Benito questionou um suposto acordo de bastidores definido em uma reunião, ocorrida ontem a tarde no gabinete do vereador Sandro José (PRTB), juntamente com Divino Pereira, Fernando Bandeira (PTB), Pedro Américo (PT) e João Paulo Pé Quente (DEM) para que o pedido de vistas adiasse a votação do 13º. “Isso é uma manobra no apagar das luzes e é uma covardia. Vocês estão usando o Divino”, indignou-se Laporte.

Toninho também entrou na áspera e acalorada discussão que inflamava os ânimos. “Nesta altura não podemos concordar com este pedido. Será uma afronta a esta casa”, frisou. A sessão virou uma bagunça. “O senhor está jogando terra em sua bela carreira política. O senhor sempre foi contra porque agora quer rever esta situação. O senhor está sendo usado e será um equívoco para esta Casa como foi aprovar o 13º”, admitiu Tarciano Franco (PRTB). “Este legislativo vai dar um mau exemplo”, discursou Zezé do Salão (PMN).

Tarciano Franco conversa com Divino para retirar pedido de vistas
O vereador Benito criticou duramente e se revoltou com suposta manobra para manutenção do 13º

Pressionado, Divino Pereira contestou e saiu em sua defesa, acusando seus colegas reeleitos de que fora enganado por eles. “Estive sim na reunião, mas eu não tenho cara de bobo. Sou contra o 13º e eles tentaram me enganar. Não sou trouxa e eles me pediram para entrar com o pedido de vistas”, atacou.

Em meio a polêmica, o presidente Pedro Loureiro suspendeu a sessão por 10 minutos pra acalmar os ânimos e os vereadores entraram na sala pressionando Divino Pereira a desistir do pedido de vistas. “Esta Casa pode ficar manchada em sua honra se nós votarmos favoráveis a este pedido. Me surpreendeu esta atitude do Divino. Podemos pagar caro’, considerou Toninho do PT. “Se querem vamos convocar uma sessão e discutir melhor o projeto. Agora temos que discutir o assunto aberto”, frisou o petista. “Eles tentaram fazer um coisa certa de maneira errada. Porque não colocaram o pedido de inclusão dos secretários para ganhar o 13º na sessão? Isso vai jogar a população contra a nossa Casa”, avisou pastor Boaventura (PSDB).

Justificativa para conceder o 13º aos secretários

Vereador Sandro José/Arquivo
Para o vereador Sandro José não houve manobras/Arquivo

O vereador Sandro José (PSDB) confirmou a reunião em seu gabinete, porém ele disse que discussão era em torno da formação das comissões temáticas da próxima legislatura.  “A discussão do 13º veio porque a gente acredita que devemos instituir o benefício aos secretários municipais. Em hora algum simulamos tirar proveito da situação”, pontuou.

Sandro já é dado como certo que irá assumir a presidência no ano que vem e Divino Pereira ameaçou não votar nele.

Panos quentes e Inconfidência Mineira

Na tentativa de chegar a um acordo, Toninho do PT considerou que os 5 reeleitos não agiram de má fé.  “Em hora alguma sou cara de pau defender o recebimento do 13º. Sou contra”, afirmou Fernando Bandeira.

Zezé do Salão defendeu congelamento do salários para os próximos
Zezé do Salão defendeu congelamento do salários para os próximos

Benito insistiu no seu discurso de covardia da parte dos 5 releitos e comparou  situação a Inconfidência Mineira. “A situação é triste. Queria abraçar a cada um mas eles não merecem. Esse jogo de bastidores é idêntico a Inconfidência Mineira quando armou  revolução”, disse. “Não houve qualquer negociata. O senhor não deveria ficar falando isso. Até discutimos nós 5 assinarmos o pedido de vistas”, justificou Pé Quente.

Divino voltou a insinuar que eles pediram que ele entrasse com o pedido de vistas. “Quero encerrar este assunto Sou homem e não pedaço”, atacou.

Sandro defendeu a sua postura afirmando que a questão de vistas era de que o futuro prefeito poderia entender que haveria privilégios quando a Câmara concedesse o 13º somente aos secretários. “Volto a frisar que não houve manobras”, provocou.

Gido Dutra cobrou conscientização e participação do eleitora/ Foto:Arquivo
Gido Dutra criticou postura de colegas

Quando já passavam de mais de 2 horas de discussão, Toninho do PT propôs uma saída honrosa pedindo uma orientação ao Ministério Público.  “Foi uma infelicidade dos 5 reeleitos. Repetiria tudo que falei aqui da idoneidade dos 13 vereadores. Acredito que esta situação pode dar uma interpretação errada da população”, disse Tarciano.

Quando os ânimos acalmaram já faltavam poucos minutos para romper do dia 20. Benito ainda voltou a sugerir que abolissem os salários dos vereadores da próxima Câmara. Após o bate boca, Toninho do PT sugeriu a pacificação das discussões principalmente envolvendo Pé Quente e Benito Laporte. “Precisamos relevar o desentendimento”, pontuou.

Já no final da sessão, o pedido de vistas foi retirado por Divino Pereira e nominalmente os 13 vereadores revogaram o 13º salário em Lafaiete. Definitivamente.

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