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Garimpando – Notícias de Conselheiro Lafaiete 3

Avelina Maria Noronha de Almeida

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O Arraial do Campo Alegre dos Carijós vibrou com a chegada do  caminho porque isso iria facilitar muito as trocas de mercadorias.              

SÉCULO XVIII

 

Primeira década do século XVIII – Sobreveio, na região, em 1703, uma grande fome, devido à seca. João Antônio Andrioni, também chamado de “Antonil” escreveu, em seu livro “CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL”, que “…os mineiros morriam à míngua, com uma espiga de milho na mão, sem terem outro sustento. (…) tamunhos e carijós, por comerem bicho de taquara, que para os comer é necessário estar um tacho no fogo bem quente, e ali vão botando os que estão vivos, logo bolem com a quentura, que são os bons, e se comem algum que esteja morto é veneno refinado.

Pessoas com os alforges e bolsos abarrotados de ouro de ouro morreram à mingua. O povo do arraial de Carijós abandonava as casas e se embrenhava na mata à procura de frutas agrestes e foi assim  que muitos sobreviveram.

Depois veio a chuva. A vida foi retomando o seu ritmo normal, mas, por bastante tempo, tudo ficou mais caro.

Começaram a aparecer grandes fazendas e os seus donos tinham, geralmente, casa no arraial, perto do Matriz, para onde vinha a família por ocasião das festas religiosas, principalmente na Semana Santa.

1704 – Chegou a Carijós o Caminho Novo, o qual encurtava grandemente o tempo de viagem entre o Rio de Janeiro e as minas.

Pintura de Rugendas – Imagem da Internet

Toda estrada construída por ordem do Rei e por conta de seu tesouro era chamada de Estrada Real. Havia, no século XVII, muitos caminhos que levavam às Minas. O contrabando de ouro era muito e, por isso, a Coroa Portuguesa mandou construir trilhas por ela autorizadas para escoamento do precioso metal. Uma delas era o caminho que ligava Minas ao porto de Paraty. Essa estrada teve muita importância no desenvolvimento político, cultural e socioeconômico do País. E faz parte das maiores rotas turísticas nacionais ultimamente.

Como começou a construção dessa via? O Governador da Capitania do Rio de Janeiro, em 1698, informou à Coroa Portuguesa a necessidade de abrir um novo caminho para as minas e, em 1699, veio a autorização real para tal empreitada – uma  rota que devia ser mais rápida e segura, pois a que existia levava de 70 a 90 dias para ser percorrida.

Garcia Rodrigues Paes – Imagem da Internet

E quem foi que se ofereceu para realizar a obra? Garcia Rodrigues Paes, filho do célebre bandeirante Fernão Dias Paes Leme, que devia executar o serviço em seis anos, às próprias custas. A Coroa não entraria com quantia nenhuma. Em compensação, Garcia teria vários direitos, entre eles cobrar pedágio. Também receberia sesmarias por onde passasse, nas quais poderia fazer plantações.

O encarregado trabalhou arduamente enfrentado muitos perigos: mosquitos, febres, feras, ataques de índios, tempestades, muitos obstáculos e dificuldades. Ia avançando com sucesso, mas um dia – pobre Garcia! – descobriu-se sem condições de continuar. Poucos cabedais, escravos que fugiram… O jeito era pedir ajuda pecuniária à Coroa Portuguesa. Ajuda que lhe foi negada. Foi obrigado, assim, a largar a empreitada.

Imagem da Internet

Quem, em vinte e cinco dias, terminou o caminho que ligaria o Rio de Janeiro a Villa Rica foi Domingos Rodrigues da Fonseca Leme.

O Caminho Novo só foi concluído em 1707.

O Arraial do Campo Alegre dos Carijós vibrou com sua chegada, porque isso iria facilitar muito as trocas de mercadorias: os produtos das roças indo para o Rio de Janeiro; de lá, vindo de Portugal, as preciosas garrafas de vinho do Porto, as postas de bacalhau, as especias vindas das Índias, tudo de bom que os navios traziam.

E onde o Caminho Novo, vindo por Amaro Ribeiro, chegou? Na região da Avenida Santa Matilde, subindo por ela o morro e chegando ao alto do planalto, onde o arraial se expandia.

                                                                              (Continua)

 

 

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