Católicos e turistas iniciaram no dia 1º uma das maiores peregrinações religiosas de Minas Gerais, rumo ao Santuário do Bom Jesus de Bacalhau, em Santo Antônio do Pirapetinga, distrito do município de Piranga (MG). O jubileu do Bom Jesus de Bacalhau, um dos mais antigos do Brasil, está em sua 233ª edição.
A riqueza do Santuário foi sintetizada pelo ex Secretário Estadual de Estado da Cultura, Ângelo Oswaldo, como um dos 30 tempos barrocos mais importantes do Brasil, porém corre risco e a Igreja precisa urgente de preservação, reforma e restauro para manter viva a cultura popular e riqueza deste patrimônio histórico que guarda grande parte da história do Brasil. Os elementos artísticos precisam urgente de restauro e contem pinturas do Mestre Ataíde, dos mais importantes pintores e mestres do barroco brasileiros, cuja família morava na localidade. Outros pintores da escola do Mestre Aleijadinho deixaram suas pinceladas na igreja.
Bacalhau é um local místico e mágico, situado em uma colina em meio a exuberante Mata Atlântica. No local ocorreu a última batalha campal da Guerra dos Emboabas, em 29 de novembro de 1708, na antiga estrada que ligava Piranga e os sertões do leste.
A construção do Santuário de Bom Jesus, tombado pelo Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), em 1996, que levou vários anos para ser erguido. Através do Decreto Papal deu inicio oficial ao jubileu em 29/11/1786 e a partir de 1939 passou a ser comemorado entre 1º a 15 de agosto. O antigo distrito de Santo Antônio do Pirapetinga se originou a partir de 1700 quando a família dos sertanistas Cunha e Gagos começaram o avanço para chegar em Mariana e Ouro Preto, Sumidouro. A Capela Matriz de Santo Antônio do Bacalhau foi uma das primeiras de Minas. Nela foram batizados importantes pessoas da história mineira entre elas, a Matriarca Joaquina de Pompeu.
O pesquisador do Arquivo do Conhecimento Cláudio Manoel da Costa (ACCMC), Marcos Gomes, com sede em Piranga, faz um leitura das pinturas da igreja, carregadas de amplos significados, ligando os mestre barrocos a aos últimos momentos da Inconfidência Mineira. Bacalhau serviu de exílio ao Mestre Aleijadinho e seus oficiais, até quando ele partiu para a cidade de Rio Espera. Ali também observa-se a presença secreta de D. Pedro II e onde possuem as únicas madonas grávidas de Santa Maria Madalena.
Segundo Marcos, o nome Bacalhau, já que o nome original é Bom Jesus do Matosinhos, provém de um primeiros moradores Antonio Gonçalves .que tinha alcunha Antonio bacalhau. Reza a lenda que ele teria vários escravos e o bacalhau era o chicote que açoitava os negros. Também existe a versão do comércio de bacalhau na região. Marcos conta que o jubileu teve a origem na visita aos mortos na Fazenda Cutia, local onde aconteceu a última batalha campal dos emboabas x paulistas de Guarapiranga que marca as origens de Minas Gerais.
- Fotos: Guará Drone/Divulgação