Avelina Maria Noronha de Almeida
Vou fazer uma interrupção breve na série de artigos com o título NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE. O motivo é focalizar um acontecimento importante, já publicado neste jornal, que foi a concessão do Diploma da “Ordem dos Construtores do Progresso, concedido a Guilherme Schumacher. É importante para a nossa auto-estima cidadã conhecer uma obra tão importante como a do famoso pintor alemão que enriquece sobremaneira o nosso Patrimônio Artístico.
O grande pintor homenageado como CONSTRUTOR DO PROGRESSO se se chamava JOHANN FRIEDRICH WILHELM SCHUMACHER, porém, por causa da Guerra de 1914, teve que alterar seu nome para Guilherme.
Daniel Schumacher, residente em Sorocaba, São Paulo, bisneto do pintor, veio receber o diploma, Ensinou-me a pronúncia correta: chumarrer, com a tônica na primeira sílaba.
Nasceu na Alemanha, na cidade de Wildeshausen a 07 de maio de 1870. Faleceu no dia 01 de fevereiro de 1922, vítima de febre tifóide.
Era casado com Auguste Kähte Emilie Schumacher e teve 3 filhos, todos mineiros, Achim Joahim Wilhelm August Schumacher, Olaf Jacob Karl Herrman Schumacher e Wulf Rolf Walter Fridjof Schumacher, tendo o último, o mais novo, seguido parte de seus passos artísticos.
O ruivo pintor e decorador de profissão, estudou na Escola de Belas Artes de Munique e Düsseldorf na Alemanha, e em Bolonha, na Itália. Deixou sua terra natal e veio se estabelecer no Brasil. Posteriormente trouxe a família da Alemanha e fixou-se definitivamente no Brasil. Foi professor de desenho e pintura em Belo Horizonte.
A primeira obra do pintor alemão de que se tem notícia no Brasil foi sua participação na pintura dos painéis da Via-Sacra, das paredes e do teto da Matriz da cidade de São Gabriel, no Rio Grande do Sul, em 1906.
Em 1910 veio para Belo Horizonte, fixando residência na colônia fundada pelo governo. O livro “SÃO JOSÉ – BH – 50 ANOS, de autoria do Pe. João Batista Boaventura Leite C.SS.R., assim conta sobre suas atividades na capital mineira:
“E quando certo dia o nosso reitor, padre Tiago, perguntou a senhor Pires se porventura não conhecia na cidade algum pintor capaz de pintar a moldura do quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, destinado a Curvelo, este o aconselhou a entrar em entendimento com o tal Schumacher.
De 1911 a 1912 realizou, em Belo Horizonte, a decoração interna da Igreja de São José, em estilo neogótico, recriando as existentes em igrejas da Europa, com profusão de criativos símbolos, cobrindo paredes, colunas e tetos.
É uma decoração inusitada, pois, além dos motivos religiosos, há a pintura dos símbolos do Zodíaco, pintados em dourado sobre um fundo azul, significando a passagem do tempo e a imutabilidade divina.
O Centenário da entrega de suas pinturas foi festivamente comemorado na capital mineira, tendo o SENAC realizado uma bela exposição de suas obras.
Em 1917, elaborou a Via-Sacra na capela do Colégio Arnaldo. Mais tarde, pintou, no Rio de Janeiro o “Santuário da Terra Santa”, dos padres franciscanos, em Cascadura, recebendo muitos elogios por sua beleza. Em 1918, em Pará de Minas, pintou nove belas telas com cenas da tradição católica.
Quando houve a inauguração das pinturas na igreja, bispos de várias partes do País deixaram mensagens de admiração pelas obras de Schumacher. Um deles foi o glorioso bispo de Mariana naquela época, D. Silvério Gomes Pimenta.
Vejam a mensagem do ilustre bispo D. Silvério:
GUILHERME SCHUMACHER, omo se pode ver, um artista primoroso e profícuo, o que já justificaria homenageá-lo.
PORÉM O MAIS IMPORTANTE É SER ELE UM ARTISTA QUE TROUXE A BELEZA DE SUA ARTE PARA A MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE, NAQUELE TEMPO QUELUZ, o que focalizaremos na próxima semana.