A referência à data de “Dois de Janeiro” recorda um degrau
na escalada de nossa terra, que já foi o Arraial do Campo Alegre dos Carijós,
a Real Villa de Queluz, a cidade de Queluz e, finalmente, a cidade de Conselheiro Lafaiete. Cada uma dessas fases ostenta
suas realizações e grandezas, suas lutas, sofrimentos, vitórias e alegrias.
Continuando a focalizar Queluz no século XIX. Inicialmente, vou colocar informações recolhidas no livro inédito de Padre José Duarte de Souza, SUBSÍDIO DE PESQUISAS FEITAS PELO PADRE JOSÉ DUARTE DE SOUZA DO ARQUIVO PAROQUIAL E DO FORUM DE CONSELHEIRO LAFAIETE, NO DA CÂMARA ECLESIÁSTICA DE MARIANA, NO ARQUIVO MINEIRO, NO MUSEU DE SÃO JOÃO DEL-REI. Para a futura história da Paróquia do Município de Conselheiro Lafaiete.
Padre José Duarte de Souza
Imagem da Internet
À PÁGINA 07:
RELATÓRIO PAROQUIAL DE 1829
Ilmo. Revdo. Senhor:
Cumprindo com a Portaria e ordem de 06 de abri do corrente ano, faço as seguintes repressões: Na estrada geral da Comarca de Ouro Preto para a Corte do Rio de Janeiro, na altura meridional de 20 graus 47,10 graus, levantou-se, em 1709, a Igreja Paroquial de Queluz, em sete léguas e meia, do Nascente para o Poente, de quatro para cinco léguas de campos, terras, matos, serras e águas abundantes. Segundo o cálculo do passado a freguesia de Queluz não excede de 708 fogos e 2.840 paroquianos. Com 4 capelas Curadas e 03 Ermidas, com operários, escrivães, juízes e suplentes, sendo os párocos das minas com nomeação Imperial com côngruas de duzentos mil reis e os mais operários necessário percebem por seção de emolumentos constinucionais e com a redução das conhocências a 80 reis mal poderão chegar a uma decente sustentação. Deus guarde a V. Excia. por muitos anos. Real Vila de Queluz, 26 de setembro de 1829. (a) o vigário Candido Tadeu Pereira Brandão.
Mapa da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, de Queluz
Matriz
Homens Mulheres Menores Mulatos
204 504 280 209
Santo Amaro e Paraopeba
225 337 337 205
Nossa Senhora da Glória
86 105 72 132
Nossa Senhora das Dores
227
Santana
e 110 140 140 166
(OBSERVAÇÃO MINHA: O QUE SE SEGUE DEVE SER LIDO COM MUITA ATENÇÃO PORQUE É SURPREENDENTE, PRINCIPALMENTE NOS TRECHOS E QUE GRAFEI EM NEGRITO)
O número total de habitantes é, mais ou menos, 5.623 almas. Este nº vai diminuindo gradativamente sem esperança de aumento por ser a freguesia circulada de outras limítrofes e não confina com sertões por onde se estenda.
CAPELÃES:
Da Capela de Nossa Senhora da Glória: Pe. Felisberto Rodrigues Milagres.
Da Capela das Dores: Padre Gregório João da Cruz.
Da Capela de Santana: Pe. Francisco de Souza Lima.
Da Capela de Santo Amaro e Paraopeba: Pe. Manoel Vieira da Cruz.
Também no século XIX houve datas importantes para a história de nossa cidade, como consta no livro “ROMEU GUIMARÃES DE ALBUQUERQUE e Queluz de Minas”:
Em 29 de julho de 1829, por decreto imperial, a Vila de Queluz e seu termo foi desmembrada da comarca de Rio das Mortes e incorporada à de Ouro Preto.
Em 14 de julho de 1832, foram criadas as Freguesias de Queluz por decreto imperial.
Em 30 de junho de 1833 foi criada a Comarca de Queluz, em 15 de julho de 1972 elevada a comarca de 2ª entrância, pela lei provincial número 1867 e a terceira entrância em 14 de março de 1940 pelo decreto lei estadual 667.
Em 28 de março de 1834 nascimento do Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira.
Em 30 de junho de 1847, João Tavares Maciel da Costa, Barão de Queluz por decreto de 08 de outubro de 18 de outubro de 1829, é elevado a Visconde com grandeza do mesmo título,
Em 02 de janeiro de 1866, pela LP 1276, a Vila de Queluz foi elevada à categoria de Queluz.
Em tempos atrás, em 2 de janeiro, era comemorado o aniversário da cidade. Baseava-se na data em que a Real Vila de Queluz passara a ser denominada cidade de Queluz, pela lei nº 1276, de 02 de janeiro de 1866, assinada pelo então governador da Província de Minas Gerais, Joaquim Saldanha Marinho, que foi presidente da província de 1865 a 1867.
Imagem da Internet: Joaquim Saldanha Marinho
Houve uma justa correção histórica e a data foi alterada, pois o nosso município alcançou sua autonomia política no dia da criação da vila. Foi realmente o dia de nossa Independência. Assim passou-se a comemorar o aniversário de Conselheiro Lafaiete em 19 de setembro, dia e mês em que, no distante ano de 1790, aqui se lavrou o Auto de Fundação e foi levantado o Pelourinho, símbolo de independência e de instrumento de jurisdição, descrito pelo viajante inglês, John Luccock: “…encimado por um busto, de capacete à cabeça e, como que para demonstrar que nada pode proteger contra a mão da autoridade justamente ofendida, vê-se um sabre metido em seu crânio até as orelhas e penetrando no aço e nos ossos”.
Embora reconhecendo que a comemoração antiga era um equívoco, e a atual a correta, quero lembrar o “DOIS DE JANEIRO”, pelo seu significado de valor. No Brasil Colônia, quando uma vila passava a cidade, o título, embora pouco acrescentasse em relação à organização política e administrativa, era honorífico. Conferia um prestígio particular e certas regalias, por exemplo, somente cidades poderiam ser a sede de uma arquidiocese. Naturalmente, para a mudança de categoria, foi considerado o desenvolvimento da vila.
Um ano antes, isto é, em 1865, o Almanaque da Província de Minas Gerais Assis Martins publicava que o município contava com “320 fazendas de cultura, 91 de criar, 4 lavras de ouro, muitos engenhos de cana e casas de negócio. Tece-se e se exporta grande quantidade de colchas de lã, algodão, panos riscados e cobertores de papa (tão bons como os que nos manda o estrangeiro), além disso prosperam as fábricas de cera”.
Esta referência à data de “Dois de Janeiro” recorda um degrau na escalada de nossa terra, que já foi o Arraial do Campo Alegre dos Carijós, a Real Villa de Queluz, a cidade de Queluz e, finalmente, a cidade de Conselheiro Lafaiete. Cada uma dessas fases ostenta suas realizações e grandezas, suas lutas, sofrimentos, vitórias e alegrias.