Lafaiete tem o menor índice e Ouro Branco o maior número de trotes
Criado há mais de 8 anos e atuação em mais de 50 cidades da região centro sul, o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência (Cisru) apesar do crescimento no números de atendimentos enfrenta duas frentes de dificuldades bem distintas.
O primeiro seria a falta de leitos de UTI na macrorregião. Somente Lafaiete, São João Del Rei e Barbacena, a quem da demanda.
O segundo é o crescimento do número de trotes através do 192. Nossa reportagem obteve um levantamento junto a direção do Cisru, em Barbacena, e os números assustam pela evolução negativa e explica a falta de educação, cidadania e consciência dos cidadãos.
Em 2015, foram 22.845 atendimentos, em 2016, 22.192, e no ano passado, foram 26.552, representando um crescimento em torno de 12% no período.
Se cresceram os atendimentos, inversamente a praga dos trotes é bem alta na região de abrangência.
Em 2016, eram 70 trotes ao dia e, em 2017, subiu para 78/dia, perfazendo respectivamente 13% e 16% dos atendimentos totais via 192.
A região, atendimentos e trotes
Deste total de atendimentos anual do Samu, a micro região de Lafaiete absorve mais de 50% dos atendimentos. Congonhas recebe 20 % e Ouro Branco em torno de 10% dos atendimentos em 2017.
Das 3 principais do Alto Paraopeba, Ouro Branco é campeã de trotes. Do total de atendimentos em 2017 de 3.820 atendimentos, 303 foram trotes, correspondendo por 7,93%. Lafaiete com 15.550 atendimentos teve 858 trotes (5,52%) e Congonhas com 5.626 atendimentos para 265 trotes (4,71%). Nota-se que proporcionalmente a população e números de atendimentos, Lafaiete os trotes são bem menores que as duas cidades vizinhas.
Ações do Samu para combater os trotes
A secretaria executiva do Samu, Ormesinda Maria Barbosa, reconheceu que os trotes colocam em risco os atendimentos. “Os trotes são ligações feitas para o 192 com más intenções e que solicitam atendimento para um caso inexistente. A ambulância chega no local e não tem nada. Isso gera custos desnecessários e é uma brincadeira de mau gosto”.
Segundo ela, os trotes são feitos geralmente por crianças quando surgiu a necessidade de conscientização. Assim nasceu o “Projeto Samuzinho” nos municípios consorciados. “Este projeto teve como objetivo informar às crianças de escolas públicas e privadas a respeito das funções e da importância do SAMU e orientar a todos como agir em situações de risco e quando acionar o 192. E com essa conscientização esperávamos reduzir o número de trotes, mas infelizmente não ocorreu esta diminuição”, reconheceu Ormesinda.
A secretaria executiva informou que o CISRU vai lançar uma campanha maciça de combate e conscientização através de rádios, jornais e redes sociais com um alerta para que os pais fiquem atentos ao uso do celular pelos filhos já que são as crianças que mais contribuem para este número crescente de trotes. “Estamos também deixando registrados os números que ocorrem os trotes no nosso banco de dados, então em uma próxima ligação aos atendentes já ficam atentos de que desse número já vieram pedidos falsos de ajuda”, afirmou. “Esse tipo de ligação é um crime contra aquele que precisa de ajuda, pois nós estamos usando uma ferramenta fundamental de assistência à saúde, que é um telefone que funciona 24 horas, com uma equipe qualificada para atender essas situação. Então quando for usado uma ferramenta como essa indevidamente, nós consideramos que é um crime contra a vida”, concluiu.
Vereador apresenta projeto para conter trotes
O vereador presidente da Câmara de Lafaiete, Darcy da Barreira (SO), apresentou um projeto de lei que institui uma multa aos proprietários de linhas telefônicas cujos aparelhos sejam originadas trotes ao Samu. Após anotado o número do telefone, o Samu enviará os respectivos relatórios às empresas telefônicas para que elas informa os donos. O órgão competente municipal adotarás medidas cabíveis e lavratura de auto de infração. “Este serviço é essencial à população e má fé coloca em risco a segurança e a vida de pessoas”, assinalou Darcy. “temos que encontrar uma forma de inibir este crime com multas”, concluiu.
Diversas informações e dados foram anexados ao recurso confirmando a importância do projeto em diminuir os trote, sendo informado pelo próprio SAMU que hoje pode-se considerar como o principal problema gerado a título de custo, refletindo na manutenção da prestação de um serviço público.
A “brincadeira” de passar trote ao SAMU pode parecer irrelevante, porém, os prejuízos causados por esta atitude são incalculáveis. A mobilização de uma unidade inteira de atendimento para atender a uma chamada falsa pode causar enormes prejuízos, inclusive, cerceamento da vida de alguém.
Enquanto o SAMU atende uma falsa chamada, outra verdadeira pode estar precisando do serviço, caso em que existe o risco de inexistir outra unidade para atendimento desta última, sem embargo do desrespeito ao erário público tendo em vista o gasto efetivo aplicado a cada chamada inverídica.
Cada minuto é valioso no atendimento de vítimas de acidentes ou de pessoas acometidas por algum mal súbito, portanto, a prática de trotes atrapalha a prestação do serviço desta entidade que tanto preza pela vida e pela saúde da população.