Avelina Maria Noronha de Almeida
Abençoado e querido Nazaré!
Continua a ser focalizada a trajetória de Patrícia Gonzaga Carvalho depois que saiu do Colégio Nazaré, honrando com seu trabalho este templo de saber de nossa cidade.
E continuo a transcrever a carta que ela me escreveu quando solicitei o seu currículo. Eu fiquei espantada com quanto é grandiosa a trajetória de Patrícia, com seu poder e força de trabalho. E tenho certeza que vocês, queridos leitores, ficarão também.
“Depois de 3 meses de “estágio”, acumulando GloboNews e SP 1, fui promovida para editora de texto do Praça 2, o jornal local da noite… (o SPTV segunda edição, o MG da hora do almoço). Ali adquiri outra habilidade – a do fechamento. O estresse de fazer ficar pronto na hora, de achar soluções, gerenciar riscos… Foi um ano maravilhoso, com uma equipe super entrosada e parceira. Exatamente um ano depois, fui convidada para ser editora de um jornal de rede, o Jornal da Globo. Era um cargo especial, porque eles queriam que, além das reportagens do dia a dia, eu fizesse também a produção e edição das reportagens especiais de Ana Paula Padrão, que, na época, era a âncora do telejornal. Ali tive a oportunidade de unir minha experiência de produtora de um conteúdo mais ,profundo, adquirida na Globo News, com o noticiário diário, com projeção nacional na TV aberta. Fiz várias reportagens que me marcaram, como a que viajamos para a Colômbia para entrevistar ex-guerrilheiras nas Farc e uma série especial sobre os 40 anos da TV Globo. A ideia era entrevistar mulheres famosas entre 15 e 80 anos e, a partir da história delas, usar as imagens do arquivo da Globo — relacionando o pano de fundo com as questões da época. Minha pesquisa começou no arquivo, eu estava vibrando!!!! Eu me sentia como na biblioteca do Nazaré. Lembro exatamente a primeira vez que nela entrei e vi todos aqueles livros, o ímpeto que senti ao ter acesso a tanto conhecimento, tudo tão fácil, tão disponível, todos os clássicos!!! bastava a minha vontade…. e a paciência da Dona Nanã para lidar com a minha ansiedade juvenil!
Fiquei seis anos no Jornal da Globo. A Ana Paula saiu e entrou a Christiane Pelajo, eu segui fazendo a mesma coisa com ela. O Jornal da Globo, pelo horário, fazia muitas ousadias no formato. Eu comecei a ser conhecida pela criatividade. Então, sempre que tinha uma coisa nova para fazer na redação, outras equipes me chamavam e eu ia emprestada. Foi assim que trabalhei no projeto piloto do Profissão Repórter, ainda no ar, com Caco Barcellos. Aí o avião decolava e eu voltava pra minha rotina. Por estar sempre buscando inovar, fui convidada para o Fantástico. Depois de 6 anos de JG fui pro Fantástico, super feliz com a possibilidade de um novo espaço, com horário e perfis de público e produto totalmente diferentes.
Um dia, eu já estava no Fant, reuniram num hotel cerca de 20 pessoas destacadas na redação e nos deram um desafio: se vocês fossem fazer um programa diário de saúde, como ele seria? Fomos divididos em 2 grupos e, no final do dia, um grupo apresentou suas ideias para o outro. As melhores sugestões foram compiladas e, a partir delas, fizemos uns 5 pilotos. Eu naturalmente tomei a liderança do projeto, mas não fui exatamente destacada para isso. Nenhum dos pilotos ficou exatamente bom, segundo nossa avaliação. No final, sugeri à Denise Sobrinho, que era chefe de redação e estava liderando a equipe, que, em vez de apresentar um único piloto, que a gente editasse os melhores trechos e fizéssemos uma espécie de trailer. Ela gostou da ideia e eu fiz esta versão final que foi apresentada para a direção de jornalismo e, posteriormente, para o Comitê. O retorno foi que todo mundo tinha gostado, e só. Não aconteceu mais nada. É bom lembrar que eu não saía do Fantástico para fazer este trabalho, era tudo feito simultaneamente.
Dois anos depois, eu até já tinha esquecido que tinha feito o Projeto X (como chamávamos sigilosamente), a diretora de jornalismo de São Paulo, Cristina Piasentini, e a Denise Sobrinho me convidaram para um almoço. Eu achei estranho, claro. Aí elas me convidaram para ser a editora chefe do novo programa de saúde, que realmente ia sair do papel. Eu falei para elas que ficava honrada com o convite, mas achava uma loucura, afinal, eu nunca tinha tido cargo de chefia, ou de supervisão, e seria muito arriscado começar um programa novo com alguém que nunca tinha feito aquela função. Mas elas insistiram que achavam que era a coisa certa e, então, eu disse, que se elas confiavam, eu topava!!
Isto foi em dezembro. No dia 01 de janeiro de 2011 (sendo que trabalhei no fantástico até o dia 31/12), comecei no Bem Estar, com pessoas que escolhi. Tínhamos que trabalhar rápido, montar a equipe, criar rotinas, pensar no conteúdo e no formato do programa que estrearia dia 21 de fevereiro. E conseguimos!!! Uma equipe pequena, de 12 pessoas, colocou o programa no ar sob a suspeita de muitos que achavam que não ia dar certo, que não haveria assunto pra ficar no ar tanto tempo…. etc… Bom, estamos no ar há quase sete anos, consolidados na grade, assistidos por 10 milhões de pessoas por minuto. Nosso objetivo era fazer um programa didático, leve, com informações úteis sobre saúde. Com este princípio, chegamos ao formato que temos hoje, com demonstrações, e o que chamo de “estúdio vivo”: coisas acontecem, os especialistas não só falam, eles mostram!!!”
(Continua)