Avelina Maria Noronha de Almeida
Abençoado e querido Nazaré!
QUEM SABE PODERIA TER AJUDADO UM POUCO?
Até o último artigo homenageei as minhas alunas que haviam conquistado prêmios nacionais. Ainda há outros alunos e alunas que também alcançaram premiações importantes, porém vou dar um intervalo no assunto, ao qual voltarei logo que tiver esgotado o assunto que inicio hoje.
Questionada por um professor atuante, muito competente e idealista sobre o que eu pensava sobre o Ensino, eu disse a ele que o maior responsável pelos problemas educacionais de hoje era o currículo que, desde a segunda metade do século XX, depauperou-se. Decepcionada por uma quixotesca luta que empreendi há décadas contra moinhos de vento e fui derrotada pelas pás “poderosas” e, já distante da atuação como professora, eu disse a ele que me sentia perdida para dar uma opinião fundamentada.
Mas vou falar com o professor, nestes artigos que inicio hoje, sobre a minha experiência, mostrando que tentei fazer alguma coisa.
A minha aventura começou na década de 80 do século XX.
Dando, naquela época, uma revirada no Arquivo Jair Noronha, veio às minhas mãos uma revista humorística semanal, CARETA, cuja foto colhi na Internet, pois está difícil para mim a sua localização. Coitadinha! Estava tão destruída pelo tempo… as beiradas das folhas desmanchando, uma cor amarelada substituindo o branco primitivo do papel, mas seu conteúdo praticamente preservado. Na capa uma charge demonstrando uma época de crise. Dentro, muita charge, muita piada. Assuntos diversos: política, informações científicas, generalidades sobre o País e o Mundo. Propagandas que me despertaram sentimento de nostalgia. As seções humorísticas excelentes: Tricas e Futricas e Comédia Infinita (ironia política), Amendoim Torradinho; aliás o humor era a tônica da Revista.
Uma coisa me chamou a atenção: críticas constantes a bandalheiras políticas, como se vê agora, mas uma coisa que não vi também em outras revistas antigas: a preocupação com problemas da juventude, embora já se estivesse nos tempos meio tumultuados e de grandes transformações comportamentais trazidas pelo Pós-Guerra. Vi que não eram preocupantes descaminhos e violência dos jovens. É claro que havia problemas, porém em pequena escala e tratados individualmente.
O tempo passou. As mudanças na situação do mundo foram vertiginosas e, já na década de 80, iniciava-se uma turbulência preocupante da juventude. Na época, eu lecionava Psicologia Educacional no Curso de Magistério em três estabelecimentos de ensino locais. Um dia, uma aluna do Colégio Nossa Senhora de Nazaré me questionou:
– De que adianta nós aprendermos com a Psicologia como educar se, por acaso, nos casarmos com um rapaz que pode destruir todo o nosso esforço e tratar os filhos de modo errado, causando complexos e traumas? Devia haver Psicologia no Científico.
Naquele tempo, praticamente só jovens do sexo feminino cursavam Magistério.
Eu fazia uns testes psicológicos muito interessantes e os alunos do científico da mesma escola, sabendo disso pelas meninas, queriam que eu aplicasse neles esses testes nas aulas de Redação, o que eu não poderia fazer, expliquei a eles.
Um dia o Dr. José Elias Murad, um dos mais importantes ativistas mineiros no combate às drogas, veio fazer uma conferência sobre drogas no Colégio “Nossa Senhora de Nazaré”. Como estávamos em tempos de Constituinte, e ele era deputado federal, perguntou se alguém teria alguma sugestão para a nova lei. Aproveitei a situação e fiz um documento que ele prontamente concordou em levar e apresentar em Brasília, pedindo que a Psicologia passasse a fazer parte do Currículo de todo o 2º Grau.
(Continua)