GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA
Avelina Maria Noronha de Almeida
NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 8
AVELINA MARIA NORONHA DE ALMEIDA
Embora a força econômica maior fosse o ouro encontrado nos arredores,
o arraial se desenvolveu na agricultura e na pecuária
graças ao grande número de fazendeiros e agricultores
que se estabeleceram na região.
Vamos dar uma visão do que era Carijós na primeira metade do século XVIII, colocando informações esparsas.
Em 1718 o vigário da paróquia de Nossa Senhora da Conceição chamava-se MANOEL ALVES VENTURA. Pelo menos por enquanto, é o nome mais antigo que temos de párocos de Carijós.
Numa relação secreta dos homens mais abastados da Capitania, organizada pelo Provedor da Fazenda Real, constavam vários nomes de habitantes da freguesia de Carijós, entre eles Álvaro Cardoso de Lima, Alexandre Pereira de Araújo, Luís Teixeira de Carvalho, Manoel Mendes, Manoel Ferreira de Lemos, José da Costa Oliveira
Dos habitantes que aqui aportaram, muitos eram fidalgos, alguns descendentes da primeira dinastia portuguesa, netos em grau mais longe do fundador de Portugal, D. Afonso Henrique, de Santa Isabel, de D. Diniz e de outros personagens da História do Brasil, como o índio Tibiriçá e o náufrago João Ramalho
ALGUNS ANTEPASSADOS HISTÓRICOS DE VÁRIAS FAMÍLIAS DE CARIJÓS
DOM AFONSO HENRIQUES, O CONQUISTADOR
Afonso Henriques (Afonso I de Portugal) (1109-1185) foi o primeiro rei de Portugal. Chamado de “O Conquistador” reinou 42 anos, de 1143 a 1185. Foi o fundador daquela nação.
SANTA ISABEL DE ARAGÃO, RAINHA DE PORTUGAL
Isabel de Aragão casou com o rei D. Dinis em 1282. Já era considerada santa ainda em vida e, quando o marido morreu, em 1325, vestiu o hábito e entrou para o Convento de Santa Clara, em Coimbra. 180 anos depois da sua morte foi beatificada e depois canonizada em 1625. Diz a lenda que o rei, irritado pela ajuda constante que ela fazia aos pobres, proibiu-a de dar mais esmolas. Apesar da proibição do marido, a rainha escapava do castelo com o manto cheio de pão para distribuí-los aos necessitados. Um dia o rei desconfiou e mandou que ela abrisse o manto. Ela assim fez e o que o rei viu? Aconteceu um milagre: o manto estava cheio de rosas.
REI D. DINIZ, O LAVRADOR OU O POETA
Dinis foi Rei de Portugal e do Algarve de 1279 até sua morte. Consolidou a unificação administrativa e cultural da nação. Foi prioritariamente um rei administrador. Estimulou a agricultura distribuindo terras a colonos, construindo canais e secando pântanos, aumentando a extração de metais, estimulando o comércio e reorganizando a Marinha. Deu muito incentivo à literatura, mandando traduzir livros latinos e árabes. Fundou a primeira universidade do país. Era Poeta e protetor de trovadores e jograis. Compôs cerca de 140 cantigas líricas e satíricas.
TIBIRIÇÁ
Tibiriçá foi o primeiro índio a ser catequizado pelo padre José de Anchieta, que o converteu. No batismo recebeu o nome de Martim Afonso, em homenagem ao fundador de São Vicente. Cacique, também foi chamado de “Maioral” ou “Vigilância da Terra”, na língua Tupi e chefe de uma parte da nação indígena estabelecida nos campos de Piratininga. Em 1554, acompanhou Manuel da Nóbrega e Anchieta na obra da fundação de São Paulo. Tibiriçá, a 9 de Julho de 1562, levantou a bandeira e uma espada de pau pintada e enfeitada de diversas cores, repelindo bravamente o ataque à vila de São Paulo, efetuado pelos índios tupi, guaianás e carijós.
JOÃO RAMALHO
João Ramalho foi considerado um ‘bárbaro’ que salvou São Paulo”, pois foi esponsável pela aliança entre índios e portugueses, fundamental para a manutenção da Vila de São Paulo de Piratininga. Nasceu em Vouzela, norte de Portugal, em 1493. Teria desembarcado na Região Sudeste por volta de 1515. Sua história é cheia de mistérios, não havendo certeza se era um colono, um náufrago ou um degredado. Adaptou-se muito bem à vida da Colônia, aproximando-se do cacique Tibiriçã um dos principais líderes tupis no Planalto Paulista, casando com uma das filhas do cacique, Bartira (flor de árvore, em tupi)
OUTRAS MIGRAÇÕES PARA CARIJÓS
Também vieram pessoas de outras nações. Chineses e indianos foram trazidos para as minas devido à sua experiência no trabalho de mineração.
Da África vieram os escravos, que também passaram a integrar, em grande número, a população do povoado, substituindo a mão-de-obra escrava indígena.
As raças brancas, indígena e africana foram se misturando e, dentro em pouco, grande parte da população era mestiça. A nossa colonização, o nosso progresso é fruto do valor dessas três raças que constituem a formação humana dos primeiros tempos em Conselheiro Lafaiete.
Teceu-se, pela trama dos genes, uma etnia luzida, colorida, graduada de tons, forte na diversidade. Se foram somadas fraquezas, aconteceu o mesmo em relação às qualidades e, com a graça de Deus, as forças positivas foram superiores e os fios trançados resultaram num efeito promissor.
Formou-se uma sociedade diversificada.
Dos gentios, de espírito livre e integrado à natureza, perderam-se os nomes no horizonte enfumaçado dos tempos de antanho.
Nos negros, viu-se a provação de uma raça desafiada pelas contingência históricas e, por isso mesmo, fortificada para enriquecer o sangue coletivo.
Aos portugueses, valorosos na sede de aventuras e conquistas, juntaram-se outras nacionalidades, que acrescentaram as forças e as mazelas de sua herança histórica e genética, trazendo as marcas de séculos de civilização.
Foi de tanta mistura que brotou uma raça de seiva tropical, uma raça determinada, amorosa e sensível.