Durante pouco mais de duas horas show e bate papo, Antônio Carlos Moreira Pires, mais conhecido como Moraes Moreira, desfilou seu repertório recheado de hits que cruzaram décadas e estão vivos na cultura musical brasileira como “Bloco do prazer”, “Festa do interior”, “Pão e poesia”, “Meninas do Brasil”, “Preta pretinha” e “Pombo correio”.
Ele se apresentou e inaugurou ontem a noite no Museu de Congonhas o projeto “Poesia e música no Museu” dedicado a musica popular brasileira e curadoria do especialista em MPB e decano da PUC-Rio, Júlio Diniz. Ao longo da primeira temporada do projeto, grandes nomes da música brasileira como Danilo e Alice Caymmi e Toni Garrido se apresentarão no Museu.
Com uma proposta irreverente e intercalada por um bate-papo musical, Moraes Moreira esbanjou seu talento, sua alegria, seu alto astral, carisma, sua simpatia e nos alto dos seus 70 anos ainda mostra vigor para levar sua vida artística em pela atividade.
Muito além de um show, ele contou um pouco de sua trajetória e formação musicais iniciadas muito cedo na infância no interior baiano, em Ituaçu. O cantor e compositor tem uma farta obra com livros lançados e pelo menos 40 discos gravados, entre Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar e ainda dois discos em parceria com o guitarrista Pepeu Gomes. Moraes se enquadra entre um dos mais versáteis compositores do Brasil, misturando ritmos como frevo, baião, rock, samba, choro e até mesmo música erudita.
A sinergia foi total e o artista que viu seus sucessos cantados pelo público que lotou o pequeno espaço de mais de 400 pessoas.
Moraes Moreira falou de suas influências musicais, Dorival Caymi, João Gilberto e Dodô e Osmar. O público soltou gargalhadas com suas histórias quando o Novos Baianos se mudaram da Bahia para o Rio Janeiro em busca de um espaço no rock nacional em pleno anos de chumbo da ditadura.
Cabeludos e irreverentes, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão e Moraes Moreira formaram o conjunto Novos Baianos, onde ficou de 1969 até 1975.
A banda marcou época tanto em estilo, estética, musical e comportamental. O álbum Acabou Chorare, lançado pela banda em 1972, foi considerado pela revista Roling Stone Brasil em primeiro lugar na lista dos 100 melhores álbuns da história da música brasileira divulgado em 2007. Moraes Moreira mostrou a importância de seu legado a MPB e até hoje influencia a nova geração de artistas.
Versátil, em 2008 Moraes lançou o livro “A história dos Novos Baianos e outros versos” em que conta a história do grupo em literatura de cordel e curiosidades sobre as músicas de sua carreira solo, e sai em turnê pelo Brasil com o show homônimo, tocando os maiores sucessos de sua carreira e recitando trechos do livro, que em 2009 foi transformado em DVD e CD.
Com uma vida artística intensa o Novos Baianos estão em turnê para uma série de shows com gravação de CD e LP. Para fechar Moraes agradeceu ao público e oportunidade de mostrar suas novas facetas artísticas em busca de sua renovação. “Sou inquieto, eu quero mais mesmo aos 70 anos”, assinalou.
Não faltou uma homenagem a vereadora Marielle Franco, assassinada covardemente no Rio de janeiro, quando Moraes Moreira declamou em forma cordel, feita por ele, da Declaração dos Direitos Humanos.