A Igreja sempre teve pelo sacramento do matrimônio um grande carinho e um cuidado especial, não somente pelas implicações jurídico-canônicas, mas sobretudo pela excelência de seus atos e transcendência de sua finalidade. A tal ponto que o próprio Cristo o abençoa de maneira particular, tendo feito seu primeiro milagre nas famosas Bodas de Caná, depois de um pedido terno de sua mãe. Ao longo da história, o sacramento do matrimônio, depois da configuração de todos os sacramentos, a partir da Contra-Reforma, sempre gozou de particular desvelo e preocupação por parte da Igreja. Verdade é que, vítimas de uma sociedade cada vez mais sem parâmetros éticos e morais, muitas vezes nos deparamos com situações cada vez mais delicadas e constrangedoras, sobretudo nos últimos tempos, quando o assunto pautado é o casamento. Para além do oba-oba social que tem se tornado, com a terceirização dos chamados Cerimoniais, então caímos, em algumas situações muito concretas, numa espécie de samba do crioulo doido. Estão inventando e colocando determinados penduricalhos na celebração do matrimônio, que precisamos urgentemente tomar uma posição firme e decidida contra determinados exageros, retornando, quanto antes, ao conteúdo explícito do que envolve a verdadeira teologia sacramental do matrimônio. Se já não nos é permitido a nós padres e diáconos celebrar casamentos em sítios, restaurantes, pousadas e capelas particulares, sem uma especial licença do Ordinário local, no nosso caso, o Arcebispo, por outro lado os padres, sobretudo os párocos, em cujos ombros ficam as responsabilidades maiores por quaisquer decisões tomadas e assumidas nas paróquias, devemos ter a sensibilidade pastoral de apontar caminhos alternativos, para que os afastados possam se reintegrar mais rapidamente à experiência de vida sacramental, se algo mais grave os afastou, mesmo que temporariamente, da mesa da eucaristia. É preciso muita sensibilidade pastoral para levar consolo e conforto para quem está afastado da mesa da sagrada comunhão. Aqui em Lafaiete a questão não menos dolorosa, preocupante e angustiante, no que tange a determinadas celebrações de casamentos. Enfrentamos muitas dificuldades e temos que encarar muitos problemas, muitas vezes criados por pessoas que não entendem nada de Igreja e por outras que nem católicas e batizadas são, o que dificulta ainda mais a questão. Nos últimos anos os acréscimos indevidos de penduricalhos à cerimônia do casamento, sobretudo por parte de alguns cerimoniais inescrupulosos que agem de má fé, conturbando a celebração do sacramento. Tapete espelhado, plaquinhas horrorosas e de muito mal gosto, carrinhos de bebês, crianças/meninos vestidas de terninho, com bolsa 007, para carregar as alianças, sem falar no descalabro de perguntarem se o cachorrinho de estimação pode entrar carregando as alianças…. Convenhamos, não é mesmo? Um pouco de bom senso não faz mal a ninguém. Nada contra que você arrume uma cadeira bem bonitinha e coloque seu animal estimação lá na sua festa, como quiser. Fique à vontade! Para tanto os párocos estão com uma audiência marcada com o Arcebispo, para encontrarem o melhor caminho e a menor radicalização no que tange a casamentos aqui na cidade. Os custos de manutenção do templo estão muitos altos. O consumo de energia exagerado, cada vez mais aparelhos ligados nas tomadas e a Paróquia assumindo custos, sem o menor reembolso de despesas que ela não procura e só aumentam. Prefiro o caminho do diálogo, mas estamos partindo para uma tomada de posição, segundo a qual as coisas que se referem ao sacramento do matrimônio em nossas Igrejas sejam de responsabilidade das pessoas da Pastoral familiar ou de outros segmentos religiosos, pois do jeito que está, não podemos deixar que continuem. Vamos ver como vão ficar as questões que serão apresentadas ao Arcebispo em breve, para começarem a valer já no próximo ano. Grato!