Para marcar meu retorno a estas plagas, nada melhor do que na véspera da Festa da Imaculada Conceição, um dos dogmas mais caros à doutrina católica, que inspira mais de bilhão de pessoas no mundo todo. Temos um grande tesouro e um patrimônio religioso incomensurável, herdado de nossos antepassados, cujo valor histórico transcende quaisquer outras impensáveis vaidades humanas. E vivemos num mundo de vaidades, não resta a menor a dúvida. De vaidades e de ambições! Nenhuma delas presta tanto. Ou não prestaria, embora algumas pessoas, mesmo aquelas que se dizem religiosas ou fingem sê-lo, não conseguem exprimir com a grandeza de sua vida, apesar da pequenez de suas convicções, algo mais profundo e duradouro. A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição tem o dever indevassável de zelar pela tradição e pelos valores religiosos que desde sempre fizeram parte da história de Conselheiro Lafaiete, que nasceu, ainda quando vila Real de Queluz, sob a égide do manto sagrado da Imaculada Conceição. Nossa fé nasceu e se alimentou neste berço. Nesta Igreja Matriz quase todos foram batizados. Aqui milhares se casaram, dando seu sim definitivo àquele amor, que encantou e deslumbrou a juventude dos muitos que hoje já ultrapassaram os umbrais da eternidade. Deste magnífico templo, como mãe zelosa e carinhosa, nasceram todas as outras paróquias. A Matriz já é vovó. Sua netinha, a Paróquia de São Judas Tadeu. Uma vovó linda e maravilhosa, sobretudo depois da custosa, dispendiosa e exigente reforma por que passou este já tricentenário templo e casa de orações e louvores. Não podemos perder de vista os valores religiosos, sobretudo aqueles embasados por um cristianismo comprometido com mudanças e transformações. Precisamos conservar e resgatar os sagrados valores, nos quais fomos formados e educados. Não podemos abrir mão da nossa fé e das nossas tradições religiosas. Ao longo dos últimos anos, em decorrência de modificações no calendário civil e religioso da cidade, estamos acompanhando, preocupados e não menos angustiados e entristecidos, uma sórdida e dissimulada inversão de valores, no que tange nossa fé e nossa prática religiosa. O momento é de somar forças, não de divisão e de enfrentamentos. Sistematicamente estamos perdendo o nosso referencial ético e religioso, cedendo muitas vezes a uma ideologia de mercado, onde o lucro é mais importante, onde a ambição pelo prazer e pelo dinheiro, acabam nos afastando da graça de Deus e da presença do Evangelho vivo no meio de nós. INEXPLICAVELMENTEL, EMBORA TENTEM NOS CONVENCER DO CONTRÁRIO, A MAIORIA DOS DEVOTOS DA IMACULADA, POR CAUSA DE UMA INTERPRETAÇÃO REDUCIONISTA, E EU DIRIA, ANTICRISTÃ E ANTIRELIGIOSA, NÃO TEM SIDO RESPEITADO E CONSERVADO O FERIADO PLENO DO DIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO. Considero isso um acinte inominável, uma afronta ao sentido mais pleno e mais sagrado a que uma comunidade religiosa tem direito pela própria natureza da coisa, isto é, celebrar os festejos e tirar o dia dedicado à Padroeira do Município para descanso e para a oração. Precisamos de nos juntar todos e reverter este quadro ofensivo à nossa mais lídima tradição religiosa, pois é comum a toda comunidade e município guardar e celebrar o feriado pleno do seu padroeiro. Lafaiete está na contra-mão e cada vez mais se afastando de suas tradições religiosas, causando à Igreja aqui presente, na pessoa de seus legítimos representantes constrangimentos e aborrecimentos, que não passarão incólumes pelo tribunal da justiça divina. Não nos iludamos, pois que o Senhor, embora seja lento na ira, sempre nos trata segundo nossas ações e nossas atitudes. Estamos numa empreitada com todos, de modo especial com todos os comerciantes e comerciários sensíveis às nossas tradições mais legítimas, para reverte este quadro triste de indiferença religiosa. Há que se procurar a Igreja, não somente quando se quer casar ou batizar os filhos e netos. Quando se deseja justamente as exéquias. É preciso procurar a Igreja e reconhecer nos santos, de modo particular, na Virgem Maria, os mais augustos exemplos de adesão irrestrita ao projeto salvífico de Jesus. Guardar o feriado da Padroeira condiz com nossa condição mais pura de um catolicismo, fundamentado numa sadia tradição e no respeito aos nossos antepassados. Não celebrar e não guardar o feriado religioso da Imaculada é afrontar impiedosamente a misericórdia e a bondade divina, afastando-nos da prática religiosa que aprendemos no colo de nossos pais e nossos avós. É um grave desrespeito à sua memória e aos seus ensinamentos. Não cometamos este erro, não perpetremos este pecado! Ajamos de consciência pura e tranquila, pois o Senhor jamais se deixa vencer em generosidade. Tirar o dia da Imaculada Conceição para a oração e o louvor pode ser a maneira mais singela e delicada de aplacar a ira do Senhor, quando sua justiça se abater sobre nós. Ainda mais hoje que tantas de nossas famílias estão marcadas pela desgraça e pelas tragédias, como temos acompanhado nos noticiários. Não tenhamos medo nem respeito humano de amar a Virgem Imaculada, pois a ela nos confiou seu Divino Filho, no alto da Cruz. É como se estivéssemos no alto do Calvário e o próprio Jesus nos dissesse: Lafaiete, eis tua mãe! Mãe, eis o teu povo! Eu sou de Nossa Senhora e Nossa Senhora é minha! Vamos dar a Deus o que é de Deus!