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Escritora lafaietense lança livro sobre as violas de Queluz e sua importância cultural e econômica na história de Lafaiete

Escritora faz críticas a desorganização do acervo da Violas de Queluz

Em meados do século XIX a então cidade de Queluz tinha grande parte de sua economia movimentada através da produção das Violas de Queluz. Eram mais de 20 fabricantes. A cidade chegou a ser o epicentro em produção no Brasil, tanto que levou o nome de “Terra das Violas”.

Esse e outros fatos históricos estão no livro da pesquisadora Gracia Meirelles, em fase final de edição, com lançado previsto para o primeiro semestre. Sua obra retrata o papel das violas, seus fabricantes e a importância do instrumento para a formação cultural, social e econômica de Queluz e Conselheiro Lafaiete.

A escritora Gracia Meireles/REPRODUÇÃO

Gracia é uma das descendentes diretas de uma das principais famílias de fabricantes, os Meirelles. E tem em seu DNA os nomes de Benjamim, Francisco e Leôncio Cândido Meirelles os precursores das Violas de Queluz.

Benjamim Cândido de Meireles e Filhos foi a última fábrica de instrumentos da família e mantinha uma loja na antiga Rua do Fogo, Castilho Lisboa e hoje Tavares de Melo. Benjamim faleceu em 1926 e por mais alguns anos à frente seus filhos mantiveram a atividade como fonte de renda.

Por volta de 1930, com a chegada no Brasil das grandes indústrias multinacionais, como a Gianinni, a produção das violas artesanais não conseguiu se manter viva, devido a produção em alta escala e o baixo custo. Assim, as violas de Queluz perderam a força, mas a cultura ainda permanece viva.

Gracia iniciou sua jornada literária em 2006. A pedagoga, natural do Rio de Janeiro e radicada em Lafaiete, leu uma reportagem das violas de Queluz, e com duas primas, Alcione e Maria do Carmo, foi à Ouro Preto, para conhecer a exposição do Cláudio Alexandrino, colecionador, estudioso e referência no Brasil sobre Violas. Foi essa a motivação que Gracia precisava para começar a escrever sobre as Violas de Queluz. “Fui tomada pelo encanto das violas e quero deixar este legado para as futuras gerações”, finalizou.

Foi através de pesquisas, documentos familiares, fotos, garimpando escritos, realizando visitas e entrevistas que reuniu um importante acervo particular sobre as violas.

Além do Museu Antônio Perdigão a escritora que reside em Lafaiete há mais de 25 anos, peregrinou nos diversos museus e arquivos em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Mariana. “Foi no Museu Perdigão que reencontrei uma foto do ateliê de Benjamin Cândido Meirelles e filhos, que doamos ao museólogo” pontua a escritora.

Foi na vasta pesquisa que Gracia descobriu a comunidade rural de Violeiros onde existiam as árvores apropriadas para a fabricação dos instrumentos. Daí a ligação do lugarejo “Violeiros” com as Violas de Queluz.

A pesquisadora finaliza seu livro sobre a fama das Violas de Queluz e espera contribuir com a história do instrumento para a história de Lafaiete.

“Terra das Violas”

Assim que Queluz era conhecida no Brasil. A fama perdura até hoje, mas muita história se perdeu apesar dos esforços recentes de resgate e preservação desta cultura que marcou época.

 

Dom Pedro II

A história mais famosa das Violas de Queluz remonta a data de 29 de março de 1881. Esse ano completa 139 anos que Dom Pedro II pernoitou em Lafaiete.

O cenário histórico desta passagem foi entre as Praças Barão de Queluz e Tiradentes. Possivelmente o imperador passou pela cidade com sua comitiva em uma viagem administrativa para acompanhar a construção da estrada de ferro Central do Brasil.

No seu pernoite, José de Souza Salgado tocou com uma viola do então Barão de Queluz, e, Luiz Dias de Souza com uma que pertenceu ao Sr. Francisco de Assis Bandeira, os acordes que encantaram o Imperador.

Onde estão os instrumentos?

Gracia possui mais de 12 anos de pesquisas e por conhecer a história lamenta profundamente o sumiço do bandolim de cobre. Ela lembra de dois violinos, um deles de fabricação alemã, cópia da marca “Stradivarius”, uma das mais cobiçada do mundo, doado por Antônio Campos, que deveriam estar expostos no museu. Aguarda ansiosa pelo desfecho da história e sugere ainda uma organização voltada aos documentos e objetos alusivos as Violas de Queluz com o intuito de facilitar pesquisas no campo. Durante sua jornada encontrou muitos desafios nesse sentido.

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