25 de abril de 2024 23:35

Garimpando – Meu colégio abençoado – 18

                                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                      avelinaconselheirolafaiete@gmail.com

                                                                       Abençoado e querido Nazaré!

 

           

            E a pérola Patrícia foi para a grandiosa São Paulo!

Imagem da Internet

A carta de Patrícia é tão interessante que vou continuar deixando que ela conte sua história depois que saiu do Colégio Nazaré, agora falando sobre a vida em São Paulo:

            “Mineiro, meu marido morava havia 4 anos em São Paulo. Eu o conheci com 13 anos (ele tinha 17) por intermédio de uma amiga em comum da escola. Casamos em setembro de 1997 e, no dia primeiro de outubro, eu já estava em Sao Paulo. Nesta transição de vir para cá, eu tinha conhecido, através de um conhecido, um editor de internacional do jornal Estado de São Paulo. Pensando em formas de trabalhar aqui, fui tomar um café com ele. Ele era visivelmente um intelectual, um tipo de jornalista raro hoje em dia, com olheiras profundas e uma fala amarga, descrente do mundo e meio marxista (suspeito). Parecia velho, mas provavelmente, eu é que era muito jovem. Ele me perguntou quantas línguas estrangeiras eu falava (nenhuma), se tinha uma área internacional em que era especialista (Hamas, questão palestina, primavera de Praga), em que países eu já tinha viajado…. Lembro-me bem do ar enfadonho quando ele notou que eu jamais atenderia qualquer expectativa. Saí de lá querendo ser atropelada na Marginal Tietê.

            No entanto, faltavam uns 3 meses para o casamento, e eu resolvi me preparar, Passei a ler o jornal todos os dia e manter, em dia, um caderno de anotações. Um dia vi um anúncio da TV Cultura procurando trainees. O curso começava dia 10 de outubro e não precisava pagar nada. Eu me inscrevi e, entre milhares de candidatos, fui uma das 15 escolhidas. Passei em todas as fases.

            Na TV Cultura fiz meu primeiro estágio em televisão. Trabalhava bastante, mas aprendia muito também. Quando terminou, eu já estava pensando no que fazer quando fui convidada para fazer um mês de férias. Já estava no segundo quando um amigo disse que havia uma vaga de produtora na Globo News…”

            Vou dar uma interrupção para agradecer à minha querida umas palavras que ela intercalou em sua narrativa, palavras que são generosas demais e sei que não mereço tanto, mas que me emocionaram, emocionaram! O carinho dos alunos compensa a vida muitas vezes difícil do Magistério. Muito agradecida, minha amada Patrícia! Vejam só a delicadeza de coração desta pérola que foi aluna no Nazaré:

            Obrigada pelo carinho e pelos elogios generosos. A senhora foi responsável não só pela minha estreia na mídia impressa, mas também pela paixão pelas palavras, a crença que elas podem mudar o mundo!!

            Deus pague sua bondade, Patrícia!!!

            Continuando a carta:

            “Fui fazer a tal entrevista para a vaga de produção na Globo News. Não levei currículo, tão descrente eu estava da possibilidade de conseguir a vaga. A Globo News ficava na sede da Globo, na Praça Marechal Deodoro, centro de São Paulo. Quando cheguei ao endereço achei que tinha errado, afinal eu esperava uma praça. Meu imaginário mineiro tinha instituído que praça era um espaço amplo, com árvores, bancos, quem sabe uma igreja e um coreto. O local em que eu estava era um canteiro de concreto árido e barulhento debaixo do minhocão. Foi engraçado, porque a Globo era ali, e só depois de andar vários quarteirões consegui uma informação que me fez voltar ao ponto de origem.

            Lá, tomei um café com a tal produtora que era amiga do meu colega da TV Cultura. Ela gostou de mim e me apresentou naquele mesmo momento à chefe, a Adelina Schlaich. Foi a minha primeira entrevista de emprego. Durou quase duas horas. Hoje, a Adelina e eu damos muitas risadas disso porque, na verdade, o que aconteceu não foi uma entrevista de emprego (que geralmente dura 10/15 minutos), mas o encontro de duas pessoas que se interessaram genuinamente uma pela outra. E ficamos amigas mesmo!! A Adelina, que hoje nem mais trabalha na Globo, é madrinha da minha filha mais velha, e uma grande amiga!!  Pensando bem, nossa amizade se aprofundou mesmo quando ela saiu da Globo, porque eu tinha certo constrangimento de ser ‘amiga da chefe’ e acho que ela também sentia esse constrangimento.

            Muito bem, era uma autêntica simpatia inicial, mas não um seguro de que eu  teria o emprego! A Adelina me propôs fazer um teste de 30 dias. Acho que deu certo, porque já faz 20 anos e eu ainda estou lá!

            Minha primeira atuação profissional foi como produtora de programas da Globo News. Eu fazia pautas, buscava convidados para as pérolas do jornalismo Global: Joelmir Beting (que tinha um programa de economia), Caco Barcellos (programa de “justiça social”), Carlos Nascimento (cidades), Ernesto Paglia (assuntos da semana) e Pedro Bial (literatura).

            Foi uma oportunidade incrível! Sair da faculdade e já trabalhar diretamente com as “pratas da casa”. Este contato direto foi a minha primeira pós graduação! Havia uma troca riquíssima de experiências. Fiquei na Globo News por 4 anos. Aí um dia, veio a oportunidade de me inscrever internamente para ser editor de texto. Eu queria ficar mais perto do produto que ia ao ar, do resultado final. Na cadeia produtiva da TV tudo começa com o produtor, passa pelo repórter e termina com o editor. Eu queria ser editora. Agarrei a oportunidade deste programa de treinamento interno, que, na verdade, significava acompanhar o dia a dia de um editor experiente do jornal local da hora do almoço, o  SPTV 1 edição (MGTV de Minas). Só que no segundo dia de estágio, um dos editores ficou doente e eles precisavam de alguém. Eu entrei na roda. Como deu tudo certo, no terceiro dia eu já tinha matéria para editar. Costumo dizer que na Globo, eles jogam você na piscina e veem se você sai nadando. Acho que aconteceu comigo. Todo desafio que me davam, eu aceitava e, como não afogava, seguia na travessia, alcançando margens cada vez mais distantes.”

            Estou fascinada com o relato de Patrícia!!! Vejamos mais no próximo artigo.

                                                                                  (Continua)

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